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CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Fundamentos da Gestão O gestor, oportunidades, comunicação e tomada de decisão Aula 3 Profa. Aline Mara Gumz Eberspächer CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Seja bem-vindo, prezado aluno! Juntos, vamos descobrir as importantes escolas que apresentam o lado humano e comportamental na empresa. Estamos em nosso terceiro encontro, no qual estudaremos o papel do gestor, as oportunidades, a comunicação nas organizações e a tomada de decisão da empresa. No primeiro momento, estudaremos a Escola de Relações Humanas, baseada nas ideias do médico e sociólogo australiano Elton Mayo. Essa escola questiona as teorias mecanicistas de Taylor e Fayol (Aula 2) e mostra que a produtividade está relacionada à parte comportamental e a coesão e integração da equipe. O segundo tema do nosso encontro é a respeito da abordagem comportamental, também conhecida como Escola Comportamentalista ou Escola Behaviorista da Administração. Estudaremos sobre motivação, liderança e sobre teorias do processo decisório e do trabalho em equipe. Observaram que toda nossa temática é referente às pessoas e ao comportamento delas dentro da organização? Verificamos que independentemente da escola administrativa e do nome que ela recebe, a aula organização. Aproveitem este encontro! Bons estudos! Contextualizando Você sai de casa, deixa sua família e vai para o trabalho. É dele que vem sua fonte de renda. Lá, você deve ter uma produção satisfatória, para garantir o emprego e o salário. Embora o salário seja muito importante para sua produtividade, existem outros fatores que motivam você a ir trabalhar. Dê uma olhada no seu ambiente social de trabalho e reflita: você é respeitado pelos colegas? Existe reconhecimento pelo seu trabalho? Há espaço na empresa para o lado humano, por exemplo, é permitido trazer um bolo de aniversário, a CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 gestante pode realizar chá de fraldas ou você consegue conversar com o chefe sobre algum problema no processo de produção? Se observou que existe um lado humano na empresa, existe influência da Escola das Relações Humanas, de Elton Mayo. Leia o tema a seguir e descubra a respeito da importância das relações humanas no processo produtivo. Tema 1: Escola das relações humanas Você já imaginou que nem toda motivação para o trabalho está relacionada ao salário e que o ser humano não é somente econômico? As teorias pioneiras de gestão (teoria científica e teoria clássica), que estudamos na aula anterior, baseavam-se na visão de homo economicus. Para elas, a humanidade seria motivada exclusivamente pela busca de dinheiro e pelas recompensas materiais e salariais do trabalho. Contudo, em 1927, Elton Mayo, sociólogo australiano, coordenou uma pesquisa para a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, pesquisa conhecida por Experiência de Hawthorne, cujo objetivo era verificar a correlação entre a produtividade dos funcionários e a iluminação no local de trabalho, pois atribuía-se a ela alto índice de turnover (rotatividade), fadiga, acidentes de trabalho e baixa produtividade. Os estudos coordenados por Mayo iniciaram em 1927 e prolongaram-se até 1932. Eles foram realizados na fábrica de Hawthorne, da Western Electric Company, uma companhia norte-americana fabricante de equipamentos para empresas telefônicas, situada na cidade de Chicago. 1ª fase da experiência de Hawthorne Na primeira fase da experiência de Hawthorne, um fator curioso e inesperado apareceu: o psicológico. Em condições de alta iluminação, era esperado que os trabalhadores produzissem mais, algo comprovado pelo experimento, entretanto, quando se diminuiu as luzes, o que era esperado não CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 aconteceu, pois, mesmo com menor acuidade visual, os trabalhadores sentiam-se na obrigação de produzir mais. Com isso, comprovou-se a preponderância do fator psicológico diante dos fatores fisiológicos, que para Mayo seria inoportuno às organizações. Assim, ele continuou os estudos com objetivo de isolar esse novo fator de produtividade da organização. 