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BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL
Criminologia - Sérgio Salomão Shecaira
Criminologia Integrada - Nilton Fernandes e Valter Fernandes
Manual de Criminologia - João Farias Júnior 
Criminologia: Introdução aos seus princípios fundamentais - Antônio Garcia Pablos Emolina
Criminologia Crítica - Alessandro Baratta
Manual Esquemático de Criminologia - Nestor Sampaio Penteado Filho
Criminologia para Concursos Públicos - Karine Braga Ferreira
CRIMINOLOGIA
1. CONCEITO
“Ciência multidisciplinar, não normativa que estuda o crime como fenômeno social, o criminoso, sob uma perspectiva objetiva e subjetiva, a vítima e sua participação no contexto do crime, bem como os mecanismos de controle social que operam em sociedade, buscando compreender o problema da criminalidade para o fim de preveni-la”.
Há quem pense que a Criminologia faz parte do Direito Penal. Na verdade, vamos entender qual o seu campo de atuação, as características dessa importante área científica.
O conceito que vimos é um “suprassumo” de várias obras, pois há muitas obras de Criminologia que são muito pesadas, difícil de entender. O nosso conceito está bem didático.
O que se extrai do conceito?
1 - A criminologia é uma ciência, tem uma autonomia, ela existe independentemente do Direito Penal, não é um braço dele. 
2 - Ela é multidisciplinar, ela se relaciona com várias áreas científicas, ela se relaciona com vários campos científicos.
3 – Ela é não-normativa, ela não está preocupada em criar leis.
4 – Estuda o crime como fenômeno social, ele é seu objeto de estudo, não sobre o ponto de vista legalista e sim como um fenômeno, um acontecimento.
5 – Além disso, estuda o criminoso, o homem delinquente, as causas que o levaram a cometer o crime (Criminogenese – os motivos que o levaram ao ilícito penal). Vamos analisar isso sobre o aspecto subjetivo (causas pessoais como a personalidade do criminoso) e objetivo (circunstâncias do meio, sociais que levaram-no a praticar o crime)
6 – Também estuda a vítima e aqui também se cria uma ideia equivocada, de que a vitimologia existe para retirar a culpa do criminoso e colocar na vítima. Na verdade, o que se busca é estudar a vítima no contexto do crime, mas não para retirar a culpa do criminoso, na verdade, a Criminologia nem trabalha com a culpabilidade, ela só quer saber a participação da vítima no contexto do crime, culpabilidade é do Direito Penal. Às vezes, muitos casos, se a vítima não tivesse agido de determinada forma, o crime não teria acontecido, ela foi a protagonista do crime, mas sem discutir se o seu comportamento é errado, certo, se o autor tem culpabilidade etc.
7 – Os mecanismos de controle social. Há muitos mecanismos que controlam a vida em sociedade, mecanismos formais como a polícia e informais e as vezes os crimes acontecem envolvendo falhas nesses mecanismos de controle.
8 – A Criminologia também quer prevenir o crime, ela tem ciência de que o crime é pernicioso, que prejudica a sociedade. Ela quer entender, compreender com a finalidade de prevenir. É um ideal de profilaxia do crime.
2. NOÇÕES GERAIS DE CRIMINOLOGIA
A criminologia tem uma autonomia, independência, ela é uma ciência, é um conjunto de conhecimentos, de estudos, sistematizados que envolvem um objeto. Não é uma ciência subalterna, há independência científica, justamente pelos seus estudos, métodos e princípios próprios.
Há coisas interessantes: Ela é uma ciência eminentemente empírica e isso porque ela estuda o mundo real, estuda o crime como um fenômeno concreto, o que está acontecendo no contexto social, p.ex. difusão das drogas, delinquência juvenil, violência contra a mulher. Ela não estuda leis, valores, normas abstratas.
Ela estuda a realidade e a partir da realidade e ela cria suas teorias e por isso é uma ciência causal explicativa, ela parte do prático, estuda os casos concreto, porque os fenômenos surgiram, da onde vieram, porque os criminosos agem dessa forma, e daí criam as teorias, após esses estudos. Ela parte do prático para o teórico.
Na verdade, ela tem um caminho reverso de muitas outras ciências, como o Direito, que primeiro criam suas teses e depois tentam aplica-las no mundo real.
Resumindo, ela é uma ciência do ser, ela estuda o homem na sociedade, o homem criminoso, o comportamento humano. 
O crime é algo extremamente complexo, é um produto da atividade humana complexo, mas a Criminologia não quer estudar o dever-ser, ela não é legalista, normativa, ela estuda o ser e ai vemos diferenças nítidas entre ela e o Direito Penal, sendo ciências autônomas, apesar de terem o mesmo objeto, mas a Criminologia sob o ponto de vista concreto, real, e o Direito Penal normativo, como um fato típico antijurídico, valorativo. O Direito Penal se preocupa com a conduta típica, aplicação da pena, da medida de segurança, com as limitações do poder de punir do estado. A criminologia com a razão, os motivos da existência do crime, porque a vítima agiu daquela forma, como fazer para o crime não existir mais, as tendências e novos tipos de crime, ela vai além do Direito Penal, que é muito mais lento que a Criminologia, que as vezes fica bem atrás dela.
Entretanto, a Criminologia ajuda o Direito Penal, ela se preocupa, na verdade, em passar informações para o Estado para ele adotar políticas públicas de prevenção e de combate ao crime, e no combate é que entra o Direito Penal. Ela é uma ciência auxiliar do Direito Penal, não num sentido de que é subalterna, mas que ajuda, presta informações para o Direito Penal.
3. CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR
Multidisciplinar é a mesma coisa que interdisciplinar. Devemos pensar na criminologia como uma nuvem bem extensa, bem ampla, genérica, seu espectro é bem amplo. Além disso, ela se apodera, ela pega emprestado vários conhecimentos de outras áreas cientificas para explicar crime e o criminoso. 
Direito Penal
Muitas ciências compartilham de conhecimentos com a criminologia, como o Direito Penal (mesmo objetivo, estudado de forma diferente, guarda relação com a criminologia).
Sociologia
Além do Direito Penal, a Criminologia também estuda assuntos ligados a Sociologia, pois o crime acontece dentro da sociedade e o meio social são estudados, muitos crimes são cometidos pelos influxos sociais que o indivíduo sofre. O crime é um problema muito mais social do que jurídico e o grande equívoco de muitos estados é tratar o crime apenas como um problema jurídico.
