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O poder da Ludoterapia

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FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX 
SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PODER DA LUDOTEPARIA EM UMA ATIVIDADE PRÁTICA REALIZADA NO 
CRAS - ZONA DA MATA MINEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
ACADÊMICO: PAULO CECÍLIO DE OLIVEIRA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATIPÓ 
2017 
 
 
 
 
 
 
PAULO CECÍLIO DE OLIVEIRA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PODER DA LUDOTEPARIA EM UMA ATIVIDADE PRÁTICA REALIZADA NO 
CRAS – ZONA DA MATA MINEIRA 
 
 
Trabalho realizado pela disciplina de ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO BÁSICO I, Processos 
Psicossociais do curso de Psicologia da 
Faculdade Vértice – Univértix, em uma 
observação da dinâmica de Ludoterapia aplicada 
às crianças no CRAS – ZONA DA MATA 
MINEIRA. 
Orientador: Profª. Esp. Cíntia Mendes Assis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATIPÓ 
2017
 
 
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O PODER DA LUDOTEPARIA EM UMA ATIVIDADE PRÁTICA REALIZADA NO 
CRAS – ZONA DA MATA MINEIRA 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho seguiu o método qualitativo de pesquisa em uma atividade 
psicoterápica de cunho lúdico e orientação psicodinâmica. Esta atividade foi 
realizada de forma prática e de observação pela disciplina de ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO BÁSICO I do curso de Psicologia da Faculdade Vértice – 
Univértix, aplicada na competência do CRAS de uma cidade do interior de Minas 
Gerais - Zona da Mata. O objetivo era observar o poder da Ludoterapia em seu 
caráter prático pela atividade do brincar, a associação livre e a liberdade da criança. 
A atividade foi realizada por duas crianças na faixa etária compreendida de 3 a 5 
anos em uma atividade com sessões semanais com duração de uma hora, em uma 
sala lúdica, sendo, em questão, utilizada a técnica da modelagem. Este artigo, de 
caráter também bibliográfico, busca evidenciar as competências do CRAS, sua 
história e sua regulamentação na atuação direta com a comunidade, suas 
responsabilidades e sua obrigatoriedade nas atividades voltadas as crianças de 0 a 
6 anos. 
 
PALAVRAS-CHAVE: CRAS ZONA DA MATA MINEIRA, LUDOTERAPIA, 
CRIANÇAS. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Formada por 07 Microrregiões Geográficas e 142 municípios, a Zona da Mata 
mineira possuía em 2000, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE, uma 
população de 2.030.856 habitantes, o que correspondia a 11,4 % da população total 
do estado de Minas Gerais (17.891.494 hab.) (CASTRO, 2000). Situa-se na porção 
sudeste do estado, próxima à divisa dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito 
Santo. O município está localizado na região II desta Zona da Mata do estado 
de Minas Gerais e pertence à microrregião homogênea Vertente Ocidental do 
Caparaó (ICA/CETEC 1997). 
O CRAS na cidade em questão onde foi realizada a atividade se concentra 
nesta região e por ser um município pequeno o referido CRAS é considerado de 
Pequeno Porte I, onde é composto por um coordenador com ensino superior, dois 
técnicos de nível superior (um assistente social e, preferencialmente, um psicólogo), 
e dois técnicos de nível médio. (SUAS, 2009, pg. 15). 
 
 
 
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Tabela: Relação Porte do Município (CRAS) - Família Referenciadas. 
 
Nota. Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome. Secretaria Nacional de 
Assistência Social. Norma Operacional Básica de recursos Humanos do SUAS NOB-RH/SUAS. 
Brasília: 2009 
 
A Política de Assistência Social no Brasil tem como objetivo à ampliação e 
materialização da cidadania, considerada trabalho primordial de toda sociedade, 
com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos dos indivíduos. É uma 
política pública, defensora dos direitos mínimos sociais cobrindo aos cidadãos 
igualdade e equidade, tornando o usuário um cidadão de direitos e não um 
desprovido que precisa de ajuda, realizando, desta forma, o exercício da cidadania. 
(CRUANHES, 2000). 
Sendo assim, o espaço do CRAS deve ser ajustado com os serviços nele 
estabelecidos e abrigar, no mínimo, três ambientes, com funções bem determinadas: 
uma recepção, uma sala ou mais para entrevistas e um salão para reunião com 
grupos de famílias, além das áreas convencionais de serviços e deve ser maior, 
caso ofereça serviços de convívio e socioeducativo para grupos de crianças, 
adolescentes, jovens e idosos ou de capacitação e inserção produtiva; devendo 
contar com mobiliário compatível com as atividades a serem ofertadas. O espaço do 
CRAS deve ser afável para facilitar a expressão de necessidades e opiniões, com 
espaço para atendimento individual que garanta privacidade e guarde a integridade 
e a dignidade das famílias, seus membros e indivíduos. (MDS, 2005) 
O presente artigo tem como objetivo explanar uma das atividades de 
observação desenvolvidas justamente no CRAS de Porte I da região da Zona da 
Mata Mineira, onde diretamente foram envolvidos dois participantes, duas psicólogas 
e três estagiários, além de outros profissionais presentes no CRAS. Também deve 
se ressaltar a importância do corpo de organizadores do ESTÁGIO 
 
