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DOENÇA VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICA Pode ser difuso: sangramento para os espaços subaracnóideo ou intraventricular Pode ser focal: hemorragia intraparenquimatos HSA EPIDEMIOLOGIA Predominantemente adultos jovens Ambos os sexos igualmente afetados O dobro em afro-americanos com relação aos brancos CAUSAS Ruptura espontânea de um aneurisma sacular (entre 30-65 anos) Ruptura de uma malformação vascular arteriovenosa Traumas Causas raras: vasculite, neoplasias do SNC e distúrbios hematológicos (hemofilia, coagulopatia intravascular disseminada e purpura trombocitopênica) ANEURISMA SACULAR Dilatações segmentares de uma artéria intracraniana Local mais comum de sangramento: artéria comunicante anterior Aneurisma sacular: origem controversa Responsáveis por 80 a 90% de todos os aneurismas intracranianos São bolsas de paredes finas que fazem protusao das artérias do polígono de Willis ou de seus principais ramos; 85% se localizam em bifurcações Devido à fraqueza local e degeneração da media, a intima sofre abaulamento para fora e é coberta apenas pela adventícia O saco aneurismático aumenta gradualmente de volume e finalmente se rompe A maioria dos aneurismas saculares não se rompe Ocorre principalmente em: artéria comunicante anterior, artéria comunicante posterior e artéria cerebral media FATORES DE RISCO Tabagismo Alcoolismo HAS Historia famíliar + Uso de simpaticomiméticos (ex. cocaína) Síndromes genéticas (Ehler-Danlos, Rins policísticos, síndromes de Marfan) LOCALIZAÇÕES MAIS COMUNS Comunicante anterior Comunicante posterior Bifurcação da artéria cerebral media MANIFESTAÇOES TRIADE: CEFALEIA SUBITA INTENSA + SINCOPE + RIGIDEZ DE NUCA Cefaleia súbita de forte intensidade “pior dor de cabeça da minha vida” Obs: todo paciente adulto com cefaleia súbita + forte intensidade + diferente de qualquer outro episodio de cefaleia -> TC de crânio sem contraste para avaliar a possibilidade de HSA Vômitos Sincope (50% dos casos) Devido à inundação do espaço subaracnoide por sangue sob alta pressão -> aumento súbito da pressão intracraniana Rigidez de nuca (após algumas horas do evento, cerca de 12-24 horas) Geralmente o episodio é precipitado por esforço físico ou ato sexual Pode evoluir com rebaixamento de consciência e coma devido à HIC A PA costuma estar elevada e a temperatura corporal geralmente aumenta, particularmente durante os primeiros dias depois do sangramento, pois os componentes do sangue subaracnóideo ou de seus produtos de degradação causam meningite química. O paciente pode continuar em coma por vários dias, dependendo da localização do aneurisma e da quantidade de sangramento DEFICIT NEUROLOGICO FOCAL Geralmente não é uma característica proeminente, a menos que um aneurisma comprima as estruturas cerebrais em volta, um jato de sangue disseque diretamente uma região cerebral clinicamente significativa ou se desenvolva um vasoespasmo subsequente Se instala tardiamente entre o 3º e o 14º dia devido ao vasoespasmo cerebral. Alguns casos já se apresentam com déficit focal ROTURA DE ANEURISMA DA COMUNICANTE POSTERIOR Nervo oculomotor (IIIº par) passa adjacente a este aneurisma Geralmente o paciente apresenta: SÍNDROME DO IIIº PAR PTOSE, MIDRÍASE PARALÍTICA, ESTRABISMO DIVERGENTE E DIPLOPIA do mesmo lado do aneurisma roto EXAME FISICO Hemorragia sub-hialoide: Visto na fundoscopia, hemorragias pré-retinianas bem circunscritas e de cor vermelho-vivo (sangue entre o vítreo e a retina, extravasado da papila optica). Este achado é denominado síndrome de Terson DIAGNOSTICO TC de crânio sem contraste: sensibilidade de 95% até 72h do evento. Demonstra presença de sangue no espaço subaracnoide imagem hiperdensa -> sangue presentes em: cisternas mesencefálicas, fissura de Sylvius, fissura inter-hemisférica a RNM são menos sensíveis que a TC TC DE CRANIO NORMAL + SUSPEITA DE HSA = PUNÇAO LOMBAR (padrão ouro para HSA) Punção lombar: indicada em caso de alta suspeita clinica com TC de crânio negativa. Liquor positivo para HSA: >100.000 hemacias/mm³ aspecto xantocrômico (cor amarela) do sobrenadante que pode ser observada nas primeiras 12 horas até 1 a 4 semanas. Aspecto xantocrômico = proveniente da bilirrubina devido à degradação da hemoglobina liquor sanguinolento também pode ser acidente de punção (penetração da agulha em um pequeno vaso do plexo venoso na parede anterior do canal espinhal) diferenciar acidente de punção x HSA: contagem de hemácias em tubos diferentes de coleta. Na HSA haverá uma redução significativa DIAGNOSTICO POSITIVO exame de neuroimagem para identificar o aneurisma por considerações cirúrgicas ANGIOGRAFIA CONVENCIONAL DE 4 VASOS (2 carotidas + 2 vertebrais) é padrão ouro ANGIO-TC ou ANGIO-RNM: opções convencionais A angiografia cerebral inicial NÃO consegue detectar o foco de sangramento em cerca de 20% dos pacientes A falha em detectar o foco de sangramento pode decorrer: de um aneurisma que esteja obliterado por coagulo, o aneurisma roto fosse pequeno, angioma venoso superficial, aneurisma de medula espinhal ou de MAV Obs: dor na costas + sinais neurológicos localizados na medula espinhal: pesquisa de um foco espinhal de hemorragia EXAMES LABORATORIAIS Hemograma completo (plaquetas) + tempos de coagulação: para avaliar se o paciente tem infecção ou anormalidades de coagulação O sangue deve ser mandado para analise de eletrólitos: para servir de base para a detecção de complicações mais tardias ECG: detectar ondas T em picos ou invertidas e aumento das ondas U. estas anormalidades e subsequentes arritmias tem sido atribuídas à necrose multifocal do miocardio causada por níveis elevados de catecolaminas circulantes PROGNOSTICO 45% morrem no primeiro mês, sendo que 10% morrem na primeira hora, antes de chegar no hospital Dos sobreviventes, 50% apresentam sequela neurológica irreversível Sistema de graduação de HUNT-HESS Obtida na admissão e muito usada para o prognostico Escala de Fisher Indica a quantidade de sangue subaracnoide Indica risco de vasoespasmo COMPLICAÇÕES Se um paciente não morrer imediatamente depois de uma hemorragia subaracnóidea, poderão ocorrer numerosas complicações neurológicas. As complicações não neurológicas incluem anormalidades cardíacas e dos eletrólitos Ressangramento (rerruptura) Se um aneurisma não for reparado prontamente, poderá romper-se novamente. Aproximadamente 30% dos pacientes com HSA aneurismática sangram novamente 2 semanas depois do sangramento inicial Vasoespasmo Uma causa comum de morte e invalidez nos pacientes com HSA aneurismática Os vasos na base do cérebro ficam estreitados -> reduz o fluxo sanguíneo Os vasos que entram em espasmo costumam ser diferentes da artéria que foi responsável pelo sangramento inicial Relata-se vasoespasmo em até 75% dos paciente que tiveram HSA O vasoespasmo se desenvolve entre o 3 e 14 dia até 3 semanas após a HSA A patogênese do vasoespasmo cerebral é desconhecida Hidrocefalia 2/3 dos pacientes 3 dias após a HSA Causada por obstrução das vias de saída do LCR no nível do 4º ventrículo e das granulações de Pacchioni que revestem os seios venosos O risco de desenvolver hidrocefalia se associa: a aumento da idade, historia de HAS, hemorragia intraventricular, etc Hiponatremia Perda de sódio, tipicamente leve Em ate 25% dos pacientes Pode resultar em diminuição de consciência e crises convulsivas Hipótese não comprovada: natriurese atribuída a níveis inadequados de ADH Crises convulsivas Podem ocorrer logo depois da HSA Pensa-se que elas resultem de dano cortical por sangramento no neocórtex ou de necrose isquêmica relacionada com um vasoespasmo TRATAMENTO ANEURISMA SACULAR A historia natural dos aneurismas pode ser altamente variável, e a relação risco-beneficio para as variadas técnicas invasivas é desconhecida, algumas vezes adotar a conduta expectante pode ser a melhor opção As terapias medicas podem adiar o momento da ruptura, mas não podemreparar a lesão A colocação cirúrgica de clipe nos aneurismas pode impedir inquestionavelmente o novo sangramento, mas as indicações para esta cirurgia jamais foram estabelecidas em estudos apropriadamente elaborados TRATAMENTO Pode ser dividido em: Suporte clinico Tratamento das complicações neurológicas (ressangramento, vasoespasmo, hidrocefalia e convulsões) Tratamento do aneurisma roto propriamente dito (neurocirúrgico x vascular): a escolha do método terapêutico depende de vários aspectos, como o estado clínico do paciente, a localização e características anatômicas do aneurisma roto, a experiência do médico assistente. De forma geral, recomenda-se o tratamento precoce do aneurima roto, a fim de se prevenir ressangramento e facilitar, posteriormente, o tratamento de uma eventual situação de vasoespasmo. Ressangramento Sua prevenção baseia-se em medidas gerais (repouso absoluto, ansiolíticos, analgesia, laxantes), tratamento de pressão arterial muito elevada, além do tratamento do próprio aneurisma roto (cirúrgico ou endovascular). Vasoespasmo O uso oral de um bloqueador de canal de cálcio, a nimodipina, segundo alguns estudos, parece melhorar o prognóstico do vasoespasmo sem, contudo,modificar sua incidência. A dose é de 60 mg via oral de quatro em quatro horas durante 21 dias. Outros tratamentos mais recentes incluem técnicas endovasculares, como a angioplastia. Hidrocefalia Na tentativa de preveni-la são utilizados corticosteroides para diminuir o processo inflamatório no espaço subaracnoide. Nos casos mais graves, pode ser necessária derivação ventricular. Convulsões Sua prevenção e tratamento são controversos, e estudos mostraram piora de prognóstico com fenitoína, de modo que outros anticonvulsivantes são preferidos. Aneurismas cerebrais constituem um importante problema de saúde mundial, afetando entre 3 a 5% da população. São lesões caracterizadas por dilatações ou lobulações das paredes das artérias intracranianas. Na maioria das vezes, os aneurismas não dão sintomas até que ocorra ruptura e sangramento, quando geralmente se manifestam pela hemorragia subaracnóide (HSA), que é uma situação clínica grave e uma urgência médica. O tratamento consiste em excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando-se desta forma a HSA, que quando ocorre, pode ser fatal em 1/3 dos casos e deixar seqüelas clínicas limitantes em até metade dos pacientes que sobrevivem. Tradicionalmente, o tratamento do aneurisma cerebral se faz através da colocação cirúrgica de um clipe metálico entre o vaso normal e o aneurisma, excluindo-se desta forma a passagem de sangue para o interior do saco aneurismático. Este procedimento é realizado através de craniotomia, ou seja, uma pequena abertura no crânio. O cérebro não é cortado, apenas dissecado e afastado para que a artéria com aneurisma, que geralmente se situa embaixo do cérebro seja encontrada e tratada. O procedimento é realizado com anestesia geral, dura cerca de 4 horas e, atualmente, é considerado bastante seguro e eficaz. Em 1991, com a introdução por Gulglielmi das espirais metálicas com destacamento controlado, disponibilizou-se uma nova alternativa ao tratamento dos aneurismas cerebrais, até então tratados preferencialmente por via cirúrgica. A utilização destas espirais metálicas (molas delicadas de platina) permitiu a realização do tratamento do aneurisma cerebral pela técnica de embolização endovascular. Neste procedimento, é realizada uma pequena punção na artéria femoral (virilha), por onde se conduz um micro cateter até o interior do saco aneurismático. O procedimento, realizado em um angiógrafo, utiliza visualização em tempo real sob Raios-X para identificação das estruturas vasculares quando preenchidas por contraste iodado. Com o micro cateter no interior do aneurisma, sucessivas espirais metálicas são introduzidas no interior do saco aneurismático até a sua exclusão circulatória. A embolização endovascular dos aneurismas cerebrais permitiu uma abordagem terapêutica eficaz e segura, associada a menores taxas de morbidade e de mortalidade. Entretanto, a melhor escolha terapêutica entre as modalidades, cirúrgica ou endovascular, deverá ser analisada de forma multidisciplinar levando-se em conta o melhor tipo de abordagem para cada tipo de aneurisma e de paciente
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