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Desamparo Aprendido

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Universidade Estácio de Sá
Curso de Psicologia
Psicologia da Motivação e Emoção
DESAMPARO APRENDIDO
Aluna: Cleuza de Fátima Vieira de Matos
Matrícula: 201307319701
Rio de Janeiro - RJ
Setembro de 2014
INTRODUÇÃO
Depressão, conhecida e identificada pelos seus sintomas, é um distúrbio, um estado psicológico de adinamia, desânimo, sensação de cansaço, quadro clínico que pode incluir também ansiedade, em maior ou menor grau, prostração ou abatimento intelectual, moral, físico, letargia, estresse, estricção, perturbação da homeostase, falta de forças ou debilidade geral, melancolia. Podemos definir a depressão também como uma doença que se caracteriza por mudanças no humor e pela perda de prazer em atividades cotidianas, que antes eram prazerosas ou motivadoras. 
Diferente do estado de tristeza (comum e normal a muitas pessoas em determinadas fases da vida), a depressão é um problema de origem neurológica que apresenta vários sintomas como profunda tristeza, falta de motivação, desânimo frequente, etc.
O desamparo aprendido é um modelo de depressão que acompanha muitas pessoas sem que se deem conta. Descoberto pelo pai da psicologia positiva Martin Seligman, o desamparo aprendido pode levar uma pessoa a se desencantar da vida.
DESAMPARO APRENDIDO
Em 1967, uma pesquisa de Martin Seligman, foi publicada no 'Journal of Experimental Psychology', 'Não Fuja do choque traumático'. O experimento de Seligman levou ao termo, frequentemente usado hoje em dia para descrever porque as pessoas não tomam medidas óbvias para sair de suas circunstâncias difíceis. Na primeira fase do estudo, Seligman usou cães que receberam choques elétricos, mas tinham forma de conseguirem escapar do local. Na segunda fase da experiência, uma barreira foi erguida para não escaparem e os choques foram repetidos, os cães passaram a aceitar os choques passivamente. Na terceira fase, quando as barreiras foram removidas, seria de se esperar que os cães escapassem dos choques. Incrivelmente, mesmo quando o animal podia ver um caminho claro para escapar, eles continuaram a aceitar passivamente os choques, daí o desenvolvimento do termo "desamparo aprendido". Os cães haviam sido condicionados para aceitarem que as suas ações, não fazem diferença no resultado.
Com este experimento, podemos compreender melhor a definição de desamparo aprendido: “O desamparo constitui um déficit específico de uma resposta específica, produzido pela exposição a estímulos aversivos incontroláveis específicos”, quer dizer, os cães diminuem o seu comportamento ao terem sido expostos a estímulos aversivos (o choque) sobre o qual não tinham nenhum controle.
A associação do desamparo com a depressão possibilitou investigá-lo no homem, analisando também em que medida aquele se assemelha à depressão humana. 
Tendo em vista o estudo de Hunziker (1997), o Desamparo Aprendido caracteriza-se por um quadro resultante da exposição a situações de eventos incontroláveis que dificultam a aquisição de aprendizagens operantes subsequentes.
Esses eventos incontroláveis são, a via de regra, estímulos aversivos cuja ocorrência independe do comportamento do sujeito. Maiores latências das respostas de fuga/esquiva, ou a não aprendizagem dessas respostas, leva-se ao que chamamos de desamparo. Essa experiência com estímulos aversivos incontroláveis tem como principal efeito a transformação do sujeito “agente” em menos ativo – inatividade esta que pode ser aprendida através de contingências acidentais supostamente presentes na condição de incontrolabilidade. Essa falta de controle dos estímulos vem sendo apresentada como a variável crítica para a ocorrência desse comportamento passivo, uma vez que não se observa a dificuldade de aprendizagem pelos sujeitos expostos aos choques controláveis.
Os sujeitos são sensíveis às contingências incontroláveis, e aprendem que nada podem fazer frente a tais situações. Isto acarreta déficits cognitivos e motivacionais, que levam os indivíduos a apresentarem uma sintomatologia semelhante às depressões reativas. Assim sendo, o Desamparo Aprendido se apresenta como um modelo animal para a depressão. (Ito, 1999).
O indivíduo com depressão costuma encarar suas experiências como irreversíveis, como fracassos ou privações totais. Ele não é capaz de perceber a real dimensão de suas contingências vividas.
 