Psiquiatria e Psicologia Forense
Também temos a psiquiatria. Vamos estudar assuntos ligados a Psiquiatria e Psicologia Forense. Muitos crimes são ligados a personalidade do indivíduo, como um distúrbio de personalidade, uma doença mental, algo subjetivo. As vezes ele é saudável mentalmente, mas tem um problema de caráter, de ética, é o criminoso caracterológico.
Outras Áreas relacionadas com a Criminologia
Endocrinologia criminal, Genética Criminal e Biologia Criminal são outras áreas que se relacionam com a Criminologia. Hoje são realizados estudos profundos no campo da Genética Criminal para estudar os crimes e distúrbios sexuais, a saber, a respeito dos parafílicos, que são um problema no mundo todo.
 O crime é tão grande e complexo que interfere em áreas que não imaginamos, como a Geografia, questões ligadas a estruturação urbana de uma sociedade. Há a teoria das zonas concêntricas, para analisar onde o crime é mais cometido numa cidade.
Ainda, há outras áreas, como a Arquitetura, que pode ser influenciada pelo crime. No passado, a pessoa construía uma casa e não se preocupava com a segurança da casa, não tinha muros, grades e hoje parece mais presídio do que casa – muro alto, câmera, ofendícios, condomínios fechados. 
Temos a chamada arquitetura do medo, onde a pessoa fica mais dentro de casa, recolhida, com medo.
4. CARACTERÍSTICAS DA CRIMINOLOGIA
a) método de estudo
Vimos que criminologia é uma ciência, estudo sob um objeto. A metodologia é a forma de se estudar um objeto. Toda ciência tem uma metodologia.
a.1) Método Empírico
Vimos que a Criminologiaolha para o mundo real, a realidade é o seu palco de estudo. Ela sai a campo estudando as coisas que está atravessando e o crime é algo humano, um fenômeno do homem e a partir de que o homem via se alternando ao longo das décadas o crime vai evoluindo.
O crime é mutável, se modifica com o tempo. Por exemplo: o fenômeno da milícia urbana, é o crime da milícia privada, que podia até existir antes, mas num patamar pequeno, diferente de hoje. São pessoas que tomam conta de uma zona e cobram uma quantia X a pretexto de dar segurança, explorando serviços essenciais, como água, TV (skygato) e quem não paga é agredido, torturado, extorquido e morto.
a.2) Método Experimental
Muitas teorias criadas pela criminologia nasceram de experiências. A Criminologia elabora experimentos científicos e alguns ficaram famosos. 
O primeiro experimento foi na Universidade de Stanford, Califórnia, em que alguns professores fizeram experiência com dois carros. Eles colocaram um carro num bairro e quebraram o vidro. Pegaram o outro carro, colocaram em outro bairro, sem o vidro quebrado. O Carro com vidro quebrado foi depenado, levaram tudo embora. O sem vidro quebrado ficou semanas sem ninguém mexer no carro. 
Depois, foram lá e quebraram o vidro do outro carro e assim como no primeiro carro, aconteceu nesse, no mesmo bairro. Com os vidros quebrados, rapidamente mexeram no veículo. E após de muito estudo criaram a Teoria das Janelas Quebradas (anos 70).
É a chamada teoria da deterioração do local ou deterioração urbana. Quanto mais deteriorado/abandonado o local, maior a chance da criminalidade permear e tomar conta. O índice da criminalidade é bem maior. Por exemplo: Ruas não asfaltadas, ausência de prédios, serviços públicos, locais pichados.
A exteriorização do abandono, do desleixo, do relaxo, a ausência de Estado, se estuda a criminalidade. Da teoria da janelas quebradas nasceu o programa de política criminal de tolerância zero, para matar a criminalidade desde o mínimo. Não se deixa o criminoso de bagatela se tornar um grande criminoso, já prendendo, já retirando do local.
Outra experiência também feita em Stanford – Califórnia, por Philip Zimbardo, que escreveu o livro Efeito Lúcifer. Muitos filmes são realizados com base na obra desse autor.
Ele criou uma prisão simulada e chamou várias pessoas do povo para participar da experiência, colocando essas pessoas num local, afastado de todos, como espécie de uma mini prisão. Em um lado ficavam os criminosos e do outro agentes policiais e a experiência foi para saber como é a pessoa que está com o poder. Se estuda que o poder faz florescer violência em algumas pessoas. “A detenção – Efeito Lúcifer”. É o estudo da violência e o poder sobre instrumento que faz gerar a violência.
a.2) Estatística Criminal
Percentual de crimes, os crimes mais cometidos no país, tipos de vítimas, quem comete, porque comete, objetos materiais de crime. Os mais praticados são Roubo, Furto e depois Tráfico de Drogas.
O bem mais roubado, furtado é o telefone celular.
Há muita morte de idosos que são atropelados quando vão buscar sua aposentadoria.
Também há o caso da cifra dourado e cifra negra. A grande maioria dos crimes não chegam ao conhecimento das autoridades policiais (cifra negra). O Brasil é um dos países em quem mais impera a lei do silêncio. Por exemplo: vizinho que vende droga, você não delata por medo, segurança. Cifras douradas são os que chegam ao conhecimento dos policiais, é a ponta de um iceberg.
a.3) Método Histórico
Muitos crimes, para entendermos melhor, precisamos estudar a evolução histórica. Biologia Criminal e Genética Criminal – é muito importante os estudos da Antropologia Forense Cesare Lombroso.
Resumindo, método é experimental, empírico, estatístico e histórico. Há outros mais.
b) finalidade
O alvo da criminologia é prevenir o crime, ela quer a não-existência do crime, pois ele é pernicioso, prejudica a sociedade e a vítima. Ela existe para a prevenção criminosa. Antônio Garcia Pablos de Molina dá uma lição muito importante: Ele diz que a criminologia quer formar um banco de dados, emaranhando informações, sobre o crime. E a partir do momento em que tem efetivo conhecimento sobre o crime, compartilha com o Estado e ele é que vai tomar providências de combate e políticas de prevenção. A criminologia está há anos luz do Estado, o Direito Penal é muito mais amplo. Ela não prevarica, o Estado que negligencia.
Está um caos por questões de políticas públicas do Estado.