2ª fase da experiência de Hawthorne Na segunda fase da experiência de Hawthorne, foi criado um grupo experimental com seis moças: cinco montavam os relés de telefone e uma fornecia peças para abastecer o trabalho. A sala onde acontecia o experimento era separada do departamento por uma divisão de madeira. O equipamento de trabalho era idêntico ao utilizado no departamento, apenas incluindo um plano inclinado com um contador de peças que marcava a produção em fita perfurada. A produção foi o índice de comparação entre o grupo experimental e o grupo de controle (grupo real de trabalhadores com mesmas condições de trabalho, escolhido para que se pudesse ter uma referência de comparação). O grupo experimental tinha um supervisor, como no grupo de controle, e um observador que permanecia na sala e observava o trabalho, assegurando o espírito de cooperação das moças. Estas foram convidadas para participar da pesquisa e esclarecidas quanto aos objetivos: determinar o efeito de certas mudanças nas condições de trabalho. Eram informadas a respeito dos resultados e as modificações eram antes submetidas a sua aprovação. Insistia-se para que trabalhassem dentro do normal e que ficassem à vontade no trabalho. A pesquisa entre o grupo experimental foi dividida em 12 etapas, para observar a produção. Quadro 1.1 Etapas da 2ª fase da experiência de Hawthorne CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 1ª etapa: durou duas semanas, foi estabelecida a capacidade produtiva em condições normais de trabalho: 2 400 unidades por semana e por moça. Esse valor foi utilizado como base de produtividade para os demais períodos. 2ª etapa: durou cinco semanas; o grupo experimental foi isolado na sala de provas e manteve-se as condições e o horário de trabalho normal e medindo-se o ritmo de produção. Serviu para verificar o efeito da mudança de local de trabalho. 3ª etapa: durou oito semanas; nesse período, modificou-se o sistema de pagamento. O grupo de produção tinha muitas mulheres, era difícil remunerar conforme a produção. No pequeno grupo experimental, era possível identificar o esforço de cada um e interferia diretamente na remuneração financeira. Verificou-se aumento na produção. 4ª etapa: esse período marca o início da introdução de mudança no trabalho: um intervalo de cinco minutos de descanso no período da manhã e outro no período da tarde. Assim, teve novo aumento de produção. 5ª etapa: os intervalos de descanso aumentaram para dez minutos. Observou-se novo aumento de produção. 6ª etapa: introduziu-se três intervalos de cinco minutos no período da manhã e no período da tarde. As moças reclamaram da quebra no ritmo de produção. Esta não aumentou. 7ª etapa: voltaram após dois intervalos de dez minutos, um no período da manhã e outro à tarde, servindo um lanche leve. Aumentou a produção novamente. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 8ª etapa: foram mantidas as mesmas condições do período anterior, o grupo experimental passou a trabalhar até as 16h30 e não até as 17h como o grupo de controle. Aumento acentuado de produção. 9ª etapa: o grupo experimental passou a trabalhar até as 16h. A produção permaneceu igual. 10ª etapa: o grupo experimental voltou a trabalhar até as 17h, com lanche e intervalo. A produção aumentou bastante. 11ª etapa: estabeleceu-se a semana de cinco dias de trabalho, o sábado livre. A produção aumentou. 12ª etapa:nesse último período de doze semanas voltou à condição da 3ª etapa, sem nenhum benefício, e a produção aumentou sensivelmente. Foi alcançado o inesperado índice: 3 000 unidades semanais por moça. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2004. Concluiu-se que uma supervisão mais branda motivava a produtividade; um ambiente mais amistoso e sem pressões, no qual a conversa era permitida, aumentava a satisfação no trabalho; amizades eram criadas, assim, os funcionários tornavam-se uma equipe. O grupo desenvolveu objetivos comuns, como o de aumentar o ritmo de produção, embora isso não fosse solicitado. 3ª fase da experiência de Hawthorne Preocupados com as alterações acontecidas no grupo experimental durante a 2ª fase do estudo, os pesquisadores de Hawthorne decidiram deixar a preocupação com as condições físicas do trabalho (lembrem-se que o objetivo inicial era verificar o impacto da iluminação sobre a produtividade) e passaram a preocupar-se com as relações humanas no trabalho. Assim, criaram o programa de entrevistas, terceira fase da experiência, com o objetivo de ouvir opiniões dos trabalhadores a respeito do tratamento que recebiam e ouvir sugestões a sobre a empresa. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Para a época, foi uma pesquisa muito ousada. Considerando que a empresa tinha mais de 40 000 funcionários foram entrevistados entre 1928 e 1930 cerca de 21 126 empregados (Chiavenato, 2004). O programa de entrevistas revelou a existência da organização informal dos trabalhadores. A ideia de grupo informal indica que os trabalhadores mantêm-se unidos e leais ao grupo. Por exemplo, o grupo cria padrões de produção que julgam normais e que não devem ser ultrapassados por nenhum indivíduo, para que nenhuma meta mais ousada seja solicitada pela gerência. Quadro 1.2 Características da organização informal Padrões de produção que os operários julgam ser a produção normal que deveriam ter e que não eram ultrapassados por nenhum deles. Práticas não formalizadas de punição social que o grupo aplica aos operários que excedem os padrões e são considerados sabotadores. Expressões que fazem transparecer a insatisfação quanto ao resultado do sistema de pagamento de incentivos por produção. Liderança informal de alguns operários que mantém o grupo unido e asseguram o respeito pelas regras de conduta. Contentamentos e descontentamentos em relação às atitudes dos superiores a respeito do comportamento dos operários. