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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL

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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação: ocorre quando alguém manipulando matéria prima de outrem
 (ex: pedra, madeira, couro, barro, ferro) obtém espécie nova (ex:
 escultura, carranca, sapato, boneco, ferramenta). Esta coisa nova pertencerá
 ao especificador/artífice que pelo seu trabalho/criatividade transformou a
 matéria prima de outrem em espécie nova. Mas o especificador/artífice terá
 que indenizar o dono da matéria prima. Se a matéria prima é do especificador
 não há problema. A lei faz prevalecer a inteligência/criatividade/o trabalho
 intelectual/manual sobre a matéria prima (§ 2º do 1270).
Confusão, comistão e adjunção: são três modos diferentes e raros de
 aquisição da propriedade, tratados pelo CC numa seção única. Tratam-se da
 mistura de coisas de proprietários diferentes e que depois não podem ser
 separadas. A confusão é a mistura de coisas líquidas (ex: vinho com
 refrigerante, álcool com água - obs: não confundir com a confusão de
 direitos do 381 pois aqui a confusão é de coisas). A comistão é a mistura de
 coisas sólidas (ex: sal com açúcar; sal com areia). E a adjunção é a união
 de coisas, não seria a mistura, mas a união, a justaposição de coisas que
 não podem ser separadas sem estragar (ex: selo colado num álbum, peça
 soldada num motor, diamante incrustado num anel). As coisas sob confusão,
 comistão ou adjunção, obedecem a três regras: a) as coisas vão pertencer
 aos respectivos donos se puderem ser separadas sem danificação (1272,
 caput); b) se a separação for impossível ou muito onerosa surgirá um
 condomínio forçado entre os donos das coisas (§ 1o do 1272); c) se uma das
 coisas puder ser considerada principal (ex: sal com areia mas que ainda
 serve para alimento do gado; diamante em relação ao anel), o dono desta será
 dono do todo e indenizará os demais (§ 2o do 1272). Estas regras são
 supletivas, ou seja, tais regras não são imperativas (= obrigatórias) e
 podem ser modificadas pelas partes, pois no direito patrimonial privado
 predomina a autonomia da vontade. Ressalto que tal fenômeno tem que ser
 involuntário (= acidental, ex: caminhão de açúcar que virou em cima da areia
 de uma construção), pois se for voluntário, os donos das coisas têm que
 disciplinar isso em contrato (ex: experiência para fazer nova bebida da
 mistura de vinho com cerveja). Se ocorrer má-fé (ex: virar o caminhão de
 propósito em cima da areia), aplica-se o 1273.
Este artigo acadêmico tem por objetivo abordar os modos de aquisição da propriedade móvel. Apesar do direito brasileiro dar mais importância às propriedades imobiliárias, devido ao seu maior valor econômico, os bens móveis também são de grande importância, devido ao grande fluxo dos bens de consumo.
O Código de 2002 disciplina 6 modos de aquisição da propriedade móvel: a usucapião, a ocupação, o achado do tesouro, a tradição, a especificação e a confusão. Juntamente com a última, trata também da comistão e da adjunção. 
Tais formas de aquisição serão abordadas nos itens seguintes.
Da especificação:
Especificação constitui forma de aquisição da propriedade móvel, que ocorre mediante atividade de uma pessoa em determinada matéria prima, obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta será do especificador, se matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior. 
Assim dispõe o artigo 1269 do Código Civil: 
“Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.” 
Quando a matéria não for do especificador, e não for possível restituir à forma anterior, a solução dependerá da boa ou má-fé do especificador. Assim diz o artigo 1270 do Código Civil: “se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir a forma procedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova”. Porém “se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria prima” (§1º).
Todavia, quando a coisa exceder consideravelmente o valor da matéria prima, ainda que de má-fé, a propriedade pertencerá ao especificador, que deverá indenizar o valor da matéria prima e pagar eventuais perdas e danos.
Da confusão, da comistão e da adjunção: 
A ilustre civilista Maria Helena Diniz, em sua obra “Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas”, 22ª edição, São Paulo: Ed. Saraiva, 2007, p.315. , discorre que “quando as coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a confusão, se a mistura se der entre coisas liquidas (p.ex., gasolina e álcool, vinho e guaraná); a comistão, se der entre coisas secas ou sólidas (p.ex., mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B ou de trigo com glúten). Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisas a outra (p.ex., vaso contendo decalque alheio; peça de roupa de um com estampa de outrem) que não mais se torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se adjunção.”
Em resumo, trata-se de confusão a mistura de coisas líquidas; comistão, a mistura de coisas sólidas ou secas; e adjunção, a justaposição de uma coisa a outra.
A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com sua parte proporcional ao valor do seu material.
Quando uma das coisas puder ser considerada principal em relação a outra, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigação de indenizar os outros.
Estas disposições vigem na presunção da boa-fé das partes. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se derem devido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolher entre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ou então renunciar a parte que lhe pertence, mediante indenização completa.
Conclusão
Como dito no início, embora o Código Civil brasileiro dê maior destaque em relação aos bens imóveis, os bens móveis são também de grande importância, e vem ganhando espaço maior conforme aumenta o fluxo dos bens de consumo.
Dessa forma, o presente artigo acadêmico teve por objeto a análise das principais implicações jurídicas relativas ao assunto, que poderá servir de orientação as pessoas, que em seu dia-a-dia, se envolvem nesse tipo de relação. 
Referências Bibliográficas 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas. Editora Saraiva, 2007, 22ª Edição.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro – Direito das Coisas. Editora Saraiva, 2007, 3ª Edição,Vol. V.

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