Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS Marcelo Guerra Departamento de Botânica UFPE A técnica de hibridização in situ (HIS) consiste basicamente no pareamento de determinado segmento de DNA ou RNA com uma seqüência de nucleotídeos complementar situada dentro da célula, visando verificar se a célula possui essa seqüência e qual a sua exata localização. Para visualizar o segmento de DNA ou RNA hibridizado é necessário que ele esteja marcado com alguma molécula de fácil identificação, funcionando como uma sonda para detectar a seqüência com- plementar de nucleotídeos chamada seqüência-alvo. O híbrido sonda/alvo pode ser DNA/DNA, RNA/RNA ou DNA/RNA. A HIS tem sido utilizada para localizar as mais diversas seqüências de nucleotídeos, como um gene de cópia única, moléculas de RNA mensageiro ou um DNA viral inserido no cromossomo. Neste capítulo, serão revisados alguns aspectos gerais da hibridização de sondas de DNA com o DNA cromossômico. Um maior detalhamento da bioquímica de hibridização dos ácidos nucléicos pode ser encontrado em Lara (2002). O PRINCÍPIO GERAL DA TÉCNICA A técnica baseia-se no fato de que o DNA é formado por duas fitas complementares, as quais podem ser facilmente separadas em fitas simples, ou desnaturadas, e posteriormente renaturadas, voltando ao estado de fita dupla. Se, durante a renaturação do DNA cromossômico, houver sonda disponível no meio em torno do cromossomo, as cópias da sonda competirão com as fitas do DNA cromossômico e poderão ser hibridizadas in situ, isto é, no sítio exato onde aquela seqüência ocorre naturalmente. A Figura 1.1 esquematiza as principais etapas da técnica de HIS. Essa técnica foi utilizada pela primeira vez por Gall e Pardue (1969) para análises cromossômicas e por Buongiorno-Nardeli e Amaldi (1969) em cortes histológicos. Graças à sua alta especificidade e aos melhoramentos técnicos introduzidos nos anos seguintes, a HIS se transformou em uma das técnicas mais informativas e elegantes da citologia, sendo aplicada em áreas tão diversas quanto 2 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética a biologia do desenvolvimento, a citotaxonomia, a citogenética clínica e o melhoramento genético. Figura 1.1 Principais etapas da técnica de hibridização in situ. A marcação da sonda (a) é feita independentemente da preparação da lâmina (b). Em seguida, a sonda e o DNA cromossômico são desnaturados (c, d) e, quando colocados em contato, a sonda hibridiza in situ (e) com o DNA-alvo. A marcação da sonda pode ser detectada por anticorpos ligados a fluorocromos (f) e visualizada diferencialmente ao microscópio (g). Muitos artigos, especialmente os iniciais, descrevem extensamente a meto- dologia empregada (veja, por exemplo, Gall e Pardue, 1969; Ambros et al., 1986). Dois textos gerais, muito didáticos e bastante informativos dos princípios da técnica e dos protocolos mais freqüentemente utilizados, foram publicados por Leitch et al. (1994) e Schwarzacher e Heslop-Harrison (2000). Uma descrição das variantes empregadas na HIS, incluindo seu uso na microscopia eletrônica e em cortes histológicos, o uso de sondas de RNA e de marcação com radioisótopos, pode ser encontrada em Polak e McGee (1990). As principais aplicações e alguns dos CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 3 resultados mais importantes obtidos em diversas áreas da citogenética serão apresentados nos demais capítulos deste livro. A PREPARAÇÃO DA LÂMINA Embora permita alcançar os objetivos em poucos experimentos e apresente boa repetibilidade de resultados, a HIS é um procedimento relativamente longo e dispendioso, exigindo controle rigoroso da qualidade das lâminas. Lâminas com muitas metáfases e com cromossomos bem espalhados são fundamentais para se obterem resultados inequívocos e tornar a técnica economicamente viável. A preparação das lâminas segue os mesmos procedimentos utilizados na preparação de lâminas para a coloração com fluorocromos, apresentados detalhadamente por vários autores (veja, por exemplo, Guerra e Souza, 2002). Para controlar a qualidade das lâminas, antes de serem utilizadas na HIS, elas podem ser analisadas na microscopia de contraste de fase, que permite visualizar os cromossomos sem corantes, ou após coloração rápida, por exemplo, com DAPI (abreviatura do corante fluorescente 4-6-diamidino-2-phenilindole). As melhores lâminas devem ser descoradas e estocadas secas em caixas hermeticamente fechadas a 20 ou 80 oC. Nessas condições, as lâminas podem ser conservadas por alguns meses antes de serem utilizadas para HIS. Em alguns organismos nos quais a técnica de preparação de lâminas produz um grande número de boas metáfases, como em humanos e mamíferos em geral, esse controle de qualidade é simplificado ou dispensado. TIPOS DE SONDAS Sondas são seqüências de DNA isoladas que se encontram representadas no cromossomo uma única vez ou que apresentam milhares de cópias em cada cromossomo. Essas seqüências repetidas podem estar organizadas no cromossomo em tandem, ou seja, uma em seguida à outra, formando blocos relativamente grandes de DNA-alvo, ou podem se encontrar dispersas no complemento cromossômico, intercaladas com diversos outros tipos de seqüências. SONDAS DE SEQÜÊNCIAS REPETITIVAS ORGANIZADAS EM TANDEM Os primeiros trabalhos com HIS utilizaram como sonda seqüências de DNA que se encontravam repetidas em tandem. Entre essas, as mais fáceis de serem isoladas e localizadas são os DNAs satélite, o gene que codifica o RNA ribossomal 5S e a 4 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética seqüência que codifica o precursor 45S dos RNAs ribossomais 28S, 18S e 5,8S, geralmente referidos como DNAr 5S e 45S, respectivamente. Uma característica importante dos DNAr 5S e 45S é que a seqüência de nucleotídeos desses genes é muito conservada evolutivamente, o que significa que elas são muito similares em todos os eucariotas. Por exemplo, uma sonda de DNAr 45S produzida a partir do genoma de trigo, denominada pTa71 (Gerlach e Bedbrook, 1979), foi utilizada para localizar o DNAr em muitas outras plantas, inclusive gimnospermas e pteridófitas (veja, por exemplo, Kawakami et al., 1999; Murray et al., 2002), e até mesmo em organismos tão diferentes quanto peixes (Pendas et al., 1993) e gafanhotos (Rocha, 2002). O DNA ribossômico 45S, geralmente referido apenas como DNAr, é uma seqüência moderadamente repetitiva, que forma blocos com muitas repetições, em um ou mais pares cromossômicos. Cada unidade de repetição contém três genes (DNAr 18S+5,8S+28S) e seus espaçadores, sempre transcritos juntos em um único RNAm. Os sítios do DNAr 45S correspondem às constrições secundárias, observadas por técnicas de coloração convencional. Entretanto, sítios muito pequenos ou pouco ativos podem não ser visíveis com essas técnicas mas serem detectados com HIS. No feijão caupi (Vigna unguiculata), por exemplo, apenas um ou dois cromossomos são observados com constrições secundárias, enquanto com HIS aparecem blocos de DNAr 45S em cinco dos seus 11 pares cromossômicos (Guerra et al., 1996). No homem, os genes de DNAr 45S estão nas constrições secundárias dos cromossomos acrocêntricos 13, 14, 15, 21 e 22, havendo cerca de 150 a 200 cópias no genoma. A seqüência do DNAr 5S é um pouco mais variável que a do DNAr 45S. Cada espécie possui, geralmente, uma só seqüência de DNAr 5S repetida muitas vezes em tandem em um único par de sítios cromossômicos ou, menos freqüente- mente, em dois ou mais pares. No homem, os genes do DNAr 5S estão localizados no cromossomo 1 (200-300 cópias). Em algumas espécies podem ocorrer seqüên- cias de DNAr 5S ligeiramente diferentes, formando blocos de repetições distintas, localizadas por HIS em diferentes regiões do genoma (veja, por exemplo, Martins e Galetti, 2001). Afora o DNA ribossômico, duas outras seqüências repetitivas, organizadas em tandem e de função conhecida, têm sidoamplamente estudadas. A primeira, e mais conservada, é a seqüência do DNA telomérico (Richards et al., 1993). Esse DNA ocorre caracteristicamente nas regiões terminais de cada cromossomo, embora excepcionalmente seja encontrado em outras regiões cromossômicas, princi- palmente próximo aos centrômeros de alguns animais (veja discussão no Capítulo 4) e plantas (Guerra e Kenton, 1996; Kondo e Tagashira, 1998). A segunda, menos CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 5 conservada evolutivamente, é a seqüência do DNA centromérico, que marca apenas a região do centrômero. A região centromérica é particularmente complexa, contendo geralmente grande diversidade de seqüências distintas (Tyler-Smith e Floridia, 2000). Diversos outros tipos de seqüências repetidas em tandem têm sido utilizados como sondas, destacando-se os DNAs satélite e os microssatélite (Heslop-Harrison, 2000). O DNA satélite está composto por unidades formadas por poucas centenas de pares de