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2004, p. 105. 4ª fase da experiência de Hawthorne Com os resultados da terceira fase da experiência, outra fase foi necessária, para que pudesse ser analisado o papel da organização informal aos funcionários. Inseriu-se uma condição: os salários seriam maiores caso a produção aumentasse. Contudo, observou-se que, ao atingir um determinado nível de produção (que o grupo julgasse normal e suficiente), eles reduziram o ritmo de trabalho para que novas metas não fossem sugeridas. Além disso, CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 percebeu-se a produção por meio de punições simbólicas. Infelizmente, a experiência de Hawthorne foi suspensa por motivos financeiros em 1932. Porém, ela foi um marco de transformação no pensamento gerencial. O mundo corporativo nunca mais seria o mesmo, ao se provar que os funcionários não poderiam ser tratados como peças de uma engrenagem, mas que são dotados de necessidades, não apenas de ordem fisiológica, sobretudo, as de ordem social e psicológica. Tema 2: abordagem comportamental A abordagem comportamental, também conhecida como Escola Comportamentalista ou Escola Behaviorista da Administração, surgiu no fim da década de 1940. Ao que concerne à abordagem comportamental e amplia e diversifica os conhecimentos apresentados pelas escolas mecanicistas (Taylor e Fayol) e a Escola de Relações Humanas. Na abordagem comportamental, as pessoas são o foco do estudo. O objetivo do estudo é a ciência do comportamento, desligando-se das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores (Andrade; Amboni, 2011). Quadro 2.1 Forças Propulsoras para o Surgimento da Escola Comportamentalista As principais forças propulsoras para a escola comportamentalista foram: Oposição às escolas anteriores. Está preocupada com o fator humano na óptica da organização formal. Os clássicos falharam ao descuidarem-se da análise das decisões e dos limites da racionalidade impostos por qualificações, hábitos, valores e conhecimentos, bem como ao tentarem impor princípios rígidos à Administração. Os comportamentalistas não aceitam a visão romântica dos estudiosos da Escola de Relações Humanas. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 A escola é mais ado pela burocracia para representar a organização. Fonte: Andrade; Amboni, 2011, p. 122. A abordagem comportamental é marcada por grandes pensadores, que deram ênfase, sob diversos ângulos, ao comportamento dos indivíduos dentro da organização e o modo como eles se organizam para a produtividade. Nesta aula, estudaremos os grandes expoentes da escola comportamental. Em um primeiro momento, serão estudado os pressupostos da teoria X e Y do Psicólogo Douglas McGregor. Ele classifica o trabalhador em X e Y e apresenta características do comportamento de cada perfil e identifica o tipo de líder necessário conforme o perfil do trabalhador. Na sequência, estudaremos a teoria da motivação de Abraham Maslow, por meio da pirâmide das necessidades. Na continuidade, trataremos a respeito da liderança e o papel do líder junto à equipe. A escola comportamental traz à tona essas temáticas, até então negligenciadas. Para finalizar, serão abordada as teorias de Mary Parker Follet por meio da análise do trabalho em equipe e Chester Barnard por intermédio do processo de decisão. Vamos então começar a estudar a escola comportamental sob a óptica de Douglas McGregor. Pressupostos da Teoria X e da Teoria Y, de Douglas McGregor Doutor em psicologia pela Universidade de Harvard (1935), Douglas McGregor foi professor de psicologia industrial no Massachussets Institute of Technology (MIT) de 1937 a 1964. Paralelamente, atuou como conselheiro de numerosas empresas, ao que concerne às questões de relações humanas. Para McGregor, há diferentes tipos de motivação que comprometem o desempenho do trabalhador. Ele também questiona os diferentes pressupostos sobre a natureza humana e o que motiva as pessoas. Com base nessa teoria, McGregor identifica os diferentes estilos de liderança. Observe: a teoria gerencial CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 convencional é inspirada na Escola da Administração Científica (apresentada na Aula 2), na qual o ser humano trabalha somente pela recompensa financeira, homo