Por exemplo: a questão da criminalidade organizada, o PCC e somente agora tomaram providências, deixaram criar um monstro.
Outra questão é o sistema carcerário, criminalidade do menor, os problemas das drogas, criminalidade feminina.
Ainda, a criminalidade na internet. A internet é outro mundo onde o crime é cometido. É um palco virtual e o direito penal está na área medieval em relação a isso. 
Liberação das Drogas também.
5. OBJETO DA CRIMINOLOGIA
O objeto da criminologia é algo extremamente complexo. Devemos entende-lo como um círculo. O círculo é o objeto, entretanto, não é um objeto único, singular, ele é multiforme, tem inúmeras vertentes e citamos as principais. É o único com inúmeras vertentes de abordagens. 
Crime
Esse objeto tem a vertente do crime, como um fato, um fenômeno concreto. Há muitas coisas que antes não era crime, que aqui é e em outro lugar não. 
Criminoso
Outra vertente é o criminoso. Há vários tipos de criminosos. Há aqueles que são ricos, que tem berço de ouro, mas mesmo assim se tornou criminoso, traços da personalidade. E há pessoas que são boas, íntegras, mas num momento da vida fraquejaram. É o caso do criminoso ocasional (ex. cara que pegou a chave e matou o outro porque tinha atingido seu carro).
Também há quem nasça na pobreza, brutalizado na infância, contato com drogas, e se transforma numa máquina de crimes. São os chamados criminosos em contato com o meio. E há quem não vira criminoso, mesmo nessas circunstâncias – isto é o que se chama de Resiliência Criminal.
Vítima
Também há a vítima. Há muitos crimes que acontecem pela vítima. Vamos estudar a vitimização – a relação entre o criminoso e a vítima.
Órgãos de Controle Social
Por último, os órgãos de controle social. Existem órgãos que controlam a vida da pessoa, sendo eles informais e formais. Informais são os de primeira instância. O primeiro órgão é a família, mãe, pai, namorado. Se não é a família, há outros órgãos de controle informal, como a Igreja. Também temos a Educação, o conhecimento, transmissão do conhecimento. Mas há pessoas que passam por todos esses e cometem o crime. 
Os informais falham e essas pessoas caem na mão dos formais: Polícia, Judiciário, Ministério Público, Sistema Carcerário (que também falham).
Tem expressões populares que tem base criminológica. Como não apanhou da mãe, vai apanhar da polícia, ou dos Agentes Penitenciários. Tudo isso é objeto de estudo da criminologia.
CRIMINOLOGIA – CONTINUAÇÃO (14/08/2017)
6. CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA
a) Criminologia Geral
São os conhecimentos básicos, fundamentais de Criminologia. É uma parte geral da Criminologia. São vários temas básicos ligados, por exemplo, ao crime, ao criminoso, a vítima etc. Visa a explicação de princípios, teorias fundamentais e básicas de plano teórico ligado a criminologia.
b) Criminologia Clínica
Também conhecida por criminologia aplicada, que é a que aplica os conhecimentos genéricos em casos específicos, concretos. Então, quando esse conhecimento genérico é aplicado num caso concreto-específico temos a criminologia aplicada no ponto de vista aplicado, clínico. Por exemplo: exame criminológico. 
Esse exame tem por finalidade extrair informações sobre a personalidade do criminoso, tais como porque ele cometeu o crime e como encara o crime que cometeu (uma autocrítica sobre a sua própria infração penal). É feita uma Prognose Penal, isto é, para saber se ele está assimilando a terapêutica penal e se em outro regime ele vai assimilar as regras, a terapêuticapenal, ligadas a outro regime. 
Não é um exame mental nem de imputabilidade do réu, estes são realizados na fase de insanidade mental; o exame criminológico é muito comum na fase da execução da pena, ordenados pelos juízes da execução, para ver se é possível um regime aberto, livramento condicional, um indulto etc.
Esse exame, ainda, é um exame de personalidade e muitas técnicas de avaliação de personalidade são utilizados no exame criminológico e regras que são aplicadas fora dele também. Por exemplo: Desenho da árvore de Koch, em que a pessoa que está sendo periciada é submetida ao desenho de uma árvore e o perito tem técnicas para extrair traços da personalidade pelo desenho dessa árvore.
c) Criminologia Científica
São os estudos sistematizados, as teorias, as técnicas, as informações criminológicas estudadas mais a fundo. A criminologia é incrementada por uma série de teorias, fora aquelas que estudamos na aula passada. Por exemplo:
Teoria da Ecologia Criminal ou da Desorganização Social
Está ligada a escola de Chicago. É um estudo da cidade mais violenta de todos os tempos dos EUA, dos anos 30 a 70/80. Nesse período se tem um câncer do crime organizado nos EUA, desde o tempo da lei seca. É a cidade que El Capone dominou.
Esta teoria afirma que o crescimento desorganizado, esquizofrênico, bagunçado de uma cidade leva ao nascimento do crime. O crime nasce numa cidade desorganizada.
Teoria da Associação Diferencial
Ela tem alguns tópicos muito importantes. Essa teoria diz que o crime é uma coisa que se aprende. O indivíduo aprende a ser criminoso ao longo do seu processo no crime. Ela quebra um paradigma de que o crime vem somente de questões sociais, como a pobreza. Aqui vem a ideia do crime de colarinho branco, de que pessoas com destaque na sociedade, ricos etc – também cometem crime.
Teoria da Anomia
O crime também nasce pela ausência do Estado, da insegurança pública. Ele vira as costas, é muito ausente e o crime vem daí. Há teorias que estudamos na aula passada de que partem da Anomia, como a Teoria do Abandono do Espaço Público, das Janelas Quebradas.
Teoria da Subcultura Delinquente
Está ligado a questões das gangues, da delinquência juvenil, dentre outros temas.