bases, repetidas um milhão de vezes ou mais em cada genoma. Geralmente, o genoma eucariótico apresenta várias seqüências satélite diferentes, podendo algumas seqüências ser exclusivas de uma única espécie ou de um grupo de espécies relacionadas. Sua localização freqüentemente coincide com a dos blocos de heterocromatina detectados pela técnica de bandeamento C. Entretanto, diferentes bandas C, ou mesmo uma única banda C, podem ser formadas por diferentes seqüências satélite. Os microssatélite são formados por unidades com apenas 1 a 5 nucleotídeos, repetidas um número variado de vezes em muitas regiões do genoma. Alguns desses sítios alcançam um número de repetições suficientes para serem visualizados por HIS (veja, por exemplo, Vanzela et al., 2002). SONDAS DE DNA REPETITIVO DISPERSO Além das seqüências repetitivas organizadas em tandem, há um grande número de seqüências moderadas a altamente repetitivas dispersas ao longo dos cromossomos. Essas seqüências estão geralmente relacionadas aos elementos transponíveis. No homem, e na maioria dos eucariotas, grande parte do genoma é derivada de elementos transponíveis, principalmente as seqüências conhecidas como LINEs, SINEs (predominantemente Alu), retrotransposons LTR e transposons de DNA. A seqüência mais abundante no genoma humano, Alu, possui cerca de 280 pb formando um dímero com subunidades ligeiramente diferentes. Essa seqüência está representada por mais de um milhão de cópias espalhadas por todos os cro- mossomos, ocorrendo, em média, uma cópia a cada 3 kb (Strachan e Read, 1999). Em plantas, destacam-se os retrotransposons, que são seqüências longas de DNA que podem ser transcritas para RNA pelo sistema de transcrição normal da célula e novamente transcritas para DNA pelo gene da transcriptase reversa do retrotransposon. Na forma de DNA livre, o retrotransposon pode se inserir noutro lugar do cromossomo, aumentando assim o número de repetições no genoma. Essas seqüências representam uma fração considerável do genoma das plantas, princi- palmente aquelas com grandes cromossomos (Brandes et al., 1997). 6 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Algumas seqüências repetitivas dispersas são tão abundantes que, quando hibridizadas in situ, marcam uniformemente todo o genoma. Essas seqüências podem ser utilizadas para distinguir os cromossomos de uma espécie, em um híbrido interespecífico, ou para distinguir o genoma de um ancestral diplóide em uma espécie alopoliplóide. Por exemplo, em aveia, um hexaplóide com 2n = 42, foi encontrada uma seqüência repetitiva que marca igualmente um terço (14) de seus cromossomos e marca também os 14 cromossomos de uma espécie próxima diplóide. Isso sugere que esse diplóide, ou uma espécie muito próxima dele, seja um dos ancestrais da aveia hexaplóide (Linares et al., 1998). SONDAS DE SEQÜÊNCIAS ÚNICAS OU DE POUCAS CÓPIAS Com o aprimoramento dos métodos de isolamento, amplificação e detecção de sondas, muitas seqüências únicas ou de poucas cópias têm sido localizadas in situ. Essas seqüências podem ser a cópia complementar de um RNA mensageiro (DNAc), um clone de uma biblioteca genômica, o DNA viral inserido no cromossomo, fragmentos de restrição do tipo RFLP, etc. O pequeno tamanho é o principal fator limitante na detecção de seqüências de cópia única, mas diferentes estratégias foram desenvolvidas para detectar esse tipo de seqüência (veja, por exemplo, Pedrosa et al., 2002, 2003). SONDAS GENÔMICAS Em plantas, principalmente, têm sido muito utilizadas as chamadas sondas genômicas, formadas pelo DNA genômico total de uma espécie. A sonda genômica, constituída por um grande número de seqüências únicas e repetitivas, funciona da mesma maneira que uma seqüência repetitiva dispersa por todo o genoma, marcando todos os cromossomos igualmente, com a vantagem de ser muito mais facilmente obtida. Essa técnica, denominada de hibridização genômica in situ ou GISH (Genomic In Situ Hybridization), tem sido aplicada com sucesso na análise de híbridos interespecíficos e no estudo evolutivo de diversas espécies poliplóides (Stace e Bailey, 1999). Em animais, as sondas genômicas também têm sido utilizadas (veja, por exemplo, Svartman e Vianna-Morgante, 1999), embora esse tipo de sonda encontre aplicação maior no estudo dos poliplóides raros em animais. Por exemplo, para distinguir os cromossomos das duas espécies que deram origem a um tetraplóide natural, como o tabaco, o DNA total de um dos supostos pais diplóides é extraído, marcado e hibridizado com os cromossomos do poliplóide (Figura 1.2). Se a espécie da qual se extraiu o DNA for realmente um dos pais do tabaco, metade do conjunto cromossômico tetraplóide deverá ser diferencialmente CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 7 marcada (no caso em que cada pai contribuiu com igual quantidade de cro- mossomos que é o mais freqüente). Caso não haja marcação, é uma indicação de que aquela espécie não foi envolvida na formação do tetraplóide. Por outro lado, se todos os cromossomos hibridizarem com a sonda genômica de um diplóide, é provável que a espécie em questão seja um autopoliplóide ou descenda de duas espécies muito próximas (Figuras 1.2 e 2.9). Figura 1.2 Teste de GISH para identificar a origem de um tetraplóide. Primeiramente é feito controle positivo, para verificar se o DNA de cada um dos supostos pais (diplóides AA e BB), hibridija com seus próprios cromossomos (coluna à esquerda), e um controle negativo, para verificar se não marcam cromossomos da outra espécie (centro). Em seguida, tenta-se hibridizar o DNA de A e o DNA de B com os cromossomos do tetraplóide (supostamente AABB). Se o tetraplóide contiver os genomas AABB, metade dos cromossomos marcarão com o DNA de A e a outra metade, com o DNA de B (em cima e embaixo à direita). Se o tetraplóide for formado por outros genomas, por exemplo, CCDD, não será marcado por nenhuma das duas sondas. Como os dois genomas que formam um híbrido interespecífico geralmente são muito semelhantes, o DNA marcado de um deles poderá hibridizar indistintamente com os dois genomas. Para evitar isso, geralmente se adiciona na hibridização o 8 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética DNA marcado de uma espécie junto com o DNA da outra espécie sem marcação e em concentração mais alta. Este último DNA funcionará como bloqueador (ou supressor) das seqüências exclusivas desta espécie e das seqüências comuns a ambas. Dessa maneira, apenas o genoma oriundo do diplóide que está sendo testado aparecerá marcado. SONDAS CROMOSSÔMICAS Um conjunto de seqüências gênicas ou nao-gênicas localizadas em determinado cromossomo pode ser reunido para formar uma sonda capaz de pintar apenas aquele cromossomo. Para isso é necessário reunir um bom número de seqüências distintas e que estejam distribuídas aleatoriamente por todo o cromossomo. Dessa maneira, foram construídas sondas que marcam, distintamente,cada um dos 23 pares de cromossomos humanos em toda a sua extensão. Essa técnica, chamada de pintura cromossômica (chromosome painting), tem tido numerosas aplicações na citogenética clínica e no estudo da evolução de aves e mamíferos. As sondas cromossomo-específicas levaram ao desenvolvimento de técnicas que permitem corar simultaneamente cada cromossomo humano em uma cor diferente (ver Capítulos 6 e 7). Para isso foi necessário desenvolver também novos equipamentos de microscopia, programas de análise de imagens apropriados e diversas outras melhorias na técnica e nos reagentes utilizados (Schröck et al., 1996; Eils et al., 1998). A hibridização de sondas cromossomo-específicas humanas em outros mamíferos tornou possível identificar regiões cromossômicas homólogas em espécies tão diferentes quanto o homem e o cavalo, separados há 70-80 milhões de anos (Raudsepp et al., 1996). A análise comparada de cariótipos de espécies distintas, utilizando-se sondas cromossômicas, é denominada Zoo-FISH (Capítulo 4). Essas sondas permitem também visualizar os cromossomos no núcleo interfásico, onde se encontram descondensados, formando territórios cromossômicos individualizados. Nesses casos, a análise cromossômica geralmente é feita em microscopia confocal, que permite observar o núcleo em numerosos planos focais distintos e integrar essas imagens em uma reconstrução tridimensional (veja, por exemplo, Habermann et al., 2001). Sondas do tipo pintura são também conhecidas para alguns outros mamíferos, aves e drosófila (Fuchs et al., 1998; Griffin et al., 1999). Em plantas não foi ainda possível pintar cada um dos cromossomos de um cariótipo distintamente, mas já são conhecidas pinturas para alguns poucos cromossomos (Schubert et al., 2001). CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 9 OBTENÇÃO DA SONDA O tipo de sonda mais fácil de ser obtido é o utilizado na hibridização genômica in situ, formada pelo DNA total, fragmentado e marcado. Se