economicus de Taylor. Entretanto, McGregor aborda dois modelos de líder e liderados. Ele classifica como a teoria X o evitará sempre que puder e, por conseguinte, a Administração precisa incrementar a produtividade, os esquemas de incentivo e denunciar a restrição voluntária (Hahrlic, citado por Motta; Vasconcelos, 2006, p. 67). Figura 2.1 Síntese dos pressupostos da Teoria X e Y Fonte: http://cms.sesp-project.eu/index.php?id=355&L=5 Teoria X A Teoria X poderia ser resumida em uma frase: o trabalho é em si mesmo desagradável para a maioria das pessoas. Com base nesse princípio, cabe ao gestor o controle da produção, pois o trabalhador é preguiçoso e indolente. Considerando essas características individuais, para o gestor conseguir resultado na produção, é importante observar alguns pontos (Hampton, 1983). CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 É responsabilidade dos gerentese dos administradores a organização dos fatores de produção. Para conseguir resultados, devem ser estabelecidas normas e padrões de comportamento para que seja possível monitorá-los apoiado em regras e por meio de controles burocráticos. É um modelo de gestão centralizador e autoritário. Para garantir a eficiência na produtividade, é responsabilidade do gestor interferir e realizar um controle gerencial. Pois, sem pressão e sem controle, o ser humano não trabalha para contribuir com o alcance dos objetivos da empresa. Teoria Y Contrapondo-se à Teoria X, a Teoria Y poderia ser resumida em uma frase: o trabalho é tão natural como o lazer, se as condições forem favoráveis. Nessa teoria, McGregor analisa o trabalhador como alguém altamente competente, responsável e criativo, sobretudo, que gosta de trabalhar e o faz com diversão. Entretanto, cabe ao gestor proporcionar meios para que as pessoas possam dar o melhor de si, com participação, desafios e influências na tomada de decisão. Para Hampton (1983), os princípios básicos da Teoria Y são: O esforço físico e mental empregado no trabalho é tão natural quanto o empregado em momentos de lazer. O atingimento dos objetivos da organização está ligado às recompensas associadas, e não ao controle rígido e às punições. O indivíduo comum não só aceita a responsabilidade do trabalho, como também a procura. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Os indivíduos são criativos e inventivos, buscam a solução para os problemas da empresa. Os trabalhadores têm a capacidade de se autogerirem nas tarefas que visam atingir objetivos pessoais e estratégicos da organização, sem a necessidade de ameaças ou punições. O trabalhador normalmente não o que não acredita. Por isso, exige cada vez mais benefícios para compensar o incômodo de desempenhar uma função desagradável. Podemos observar por meio da teoria X e Y, de McGregor, dois estilos de trabalhadores totalmente diferentes: um trabalhador preguiçoso, indolente, que precisa ser controlado para produzir; e um trabalhador motivado, que gosta do que faz, responsável e com iniciativa. Quadro 2.2 Comparativo entre Teoria X e Y de McGregor Teoria X Teoria Y As pessoas são preguiçosas e indolentes As pessoas gostam do trabalho que exercem e são esforçadas e dedicadas As pessoas tendem a evitar o trabalho As pessoas consideram o trabalho como algo natural a ser realizado As pessoas evitam a responsabilidade para se sentir seguras As pessoas podem se controlar [sic] e assumir responsabilidades As pessoas são ingênuas e sem iniciativas As pessoas são criativas e competentes Fonte: Motta; Vasconcelos, 2006, p. 69. O grande desafio para o administrador é identificar o perfil de cada trabalhador da equipe, para que possa motivá-lo a obter o máximo empenho e competência. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Tema 3: Motivação Muitas questões sobre o comportamento humano estão relacionadas à motivação. Por que acessamos das mídias sociais frequentemente? Por que há pessoas que passam a maior parte das vidas em atividades pouco remuneradas? O que leva tantas pessoas a abandonarem uma carreira de sucesso em troca de felicidade? Estudiosos acreditam que grande parte das razões de conduta e de comportamento decorrem de um processo chamado de motivação. Por que, para algumas pessoas, ler um livro didático de 200 páginas parece entediante? Mas ler um livro de literatura de entretenimento é divertido? Tudo depende da motivação da pessoa. Essa mudança varia tanto entre indivíduos quanto no mesmo indivíduo. Vamos abordar e compreender um pouco dos conceitos de motivação. motivação como o processo no qual há um conjunto de motivos ou razões que induz, explica, estimula ou provoca uma ação ou comportamento. Ainda, outro conceito é o de Silva (2008). Para ele, a motivação está relacionada com a escolha, com a persistência e com