Seligman (l975) utiliza o termo "desamparo aprendido", que é um fenômeno de laboratório, como modelo explicativo para determinadas formas de depressão, particularmente aquelas precipitadas por acontecimentos que representam para o indivíduo a perda de importante fonte de satisfação.
 
Segundo esse modelo, tais depressões decorreriam de uma reação à perda de controle e previsibilidade sobre gratificações e sobre a diminuição do sofrimento. Pode-se dizer, então, que a exposição aos eventos aversivos incontroláveis poderá ser extremamente traumática, a ponto de o indivíduo aprender que as situações do ambiente não estão sob seu controle.
 
Como consequência a pessoa passa a atuar menos no meio, o que significa que emitirá menos respostas e, em decorrência disso, será pouco reforçado, formando-se assim o padrão de falta de reforçadores.
No que se refere à depressão em seres humanos, alguns desencadeadores se enquadram na definição de eventos incontroláveis (que acontecem independentemente das respostas do indivíduo), como a morte de um ente querido, a perda de um emprego, dificuldades financeiras, impossibilidade de alterar uma situação de vida insatisfatória, rejeição ou separação de amigos e pessoas amadas, fracassos, entre outros.
Um dos caminhos para a depressão aparecer é o desamparo aprendido, ou seja, a pessoa vai passando por tantas situações negativas até chegar a um momento em que perde a expectativa de que coisas melhores acontecerão. Por exemplo: Uma menina que cresceu com meninos, e tudo o que esses meninos faziam era considerando interessante, e o que ela fazia era ignorado. O menino tirava nota alta, diziam que ele era muito inteligente, ela tirava nota alta, diziam que não fazia mais que a obrigação. Os meninos eram incentivados a atividades em grupo, a menina era incentivada a ficar passiva e dependente. Esta menina cresce, e agora em novas situações, onde talvez não houvesse rejeição, ela não vai perceber que pode ser aceita, pode ser reconhecida, mas devido ao seu histórico ela fica cega a isso, cega para novas oportunidades, pois só consegue enxergar a repetição do seu passado, mesmo que esse passado não esteja mais ocorrendo. Ela se sente desamparada, sem saída. E desamparo produz depressão. 
Foram formuladas algumas hipóteses para explicar o Desamparo, dentre as quais a mais difundida é do Desamparo Aprendido, que sugere que o indivíduo aprende que não há relação entre suas respostas e o que acontece no meio.
 
Em decorrência disso, a adaptação às novas contingências ambientais poderá tornar-se extremamente difícil para ele. O crítico na hipótese do desamparo é a "expectativa" de impossibilidade de controle sobre o meio. Essa hipótese pressupõe que os sujeitos aprendem que os estímulos aversivos são incontroláveis e que essa aprendizagem se generaliza para novas situações de interação do indivíduo com o meio ambiente.
Seligman pontua algumas semelhanças entre esses dois fenômenos em termos de sintomatologia, estudo da causa ou origem, cura e prevenção:
 
Dificuldade de iniciação de respostas voluntárias, 
Tendência cognitiva negativa, 
Curso temporal (desaparecimento dos sintomas com o tempo),
Redução da agressividade, 
Perda de apetite
Alterações bioquímicas em certos neurotransmissores. 
Quanto ao estudo da causa ou origem, tanto o Desamparo Aprendido quanto à Depressão humana resultam da aprendizagem de que o reforço independe da resposta, promovendo, na depressão, a crença na inutilidade da emissão de qualquer resposta.
CONCLUSÃO
Há muitacontrovérsia na literatura da psicologia comportamental a respeito da relação entre desamparo aprendido e depressão (ou outras doenças mentais). Em um primeiro momento, a analogia entre a apatia dos animais e dos seres humanos após a exposição a um estímulo aversivo (choque, barulho ou outro) e a diminuição de comportamentos antes frequentes indicaria que a causa da depressão poderia estar, igualmente, em um ambiente com muita estimulação aversiva e pouco reforço positivo.
Porém, outros experimentos de outros pesquisadores têm deixado claro que a relação de causa e efeito entre a depressão, e outras doenças mentais, não é tão simples assim. De todo modo, o conceito de desamparo aprendido continua sendo uma referência importante para o tratamento comportamental das doenças mentais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
http://www.marisapsicologa.com.br/depressao.html
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v29n2/10.pdf
http://www.redepsi.com.br/
https://www.psicologiamsn.com
http://www.marisapsicologa.com.br/depressao.html

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