Teoria do Entiquetamento ou Rótulo
O criminoso é estigmatizado, rotulado e o próprio Estado gera a criminalidade no sentido de que quando o criminoso cumpre a pena, ele sai taxado e o Estado não acolhe esse preso, não dá orientação social, ele vira as costas e isso empurra a pessoa para a criminalidade novamente, pois não consegue emprego e está taxado. Se tem as folha de antecedentes e outras questões que acabam fazendo que o indivíduo volte a cometer o crime, tanto que no Brasil o índice de reincidência é de aproximadamente 80%.
d) Criminologia Acadêmica
É a pedagógica, a que fazemos na sala, de debate universitário, é para fins didáticos, de aprendizagem dessa área científica.
e) Criminologia Analítica
É uma criminologia fiscalizadora, que analisa, acompanha de perto outras áreas científicas que também trabalham com o tema crime. Ela exerce uma fiscalização sobre o direito penal e o critica. Um dos temas mais criticados é a Penologia, a finalidade da pena, que tem como uma das finalidades ressocializadora/pedagógica e a Penologia diz que isso é uma falácia. Na verdade, é ao contrário, a pena em si é um fator gerador da criminalidade, pois ele aprende mais sobre o crime na cadeia, se associa com outros criminosos e sai pior do que entrou.
f) Criminologia Crítica ou Radical
É um campo teórico. É importante mas devemos ver com reserva porque ela se pauta numa concepção marxista no estudo do crime, no sentido de que o crime é uma concepção de uma sociedade capitalista. Está um pouco ultrapassada, mas há pontos importantes.
g) Novas Classificações (Neocriminologia)
É a criminologia pós-moderna ou Neocriminologia. 
I – Criminologia Cibernética
São as criminologias praticadas no âmbito da internet. A internet é um ponto fértil para a prática de crime, cada dia que passa ocorrem mais crimes no âmbito da internet. Fora os que já existem, discurso do ódio, bullyng virtual, crimes patrimoniais no âmbito virtual, invasão de sistemas, pornografia infantil e muitas vezes o Direito Penal não consegue acompanhar a evolução criminológica.
II – Criminologia Cultural
Se estuda a influência de certos institutos culturais e subculturais no comportamento humano, como por exemplo a mídia e todos os seus segmentos. A mídia manipulando interesses e influenciando criminosos, juízes, jurados, manipula a consciência coletiva. Não somente a mídia, mas também o cinema, a música, ligados a cultura humana.
7. O CRIMINOSO
(Estudo do homem delinquente)
7.1 ASPECTOS INICIAIS
+ É a primeira vertente do estudo criminológico. Vamos estudar o ser que com seu comportamento antissocial viola uma norma penal causando prejuízo.
+ O crime é um fenômeno essencialmente humano. Embora a pessoa jurídica também cometa crime, nosso foco não é jurídico e nesse aspecto a pessoa jurídica é jurídico e, também, são formadas por seres humanos. Assim, é essencialmente humano.
O homem criminoso é um indivíduo extremamente complexo. Devemos sempre tomar como base duas principais fontes, o crime nasce de duas origens principais:
1 – Em decorrência de aspectos internos, pessoais, fatores endógenos (nascem dentro do homem, sendo causas biológicas ou ligadas a personalidade ou até enfermidades mentais).
2 – Ou de Fatores Externos, fatores mesológicos ou exógenos (circunstâncias externas ligadas ao meio social aonde o indivíduo vive).
No entanto, a grande maioria dos criminosos do Brasil mesclam os dois fatores. 85% dos criminosos brasileiros conjugam as duas causas, pela estatística criminal, laudos dos exames criminológicos realizados. Apenas 15% são puros (endogicamente puro ou exógicamente puro).
7.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS: ETIOLÓGICA
Vamos estudar a classificação etiológica dos criminosos, isto é, a que toma por conta os motivos, causas, as razões que levaram o indivíduo a cometer o crime. Existem outros critérios, mas esta é a mais complexa, relevante e exigida em concurso público. Hilário Veiga Carvalho escreveu a fundo nisso na obra Compêndio de Criminologia.
7.2.1 CAUSAS BIOLÓGICAS OU INTERNAS (FATORES ENDÓGENOS)
7.2.1.1 BIOCRIMINOSOS PUROS
Cometem crimes apenas por fatores internos. Citamos na aula passada que a criminologia é uma ciência multidisciplinar. É importante analisar outros campos das ciências que também explicam o Biocriminoso Puro. São elas:
a) Biologia e Genética Criminal
+ Por exemplo: A Biologia Criminal. Existem vários estudos a respeito também da Genética Criminal, analisando fatores ligados a hereditariedade, muitas pessoas são agressivas em razão de causas hereditárias, como intolerância a frustração.
+ Também se estuda no Canadá a questão da cromossomologia, como o supercromosso Y presente em muitos criminosos. Muitos estudiosos fazem uma correlação com ele e os traços de periculosidade na personalidade.
+ Também se estuda os hormônios em por exemplo os criminosos sexuais, como os parafílicos.
b) Psicologia Criminal
Um campo muito relevante é a psicologia criminal, o estudo das estruturas psicológicas dos Criminosos. Muitos autores desde Freud são abordados por essa área científica.
I – Teoria dos Tipos Somáticos
É trabalhada pelo psicólogo americano Sheldon que estudou o comportamento humano, aperfeiçoando muito as teorias Lombrosianas, não aplicando as teorias de Lombroso de forma completamente fidedigna, mas as aperfeiçoando, indo muito mais a fundo.
Sheldon a conclusão de que muitas pessoas, por terem determinados padrões físicos, podem ter comportamentos padrões também. Muitas pessoas com aspectos físicos tem padrões de personalidade e, partindo desse pressuposto, construiu a teoria dos tipos somáticos. Então, segundo esta teoria, os tipos físicos guardam relação com os típicos de personalidade, mas não é igual Lombroso que era tão determinista. Eleencontrou, na verdade, semelhanças entre os padrões, criando sua teoria. Ele separou as pessoas em três principais tipos físicos:
1 – Endomorfo – comportamento endotônico
O endomorfo é o indivíduo gordo, calvo. Para essa teoria, essas pessoas têm um comportamento muito semelhante, há um comportamento endotônico entre elas. É uma pessoa socializável, amorosa, que pensa no próximo, gosta de grupos e de conforto.
2 – Mesomorfo – comportamento mesotônico
É o musculoso, alto, tipo atlético. Ele tem um padrão diferente do endomorfo, sendo corajoso, gosta de liderar, de estar na frente, é mais agressivo, comanda, quer fazer prevalecer sua vontade. Verifica-se que a grande parte dos criminosos estão no comportamento mesotônico. Preferem aventura, gostam de liderar, agressivos, coragem. 
Mas veja-se que são teses, não é verdade absoluta, há seu campo de crítica e de discussão. Muitos exames criminológicos utilizam essa expressão, comportamento ectotônico, mesotônico.