o direcionamento da ação. Para Chiavenato (1999), é o desejo de desempenhar dado esforço para determinados objetivos organizacionais, condicionados pela satisfação dos objetivos individuais. Partindo dos conceitos acima, poderíamos entender que a motivação leva as pessoas a agirem em direção aos objetivos e as mantêm persistentes para alcançá-los. Por que escolhemos esse curso? Por que optamos por determinada carreira profissional? Por que, no fim do ano, decidimos ir à praia, e não ao campo? O que nos mantêm focados nessas respostas é o podemos chamar de motivação. Contudo, esse tema é um assunto complexo e sofre influência de diversas variáveis, pois as pessoas têm diversas necessidades que podem ser CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 conflitantes e acompanhadas de expectativas com várias maneiras de satisfazê-las. Vamos pensar juntos: existe alguma forma de classificar a motivação? Ou quais são os fatores que caracterizam a motivação de um indivíduo? Em uma primeira análise, podemos classifica-las intrínsecas e extrínsecas. Intrínseca: com relação às recompensas psicológicas, como reconhecimento positivo, apreciação, respeito, realização de um desafio. Extrínseca: são recompensas tangíveis ou materiais, como seguro de vida, promoção, salário, benefícios. Essas duas vertentes sobre a motivação humana apresentam dois pilares: um acredita que é possível motivar o ser humano por meio de técnicas e ferramentas (extrínsecas); outra, acredita que ninguém pode motivar ninguém, ou seja, as pessoas são automotivadas ou não (intrínsecas). Qual dessas teorias está correta? Vamos analisá-las juntos? (2003, p. 64), [...] de uma fonte autônoma de energia cuja origem se situa [sic] no mundo interior de cada um, e que não responde a qualquer tipo de controle do mundo , o papel do líder é apenas despertar a motivação latente do indivíduo (aquela que já trazem dentro de si). Note: nem sempre as pessoas estão conscientes de suas necessidades e de seus desejos. É interessante observar, por exemplo, que a mesma pessoa envolvida com a organização daquela festa de aniversário surpresa para o amigo é a mesma que está desinteressada por atividades referentes ao seu dia a dia profissional. Por isso, cabe ao líder estimular as pessoas à ação e a conquistar uma tarefa desejada (Tella; Ayeni; Popoola, 2007). Vamos aproveitar e abordar a motivação. Como já estudamos a teoria X e Y, de McGregor, vamos então estudar a teoria da hierarquia e das necessidades de Maslow. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Teoria da Hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow Uma das teorias da motivação mais conhecidas é provavelmente a Teoria da Hierarquia das Necessidades, desenvolvida em 1943 por Abraham Maslow, Mas, o que seriam essas necessidades? Segundo Maslow, poderíamos ltos da pirâmide só podem ser atendidos a partir do momento que as necessidades básicas forem satisfeitas. Figura 3.1 Representação da pirâmide de Maslow Fonte: UNA Comportamento do consumidor, 2016. Mas, quais são os níveis de necessidades? De acordo com Knapik (2012): Necessidades fisiológicas: também conhecida como a teoria da sobrevivência, pois é o nível básico da hierarquia e envolve necessidades básicas, como comida, sexo e sono. Pensem em todos os elementos que CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 permitem a satisfação do indivíduo, como intuito de sobrevivência, natural ao ser humano desde o nascimento. Necessidades de segurança: surgem a partir do momento que as necessidades fisiológicas podem ser atendidas. São comportamentos que levam as pessoas a buscarem proteção, estabilidade e segurança. Envolve situações como: corpo, emprego, moral,recursos e bens materiais. Necessidades sociais: surgem quando as necessidades primarias e secundárias forem atendidas. É a necessidade que o indivíduo tem de ser aceito socialmente, da inserção em grupos, de fazer parte, de ter afeto e amor. Quando as necessidades sociais não são atendidas, o indivíduo pode apresentar transtorno de comportamento, como hostilidade e solidão. Necessidades de estima: a satisfação das necessidades proporciona sentimento de autoconfiança, valor, poder capacidade e utilidade. A partir do momento em que o indivíduo foi aceito socialmente, ele precisa ser admirado e reconhecido nesse âmbito. No trabalho, ele deve demonstrar competências profissionais e ascender na carreira, em troca de reconhecimento. Necessidades autorrealização: são as necessidades mais elaboradas, mais pessoais e só podem ser atendidas com base na realização dos quatro primeiros níveis. São recompensas dadas à pessoa por si, como sentimento de realização. No trabalho, exige certa autonomia, vontade, oportunidade de correr riscos, além da liberdade para experimentar. Tema 4: Liderança A liderança sempre foi um assunto pesquisado e discutido por muitos estudiosos. Sun Tzu (544 a.C.