 
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SUPERVISIONADO BÁSICO I do curso de Psicologia da Faculdade Vértice – 
Univértix e coordenação do curso de Psicologia da presente instituição para 
realização deste trabalho. 
O que ocorreu na sessão lúdica (dinâmica aplicada às crianças, com uso da 
massa de modelar) foi interpretado como expressão dos conteúdos do mundo 
interno e externo do sujeito, portanto, quando se oferece à criança o uso de 
brinquedos ou jogos no contexto do ludodiagnóstico, cria-se a possibilidade da 
configuração de um campo, determinado pelas variáveis internas de sua 
personalidade. Assim, a criança pode atualizar no aqui e agora da sessão um 
conjunto informações a serem analisadas. 
Deve ser lembrando que o estágio se deu em um campo de observação e que 
nós como alunos, ainda não temos uma observação crítica fundamentada totalmente 
em um respaldo bibliográfico e conhecimento amplo específico por estarmos em 
processo de formação. Porém, deve ser enfatizado que a preparação para o tal 
trabalho foi dada de forma literal e aberta com total interação da orientadora e 
psicóloga de campo e por assim ser, tentamos da melhor forma possível captar os 
dados colhidos na observação dos fatos. 
 
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
Embasado pela Constituição Federal de 1988, após anos de luta realizados 
pelos movimentos sociais, discursões políticas, interferência dos Estados e a 
necessidade de ampliação dos direitos sociais a Federação passou por lei assegurar 
o exercício dos direitos sociais e individuais, liberdade, segurança, bem-estar, 
igualdade, desenvolvimento e justiça. (Constituição da Republica Federativa do 
Brasil, 1988). Sendo assim, juntamente ao lado da saúde e da previdência, se incluiu 
a assistência social em nosso pais, formando o Tripé da Seguridade Social, 
possibilitando em 1993 a resolução da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), 
sendo esta lei que passa a regulamentar o SUAS (Sistema Único de Assistência 
Social). 
A partir de então o SUAS se torna uma Politica Publica da Seguridade Social, 
surgindo efetivamente em 2005, a fim de viabilizar e concretizar a universalização 
dos direitos à seguridade e proteção social pública brasileira, sendo implantado em 
todo território nacional a partir de um novo modelo de gestão, nas três esferas do 
 
 
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governo (União, Estados e Municípios), se organizando em dois níveis de 
complexidade: a proteção social especial e a proteção social básica e é justamente 
neste nível de complexidade que se encontra o CRAS (Centro de Referencia de 
Assistência Social), que atua na prestação de serviço e programas 
socioassistenciais às famílias e indivíduosem seu contexto comunitário, visando a 
orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário, destinado a população em 
situação de vulnerabilidade. (Ministério do Desenvolvimento Social, 2006). 
O apoio matricial sugere modificações entre as relações dos níveis 
hierárquicos em sistemas de saúde; nesse caso, o especialista integra-se 
organicamente a várias equipes que necessitam do seu trabalho 
especializado. Além da retaguarda assistencial, objetiva-se produzir um 
espaço em que ocorra intercâmbio sistemático de conhecimentos entre as 
várias especialidades e profissões. (CAMPOS, 1992, p. 144). 
 
Devido a necessidade culminante no setor o CREPOP (Centro de Referência 
Técnica em Políticas Públicas) em 2008, acaba criando referências técnicas para a 
atuação do psicólogo no CRAS/SUAS, sendo o CRAS responsável pela oferta de 
ações continuas de proteção social básica e de assistência Social às famílias, 
oferecendo a comunidade programas para inclusão produtiva, sendo o primeiro 
deles o PAIF (Programa de Atenção Integral às Famílias), além do serviço para 
crianças de 0 a 6 anos, visando o fortalecimento dos vínculos familiares e 
comunitários. Levando em consideração que o CRAS tem especificamente sete 
programas destinados para a comunidade e estes são apenas dois deles e é 
justamente no serviço para as crianças que foram realizadas a atividade. (Ministério 
do Desenvolvimento Social, 2004). 
Deve então ressaltar que assim, o psicólogo poderá participar de todas as 
ações descritas anteriormente, podendo atuar e articular um plano de trabalho no 
qual pode ser construído em conjunto com a equipe interdisciplinar. (SILVA e 
CORGOZINHO, 2011). Isto comprova uma evolução, pois segundo Boschetti (2006), 
a assistência social era um campo de intervenção politica e sua prática derivava 
muito mais do dever moral de ajuda do que do dever politico ligado aos direitos de 
cidadania. 
 