3 – Mectomorfo – comportamento ectotônico
É o indivíduo magricelo, ossos finos. Esse indivíduo tem um padrão de comportamento tímido, isolado, é uma pessoa fechada, mais racional, mais cerebral. Seu comportamento é denominado de ectotônico.
c) Teoria dos Instintos (Mac Lean, Freud)
Para essa teoria, o homem, por mais evoluída que seja a sociedade e a tecnologia, ainda é um animal, guarda um vínculo com as suas origens. Nenhuma pessoa, por mais culta que seja, conhecedora de assuntos, tecnologia, não atingiu um ponto tão alto de aperfeiçoamento psicológico-evolutivo a ponto de controlar os seus instintos. 
Então, nas situações limites que a pessoa passa os instintos se afloram. Por exemplo:
+ Um homem calmo e deixa-lo uma semana sem comer. Os instintos se manifestam.
+ Também questões ligadas aos instintos de autopreservação, preservação de defesa, sobrevivência.
+ Instinto maternal (pegar uma mãe calma e tranquila e mexer com o filho dela).
+ Sexual (muitos crimes sexuais são cometidos por causa de instintos), 
+ Territoriais (de domínio, como o velhinho que matou alguém porque mexeu no seu carro, instinto patrimonial).
Ela trata de uma questão da agressividade humana, a cultura da humanidade é baseada em episódios de violência. Nossa sociedade evoluiu com base em episódios de violência, como guerras, massacres, conquistas de territórios etc. O traço mais comum é destruir inimigos e conquistar territórios, desde a menor civilização até a maior.
Neste sentido, inclusive, esses instintos são influenciados pelo que Freud afirma a respeito da cultura da violência. O homem por sua natureza deseja vencer, obter o poder e aniquilar com seus inimigos. Tal premissa é tão verdadeira que até no direito encontramos este instinto, quando pensamos, por exemplo, no Direito Penal do Inimigo, cujo objetivo é aniquilar o indivíduo inimigo do Estado.
d) Psicologia Forense:
I – Psicoses (Esquizofrenia)
Avançando mais ainda para estudar o criminoso puro, temos a psiquiatria forense. Muitos crimes são cometidos porque a pessoa tem problema mental, não somente distúrbios relacionados a personalidade. Dentre as espécies e categorias de doença, temos a mais comum, que é a esquizofrenia. Está dentro de Psicose, como o TOC. A esquizofrenia é uma das mais graves e a mais ligada aos crimes.
A maioria dos casos de Esquizofrenia são orgânicos, hereditários, questões genéticas. Também é chamada de demência precoce, porque é uma demência que surge na adolescência ou início da juventude. A pessoa se desliga da realidade e cria um próprio mundo e aos poucos a pessoa perde a noção da realidade.
Entretanto, ela não tem somente causa genética, hereditária, mas também é adquirida por uso de drogas e álcool. Inclusive no Brasil tem um aumento significativo por conta de mistura de álcool e drogas.
Ademais, é uma doença que há vários tipos. Há as esquizofrenias simples, fáceis de serem controladas com terapia e medicação e até há cura, Lado outro, há as severas, que não cura, podendo a pessoa ter os sintomas diminuídos. Estes (esquizofrenia grave), possuem delírios e alucinações.
O Delírio é uma ideia fixa sobre algo que não existe, é uma mania, daí se falar indivíduo maníaco. Ele tem um delírio, no sentido de que as pessoas o perseguem, o levam a cometer um ato, falam dele. São delírios de sugestão, referência.
Esquizofrenia Paranoide
A fase mais grave é a Paranoide, onde a pessoa começa a ter Alucinações, como escutar vozes em sua cabeça, a pessoa cria essas vozes, e ela passa a enxergar vultos, pessoas. Envolve audição, visão, olfato, sensação, tremeliques. É a chamada Esquizofrenia Paranoide.
Esquizofrenia Hebefrênica
Existe uma simples que é a Esquizofrenia Hebefrênica, em que a pessoa se prende a uma mania específica, ideia específica, como achar que é salvador do mundo, emissário de outro planeta; um soldado que quer andar somente de farda, se vestir de gladiador; idolatria a um time de futebol; fanatismos religiosos.
 O esquizofrênico pode ser inimputável e há de se levar em conta que é uma doença cíclica, tem surtos, altos e baixos. Por exemplo: vizinho adepto de magia negra e o vizinho se desmaterializava, ia para sua casa em fumaça e transava com sua mulher (inimputável).
II – Psicopatia (Distúrbio de Personalidade)
Psicopatia não é uma doença mental. Não há delírio, alucinação, ao contrário, o psicopata é uma pessoa inteligente, com QI acima da média, eloquente, fala muito bem, é manipulador. Na verdade, um desvio, uma alteração de personalidade.
Quando falamos de doenças mentais, elas tem cura ou tem controle. Psicopatia não tem cura, nem controle, porque é um desvio de personalidade. O psicopata nasce psicopata, é possível enxergar isso desde criança.
A criança psicopata agride os colegas, não obedece os pais e professores, é dissimulada, pratica maus tratos com animais, micção noturna constante até a adolescência. 
Ela também é genética, disposição hereditária, mas há relatos de psicopatia adquirida em situações de abusos na infância, estupro, lesões cerebrais, principalmente na região frontal (córtex cerebral), onde se processam as emoções e o psicopata é carente emocionalmente, ele é incapaz de dar afeto, são frios, calculistas, violentos.
Há muita coisa que não presta na literatura. Recomenda-se A máscara da sanidade.
Principais características
+ São eloquentes, falam bem, egocêntricos, inteligentes, o mundo gira em torno dele, ele é o melhor, ele sabe tudo. Não tem alteridade, o outro não é nada para ele, é um objeto de manipulação.
+ Ausência de sentimento de culpa. O psicopata não se arrepende de seus atos, ele é incapaz de amar, não tem compaixão, por isso são violentos. Pode até casar, ter filho, mas casou para satisfação sexual, a outra pessoa é só um objeto. Ele não tem compaixão, alteridade, não ama o filho.
+ É mentiroso contumaz e quando é desmascarado não tem vergonha.
+ É frio, não fica nervoso, não tem compaixão.
+ Querem viver na adrenalina, excitação sexual. Intolerância a Frustração, vivem nos limites, drogas.