-496 a.C.) já tratava desse assunto há mais de CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 2 500 anos no livro A arte da guerra. Para Fiedler (citado por Bergamini, 1994), a preocupação com a liderança vem desde que a História passou a ser escrita, pois Platão (427 a.C.-347 a.C.), como outros filósofos da época, já discutia sobre treinamento e educação de líderes. Castiglia e Malschitzky (2005) definem liderança como manter a motivação dos funcionários para alcançar os objetivos predefinidos pela organização. Para Hersey e Blanchhard (1986), liderança é influenciar as ações de alguém ou de um grupo para atingir um objetivo. Já Tannenbaum, Weschler e Massarik (1970), é a influência interpessoal por meio de comunicação para que se atinja uma ou várias metas em dada situação. Motta (1991) completa ao afirmar: líder é aquela pessoa com consciência de seus pontos fortes e fracos e que consegue tirar vantagem dos pontos positivos compensando pontos negativos; manifesta-se verdadeiramente e tem autenticidade. Para Goldsmith (1996) líder realiza indagações objetivando novas ideias e feedback, solicitando aos subordinados novas opiniões. Likert (1975) classificou dois diferentes tipos de líderes: os democráticos e os autocráticos. Estes são aquelas pessoas que se ocupam com o planejamento, elaboração dos procedimentos e estabelecimento de padrões, enquanto aqueles buscam apoiar seus funcionários. Bergamini (1994) relata duas características comuns à liderança: é ligada a um fenômeno grupal, envolvendo duas ou mais pessoas e é um procedimento de influência intencional. Goldsmith (1996) relata que o líder é o responsável de acompanhar o trabalho dos liderados de forma eficiente e eficaz para produzir mudanças positivas. Ireland e Hitt (1999) define liderança estratégica como a habilidade de previsão, imaginação e flexibilidade para, de forma estratégica, fazer com que outras pessoas realizem mudanças que criarão um futuro à empresa. Rowe (2002) classifica a liderança, além de estratégica, como gerencial e visionária. Para o autor, a liderança estratégica influencia os subordinados a tomar decisões favoráveis à organização, de forma voluntária e rotineira; a CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 liderança visionária foca no futuro e corre riscos; já a gerencial envolve a estabilidade e a ordem, lidando com atividades rotineiras e em curto prazo. Liderança é a influência interpessoal exercida em um determinado contexto. Trata-se de um fenômeno social, uma capacidade de influenciar as pessoas por meio de ideias, exemplos e ações e fazer com que atinjam metas propostas ou passem a acreditar em crenças ou conceitos (Knapik, 2012, p. 83). Para Chiavenato (1999), em todas as organizações a liderança é um processo-chave e o administrador deve ser um líder para os subordinados, deve influenciá-los para agir de maneira intencional. Contudo, há diferenças claras entre o papel do líder e do chefe. Os conceitos elencados servem para demonstrar a importância do papel do líder nos processos organizacionais. Essa liderança apareceu em destaque nos experimentos de Hawthorne, realizados por Elton Mayo. É justamente o líder responsável pela promoção das características psicológicas dos indivíduos, características que serão tratadas a seguir. Características de um líder Um líder consegue influenciar um grupo, passa sentimento de segurança e diminui a incerteza, pois orienta e educa a equipe na busca de resultado. Independentemente se a liderança é nata ou adquirida, o importante é a capacidade de influenciar pessoas. Estilo de Liderança A liderança depende diretamente do comportamento e do estilo do líder, que interfere diretamente na dinâmica e na interação da equipe de trabalho. Destacam-se três tipos básicos de liderança: a autocrática, a democrática e a liberal. Vamos conhecer suas características: Liderança autocrática: podemos observar um chefe mais presente, controlador e centralizador. Ele exige obediência do grupo e decide como e quando as tarefas devem ser feitas. O ponto negativo desse modelo de CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 gestão é que gera frustração nas equipes de trabalho. Nos remete ao modelo gerencial de Taylor e Fayol. Liderança democrática: a chefia tenta ouvir as ideias da equipe, aceita sugestão, estimula, encoraja a participação de todos. Naturalmente, a equipe sente-se mais motivada, comprometida e apresenta maior qualidade no trabalho. Esse modelo nos remete à Escola de Relações Humanas, de Elton Mayo. Liderança liberal (laissez-faire): o chefe atua como agente de informação por meio de estímulos e de iniciativa ao grupo. Ele quase