a sonda desejada for um DNA satélite, ela poderá ser isolada do DNA total da espécie por intermédio de um gradiente de densidade. Nesse caso, o DNA satélite é separado do DNA principal pela diferença na proporção de AT:GC entre essas duas frações, que se reflete em diferença de densidade entre elas. Sondas de DNA satélite são mais facilmente obtidas por digestão do DNA genômico com enzimas de restrição. Uma enzima de restrição que produza um corte em uma unidade de repetição produzirá cortes idênticos em todas as demais unidades desse DNA repetitivo organizado em tandem. Isso resultará na formação de fragmentos de DNA de igual tamanho, os quais aparecerão em um gel de eletroforese como uma banda característica. Eventualmente, alguns monômeros poderão conter mutações no sítio de restrição, levando à formação de dímeros, trímeros, etc., produzindo no gel de eletroforese um padrão de bandas em escada. Esse padrão também pode ser obtido quando se realiza digestão enzimática por tempo insuficiente para que ocorram todos os cortes (digestão parcial). Em ambos os casos, o padrão de bandas em escada constitui indicação clara de que o DNA repetitivo se encontra em tandem. A banda produzida pela digestão total contendo os monômeros poderá ser recortada do gel e seu DNA poderá ser extraído, marcado e utilizado como sonda. No caso do DNA repetitivo disperso, o isolamento dessa seqüência deverá ser feito a partir de uma biblioteca genômica (coleção de fragmentos de DNA inseridos em vetores de clonagem que juntos cobrem todo o genoma de um organismo), exigindo grande número de testes para encontrar a seqüência repetitiva desejada. Seqüências muito pequenas, como o DNA telomérico ou os microssatélite, podem ser sintetizadas por encomenda a laboratórios especializados. Sondas para genes específicos podem ser obtidas diretamente a partir do RNAm citoplasmático, transcrito para DNA (DNAc) por meio da enzima transcriptase reversa e amplificado em um sistema de clonagem bacteriano. Diversas sondas podem também ser obtidas por PCR, desde que se conheçam as seqüências que flanqueiam o DNA-alvo, de maneira a permitir escolher os iniciadores de síntese (primers) corretos. Neste caso, a mistura de nucleotídeos que fornece a matéria-prima para a síntese das novas cadeias pode conter uma fração de nucleotídeos marcados, permitindo que se faça amplificação e marcação da sonda simultaneamente. 10 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Muitas dessas seqüências podem ser obtidas comercialmente ou como amostras cedidas por outros laboratórios. Algumas, como as de DNAr 5S e 45S, foram inicialmente isoladas e amplificadas em um laboratório e cordialmente cedidas a pesquisadores de outros laboratórios, não existindo comercialmente. OBTENÇÃO DE SONDAS PARA PINTURA CROMOSSÔMICA POR CITOMETRIA OU MICRODISSECÇÃO Para a obtenção de uma sonda cromossomo-específica é necessário primeiramente isolar certa quantidade de cromossomos do tipo que se quer pintar. Para isso, as técnicas mais utilizadas são a de separação por fluxo e a microdissecção. A separação por fluxo (flow sorting) é uma variação de uma técnica mais amplamente utilizada, denominada citometria de fluxo. A citometria de fluxo foi inicialmente utilizada para distinguir e quantificar tipos de células ou núcleos em solução e, posteriormente, para identificar cromossomos (Melamed et al., 1990). Neste caso, uma solução com cromossomos corados é impelida através de um canal extremamente fino e liberada na forma de gotas minúsculas, cada uma contendo no máximo um cromossomo. Os corantes utilizados são geralmente fluorocromos, principalmente o Hoechst 33258 (geralmente referido simplesmente como Hoechst), o DAPI ou o iodeto de propídeo. Quando uma gota contendo um cromossomo atravessa um feixe de raios laser, o cromossomo corado fluoresce e a quantidade de luz emitida é medida por um detector de fluorescência (Figura 1.3). Como a quantidade de fluorocromos ligados ao cromossomo é proporcional à sua quan- tidade de DNA, cromossomos com diferentes quantidades de DNA podem ser distinguidos por sua fluorescência. Se o cariótipo contiver cromossomos muito semelhantes na quantidade de DNA, a distinção entre eles poderá ser feita pela proporção de AT:GC que apresentem. Para isso é necessário fazer uma dupla coloração, utilizando-se simultaneamente um fluorocromo que se liga preferencialmente a regiões ricas em AT (o DAPI ou o Hoechst) e outro com maior afinidade por GC (geralmente a cromomicina A3). Esses fluorocromos emitem luz com comprimentos de onda diferentes, permitindo que a quantidade de cada um seja medida separadamente. Dessa maneira, a proporção de AT:GC daquele cromossomo é estimada, permitindo sua identificação. Uma vez que cada cromossomo possa ser reconhecido, o citômetro pode ser programado para deslocar determinado cromossomo do fluxo de microgotas e coletá-lo em um recipiente à parte (nesse caso, a técnica é então denominada separação por fluxo). Para isso, a microgota com o cromossomo especificado receberá uma carga elétrica, permitindo posteriormente deslocá-la do fluxo por CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 11 placas defletoras (Figura 1.3). Cromossomos humanos e de várias espécies animais e vegetais têm sido isolados por essa técnica (Monard e Young, 1995; Dolezel et al., 1999). Figura 1.3 Esquema da separação cromossômica por fluxo. Gotas contendo determinado cromossomo podem ser reconhecidas pela fluorescência do cromossomo, marcadas com uma carga elétrica e desviadas do fluxo normal para um coletor à parte. Os cromossomos podem também ser isolados por meio de microdissecção. Nesse caso, determinado cromossomo é isolado de algumas metáfases espalhadas em uma lamínula, utilizando-se um aparelho de micromanipulação. A micromanipulação permite também isolar apenas um braço cromossômico ou mesmo determinada banda C ou G (Senger et al., 1990; Cannizzaro,1996). Dessa maneira, é possível produzir sondas específicas para regiões cromossômicas bem pequenas. Uma vez isolado um pequeno número de cromossomos iguais, suas diversas seqüências de DNA devem ser amplificadas para produzir uma quantidade adequada para hibridização e para estoque. Essas seqüências amplificadas devem 12 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética ser separadas por eletroforese, isoladas e testadas como sondas para HIS. Aquelas que hibridizarem unicamente, ou predominantemente, em um cromossomo serão utilizadas para compor a sonda cromossômica. AMPLIFICAÇÃO DA SONDA Da mesma maneira que as sondas cromossomo-específicas, os demais tipos de sonda precisam também ser amplificados, para se dispor de um estoque da sonda. A amplificação geralmente é feita pelos métodos usuais de clonagem. Para isso a seqüência a ser amplificada deve ser inserida em um vetor, por exemplo um plasmídio bacteriano, que é introduzido na Escherichia coli. A multiplicação da bactéria resulta na multiplicação do plasmídio e, conseqüentemente, na ampli- ficação do número de cópias da seqüência de DNA inserida, ou inserto. Quando a colônia bacteriana é suficientemente grande, as bactérias são lisadas e os plasmídios (em número de milhões) são isolados. A sonda pode ser preparada com o plasmídio inteiro (o DNA estritamente plasmidial não deve ter correspondência no DNA cromossômico e por isso não interfere na hibridização) ou o inserto pode ser retirado do plasmídio, por meio de enzimas de restrição, e separado por eletroforese. Os plasmídeos bacterianos aceitam geralmente insertos de até 10 kb de tamanho. Para amplificar seqüências maiores poderá ser necessário utilizar outro tipo de vetor, como os cosmídios (insertos de 30 a 44 kb), bacteriófago P1 (70-100 kb), PACs (130-150 kb), BACs (até 300 kb) ou YACs (0,2 a 2 Mb). A técnica de PCR pode ser utilizada na amplificação de fragmentos de DNA cuja seqüência de nucleotídeos é conhecida, como o DNAr 5S ou 18S. No caso de cromossomos isolados para obtenção de sondas cromossomo-específicas, todo o DNA precisa ser amplificado. Nesse caso, a amplificação é feita por um tipo particular de PCR, denominado DOP-PCR (degenerate oligonucleotide-primed PCR). Esta PCR utiliza iniciadores de síntese com seqüências muito variadas, que irão se ligar em um grande número de sítios, amplificando qualquer DNA fornecido como molde. TAMANHO DA SONDA O tamanho dos segmentos a serem hibridizados é crítico nos experimentos de HIS, sendo o tamanho ideal entre 50 e 500 nucleotídeos. Seqüências maiores ou menores podem ser utilizadas, mas apresentam problemas adicionais. Se a seqüência a ser hibridizada contiver 20 kb, por exemplo, ela deverá ser quebrada em fragmentos menores, em torno de 400-500 pb. Seqüências muito pequenas, CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 13 como os oligonucleotídeos, têm baixa estabilidade em razão do pequeno número de pontes de