3. METODOLOGIA 
Trata-se de um estudo que segue o método qualitativo de pesquisa em 
Ciências Humanas (TURATO, 2003). Segundo André (1983) a pesquisa de cunho 
 
 
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qualitativo, visa apreender o caráter multidimensional dos fenômenos em seu 
contexto natural, bem como observar as diferentes interpretações de uma 
experiência vivida, auxiliando o entendimento do indivíduo no seu contexto. Para a 
análise do caso, foram utilizados os dados colhidos no Cras da Zona da Mata 
Mineira pelos alunos do 3° e 4° período do curso de Psicologia da Univertix incluindo 
no período da sessão em psicoterapia lúdica de orientação psicodinâmica. 
As observações e atividades aplicadas ocorreram no Cras através de 
observações de um grupo de ludoterapia (terapia através do Brincar) no segundo 
sementre de 2017, as quintas- feiras no período compreendido entre 09h00min e 
10h00min horas da manhã. Sendo que sempre é realizada semanalmente uma 
sessão com crianças da idade entre 3 a 5 anos neste horário. 
Lembrando que o serviço para crianças de 0 a 6 anos é uma das sete 
competências de atividades realizadas pelo CRAS especificamente para a 
comunidade, buscando o vinculo familiar, o direito de brincar, ações de socialização 
e de sensibilização à defesa dos direitos da criança. (SILVA e CORGOZINHO, 
2011). 
Segundo Affonso (2012), Klein viu no brinquedo a linguagem da expressão da 
criança, ou seja, o presente método visa analisar a criança através da simbolização 
pela liberdade de criar e associar, uma vez que a massa de modelar da à criança 
criatividade como um instrumento facilitador para alcançar o que seria complexo de 
ser alcançado pela fala uma vez que as crianças tem a incapacidade de transformar 
seus pensamentos em palavras. 
4. CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS 
4.1 Apresentação da Observação do Estágio 
A massa de modelar, como recurso psicodinâmico, foi utilizado na primeira 
sessão e na dinâmica se deu através do brincar pela modelagem. A massa de 
modelar foi feita de forma artesanal por uma das estagiárias e oferecidas às crianças 
na sessão lúdica. Entretanto, para começarmos tal atividade, nos reuníamos às 
08h00min no CRAS, que foi realizado com os três estagiários presentes e a 
psicóloga de campo onde tiramos as dúvidas e fomos orientados como deveríamos 
aplicar e nos comportar mediante tal procedimento, além de observamos alguns 
livros específicos onde colocamos em pauta a atividade preparada.4.1 
 
 
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A dinâmica consistiu na entregue do material lúdico em questão (massa de 
modelar) com o objetivo de observar o comportamento no período da modelagem, a 
expressão e as falas de cada criança. O ambiente para tal atividade foi realizada em 
uma sala lúdica, que apesar de pequena foi preparada especialmente para crianças, 
com cadeira e mesa para o público infantil, brinquedos, livros infantis e materiais 
para colorirem, como lápis de cor e papel. 
O resultado da dinâmica foi satisfatório, uma vez que tal atividade de cunho 
psicodinâmico evidenciou a realidade de cada criança, que pela liberdade no brincar, 
expressaram sem nenhum receio seus conflitos e dificuldades. Embora a técnica 
consista na utilização da brincadeira infantil, o objetivo não é só brincar com a 
criança e sim, proporcionar que elas expressem por meio de brinquedos ou 
brincadeiras as dificuldades que porventura esteja enfrentando, requerendo daí 
aptidão do profissional para fazer a leitura destas situações. 
O poder compreendido através desta psicoterapia criada por Melanie Klein e 
aperfeiçoada até nos dias de hoje, demonstra como é possível observar o 
comportamento e a personalidade de uma criança através da brincadeira. Pois ao 
brincar a criança de alguma forma “compreende” que está se expondo porque ali 
atua concebendo as situações que a afligem ou apenas vivencia no seu dia-a-dia. 
(PREGNOLATO, s.d.). 
A dinâmica foi aplicada juntamente com a psicológica responsável pelo CRAS 
na referente data e mais três estagiários que observaram durante este tempo o 
brincar das crianças e posteriormente tivemos a presença da psicóloga orientadora 
que participou da observação nos direcionando. O trabalho foi aplicado com massa 
de modelar que foi preparada de maneira artesanal por um dos estagiários, em duas 
cores, laranja e vermelha, divididas de forma igualitária durante a brincadeira. Assim 
sendo, orientamos que elas (crianças) deveriam simplesmente brincar, dando a elas 
a liberdade para criarem (associação livre), para modelarem e comentarem sobre 
suas criações. 
Foram observados comportamentos distintos, entre eles, apesar da idade que 
eram semelhantes. A primeira criança que receberá o nome de “C” era mais prolixo, 
risonho e enérgico e mais insistente nas atividades. Tinha a característica de 
conduzir as brincadeiras e sempre socializava com todos na sala. Criou muitas 
formas com a “massinha” e sempre comentava o que estava fazendo sem que 
 