não exerce controle sobre a atividade desenvolvida e a responsabilidade recai sobre os colaboradores. Observamos a predominância de três tipos de liderança. Mas você acha que qualquer modelo de liderança adapta-se a qualquer processo produtivo? Pense nisso! Provavelmente, você observará que algumas funções exigem uma liderança mais atuante e controladora. Enquanto outras, precisam de mais liberdade de criação. Na verdade, tudo depende do momento da empresa, da maturidade da equipe e da qualificação dos profissionais, entre outros fatores. Quadro 4.1 Uso da liderança situacional Estilo de liderança Quando utilizar Liderança autocrítica Com funcionários novos. Com pessoas que não conhecem o trabalho. Com funcionários que não querem colaborar. Com pessoas que não assumem responsabilidades. Com pessoas que são muito dependentes. Em situações de perigo ou acidente. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Liderança democrática Com pessoas participativas, que gostam de colaborar. Com funcionários treinados e que conhecem bem o trabalho. Com pessoas responsáveis. Com pessoas adaptadas ao grupo e comprometidas com os resultados. Com situações que não exijam intervenção e de decisão imediata. Liderança liberal Com funcionários bem capacitados, competentes e que não precisam de muitas orientações, como cientistas, engenheiros, especialistas etc. Com pessoas que realizam trabalhos que exigem iniciativa e criatividade. Com pessoas que gostam de trabalhar individualmente e que fazem bem o seu trabalho. Fonte: Knapik, 2012, p. 87. O quadro anterior nos permite entender qual perfil de liderança adapta-se melhor à equipe de trabalho. O papel social do líder Não podemos negligenciar que o líder tem papelimportante na sociedade. Ele é agente educador, motiva as pessoas na busca de resultados e de transformações no mundo do trabalho. Por isso, não pode fugir à, mesmo que seja desgastante e traga sentimento de frustração. Outro papel muito importante do líder é estimular e permitir o desenvolvimento de seus liderados. Ele deve ter percepção ampla, precisa e clara dos objetivos a serem atingidos, com os recursos necessários e disponíveis. Por isso, devem inspirar os liderados a estabelecer uma visão compartilhada. Fiorelli (citado por Knapik 2012, p. 94) elenca três habilidades que o líder deve desenvolver: Demonstrar a visão pelo exemplo. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Ter perseverança nos momentos difíceis. Manter compromisso com as causas. Ainda, de acordo Fiorelli (citado por Knapik 2012, p. 94), além das habilidades citadas, alguns atributos são necessários, pois possibilitam maior sucesso ao papel do líder: Habilidade interpessoal. Autoconhecimento. Convicção. Autoconfiança. Comportamento de líder. Esse tema da aula nos permitiu compreender melhor a importância do papel do líder. Um dos grandes desafios da atualidade é preparar e encontrar líderes que se adaptem às mudanças e sejam flexíveis, suportem bem as pressões e estejam dispostos a participar de um processo de aprendizagem constante, sem esquecer de preparar e motivar equipes de alto desempenho, com a finalidade de alcançar ótimos resultados. E você, está preparado para ser um líder? Tema 5: Teorias transitivas: Mary Parker Follet e Chester Barnard Relações Humanas. Entretanto, é importante destacar: esse conjunto de conhecimentos e informações não partiram somente dele. Um grupo de estudiosos e pesquisadores na parte comportamental também contribuíram para o fortalecimento dessa escola. Entre os pensadores que permitiram o fortalecimento dela, destacam-se Mary Parker Follett e Chester Barnard, que estudaremos a seguir. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Mary Parker Follett Uma mulher à frente do seu tempo, conhecida por , Mary Parker Follett nasceu em 1868, nos EUA, e morreu em 1933, no Reino Unido. Considerada uma das principais antecessoras da Escola das Relações Humanas, os escritos de Follett antecedem as pesquisas de Hawthorne. Follett trabalhou como educadora e organizadora de serviços sociais e assistenciais por um longo período. Essa experiência permitiu o interesse por problemas da administração industrial. É importante ressaltar que na virada do século XIX, com a Revolução Industrial, foi muito perceptível a crise social provocada pela industrialização. A força de seu estudo está na importância do trabalho em equipe como forma de descentralização das instituições. Também foi uma estudiosa sobre o conflito nas organizações. De acordo com ela, os conflitos podem ser construtivos e métodos de solucionar o conflito empresarial. São eles: a. Método da força: é utilizada a dominação, a força, a coerção, ameaças e violências para se conseguir o resultado desejado. Somente um dos lados terá exigências