hidrogênio. Além disso, têm maior chance de hibridizar com seqüências não-alvo casualmente complementares (hibridização cruzada). No caso dos microssatélite, por exemplo, a sonda deve ser formada por algumas unidades repetidas, como (GATA)7, (GAA)10 ou (AG)12. Seqüências muito longas, além de apresentarem menor acesso ao cromossomo, em razão da maior dificuldade de penetrar na célula e alcançar o alvo, têm freqüentemente pequenas seqüências de DNA repetitivo disperso, respon- sáveis por pareamentos fora do DNA-alvo. Essas sondas devem ser fragmentadas, desnaturadas e pré-hibridizadas em uma solução contendo um excesso de cópias do DNA repetitivo disperso (bloqueador ou supressor). Dessa maneira, os fragmentos da sonda que apresentam DNA repetitivo vão formar fitas duplas com o DNA repetitivo em excesso e serão bloqueados, enquanto os demais perma- necerão como fita simples e poderão hibridizar com o DNA-alvo (Lichter e Cremer, 1992). MARCAÇÃO DA SONDA MARCAÇÃO COM ISÓTOPOS RADIOATIVOS Inicialmente, as sondas de DNA ou RNA eram marcadas exclusivamente com isótopos radioativos, produzindo as chamadas sondas quentes. O isótopo mais comumente empregado é o trítio (3H), por emitir radiação de baixa energia, garantindo melhor resolução da sonda. Por outro lado, o trítio tem a desvantagem de exigir exposição demorada, usualmente acima de duas semanas (compare esses dados na Tabela 1.1). Em alguns experimentos é preferível utilizar um radioisótopo de mais alta emissão de energia, como o 32P, embora a resolução da sonda seja sensivelmente reduzida em decorrência de maior dispersão da radiação. Tabela 1.1 Características principais dos radioisótopos mais utilizados na HIS (baseada em Leitch et al., 1994). Isótopo Energia de emissão máxima (MeV) Resolução (µm) Tempo de exposição aproximado (dias) Meia-vida 3H 0,018 0,5-1 15-100 12,4 anos 125I 0,004 1-10 12-20 60 dias 35S 0,167 10-15 12-20 87,4 dias 32P 1,710 20-30 2-5 14,3 dias 14 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Na marcação com radioisótopos, geralmente usa-se a dUTP ou a dATP tritiada. Depois de hibridizada, a sonda é localizada por autorradiografia. Para isso, a lâmina é coberta com uma fina camada de uma emulsão fotossensível que funciona como um filme fotográfico. A radiação emitida pela sonda sensibiliza os sais de prata da emulsão, que depois de convenientemente revelados e fixados aparecem como pequenas manchas pretas em cima do local onde a sonda se encontra. Ao final os cromossomos são levemente corados, geralmente com Giemsa, para permitir reconhecer a localização das sondas. Esse método tem a vantagem de ser extremamente sensível, permitindo revelar a posição de seqüências-alvo muito pequenas. Por outro lado, o uso de isótopos radioativos apresenta uma série de incovenientes. Os mais evidentes são o perigo que representam para a saúde do pesquisador, a maior instabilidade e baixa meia-vida, a produção de lixo radioativo, menor resolução e o fato de que exigem tempo de exposição muito longo para a sensibilização adequada do filme. Cionini et al. (1982), por exemplo, utilizaram 100 a 150 dias de exposição para obter uma localização clara de uma marcação com trítio em cromossomos politênicos de Phaseolus. MARCAÇÃO NÃO-ISOTÓPICA Atualmente, para HIS, usa-se apenas a marcação não-isotópica. Nesse caso, uma molécula marcadora é acoplada a um dos quatro tipos de nucleotídeos presentes na sonda, a qual posteriormente é reconhecida por métodos imunológicos ou similares. Observe que as sondas radioativas possuem apenas substituições de isótopos, enquanto as não-isotópicas possuem acréscimos de moléculas à sonda. Há duas maneiras distintas de marcar uma sonda não-radioativa: a marcação direta, que utiliza fluorocromos acoplados diretamente aos nucleotídeos, e a marcação indireta, na qual os nucleotídeos são acoplados a uma molécula marcadora, a qual é posteriormente ligada a um fluorocromo ou a um outro sistema de coloração. A marcacão indireta tem sido mais utilizada em razão de sua maior sensibilidade e por permitir mais facilmente amplificar o sinal emitido pela sonda. Entretanto, as sondas que podem ser compradas prontas no comércio são marcadas diretamente com fluorocromos e são muio eficientes. As moléculas marcadoras mais utilizadas na marcação indireta são a biotina e a digoxigenina. A biotina é um tipo de vitamina H, obtida da clara do ovo, que pode ser ligada ao nucleotídeo pelo carbono 5 do anel pirimidínico. A digoxigenina é um alcalóide extraído de plantas conhecidas como dedaleira (Digitalis purpurea e D. lanata) e liga-se ao anel pirimidínico da mesma maneira que a biotina. Essa CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 15 ligação normalmente é feita por meio de uma molécula espaçadora longa, de forma a evitar interferência estereoquímica que afete o pareamento da sonda com o DNA-alvo ou reduza a eficiência do reconhecimento posteriorda molécula marcadora (Figura 1.4). O tamanho da molécula espaçadora depende basicamente do número de átomos de carbono que ela possui, e isso geralmente vem indicado junto com o nucleotídeo marcado. Por exemplo, a biotina 16-dUTP possui uma molécula espaçadora com 16 átomos de carbono separando a biotina do nucleotídeo (Figura 1.4a). Figura 1.4 Configuração bidimensional de algumas moléculas marcadoras. (a) Biotina ligada ao trifosfato de desoxiuracila (16-dUTP) por uma molécula espaçadora (linha sanfonada no centro da molécula). (b) Digoxigenina 11-dUTP. (c) Fotobiotina, mostrando a biotina (à direita) ligada a um grupo azil arida por uma molécula espaçadora. Na molécula espaçadora das três figuras os átomos de carbono estão localizados nas dobras da cadeia. A seguir, será discutida apenas a marcação não-isotópica, em razão de sua maior importância na HIS, embora os princípios básicos da técnica sejam os mesmos para ambos os tipos de marcadores. Serão enfatizados também os procedimentos relacionados à marcação indireta, por ser a mais utilizada. 16 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética MÉTODOS DE MARCAÇÃO DA SONDA A marcação da sonda pode ser feita por métodos químicos ou enzimáticos. Em ambos os casos, geralmente apenas um dos quatro tipos de nucleotídeos é marcado, de forma a evitar alterações na estereoquímica da sonda que possam afetar sua capacidade de ligação com o DNA-alvo. Na marcação por métodos químicos, a molécula marcadora é adicionada diretamente à sonda. A fotobiotina, apresentada na Figura 1.4c, é um dos marcadores não-radioativos mais utilizados em métodos químicos. Essa molécula se caracteriza pela presença de um grupo aril, situado numa extremidade de um braço longo que a separa da biotina. Em presença de luz intensa, o grupo aril se torna reativo, podendo se ligar à citosina da sonda (Coulton, 1990). Nos métodos enzimáticos, um dos tipos de nucleotídeos normais é substituído por nucleotídeos previamente marcados. Essa marcação é feita quase sempre pela técnica de nick-translation (deslocamento de corte) ou por PCR (discutida noutro tópico) e, menos freqüentemente, por random primers (iniciadores de síntese aleatórios). Embora mais baratos, os métodos químicos são geralmente mais tóxicos e menos específicos que os enzimáticos e por isso só raramente são utilizados. MARCAÇÃO POR NICK-TRANSLATION Na marcação por nick-translation, a sonda é misturada com os quatro nucleotídeos não-marcados (dNTP) e mais um deles marcado (dUTP ou dATP), além de DNase I e DNA-polimerase I. A DNase I é uma endonuclease que corta cada uma das duas cadeias do DNA em pontos aleatórios (Figura 1.5a, b). Se a reação for excessivamente prolongada, a DNase I degrada inteiramente o DNA. Utilizando tempo e concentra- ção adequados, e na presença de íons Mg2+, ela gera uma série de cortes em ambas as fitas, a partir dos quais a DNA-polimerase I inicia a síntese das novas cadeias. A DNA-polimerase I tem duas funções distintas: polimerizar o DNA no sentido 5'→3' e despolimerizar a cadeia no sentido 5'→3' ou 3'→5'. Entretanto, se houver um corte em só uma das fitas, ela despolimerizará no sentido 5'→3' e simultâneamente realizará nova polimerização no mesmo sentido. Portanto, a DNA-polimerase I reconhece os cortes simples deixados pela DNase I e atua no sentido 5'→3', despolimerizando os nucleotídeos à sua frente e repolimerizando atrás de si (Figura 1.5c, d, e). O resultado é que o corte inicial vai sendo deslocado para o final 3' da fita. Esse processo ocorre igualmente nas duas fitas e, ao final, ambas as fitas terão seus nucleotídeos substituídos por novos, conservando a mesma seqüência original. Observe que nesse processo a quantidade de sonda disponível no final é a mesma do início da reação. Durante a etapa da polimerização, a enzima utiliza os nucleotídeos existentes no meio, inclusive os nucleotídeos marcados. A concentração CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 17 do