+ São antissociais por excelência e por isso também o chamam de personalidade antissocial. Não cumpre nenhuma regra social, como horários, pagar conta, regra de religião e matrimônio.
Observações: Uma coisa é o sociopata (dissocial). Eles são parecidos, mas o sociopata, embora possa ser uma pessoa violenta, uma pessoa agressiva, não cumprir regras, mas não tem distúrbio de personalidade; ele fica nervoso, tem compaixão, pode até ser capaz de amar a esposa e filhos e, principalmente, tem capacidade de se arrepender de seus atos, é capaz de pedir desculpa e se tivéssemos um sistema penal ressocializador concretamente falando, ele seria capaz de ser ressocializado, já o psicopata nunca. Ele nunca pede desculpe nem se arrepende de seus atos, pode até dizer que se arrepende, mas é uma mentira, ele tem um interesse. Ele tem um distúrbio de personalidade, é incapaz de ser ressocializado.
É muito difícil fechar um diagnóstico de psicopatia, tanto que muitos indivíduos que não são e sãotaxados assim e vice versa. O grande problema é como tratar o psicopata na atualidade, as cadeias estão cheias e não há uma política adequada. Eles viram semideuses no mundo do submundo do cárcere, líderes de rebeliões etc.
Existem graus de psicopatias, há vários tipos de psicopatas. Há os mais graves, caso em que se denomia Psicopatia Grave, com inúmeros tipos. Há os Medianos e também a Psicopatia Leve. O leve tem todas as características, mas nunca cometeu um crime. Outros são graves a ponto de se transformarem em “Serial Killer” e Assassinos em Massa.
Então ele pode ser imputável porque é plenamente consciente do que faz; semi-imputável, podendo ser ela considerada em certos casos uma perturbação da saúde mental, não no sentido de que é uma doença, mas de que altera a autodeterminação de um indivíduo, por não ter freio, não conseguir se segurar; e inimputável. E são paradoxais, porque ele é violento e o que o direito faz com o semi-imputável? Diminui a pena.
As mulheres também são psicopatas e isso é muito estudado, entretanto, o grau é menor que o dos homens em questão de gravidade. A maioria dos casos é mediano ou leve. O masculino, o índice é bem maior.
II – Serial Killer
É o assassino em série, o criminoso em série que pratica homicídios sequenciais. É muito contemplado em filmes, seriados. 
Serial Killer Organizado
Ele comete crimes de homicídio, via de regra, obedecendo um padrão de comportamento. Segue um padrão comportamental, como escolher as vítimas por características físicas, étnicas, culturais, sociais, pessoais. Via de regra é inteligente, se preocupando com prova de crime. Também, via de regra, deixa assinatura na vítima, como uma posição, objeto, instrumento no corpo da vítima. Ainda, via de regra, é portador de psicopatia, mas pode não ser, pode ser dissocial.
Serial Killer Desorganizado
Ele mata qualquer vítima e não se preocupa com prova. Não é meticuloso, não se preocupa com crime. Pode ser psicopata, esquizofrênico ou não ter nenhum distúrbio de personalidade nem nenhuma enfermidade, uma pessoa dissocial. Não pode se confundir com assassino em massa – mass murb, que são ligados a esses atentados terroristas, como aqueles que invadem e matam alunos na escola, 11 de setembro – eles matam pessoas em um único episódio, chamado episódios de morticínio.
CONTINUAÇÃO - 21/08/2017
7.2.2 OUTRAS CONSIDERAÇÕES
O biocriminoso puro também é chamado por alguns autores de pseudocriminoso porque na grande maioria dos casos é inimputável, ele não recebe pena, é submetido a medida de segurança consistente em tratamento psiquiátrico. Por exemplo: portadores de psicopatia grave ou esquizofrenia.
Entretanto, em alguns casos pode ser imputável ou semi-imputável, podendo receber pena, cumprir pena em penitenciária (por exemplo, o próprio psicopata). O psicopata não tem cura, pois não é enfermidade mental e, mesmo aqueles que possuem outro distúrbio de personalidade, mesmo se tivéssemos um sistema penal em que a pena funcionasse, seria difícil cumprir o caráter ressocializador, pois os biocriminosos puros são de difícil ressocialização. O potencial de reincidência deles é alta, porque foram fatores eminentemente pessoais, internos e a grande maioria dos casos envolve o psicopata que detém distúrbio de personalidade.
7.2.3 CAUSAS MESOLÓGICAS OU EXTERNAS (FATORES EXÓGENOS)
7.2.3.1 MESOCRIMINOSO PURO
O mesocriminoso puro é aquele que pratica um crime em decorrência das circunstâncias do meio, um fator ligado ao meio, nada ligado a aspectos pessoais/internos. São eminentemente externos.
Esses criminosos podem ser conhecidos como criminosos ocasionais ou criminosos fortuitos, que são aqueles casos em que, por exemplo, A foi demitido em tal dia, estava com problema financeiro, problema conjugal, descobriu que tem uma doença grave, aí ele sai com o carro na rua, alguém bate no carro dele, isso é um estopim para ele praticar o crime, ele pega uma chave de roda e bate no outro condutor. São circunstâncias externas. A doutrina ainda diz que são indivíduos “criminóides”, por serem pessoas que nunca pensaram em cometer um crime, mas que em um certo momento foram impulsionados a cometer.
Outro caso são os homicídios passionais, como esposa que descobre o marido traindo e mata no flagrante. Também, um pai com dificuldade financeira que comete um furto famélico, porque os filhos estão passando necessidade.
Sociologia Criminal
Os fatores externos extraordinários são muito estudados pela sociologia criminal. É ela que estuda as circunstâncias do meio, da sociedade, com relação a prática do crime. Ela estuda todos os fatores extrínsecos que influenciam o criminoso na prática criminoso, tais como fatores culturais, econômicos, pobreza e exclusão social. Por exemplo: criança brutalizada na infância, menor de rua que tem contato com droga, pai alcoólatra, ausência do Estado, sem escola adequada, auxílio de tratamento psicológico, em relação a drogas, FEBEM, Fundação Casa, falta de assistência aos menores. Tudo isso é estudado pela sociologia criminal. 