atendidas. b. Método da barganha: envolve uma negociação, uma conciliação entre as partes, de forma que se chegue a um meio-termo e a um acordo satisfatório para ambos. c. Método da integração: é utilizada a integração de outras ferramentas administrativas. Parte do pressuposto que o conflito existe porque demandas não são atendidas e elas não devem ser suprimidas, mas supridas. De acordo com Follett, a unidade da sociedade não está no indivíduo, mas nos grupos sociais. E, sobretudo, o indivíduo forma sua identidade e desenvolve seu potencial humano conforme o grupo a que pertence (Motta; Vasconcelos, CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 2006). Isso lembra um pouco os pais quando falam para os filhos: cuidado com Na verdade, a teoria de Follett confirma que o sucesso do administrador depende da sua capacidade de construir um grupo, saber relacionar-se e, principalmente, criar e coordenar equipes interdisciplinares. Chester Barnard Nasceu em 1886 e faleceu em 1961, Chester Barnard trabalhou durante 40 anos como gestor da empresa de telefones American Telephone & Telegraph (ATT), tornando-se presidente nos anos seguintes. Essa experiência o permitiu analisar três pontos fundamentais para a administração: observar o processo de tomada de decisão; analisar as relações entre as organizações formais e informais na organização. refletir sobre ospapel e a função do executivo. Segundo Barnard, a empresa é o instrumento mais eficaz para o desenvolvimento da sociedade. A relação social nas empresas é com base na cooperação entre indivíduos que estão ligados por objetivos comuns. Para ele, o grande problema para a sobrevivência das empresas é não estarem de acordo com a efetividade e a eficiência. A eficiência da organização está ligada à capacidade de satisfazer as necessidades dos indivíduos, pois se a organização consegue atende-las enquanto consegue atender seus próprios objetivos, a cooperação entre os membros tende a perdurar. O trabalho e a pesquisa realizada por Barnard foi relatado no livro A função do executivo, no qual ele discutiu questões como liderança, cultura e concepções de sistemas cooperativos. CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Nisso, duas teorias destacam-se: uma sobre autoridade; outra sobre incentivos. Elas são regidas por sete regras essenciais: os canais de comunicação devem ser definidos; todos devem conhecer os canais de comunicação; todos devem ter acesso aos canais formais de comunicação; linhas de comunicação devem ser mais curtas e diretas possível; a competência de pessoas que servem como centros de comunicação deve ser adequada; a linha de comunicação não deve ser interrompida enquanto a organização estiver funcionando; toda comunicação deve ser autenticada. Para ele, o gestor deve obter a autoridade tratando os subordinados com muito respeito e competência. E, para incentivar o trabalhador, é necessário convencê-los por meio de incentivos tangíveis, como: dinheiro e outras formas de indução material; oportunidades pessoais não materias de distinção; condições físicas ideais para o trabalho; benfeitorias ideais, como o orgulho de ser trabalhador etc. Com base nos estudos de Barnard, podemos observar a importância do trabalho do gestor como um ponto de ligação entre o trabalhador e a empresa. Síntese Chegamos ao fim de mais um encontro! Nele, pudemos observar a importância do ser humano dentro da organização e do processo produtivo. E a CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 partir do momento que as escolas administrativas perceberam a importância do ser humano no processo produtivo, pudemos observar que alguns fatores externos motivaram o indivíduo a trabalhar mais, como a liderança, o salário, a coesão de equipe, entre outros. Ao mesmo tempo, observa-se que a equipe não precisa de um chefe, mas de líderes que reconheçam e fortaleçam as competências do ser humano no processo produtivo. Muito sucesso! Até a próxima aula! CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 Referências ANDRADE, R.O.B.; AMBONI, N. Teoria Geral da Administração. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. BARROS, E.; BONAFINI, F. (Org.) Ferramentas da qualidade. São Paulo: Pearson, 2014. BERGAMINI, C. W. Motivação: uma viagem ao centro do conceito. RAE Executivo, São Paulo, p. 63-67, v. 1, n. 2, nov. 2002/jan. 2003. Disponível em: <http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/1716.pdf>. Acesso em 4 ago. 2016. CASTIGLIA, F. Z.; MALSCHITZKY,N. Cultura organizacional, estilos de liderança e a comunicação interpessoal nas organizações In: ENCONTRO NACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13., 2004, Londrina. Anais... Curitiba: FAE Centro Universitário. 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