nucleotídeo marcado deve ser mais alta que a desse mesmo nucleotídeo não- marcado, para compensar sua menor receptividade pela DNA-polimerase. Figura 1.5 Marcação da sonda por nick-translation. A sonda em fita dupla (a) é inicialmente atacada pela DNase, produzindo cortes aleatórios (setas) nas duas fitas (b). Moléculas de DNA polimerase se ligam aos sítios cortados (c) e retiram os nucleotídeos à sua frente no sentido 5'-3' (d). Um novo nucleotídeo é acrescentado à extremidade 3' em cada um dos espaços vazios criados pela DNA polimerase (e), ficando o corte um nucleotídeo adiante no sentido 5'-3' (setas). Ao final, todos os nucleotídeos serão substituídos por novos e, em ambas as fitas, alguns deles estarão marcados. MARCAÇÃO POR RANDOM PRIMERS Na técnica de marcação por random primers, a sonda marcada é produzida através da síntese de uma nova cadeia de DNA. Para isso, a dupla hélice é desnaturada e uma DNA polimerase produz uma fita marcada complementar a cada uma das fitas originais. Nesse caso, utiliza-se unicamente uma parte da DNA-polimerase I (conhecida como fragmento Klenow), contendo apenas o sítio responsável pela atividade polimerásica 5'→3'. Para ocorrer a síntese da cadeia complementar, é necessário, além do fragmento Klenow, os nucleotídeos normais e marcados e os 18 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética iniciadores de síntese, que parearão com a fita desnaturada e permitirão à enzima iniciar a síntese a partir do terminal 3 livre. Neste caso, usa-se um conjunto de iniciadores, cada um formado por seis nucleotídeos, contendo praticamente todas as combinações de A, T, G e C possíveis, de maneira que a síntese poderá iniciar em qualquer ponto do DNA. Durante a síntese da nova fita, haverá a incorporação de nucleotídeos marcados, ficando cada dupla-hélice com uma fita marcada e outra não-marcada (Figura 1.6). Figura 1.6 Marcação da sonda por random primers. Para iniciar a reação é necessário reunir a sonda, os nucleotídeos marcados e não-marcados e os iniciadores de síntese (a), além da polimerase (não representada). Os iniciadores paream com regiões complementares da sonda desnaturada (b). A partir dos terminais 3' dos iniciadores, novas fitas complementares às originais são sintetizadas contendo nucleotídeos marcados (c). CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 19 Esse método é recomendado para marcar pequenas quantidades de DNA e seqüências muito curtas, como as utilizadas para DNA telomérico e microssatélite. Sua principal desvantagem na HIS é que a cadeia não-marcada compete pelo alvo com a marcada, diminuindo sua eficiência. A HIBRIDIZAÇÃO IN SITU A etapa de hibridização in situ propriamente dita é aquela em que a sonda e os cromossomos são desnaturados e hibridizados sob condições controladas. A desnaturação geralmente é feita por aquecimento da sonda e das lâminas a temperaturas próximas de 70-80 °C. A lâmina com os cromossomos desnaturados é coberta com a solução de hibridização contendo a sonda, recoberta com uma lamínula e deixada geralmente à temperatura de 37 °C, por 18 horas ou mais, durante as quais ocorrerá a hibridização propriamente dita. Em seguida, retira-se a lamínula e a lâmina passa pelos chamados banhos ou lavagens pós-hibridização, em que é eliminado o excesso de sonda, incluindo aquelas parcialmente pareadas e mais instáveis. Para isso, as lâminas são mergulhadas em uma cubeta com uma mistura de solução salina-citrato (SSC) e formamida, as quais possuem efeito antagônico: a solução salina contribui para estabilizar a dupla-hélice e a formamida, para romper as pontes de hidrogênio. Nesse momento, é estabelecido o nível de estringência do experimento, ou seja, o nível de exigência para que sondas parcialmente hibridizadas permaneçam ligadas ao DNA cromossômico. NÍVEL DE ESTRINGÊNCIA Tecnicamente, o nível de estringência indica a percentagem mínima de nucleo- tídeos corretamente pareados, entrea sonda e o DNA-alvo, necessária para manter a estabilidade da molécula híbrida. Em uma HIS com nível de estringência de 80%, por exemplo, apenas as cópias da sonda com pelo menos 80% de sua seqüência de nucleotídeos corretamente pareada com o DNA cromossômico permanecerão hibridizadas após as lavagens pós-hibridização. Hibridizações realizadas com nível de estringência alto produzem resultados mais confiáveis, mas se o DNA-alvo não for abundante e de fácil acesso, poderá não ocorrer hibridização em muitas células. Por outro lado, reduzindo-se o nível de estringência, facilita-se o pareamento da sonda com o DNA-alvo, mas aumenta- se também a chance de pareamento com seqüências não-alvo. Portanto, o nível de estringência deve ser ajustado para o tipo de DNA-alvo visado. 20 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Os protocolos mais utilizados têm nível de estringência entre 70% e 90%. A determinação do nível de estringência de uma hibridização depende do tamanho da sonda, da proporção de AT:GC da sonda e das condições de hibridização e lavagens pós-hibridização (concentração de formamida e SSC e temperatura, geralmente de 37 a 42 °C). Como na prática o tamanho e a seqüência da sonda nem sempre são bem conhecidos, trabalha-se em geral com valores médios para esses parâmetros, resultando em variação do nível de estringência em torno de 5% (Leitch et al., 1994). Schwarzacher e Heslop-Harrison (2000) apresentam uma tabela simplificada na qual é possível estabelecer o nível de estringência desejado variando-se a temperatura e a composição dos banhos pós-hibridização. DETECÇÃO DOS SÍTIOS DE HIBRIDIZAÇÃO Na marcação indireta, após a hibridização, a sonda precisa ser detectada, o que é feito por meio de moléculas conjugadas, constituídas por uma unidade capaz de reconhecer e se ligar fortemente à molécula marcadora da sonda e outra que permite sua visualização ao microscópio (sinalização). A unidade que reconhece a marcação da sonda é geralmente um anticorpo ou outra molécula com alta capacidade de associação com a molécula marcadora. Se a sonda for marcada com biotina, poderá ser localizada com um anticorpo antibiotina ou com avidina ou estreptavidina. Se for marcada com digoxigenina usa- se antidigoxigenina. A avidina é uma glicoproteína extraída do ovo de galinha (como a biotina), com uma constante de associação pela biotina 1.000.000 vezes mais alta que a afinidade típica de antígenos-anticorpos. A avidina pode ser substituída pela estreptavidina, uma glicoproteína secretada pelo fungo Streptomyces avidini composta por quatro subunidades, cada uma com um sítio de ligação com uma biotina. A estreptavidina tem a vantagem de ser mais específica que a avidina, embora apresente menor estabilidade e constante de associação mais baixa. O anticorpo, ou a avidina/estreptavidina, precisa estar previamente ligado a uma molécula sinalizadora, que é a unidade do conjugado que permite sua visualização ao microscópio. A molécula sinalizadora pode ser uma enzima ou um fluorocromo. A Tabela 1.2 apresenta um resumo das moléculas mais freqüentemente acrescentadas à sonda no processo de HIS não-isotópica. A hibridização in situ utilizando fluorocromos é comumente denominada FISH (Fluorescent In Situ Hybridization). CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 21 Tabela 1.2 Principais moléculas adicionadas às sondas no processo de HIS. Marcadoras Reconhecedoras Sinalizadoras Biotina ou digoxigenina Antibiotina, avidina, estreptavidina ou antidigoxigenina Enzimas (ex.: fosfatase alcalina) ou fluorocromos (ex.: rodamina, FITC) ENZIMAS UTILIZADAS NA DETECÇÃO DOS SÍTIOS DE HIS As enzimas mais comumentes utilizadas nesse processo são a fosfatase alcalina e uma peroxidase obtida da planta Armoracia rusticana (em inglês, horseradish). Essas enzimas são geralmente biotiniladas, permitindo que se liguem à sonda por uma ponte biotina-avidina-biotina. Na presença de um substrato adequado, a enzima quebra esse substrato produzindo uma substância que pode ser corada, resultando em um sinal de cor escura junto à sonda. No caso da fosfatase alcalina, o substrato é o BCIP (5-bromo-4-chloro-3-indolylphosphate) e o produto da reação é corado pelo NBT (nitroblue tetrazolium), enquanto com a peroxidase o substrato é o peróxido de hidrogênio e a coloração do produto enzimático é feita pelo DAB (diamino- benzidine tetrahydrochloride). A Figura 1.7 esquematiza o processo de reconhe- cimento da sonda pela fosfatase alcalina e sua reação de coloração. A reação apresentada nessa figura pode ser simplificada utilizando-se antibiotina ou avidina já acoplada à fosfatase alcalina. Em ambos os casos, após a coloração da sonda, o restante dos cromossomos é corado fracamente com algum outro corante, como o Giemsa ou a orceína acética. Figura 1.7 Visualização da sonda marcada com fosfatase alcalina biotinilada. A avidina reage com a biotina da sonda e, posteriormente, com a biotina da fosfatase. A enzima quebra o substrato, a molécula de BCIP, que reage com o NBT produzindo uma substância escura onde se encontra a sonda. 