 
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houvesse interversão. A maior parte de suas criações era relacionada a comida 
como: pizza, cachorro-quente, hambúrguer e nos oferecia estes alimentos pedindo 
que experimentássemos. Além desta forma de brincar, sua criatividade era mais 
criativa, criando muitos robôs, carros, travesseiro, bola e arquétipos como, por 
exemplo: super-heróis de desenhos animados. 
A segunda criança que receberá o nome de “G” era mais inseguro, 
observador e arredio e alguns momentos até denotava uma mentalidade mais 
voltada para contextos adultos, por exemplo, falar sobre namoro e associar isto aos 
estagiários. Alegou ter problemas visuais e no momento de brincadeira com a massa 
de modelar, não gostava de compartilhar e era mais calado, seguindo as 
brincadeiras que eram desenvolvidas de forma mais criativa da primeira criança. 
Chegou a compararsuas criações com uma escada, onde comentou que a mesma o 
machucava. Criou com a massa de modelar uma viatura policial e posteriormente 
uma ambulância. Neste momento comentou sem nenhuma interferência que a 
comida da cadeia era ruim e a agua era totalmente suja. Posteriormente associou a 
um carro de som com musica Funk comentou que era uma “Carreta Furacão”. 
Em um determinado momento a criança “C” ao pedir para que todos os 
presentes na sala fechassem os olhos, que segundo a psicóloga do CRAS é uma 
brincadeira contumaz da criança para fazer uma “surpresa” tentando assim interagir 
com as pessoas presentes na sala, a criança “G” acertou o rosto de um dos 
estagiários onde foi prontamente corrigido pela psicóloga presente. “C” era mais 
afoito, animado, colocava muita força na massa para assim modela-la com mais 
velocidade. Já por sua vez “G” era mais agressivo no ato de modelar e sempre 
remetia o lado familiar ao lúdico. 
 
4.2 ENTRE O EMPÍRICO E O TEÓRICO 
A Ludoterapia é a psicoterapia moldada para o tratamento infantil, através do 
qual a criança, brincando, lançar seu modo de ser, sendo que o objetivo dessa 
modalidade de análise é amparar a criança, através da brincadeira, a expressar com 
maior facilidade os seus conflitos e dificuldades, ajudando-a em sua solução para 
que alcance uma melhor integração e adaptação social, tanto no âmbito da família 
como da sociedade em geral. (PREGNOLATO, s.d.). 
 
 
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Outro motivo que nos levou a escolha da Ludoterapia como atividade na 
aplicação da dinâmica foi a facilidade que a grande maioria das crianças tem para 
aderirem a brincadeira, adquirindo confiança suficiente para se expor, brincando 
livremente e esta exposição através da brincadeira foi notável em ambas as 
crianças. Isto é visto desta forma, pois segundo Ocampo (1999) cooperar com a 
criança é uma função específica do profissional psicólogo, assim como observá-la e 
compreendê-la. 
Foi utilizada a modelagem, pois compreendemos que isto seria um facilitador 
na observação aplicada às crianças e na própria atividade desenvolvidas por elas. A 
esse respeito, é preciso considerar que: 
O desenho e a modelagem são instrumentos cruciais para possibilitar à 
criança outra via de expressão quando elas não sabem o que dizer. A 
modelagem é, dessa maneira, vista como um terceiro plano que facilita 
certas crianças a exteriorizarem melhor suas fantasias, pois ela permite a 
mudança constante de formas, possibilitando a evolução da fantasia junto 
com a criação plástica. Mediante o uso da modelagem a criança pode 
fabricar e projetar não apenas as suas fantasias a partir de matérias-primas, 
mas também expressar a sua transferência com o profissional que a trata. 
(MOTTA, 2012, p. 91). 
 