A sociologia criminal estuda diversos fatores, tais como fatores geográficos, as zonas concêntricas, que são os locais onde o crime é mais cometido, como morro, favela. Também questões ligadas a aspectos climáticos, por exemplo, no inverno se comete menos crime, por exemplo furto noturno.
No que tange a geografia a violência se concentra nos locais onde o Estado se ausenta, por tal razão temos uma maior criminalidade nas periferias das cidades. Em suma, o crime ocorre em qualquer lugar, mas com a ausência do Estado a criminalidade consegue se permear com maior facilidade. O Brasil vive hoje um problema muito sério de criminalidade subterrânea, conhecidas como milícias (KLEBER LUCIANO ANCIOTO)
Então, voltando ao mesocriminoso puro, ele é um ocasional. O tratamento penal para ele é eficiente, o aspecto ressocializador da pena funciona pra ele, partindo de um pressuposto que esse aspecto é eficiente, o que no Brasil não é, a pena cumpriria sua função ressocializadora, no cárcere ele iria trabalhar, estudar, não iria se envolver em facções criminosas. Via de regra, o potencial de reincidência seria negativo, seriam situações excepcionais. Seriam criminosos que assimilariam a ressocialização.
7.2.4 CONJUGAÇÃO DAS CAUSAS
Praticamente os puros (biocriminosos e mesocriminosos puros) são a minoria, giram em torno de 15%. Vamos analisar algumas classificações:
7.2.4.1 BIOMESOCRIMINOSO
Também são chamados de criminosos endomesológicos. São aqueles que misturam fatores internos e externos, mesclam os dois tipos de influência.
O perfil do criminoso no Brasil é de um jovem que teve uma infância vitimizada, família degenerada, delinquência juvenil, contato com drogas e em razão desses fatores guarda uma sequela psicológica. Cresce, tem contato com a criminalidade, deseja os bens da vida mas o Estado não lhe dá condições para estudar e ele vai para o crime, traficar, roubar etc. Esse é o perfil dos criminosos brasileiros.
Pelos laudos, história de vida dos criminosos se verifica que ele está nesse perfil. Mas se nós mergulharmos mais a fundo na análise da psique, no histórico criminal daquele indivíduo, conseguimos verificar qual a consequência preponderante, se foram circunstâncias ligadas ao aspecto interno ou externo. Isso se faz por laudos, histórico criminológico, exame criminológico.
As vezes não é possível chegar a um diagnóstico de circunstância preponderante. Se ficar nesse patamar é chamado de Biomesocriminoso. Não é possível auferir.
7.2.4.2 MESOCRIMINOSO PREPONDERANTE
Se a sequela psicológica por si só não o levou a praticar o crime e o estopim, o que preponderou foram as circunstâncias externas, o nome que se dá é Mesocriminoso preponderante.
7.2.4.3 BIOCRIMINOSO PREPONDERANTE
Pode ser que os fatores externos não foram o que, por si só, levaram-no a praticar o crime e sim fatores internos, caso em que será um Biocriminoso preponderante.
Qual é o resultado prático disso?
Com base nisso é que teremos uma individualizaçãoda pena mais adequada. O mesocriminoso preponderante tem uma ressocialização mais fácil, ele responde positivamente a terapêutica penal. A reincidência, nesse tipo de criminoso, é mais rara. Ele tem mais chances de progredir de regime, vai ter contato com a família etc.
Já o biocriminoso preponderante não responderá adequadamente a terapêutica penal, vai se envolver com facções, não vai trabalhar direito, não terá contato com família. A reincidência será potencial.
Então é importante para individualizar a pena. Entretanto, o outro lado da moeda é que infelizmente no Brasil esses exames criminológicos para identificar o criminoso não são feitos de maneira adequada. A grande maioria dos criminosos não são submetidos no início do cumprimento da pena a eles, embora a LEP preveja. Na prática ele é entrevistado por um funcionário no presídio e é jogado em qualquer cela, é jogado em qualquer cela, é uma bagunça.
O CR aplica de uma forma mais adequada isso, mas tirando ele, o resto é bagunça. As vezes tem um psicólogo/psiquiatra para 3 ou 4 presídios, cada um com mais de 1000 pessoas. Aí são feitos laudos mal feitos, conversas de apenas 15 minutos, laudos parciais em razão do diretor do presídio ordenar que assim seja, ou seja, negativos.
Aqui fechamos a classificação etiológica, que são causas que levam o indivíduo a levar o crime, mas existe inúmeras classificações. Vamos ver outras:
7.2.5 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
Criminoso Nato ou Atávico
Atávico significa selvagem. Essa expressão é pautada nas teses Lombrosianas. É advinda da antropologia criminal. Esse criminoso é agressivo, selvagem. Lombroso dizia que os criminosos nascem com o instinto do crime, eles tem na genética, um elo, é um instinto de violência ligado ao criminoso do passado, entra na teoria dos instinto. Seria o biocriminoso puro a luz das teses Lombrosianas.
Criminoso fortuito ou ocasional
Seria o mesocriminoso puro, praticou o crime por circunstâncias externas, ocasionais.
Criminoso por paixão
É o criminoso passional. São pessoas mais nervosas, emotivas, exaltadas. Numa situação de briga se exalta. Tentativa de homicídio, lesão corporal simples. São emotivas, choram fáceis.
Criminoso Habitual
Faz do crime o seu meio de vida. O crime é algo aprendido também, como quem pratica furto desde infâncias. Aprimora, desenvolve técnicas. São multireincidentes, há muitos.
Criminoso Sintomático
É o criminoso puro. Percebe-se que as nomenclaturas são diferentes mas o conteúdo é o mesmo. É aquele criminoso que possui uma enfermidade mental ou um distúrbio de personalidade, como esquizofrenia ou psicopatia. Outras enfermidades também como o caso da cleptomania, que é uma neurose (espécie de psicose – TOC). Ela sabe que é errado, mas não consegue se segurar, ele não tem condição de se autodeterminar em face disso. Os sexopatas também, como pedófilos; usuários de drogas também podem ser.
Criminoso caracterológico
O crime não é uma coisa só de quem tem pessoas que sofreram privações, circunstâncias externas, enfermidade mental ou distúrbio de personalidade. Ele também está ligado a defeito de caráter, pessoas normais, que não tem nenhum problema. Por exemplo: pessoas gananciosas, antiéticas, imorais. Por exemplo quem é rico e abastado e pratica crime porque é ganancioso. Não é a mesma coisa que dissocial, o dissocial é mais grave.