22 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética FLUOROCROMOS UTILIZADOS NA DETECÇÃO Os corantes fluorescentes, quando excitados com radiação ultravioleta de comprimentos de onda específicos, emitem forte brilho de cor característica. A análise dessa coloração é feita ao microscópio de fluorescência, equipado com lâmpada ultravioleta e um conjunto de filtros que permitem selecionar o compri- mento de onda de máxima excitação do corante e de máxima emissão de luz. O fluorocromo excitado pela energia da luz ultravioleta desloca alguns elétrons para orbitais mais externos. Esses elétrons ficam instáveis e logo retornam a seus orbitais originais, liberando energia na forma de luz na faixa do visível, portanto, com um comprimento de onda distinto da utilizada em sua excitação (Tabela 1.3). A Figura 1.8 apresenta um esquema do curso seguido pela luz que sai da fonte de ultravioleta até o cromossomo e da luz emitida pelo cromossomo até o observador. Tabela 1.3 Principais fluorocromos utilizados na HIS, com seus comprimentos de onda de máxima excitação e máxima emissão e a cor da fluorescência emitida (baseada em Schwarzacher e Heslop-Harrison, 2000). Fluorocromos Máxima excitação (nm) Máxima emissão (nm) Cor da fluorescência Ligados à sonda FITC 495 523 verde Cy3 550 570 vermelho Rodamina 560 580 vermelho Vermelho-Texas 595 610 vermelho Ligados ao DNA cromossômico DAPI 358 461 azul Iodeto de propídeo 535 617 vermelho Os fluorocromos mais utilizados na coloração da sonda são o Cy3, o FITC (fluorescein isothiocyanate), o vermelho-Texas e a rodamina. O Cy3 é o mais utilizado de um grupo de fluorocromos denominado de cianinas, que inclui também o Cy2, Cy3.5, Cy5, Cy7 e alguns outros. Para corar o DNA cromossômico total, usa-se mais comumente o DAPI ou o iodeto de propídeo. Uma combinação de fluro- cromos muito usada é o FITC para sonda e o iodeto de propídeo para o restante do cromossomo, ou o DAPI para o cromossomo e o FITC e a rodamina para duas sondas diferentes. As características principais desses fluorocromos estão resumidas na Tabela 1.3. O DAPI e o iodeto de propídeo apresentam a vantagem de serem mais estáveis, enquanto os fluorocromos usados nas sondas têm maior instabilidade, isto é, quando expostos à luz por um tempo mais longo perdem o brilho, podendo CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 23 desaparecer completamente em pouco tempo. Esse problema pode ser minimizado montando-se a lâmina em meios que reduzem o esmaecimento dos fluorocromos, como o Vectashield. Figura 1.8 Trajetória da luz na microscopia de fluorescência. A luz ultravioleta é projetada para fora da caixa protetora por um espelho. O filtro de excitação seleciona um comprimento de onda que excita apenas determinado fluorocromo.A luz selecionada (verde) atinge o cromossomo e o fluorocromo excitado emite outra fluorescência (vermelho- escuro). Um filtro de emissão deixa passar luz na faixa do visível (vermelho-claro) para o observador. AMPLIFICAÇÃO DO SINAL Quando o sinal emitido pela sonda for muito fraco, não permitindo observação ou documentação fotográfica segura, torna-se necessário amplificar o sinal, aumen- tando o número de moléculas marcadoras e sinalizadoras. A amplificação , nesse caso, é feita adicionando um anticorpo contra a molécula marcadora, contendo esse anticorpo outras moléculas marcadoras. Por exemplo, se a sonda for marcada com biotina e reconhecida com avidina usa-se um anticorpo antiavidina biotinilado. Esse anticorpo possui quatro radicais de biotina, podendo ligar-se à avidina por um desses radicais e deixar os outros três livres para reagirem com novas moléculas de avidina (Figura 1.9). Expondo-se novamente a célula à avidina-FITC, duas ou três dessas moléculas conjugadas se ligarão às biotinas do anticorpo, amplificando portanto o sinal. 24 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Figura 1.9 Amplificação do sinal da sonda marcada com biotina. A biotina é inicialmente reconhecida pelo conjugado avidina-fluorocromo. Acrescentando um anticorpo anti- avidina biotinilado, cada sítio com uma biotina fica agora com três biotinas livres. A reação com o conjugado avidina-fluorocromo é repetida, resultando na amplificação do sinal. Teoricamente, o sinal pode ser amplificado repetidas vezes. Na prática, no entanto, usa-se apenas uma ou, raramente, duas amplificações em razão da tendência ao aumento da marcação de fundo durante as sucessivas recolorações. SENSIBILIDADE E RESOLUÇÃO DA FISH A ampliação do sinal pode ajudar a localizar uma marca muito pequena, mas, mesmo assim, a sensibilidade da técnica é limitada pelo tamanho do DNA-alvo. A sensibilidade pode ser aumentada se o acesso ao DNA-alvo for melhorado. Cromossomos livres de resíduos citoplasmáticos facilitam muito a detecção de sinais pequenos. Em vertebrados e humanos, a técnica de preparação de lâminas permite eliminar mais o citoplasma que a utilizada geralmente em vegetais, resultando em melhor detecção de sinais. Uma alternativa para localizar seqüências únicas e curtas é utilizar como sonda não apenas a seqüência do DNA-alvo mas também as seqüências vizinhas a ele. Por exemplo, se vários genes ou marcadores moleculares aparecem no mapa genético localizados muito próximos uns dos outros, uma sonda formada pelo conjunto dessas seqüências poderá ser suficiente para emitir um sinal de fácil detecção no cromossomo metafásico. Pedrosa et al. (2003) utilizaram um conjunto de RFLPs, situados muito proximamente no mapa genético de cromossomos de feijão, para visualizar em qual cromossomo aqueles marcadores se localizavam. Outra alternativa é procurar primeiramente localizar a seqüência de DNA desejada em uma biblioteca genômica de BACs ou YACs (cromossomos artificiais bacterianos ou de leveduras, utilizados para clonagem de seqüências de DNA com centenas de kb em extensão) e utilizar o fragmento inteiro para hibridização. Essa CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 25 técnica é muito empregada para localizar genes e outras seqüências curtas de DNA no cromossomo (veja, por exemplo, Pedrosa et al., 2002). A detecção do sinal pode também ser melhorada trabalhando-se com cromossomos mais descondensados, como os paquitênicos da meiose, os politênicos ou os cromossomos interfásicos. Um sítio bem pequeno, com 10 kb, aparecerá no cromossomo metafásico como um pequeno ponto, enquanto em cromossomos paquitênicos aparecerá como uma região mais longa e mais facilmente visível. Em cromossomos mais distendidos, não apenas a sensibilidade mas também a resolução da HIS aumenta, ou seja, melhora a capacidade de visualizar duas sondas muito próximas como sinais distintos, sem superposição. Em humanos, duas sondas precisam estar separadas por pelo menos um milhão de pares de bases (1 Mb) para serem visualizadas como sítios distintos em cromossomos metafásicos, enquanto em cromossomos paquitênicos essa distância pode ser reduzida para perto de 60 kb. Em fibras de DNA completamente distendidas a resolução da HIS é ainda maior, passando para cerca de 0,7 kb (De Jong et al., 1999). MARCAÇÃO E DETECÇÃO SIMULTÂNEA DE DUAS OU MAIS SONDAS Nos trabalhos de mapeamento físico de genes ou seqüências de DNA, geralmente é necessário trabalhar simultaneamente com duas ou mais sondas. No caso de duas sondas é simples, porque uma das sondas pode ser corada em verde (FITC), a outra, em vermelho (rodamina ou outro) e o restante do cromossomo, em azul (DAPI). Quando é necessário hibridizar muitas sondas diferentes simultaneamente, como no caso da pintura simultânea dos 23 pares cromossômicos humanos, a solução é utilizar para cada sonda duas ou mais moléculas marcadoras distintas. Isso pode ser feito marcando algumas sonda com fluorocromos diferentes e outras com uma combinação de dois ou mais fluorocromos em proporções iguais. No microscópio de fluorescência, utilizando diferentes filtros, cada cromossomo será identificado por uma cor ou uma combinação de cores distintas. Eils et al. (1998), por exemplo, marcaram os 23 tipos de sondas com diferentes combinações de biotina, digoxige- nina e outros nucleotídeos ligados diretamente a fluorocromos. As imagens obtidas com diferentes filtros foram superpostas para identificar todos os cromossomos. As cores resultantes da superposição não são muito distintas, mas o programa de análise de imagens reconhece bem cada combinação e substitui essas cores por cores mais contrastadas, denominadas pseudocores (para uma explicação detalhada dessa abordagem veja Eils et al., 1998). Essa técnica foi denominada de FISH Multicor ou M-FISH. 26 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética Uma estratégia alternativa para pintar todos os cromossomos humanos simultaneamente foi desenvolvida