Winnicott (1975), em estudos na clínica infantil, defende a tese de que é 
necessário estudar o brincar como um fenômeno de formas diferenciadas, onde a 
brincadeira facilita o crescimento, desenvolvendo o potencial criativo e conduz para 
relacionamentos grupais. 
Segundo Affonso (2012) a técnica lúdica diagnóstica ou ludodiagnóstico é um 
instrumento de investigação clínica que faz parte das técnicas projetivas 
expressivas, fundamentada nos princípios da associação livre psicanalista de 
Sigmund Freud (1973) em que a criança fica inteiramente livre para interagir com os 
materiais lúdicos e o brincar contribui no processo de simbolização da criança como 
uma ferramenta intermediadora que doa a sua realidade à fantasia, possibilitando-
lhe falar da sua realidade psíquica. 
O lúdico, na sessão de análise da criança, ocupa uma função referencial no 
processo psíquico. Em outras palavras, é uma via de acesso privilegiada do trabalho 
de simbolização e de apropriação da experiência subjetiva. (MOTTA, 2012). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Voltando ao objetivo proposto e a própria temática deste artigo fica claro o 
poder que a Ludoterapia tem sobre como a criança se expressa pelo brincar. Esses 
 
 
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resultados nos permitem dar maior relevância às técnicas expressivas, tais como a 
Ludoterapia proposta na atividade aplicada e os resultados foram surpreendentes. 
Segundo Vargas (2006) brincar, mais do que diversão, é uma forma de 
interagir com a realidade, principalmente para as crianças. É pela brincadeira que a 
criança recria, interpreta e estabelece relações com o mundo em que vive e isto foi 
perceptível durante todo o processo dinâmico. 
Fica claro que uma criança que se sente a vontade consegue se expressar 
pela simbolização e associação livre da brincadeira lúdica e que apenas o brincar 
não é suficiente para um resultado positivo em um contexto lúdico. Assim é 
necessário que o observador, que na prática se da pelo psicólogo, deve ser capaz 
de observar as expressões da criança e intervir de maneira apropriada para trazer 
um resultado benéfico durante as sessões realizadas, afinal Ludoterapia não é uma 
brincadeira, mas uma técnica terapêutica com respaldo no brincar. Cabe ao 
profissional o uso de sua percepção aguçada para escolha correta do material, que, 
possivelmente, facilitará a comunicação simbólica com a criança, mobilizando 
conteúdos específicos que sejam relevantes a serem investigados. 
Ambas as crianças vivem no mesmo bairro, tem basicamente a mesma idade, 
mas a realidade delas pela observação do lúdico denota ser bem distintas. Cada 
criança é única na sua forma de sentir e expressar, porém a dinâmica expor um 
pouco da realidade de cada um. A primeira criança tinha sua mãe que esperava no 
final da sessão, já a segunda não vi uma mãe o esperando. A participação dos pais 
é fundamental porque eles estão, invariavelmente, ligados ao quadro apresentado 
pela criança, afinal a criança é, em geral, uma espécie de reflexo da dinâmica 
familiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
ANDRÉ, M. E. D. A. Texto, contexto e significado: algumas questões na análise de 
dados qualitativos. Cadernos de Pesquisa, (45): 66-71. 1983. 
AFFONSO, Rosa Maria Lopes. Ludodiagnóstico, investigação clínica através do 
brinquedo. Artmed, 2012. 
BOSCHETTI, I. Seguridade social e trabalho: paradoxos na construção das 
políticas de previdência e assistência social no Brasil. Brasília: Letras Livres / 
Editora UnB. 2006. 
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Psicologia e Saúde: repensando práticas. 
Saúde sociedade, 1992, v. 1, n. 2, p.144 
CASTRO, Luiz Fernando Soares de. DINÂMICA DEMOGRÁFICA DA ZONA DA 
MATA MINEIRA E A MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE JUIZ DE FORA. 
Universidade Federal de Juiz de Fora. 2000. 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Consultado 
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 28 de agosto de 2014. 
Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=314090>. 
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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Proteção 
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Ministério Do Desenvolvimento Social E Combate Á Fome. Secretaria Nacional De 
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NOB-RH/SUAS. Brasília: 2009 
 
 
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MOTTA, Claudia dos Reis. A Psicanálise da Criança – Um Estudo de Caso. 
Revista de Ciências Médicas e Biológicas. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 
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OCAMPO, M. L. S. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São 
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TURATO, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: 
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WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. 1975.

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