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25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Direito Penal Aplicado I Aula 9 - Culpabilidade INTRODUÇÃO Nesta aula, identi�caremos a culpabilidade sob dois aspectos: como princípio norteador e limitador da aplicação de sanção penal e como elementar do crime consoante a concepção �nalista de ação. Dessa forma, analisaremos os elementos da culpabilidade, suas causas excludentes e consectários em relação à punibilidade. Para que possamos compreender a relevância do tema, será necessário que identi�quemos algumas teorias utilizadas para a construção do conceito de culpabilidade, bem como a teoria atualmente predominante no nosso ordenamento jurídico. Como vimos nas aulas anteriores, a culpabilidade tanto pode ser identi�cada como princípio norteador de Direito Penal quanto elemento do conceito de crime. E, nesta aula, identi�caremos as missões da culpabilidade na medida em que representa pressupostos e limites para a aplicação da pena criminal. 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Bons estudos! OBJETIVOS Identi�car os conceitos de culpabilidade no Estado Democrático de Direito; Reconhecer a culpabilidade como elemento do crime na concepção �nalista da conduta; Analisar as causas excludentes de culpabilidade. 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= CONCEITOS DE CULPABILIDADE Ao estudarmos os conceitos de culpabilidade como princípio norteador e limitador do poder punitivo estatal na aula 1, identi�camos dois conceitos fundamentais: A partir desses conceitos, podemos questionar sobre a consciência da ilicitude e a possibilidade de exigir-se do agente que pratique condutas em conformidade com a norma, ou seja, estamos atribuindo juízo de valor à conduta praticada pelo agente para consequente aferição do quantum de pena a ser aplicado ou, ao contrário, da exclusão de sua responsabilidade penal. Com o advento da teoria �nalista da ação, acrescenta-se ao caráter psicológico da culpabilidade a normatividade ou valoração da culpabilidade. Surge, assim, a teoria normativa pura da culpabilidade e o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico (conduta). TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DA CULPABILIDADE 1 Imputabilidade; 2 Potencial consciência da ilicitude; 3 Exigibilidade de conduta diversa. 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Fonte da Imagem: Todavia, o Código Penal Brasileiro adotou a teoria normativa de forma limitada na medida em que reconheceu as descriminantes putativas (erro de tipo) e o denominado erro de proibição. Ainda em decorrência da migração do dolo e da culpa para a conduta e consequente transformação da culpabilidade em elemento normativo, baseado em juízo de valor, surgiu na doutrina a divergência acerca da caracterização da culpabilidade como elemento do crime ou como mero pressuposto para aplicação de pena. A outra linha de pensamento, majoritária, reconhece a culpabilidade como elemento ou requisito do crime ao a�rmar que “a estrutura analítica do crime não se liga necessariamente à adoção da concepção causalista, �nalista ou social da ação delituosa” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.p, 121). Nesse sentido, ainda podemos citar Rogério Greco, Juarez Tavares, Cezar Roberto Bitencourt, Juarez Cirino dos Santos. Estudaremos a seguir os três elementos que compõem a culpabilidade na concepção �nalista de ação e suas causas excludentes. IMPUTABILIDADE 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Fonte da Imagem: Podemos sintetizar o conceito de imputabilidade como a capacidade de compreensão e de atuação do indivíduo e que, portanto, torna possível a aplicação de pena às condutas por ele praticadas. O nosso Código Penal, no art. 26, ao tratar da imputabilidade, optou por descrever as situações nas quais haverá a sua exclusão. Dessa forma, seguiremos os critérios adotados pelo Código Penal. SISTEMAS DE AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE PELO CP Os sistemas de aferição da inimputabilidade pelo CP são: CAUSAS EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE Estudaremos a seguir as controvérsias acerca das causas excludentes de imputabilidade. Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado Fonte da Imagem: A doença mental e o desenvolvimento mental retardado não se vinculam à idade cronológica do agente, diferentemente do desenvolvimento mental incompleto que se refere à criança e ao adolescente por serem considerados pessoas em fase de desenvolvimento. Para João Batista Costa Saraiva, em relação ao adolescente, excluindo-se o elemento da imputabilidade, os demais elementos da culpabilidade hão de ser considerados. Assim, há que se ter em vista, quando o Estado pretende sancionar o adolescente com alguma medida socioeducativa, sua potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa, circunstâncias que levam à reprovabilidade da conduta. (SARAIVA, João Batista Costa. Adolescente 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= em Con�ito com a Lei. Da indiferença à proteção integral. Uma abordagem sobre a responsabilidade penal juvenil. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005). Para Cezar Roberto Bitencourt, a caracterização da doença mental faz com que o agente, ainda que tenha claramente o senso valorativo de sua conduta, não consiga evitar sua prática, faltando-lhe a capacidade de autodeterminação (BITENCOURT, op. cit. pp. 416). É interessante destacar, ainda, que caso estejamos falando de inimputabilidade e, portanto, incapacidade de culpabilidade, excetuando-se os adolescentes para os quais será aplicada uma medida socioeducativa, nos demais casos será aplicada ao agente uma sanção penal, qual seja: EM SÍNTESE: Aplica-se pena a quem tiver culpabilidade e medida de segurança, periculosidade, aqui compreendida como a capacidade de perigo à sociedade e a si mesmo. EMOÇÃO E PAIXÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A IMPUTABILIDADE PENAL Fonte da Imagem: Conforme assevera o art.28, inciso I, do Código Penal, a emoção e a paixão não isentam o réu de pena. Todavia, é importante salientar que a emoção, vista como a intensi�cação momentânea da paixão, poderá ter in�uência sobre a aplicação de pena. A EMBRIAGUEZ E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A IMPUTABILIDADE PENAL 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Fonte da Imagem: A embriaguez, em regra, não exclui a imputabilidade penal do agente. Contudo, o art.28, II, parágrafos 1º e 2º, estabelece situações nas quais ela poderá, excepcionalmente, isentar o réu de pena ou diminuí-la. É necessário indagarmos acerca do conceito de embriaguez e podemos sintetizá-lo como a intoxicação transitória decorrente da ingestão de álcool ou substância de efeitos psicotrópicos que pode variar de uma excitação de sentidos, depressão, sono até o coma. As fases relevantes para �ns penais são: Ainda, podemos classi�car a embriaguez em: 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum=Fonte da Imagem: Ainda, nos casos em que for comprovada a redução da capacidade de discernimento ou autodeterminação em decorrência da embriaguez acidental, a pena pode ser reduzida de um a dois terços (art.28, §2º, do Código Penal). De forma oposta, a embriaguez também pode ser considerada circunstância agravante genérica, prevista no art. 61, inciso II, alínea l, do Código Penal, nos casos em que o agente se embriaga com a �nalidade de praticar delito. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Fonte da Imagem: A potencial consciência da ilicitude compreende a percepção do agente acerca da ilicitude do fato por ele praticado e não pode ser confundido com o conhecimento da lei pelo agente. O desconhecimento da lei é inescusável, logo o que se questiona aqui não é a relação de contrariedade entre a conduta e o ordenamento jurídico, mas se o agente possui capacidade de discernimento e autodeterminação para compreender essa relação. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Fonte da Imagem: O último elemento que compõe a culpabilidade como requisito do conceito analítico de crime contempla a exigibilidade de conduta diversa, ou seja, a possibilidade de exigir-se do agente que, no caso concreto, atue em conformidade com o ordenamento jurídico. Em outras palavras, esclarece Fernando Capez que a exigibilidade de conduta diversa consiste na “expectativa social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente” (CAPEZ, Fernando, op.cit. p. 352). Para que possamos identi�cá-lo se faz necessário analisar suas causas excludentes, ou seja, as situações que ensejam a inexigibilidade de uma conduta diversa por parte do agente diante do caso concreto, a saber: coação moral irresistível e obediência hierárquica (art.22, do Código Penal). COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL Quando estudamos o fato típico e, especi�camente a conduta, vimos que a coação física absoluta excluiria a própria conduta do agente coagido, na medida em que este se transformara em mero instrumento de execução da conduta do coator. Aqui, a nossa indagação recai sobre a irresistibilidade da coação moral para �ns de exclusão da culpabilidade do agente, pois este pratica a conduta típica e ilícita, já que tem a percepção de que não possui outra opção em decorrência da coação psíquica sofrida decorrente de grave ameaça, entretanto ainda possui sua capacidade volitiva, ainda que ín�ma. Fonte da Imagem: Vejamos, por exemplo, a situação na qual um indivíduo tem seu �lho sequestrado. Sob ameaça de não retornar a vê-lo, se sente obrigado a subtrair vultosa quantia da agência bancária na qual trabalha como gerente. 