por Schröck et al. (1996). Esses autores marcaram cada sonda com diferentes proporções de moléculas marcadoras. A Figura 1.10 ilustra essa alternativa mostrando quatro sondas marcadas com diferentes proporções de biotina e digoxigenina. As moléculas marcadoras foram reconhecidas pela avidina conjugada à rodamina e pela antidigoxigenina com FITC, resultando em sinais com diferentes proporções de vermelho e verde, o que poderá ser transformado em pseudocores diferentes. O número de marcações diferentes pode ser aumentado utilizando mais moléculas marcadoras diferentes e também nucleotídeos marcados diretamente com outros fluorocromos. Embora vários flurocromos sejam vermelhos, o sistema de análise de imagem é capaz de distingui- los pela diferença no comprimento de onda. Figura 1.10 Marcação e detecção simultânea de quatro sondas. (a) Sondas distintas, marcadas com diferentes proporções de biotina e digoxigenina foram hibridizadas em um mesmo cromossomo. (b) A biotina é reconhecida por um conjugado (avidina + FITC) e a digoxigenina, por outro (antidigoxigenina + rodamina), nas mesmas proporções da marcação, resultando em sinal diferente para cada sonda. Uma alternativa mais simples para localizar várias sondas em uma mesma célula é fotografar as células com duas sondas e, em seguida, descorar a lâmina e utilizar as mesmas células para outra HIS com outras sondas. Cheng et al. (2001), por exemplo, mapearam dez seqüências diferentes de DNA em um braço cro- mossômico de arroz, utilizando cinco re-hibridizações seguidas, cada uma com duas sondas, sempre detectadas com FITC e rodamina. Müller et al. (2002) realizaram quatro re-hibridizações em células humanas, utilizando em cada re-hibridização um conjunto complexo de sondas cromossômicas, como as sondas para pinturas cromossômicas múltiplas ou para Zoo-FISH. CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 27 VARIAÇÕES TÉCNICAS DA FISHEntre as variações técnicas da FISH, a mais importante foi denominada de PRINS (PRimed IN Situ labeling Koch et al., 1989). A principal diferença é que na PRINS a sonda é hibridizada in situ antes de ser marcada (veja descrição detalhada do procedimento em Gosden e Lawson, 1994). A sonda hibridizada funciona como um iniciador de síntese que tem seu terminal 3' expandido pela ação de uma DNA- polimerase Taq em presença de nucleotídeos marcados. O resultado é que a sonda adquire expansão marcada que denuncia sua localização no cromossomo. Uma das vantagens dessa técnica é que a intensidade do sinal não depende do tamanho da sonda e, sim, do tamanho da expansão produzida pela polimerase. Isso torna a técnica especialmente útil para hibridizações com oligonucleotídeos ou outras sondas pequenas de DNA de cópia única. Além disso, a PRINS apresenta a vantagem de ser um procedimento mais simples e rápido. A técnica de PRINS deu origem a outra variante denominada C-PRINS (cycling-PRINS), que consiste na amplificação, por PCR, do DNA-alvo in situ. Nesse caso, utilizam-se dois iniciadores flanqueando o DNA-alvo, como numa reação de PCR (e não apenas um, como na PRINS). Todos os reagentes necessários para a reação de PCR, incluindo os iniciadores, os nucleotídeos marcados e os não-marcados e a Taq-polimerase, são aplicados na lâmina e cobertos com uma lamínula. A preparação é lutada e introduzida num termociclador que aceita lâminas em vez de tubos de Eppendorf. Os iniciadores amplificam o DNA-alvo e os nucleotídeos marcados permitem a visualização do sítio. Essa técnica tem a vantagem de ser mais rápida e, aparentemente, apresentar maior sensibilidade e poder de resolução, embora ainda seja relativamente pouco utilizada (Kubaláková et al., 2001). Outras variantes técnicas têm sido desenvolvidas para visualizar a intercalação de seqüências repetitivas muito próximas, ou a distância entre duas sondas no fio de DNA. Nesses casos, a visão do cromossomo como uma macroestrutura dá lugar à análise de segmentos de DNA, com um nível de resolução várias vezes maior que o que poderia ser obtido na análise cromossômica. Uma dessas técnicas mais utilizadas é a de fibras estendidas, em que núcleos interfásicos inteiros e sem citoplasma, não-fixados, são espalhados em um dos lados de uma lâmina e, em seguida, são lisados, deixando a cromatina parcialmente livre. Mantendo-se a lâmina inclinada, com os núcleos na parte mais alta, adicionam-se algumas gotas de tampão na parte de cima da lâmina, criando-se uma suave corrente que impulsiona as fibras da cromatina para fora, deixando-as estendidas (Figura 1.11). A lâmina é então fixada e utilizada para FISH (Fransz et al. 1998). Gläser et al. (1997), por exemplo, utilizaram fibras estendidas de cromatina de núcleos interfásicos humanos para visualizar a distribuição intercalada de três seqüências 28 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética repetitivas e dois genes na região diferencial do cromossomo Y. O limite máximo de resolução nessas fibras é próximo a 1 kb (De Jong et al., 1999). Figura 1.11 FISH em fibras estendidas. Núcleos interfásicos sem citoplasma (a) são lisados (b) e as fibras de DNA são impulsionadas para fora do núcleo por uma corrente líquida (c). Em seguida, é feita a fixação e o DNA-alvo é localizado por FISH nas fibras estendidas (d). Michalet et al. (1997) desenvolveram outra técnica para obter fios de DNA estendidos em uma lâmina, denominada DNA combing, referindo-se ao fato de que as fibras de DNA aparecem alinhadas ou penteadas (do inglês, to comb = pentear). Nesse caso, uma lamínula siliconizada é mergulhada em uma solução contendo moléculas de DNA. Essas moléculas tendem a aderir por uma das extremidades (eventualmente pelas duas) na superfície siliconizada. A lamínula é então retirada lentamente da solução. Ao atravessar o menisco, as moléculas são tensionadas no sentido contrário ao da retirada da lamínula, o que as torna ao mesmo tempo estiradas e aderidas à superfície da lamínula (Figura 1.12). A lamínula pode ser utilizada para FISH, com uma resolução semelhante à das fibras estendidas, que é provavelmente o limite inferior que pode ser obtido com FISH. Diversas outras variações da técnica de HIS procuram, por um lado, aprimorar os métodos de marcação e detecção da sonda e, por outro, ampliar o nível de resolução de sondas contíguas. Nesse ponto, as técnicas citomoleculares confundem-se com as estritamente moleculares, formando um elo importante entre a análise citogenética e a análise genômica. O seqüenciamento dos genomas eucariotas revelou o padrão de organização de várias seqüências do DNA cromossômico. A citogenética atual tem procurado entender o significado dessas seqüências em vários organismos, verificando sua distribuição espacial em diferentes tipos de núcleos (interfásicos, politênicos, meióticos) e em situações especiais, como nos núcleos de híbridos artificiais e de patologias celulares. CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 29 Figura 1.12 Fibras de DNA alinhadas por DNA combing. Uma lâmina siliconizada é mergulhada em uma solução contendo moléculas de DNA (a). Algumas moléculas de DNA aderem à lâmina e quando esta é retirada da solução as moléculas de DNA são estendidas pela tensão superficial do menisco, aparecendo alinhadas (b). REFERÊNCIAS AMBROS, P. F.; MATZKE, M. A.; MATZKE. A. J. M. Detection of a 17 kb unique sequence (T-DNA) in plant chromosomes by in situ hybridization. Chromosoma, v. 94, p. 11-18, 1986. BRANDES, A.; HESLOP-HARRISON, J. S.; KAMM, A.; KUBIS, S.; DOUDRICK, R. L.; SCHMIDT, T. Comparative analysis of the chromosomal and genomic organization of Ty1- copia-like retrotransposons in pteridophytes, gymnosperms and angiosperms. Plant Mol. Biol., v. 33, p. 11-21, 1997. BUONGIORNO-NARDELLI, M.; AMALDI, F. Autoradiographic detection of molecular hybrids between rRNA and DNA in tissue sections. Nature, v. 225, p. 946-947, 1969. CANNIZZARO, L. A. Chromosome microdissection: a brief overview. Cytogenet. Cell Genet., v. 74, p. 157-160, 1996. CHENG, Z.; PRESTING, G. G.; BUELL, C. R.; WING, R. A.; JIANG, J. High-resolution pachytene chromosome mapping of bacterial artificial chromosomes anchored by genetic markers reveals the centromere location and the distribution of genetic recombination along chromosome 10 of rice. Genetics, v. 157, p. 1749-1757, 2001. CIONINI, P. G.; CAVALLINI, A.; CORSI, R.; FOGLI, M. Comparison of homologous polytene chromosomes in Phaseolus coccineus embryo suspensor cells: morphological, autoradiographic and cytophotometric analyses. Chromosoma, v. 86, p. 383-396, 1982. COULTON, G. Non-radioisotopic labels for in situ hybridization histochemistry: a histochemists view. In: HARRIS, N.; WILKINSON, D. G. (Eds.). In situ hybridisation: application to developmental biology and medicine. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. p. 3-32. De JONG, J. H.; FRANSZ, P.; ZABEL, P. High resolution FISH in plants techniques and applications. Trends Plant Sci., v. 4, p. 258-263, 1999. 30 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética DOLEZEL, J.; MACAS, J.; LUCRETTI, S. Flow analysis and sorting of plant chromosomes. In: Current protocols in cytometry. New York: John Wiley & Sons, 1999. p. 5.3.1-5.3.33. EILS, R.; UHRIG, S.; SARACOGLU, K.; SÄTZLER, K.; BOLZER, A.; PETERSEN, I.; CHASSERY, J. M.; GANSER, M.; SPEICHER, M. R. An optimized, fully automated system for fast and accurate identification of chromosomal rearrangements by multiplex-FISH (M- FISH). Citogenet. Cell Genet., v. 82, p. 160-171, 1998. FRANSZ, P.; De YOUNG, H.; ZABEL, P. Preparation of extended DNA fibers for high resolution mapping by fluorescence in situ hybridization (FISH). In: Plant molecular biology manual, G5. Wageningen: Kluwer, 1998. p. 1-18. FUCHS, J.; KUHFITTIG, S.; REUTER, G.; SCHUBERT. I. Chromosome painting in Drosophila. Chromosome Res., v. 6, p. 335-336,1998. GALL, J.; PARDUE, M. L. Formation and detection of RNA-DNA hybrid molecules in cytological preparations. Proc. Natl. Acad. Sci., v. 63, p. 378-383, 1969. GERLACH, W. L.; BEDBROOK, Jr. Cloning and characterization of ribosomal RNA genes from wheat and barley. Nucl. Ac. Res., v. 7, p. 1869-1885, 1979. GLÄSER, B.; HIERL, T.; TAYLOR, K.; SCHIEBEL, K.; ZEITLER, S.; PAPADOPOULLOS, K.; RAPPOLD, G.; SCHEMPP, W. High-resolution fluorescence in situ hybridization of human Y-linked genes on released chromatin. Chromosome Res., v. 5, p. 23-30, 1997. GOSDEN, Jr.; LAWSON, D. Oligonucleotide primed in situ DNA synthesis (PRINS). In: GOSDEN, Jr. (Eds.). Methods in molecular biology, 29: chromosome analysis protocols. Totowa: Human Press, 1994. p. 323-333. GRIFFIN, D. K.; HABERMAN, F.; MASABANDA, J.; OBRIEN, P.; BAGGA, M.; SAZANOV, A.; SMITH, J.; BURT, D. W.; FERGUSON-SMITH, M.; WIENBERG, J. Micro and macrochromosome paints generated by flow cytometry and microdissection: tools for mapping the chicken genome. Cytogenet. Cell Genet., v. 87, p. 278-281, 1999. GUERRA, M.; KENTON, A. Distribution of telomere DNA in mitotic and polytene nuclei of the anther tapetum of a tetraploid hybrid bean, Phaseolus vulgaris x P. acutifolius. Braz. J. Genet., v. 19, p. 313-318, 1996. GUERRA, M.; KENTON, A.; BENNETT, M. D. rDNA sites in mitotic and polytene chromosomes of Vigna unguiculata (L.) Walp. and Phaseolus coccineus L. revealed by in situ hybridization. Ann. Bot., v. 78, p. 157-161, 1996. GUERRA, M.; SOUZA, M. J. Como observar cromosomos: um guia de técnicas em citogenética vegetal, animal e humana. Ribeirão Preto: FUNPEC, 2002. 132 p. HABERMANN, F. A.; CREMER, M.; WALTER, J.; KRETH, G.; VON HASE, J.; BAUER, K.; WIENBERG, J.; CREMER, C.; CREMER, T.; SOLOVEI, I. Arrangements of macro- and microchromosomes in chicken cells. Chromosome Res., v. 9, p. 569-584, 2001. HESLOP-HARRISON, J. S. Comparative genome organization in plants: from sequence and markers to chromatin and chromosomes. Plant Cell, v. 12, p. 617-636, 2000. KAWAKAMI, S. M.; KONDO, K.; KAWAKAMI, S. Analysis of nucleolar organizer constitution by fluorescent in in situ hybridization (FISH) in diploid and artificially produced haploid sporophytes of the fern Osmunda japonica (Osmundaceae). Pl. Syst. Evol., v. 216, p. 325-331, 1999. CAPÍTULO 1 HIBRIDIZAÇÃO IN SITU : PRINCÍPIOS BÁSICOS 31 KOCH, J. E .; KOLVRAA, S.; PETERSEN, K. B.; GREGERSEN, N.; BOLUND, L. Oligonucleotide priming methods for the chromosome-specific labelling of alpha satellite DNA in situ. Chromosoma, v. 89, p. 259-265, 1989. KONDO, K.; TAGASHIRA, N. Regions in situ hybridized by the Arabidopsis-type telomere sequence repeats in Zamia chromosomes. Chromosome Sci., v. 2, p. 87-90, 1998. KUBALÁKOVÁ, M.; VRÁNA, J.; ÈÍHALÍKOVÁ, J.; LYSAK, M. A.; DOLEEL, J. Localisation of DNA sequences on plant chromosomes using PRINS and C-PRINS. Methods Cell Sci, v. 23, p. 71-82, 2001. LARA, J. S. Hibridização de ácidos nucléicos. 2. ed. Ribeirão Preto: Holos e Sociedade Brasileira de Genética, 2002. 142 p. LEITCH, A. R.; SCHWARZACHER, T.; JACKSON, D.; LEITCH, I. J. In Situ hybridization: a practical guide. Oxford: Bios Scientific Publishers e Royal Microscopical Society, 1994. 118 p. LICHTER, P.; CREMER, T. Chromosome analysis by non-isotopic in situ hybridization. In: ROONEY, D. E.; CZEPULKOWSKY, B. H. (Eds.). Human cytogenetics a practical approach, v. 1, constitutional analysis. Oxford: IRL Press, 1992. p. 157-192. LINARES, C., FERRER, E.; FOMINAYA, A. Discrimination of the closely related A and D genomes of the hexaploid oat Avena sativa L. USA, Proc. Natl. Acad. Sci., v. 95, p. 12450- 12455, 1998. MARTINS, C.; GALETTI, P. M. Jr. Organization of 5S rDNA in species of the fish Leporinus: two differentes genomic locations are characterized by distinct nontranscribed spacers. Genome, v. 44, p. 903-910, 2001. MELAMED, M. R.; MULLANEY, P. F.; SHAPIRO, H. M. An historical review of the devolopment of flow cytometers and sorters. In: MELAMED, M. R.; LINDMO, T.; MENDELSOHN, M. L. (Eds.). Flow cytometry and sorting. 2. ed. New York: Wiley-Liss, 1990. p. 1-9. MICHALET, X.; EKONG, R.; FOUGEROUSSE, F.; ROUSSEAUX, S.; SCHURRA, C.; HORNIGOLD, N.; VAN SLEGTENHORST, M.; WOLFE, J.; POVEY, S.; BECKMANN, J. S.; BENSIMON, A. Dynamic molecular combing: stretching the whole human genome for high-resolution studies. Science, v. 277, p. 1518-1523, 1997. MONARD, S. P.; YOUNG, B. D. Chromosome analysis by flow cytometry. In: Human chromosomes: principles and techniques. 2. ed. New York: McGraw-Hill, 1995. p. 172-183. MÜLLER, S.; NEUSSER, M.; WIENBERG, J. Towards unlimited colors for fluorescence in-situ hybridization (FISH). Chromosome Res., v. 10, p. 223-232, 2002. MURRAY, B. G.; FRIESEN, N.; HESLOP-HARRISON, J. S. Molecular cytogenetic analysis of Podocarpus and comparison with other gymnosperm species. Ann. Bot., v. 89, p. 483-489, 2002. PEDROSA, A.; SANDAL, N.; STOUGAARD, J.; SCHWEIZER, D.; BACHMAIR, A. Chromosomal map of the model legume Lotus japonicus. Genetics, v. 161, p. 1661-1672, 2002. PEDROSA, A.; VALLEJOS, C. E.; BACHMAIR, A.; SCHWEIZER, D. Integration of common bean (Phaseolus vulgaris L.) linkage and chromosomal maps. Theor. Appl. Genet., v. 106, p. 205-212, 2003. 32 FISH Conceitos e Aplicações na Citogenética PENDÁS, A. M.; MORÁN, P.; GARCIA-VÁZQUEZ, E. Ribosomal RNA genes are interspersed throughout a heterochromatic chromosome arm in Atlantic salmon. Cytogenet. Cell Genet., v. 63, p. 128-130, 1993. POLAK, J. M.; MCGEE, J. (Eds.). In situ hybridization principles and practice. Oxford: Oxford University Press, 1990. 247 p. RAUDSEPP, T.; FRÖNICKE, L.; SCHERTHAN, H.; GUSTAVSSON, I.; CHOWDHARY, B. P. Zoo-FISH delineates conserved chromosomal segments in horse and man. Chromosome Res., v. 4, p. 218-225, 1996. RICHARDS, J.; VONGS, A.; WALSH, M.; YANG, J.; CHÃO, S. Substructure of telomere repeat arrays. In: HESLOP-HARRISON, J. S.; FLAVEL, R. B. (Eds.). The chromosome. Oxford: Bios, 1993. p. 103-114. ROCHA, F. M. Caracterização citogenética em espécies de gafanhotos das famílias Acrididae e Romaleidae (Orthoptera). 2002. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Pernambuco, Recife. SCHRÖCK, E.; DU MANOIR, S.; VELDMAN, T.; SCHOELL, B.; WIENBERG, J.; FERGUSON-SMITH, M. A.; NING, Y.; LEDBETTER, D. H.; BAR-AM, I; SOENKSEN, D.; GARINI, Y.; RIED, T. Multicolor spectral karyotyping of human chromosomes. Science, v. 273, p. 494-497, 1996. SCHUBERT, I.; FRANSZ, P. F.; FUCHS, J.; JONG, H. Chromosome painting in plants. Methods Cell. Sci., v. 23, p. 57-69, 2001. SCHWARZACHER, T.; HESLOP-HARRISON, P. Practical in situ hybridization. Oxford: Bios Scientific Publishers Limited, 2000. 203 p. SENGER, G.; LÜDECKE, H. J.; HORSTHEMKE, B.; CLAUSSEN, U. Microdissection of banded human chromosomes. Hum. Genet., v. 84, p. 507-511, 1990. STACE, C. A.; BAILEY, J. P. The value of genomic in situ hybridization (GISH) in plant taxonomy and evolutionary studies. In: HOLLINGSWORTH, P. M.; BATEMAN, R. M.; GORNALL, R. J. (Eds.). Molecular systematics and plant evolution. London: Taylor & Francis, p. 199-210, 1999. STRACHAN, T.; READ, A. P. Human molecular genetics. Oxford: Bios, 1999. 576 p. SUSUKI, H.; FUTSUHARA, Y.; TAKAIWA, F.; KURATA, N. Localization of glutelin gene in rice chromosomes by in situ hybridization. Jpn. J. Genet., v. 66, p. 305-312, 1991. SVARTMAN, M.; VIANNA-MORGANTE, A. M. Comparative genome analysis in American marsupials: chromosome banding and in-situ hybridization. Chromosome Res., v. 7, p. 267-275, 1999. TYLER-SMITH, C.; FLORIDIA, G. Many paths to the top of the evolutionary mountain: diverse evolutionary solutions to centromere structure. Cell, v. 102, 2000, p. 5-8. VANZELA, A. L. L.; RUAS, C. F.; OLIVEIRA, F. M.; RUAS, P. M. Characterization of diploid, tetraploid e hexaploid Helianthus species by chromosome bandingand FISH with 45S rDNA probe. Genetica, v. 114, p. 105-111, 2002.
Compartilhar