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Nesse caso, ele tem a percepção de que pratica um crime, todavia não vislumbra outra opção para salvar seu �lho que não a prática do delito, bem como não há que se cogitar da existência de uma expectativa social de que ele atue de forma diversa. Dessa forma, ainda que a conduta seja típica e ilícita, não será considerada culpável por inexigibilidade de conduta diversa. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA 1 Necessidade de relação de direito público na qual haja hierarquia funcional; 2 Que a ordem emanada pelo superior hierárquico não seja manifestadamente ilegal, ou seja, aquela situação na qual o subordinado acredite que a ordem seja legal. ATIVIDADE 1 - Leia a notícia transcrita abaixo e responda às questões formuladas: Homem é morto em briga por uma dose de pinga e suspeito é preso Crime aconteceu na madrugada desta quarta-feira, em Aquidauana, MS. Preso confessou o homicídio. Um homem de 53 anos foi morto na madrugada desta quarta-feira (24), em Aquidauana, a 131 quilômetros de Campo Grande, durante briga por causa de uma dose de pinga. Segundo informações do boletim de ocorrência, o crime aconteceu no bairro Alto, perto da rodoviária do município. Testemunhas falaram sobre o suspeito e como ele é conhecido da Polícia Militar (PM), policiais foram até a casa dele. O suspeito, de 35 anos, foi encontrado na residência dele e confessou o crime. Ele disse aos policiais que brigou com a vítima por causa da dose de pinga e que deu três golpes com uma tampa de metal na cabeça dela. O caso foi registrado como homicídio. Disponível aqui (glossário). Atualizado em: 24/08/2016 09h30 Indaga-se: A partir dos estudos sobre culpabilidade, caso o agente estivesse embriagado, seria aplicável a tese defensiva de exclusão de punibilidade? Responda de forma objetiva e fundamentada. Resposta Correta 2 - A coação física irresistível e a coação moral irresistível afastam respectivamente a: 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Culpabilidade e tipicidade Tipicidade e culpabilidade Tipicidade e ilicitude Ilicitude e tipicidade Justi�cativa 3 - (Concursos) Walter, ao chegar à casa de sua namorada Amélia, a encontra abraçada a outro homem. Ao ver a cena é dominado pelo ciúme e desfere um soco no irmão de Amélia. Surpreendido pelo pai de Amélia, é levado por este à Delegacia de Polícia. Lá chegando, Walter alega em sua defesa não ser responsável pelos seus atos, pois havia bebido um pouco antes de encontrar sua namorada e como não estava acostumado a beber perdeu o controle sobre seus atos. Diante do caso exposto assinale a alternativa correta. A defesa de Walter está: Correta, pois a sua embriaguez foi culposa, logo sua imputabilidade será excluída. Correta, pois a sua embriaguez foi acidental, logo sua imputabilidade será excluída. Incorreta, pois ainda que a sua embriaguez tenha sido culposa, foi incompleta, logo não terá sua imputabilidade excluída. Incorreta, pois ainda que a sua embriaguez tenha sido acidental, foi incompleta, logo não terá sua imputabilidade excluída. Justi�cativa 4 - (Concursos) Canguçu, com 40 anos de idade, ao chegar em casa solicita que sua mulher Lucinda pegue um remédio para sua indisposição estomacal e outro para sua pressão arterial, indo deitar-se no quarto do casal com as luzes apagadas. Lucinda, embora acostumada a preparar os dois remédios para Canguçu, por equívoco, acaba dando para este ingerir um remédio que é utilizado para depressão e outro para emagrecimento. Cerca de 30 minutos depois de ingerir os remédios, Canguçu começa a ter alucinações e acaba agredindo sua sogra Armanda com um soco no rosto, provocando-lhe lesões corporais graves. É comprovado que Canguçu não possuía, ao tempo da agressão em sua sogra, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, justamente em razão da embriaguez provocada pelos remédios. É correto a�nar que Canguçu: Terá excluída a culpabilidade em razão da embriaguez acidental e completa. 25/03/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2312149&classId=897662&topicId=2120806&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Poderá ter a sua pena reduzida em razão da embriaguez acidental e incompleta. Terá excluída a culpabilidade em razão da embriaguez culposa e completa. Poderá ter a sua pena reduzida em razão da embriaguez culposa e incompleta. Justi�cativa Glossário
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