É diferente da ideia do passado que se entendia apenas que pobre cometia crime, e daí nasceu a ideia de colarinho branco, porque na década de 40 os ricos utilizavam ternos com colarinhos brancos.
Por exemplo: furto de energia elétrica se equipara a furto. O índice de subtração de energia elétrica em Presidente Prudente é mais alto nas áreas de condomínios fechados.
Criminoso Situacional
É como uma subcategoria do caracterológico, mas aqui leva em conta a situação em que o indivíduo ostenta. Aqui a pessoa é normal sob o ponto de vista psicológico ou psiquiatra, mas ele se vale de uma condição social que possui para praticar crime. Por exemplo: empresário – o fato de ser empresário facilita ele praticar crimes contra a ordem tributária, econômica. Político, Deputado, Senador. Também está dentro da concepção de crime de colarinho branco.
7.2.6 RESILIÊNCIA CRIMINAL
Criminologia não é um cálculo matemático. Vimos que a pessoa pode ter sido estuprada, ter o pai alcoólico, amigo bandido, apanhou da polícia, mãe agrediu. Via de regra, esses fatores externos podem levar a criminalidade mas isso não é uma preponderância absoluta. Não quer dizer que ela seja vítima de tudo isso que obrigatoriamente ela se torna um criminoso em potencial, e isso mesmo morando em favelas, subúrbios, coração da criminalidade. Então é errado pensar que todos que são extremamente pobres serão criminosos.
Resiliência vem da física. Imagine quando envergamos uma barra de ferro com força, ela enverga, mas quando soltamos ela volta ao normal. É essa a ideia, que eles passam pelo crime, mas continuam sendo pessoas de bem.
CONTINUAÇÃO 28/08/2017
PROVA: 18/09
8. VITIMOLOGIA
(Estudo da vítima do crime)
8.1 NOÇÕES GERAIS
Vamos estudar a vitimologia sobre o enfoque criminológico e não penal.
8.2 CONCEITO DE VÍTIMA
Existe um conceito que é universal sobre vítima dado pela ONU, ou seja, aplicável no mundo todo. O professor o resumiu.
Definição: Vítimas são as pessoas que, individual ou coletivamente tenham sofrido um prejuízo, um atentado a sua integridade física ou mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou, um grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou omissões que violam leis penais em um determinado país.
Desse modo, vítima é toda pessoa que suporta as consequência de um crime e essas consequências podem envolver um sacrifício a um interesse dela, como patrimônio, vida, integridade física, psicológica, dignidade sexual etc. Em suma, é a pessoa que suporta as consequências do delito.
A vitimologia expande esse conceito e também abrange os atos que a própria vítima efetua contra si, e não somente aqueles que partem de terceiro, por exemplo, o suicídio.
Há as vítimas sem rosto, que são aquelas de forma coletiva, em que todos podem ser vítimas pela amplitude, intensidade do dano, por exemplo, crime contra a Administração Pública, por exemplo, a Lava Jato. Ainda, pode-se determinar vítimas de uma determinada localidade por desastres ambientais, como a Samarco, que atingiu uma pequena cidade.
Devemos afastar um paradigma de que a vitimologia existe para diminuir a responsabilidade criminal do criminoso. Isso é uma inverdade, a vitimologia não quer diminuir a responsabilidade do criminoso, ela quer entender o papel da vítima, mas, claro que em alguns casos, pode-se ter uma atenuação da pena por conta da ação da vítima, mas ela não tem a função de tirar a responsabilidade do criminoso e coloca-la na vítima.
Quer-se estudar a vítima e suas características pessoais, culturais, psicológicas, os motivos que a fizeram tornar uma vítima, as influências externas e aspectos pessoais. 
Também estuda o processo de vitimização.
Ela estuda a relação que se forma entre vítima e criminoso, chamado de “par penal”, ou seja, por determinado período há uma relação entre criminoso e vítima, como um sequestro, estupro ao longo de anos etc.
8.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O pai da vitimologia é Benjamim Mendalson, um professor israelense que, no final dos anos 40 desenvolveu um estudo a respeito das vítimas do holocausto. O comportamento passivo dos judeus nos campos de concentração, a aceitação das atrocidades, da morte, do morticínio, foi muito estudado com ele.
É interessante que ele não criou uma obra, mas há diversos textos esparsos e foi produto de diversos congressos nos anos 60.
8.3.1 BRASIL
No Brasil, a vitimologia chegou nos anos 80 e vem-se fortalecendo com os anos e agora nos anos 2000 há muitos estudos sobre vitimologia. Há obras de boa qualidade.
Em 1984 foi criada a Sociedade Brasileira de Vitimologia, formada não somente por profissionais do direito, mas tambémpor sociólogos, médicos psiquiatras, que também se interessam no estudo da vítima.
8.4 CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS
Isso é muito cobrado em concursos públicos. Há uma espécie de confusão terminológica, porque cada autor dá o nome que acha mais adequada e vão se criando vários nomes, uma sinonímia. Então pode ser que em um conteúdo a vítima tenha diversos nomes. Pode ser, então, que uma mesma vítima é classificada de várias formas por conta do livro do autor que resolveu dar um nome diferente. A partir do momento, então, que irmos estudando, vamos fazendo alusão a outros nomes que existem de vítimas no Brasil e também no exterior. Então, uma classificação não exclui a outra, mas se entrelaça, pode ser que pareça a mesma coisa.
8.4.1 VÍTIMAS INOCENTES
Também são vítimas passivk,as; vítimas verdadeiras; vítimas autênticas; e vítimas ideais.
São aquelas vítimas que não contribuem em nada para a prática do crime. Elas não interferem em nenhum momento na cadeia causal dos acontecimentos. Elas não tem nenhum contato com o criminoso, não o conhece nem ele a conhece. Desse modo, a vítima é uma pessoa totalmente estranha ao criminoso. É uma vítima do acaso, do azar, que está no lugar errado, na hora errada.
Por exemplo: vítima de bala perdida; vítima de atentado terrorista, em que o terrorista colocou uma bomba no lixo, ele não conhece quem é que passará por ali. Em Presidente Prudente já tivemos vítimas de balas perdidas, como o caso de 2003 na UNESP, da aluna Mariana Braga que foi morta por uma bala perdida de traficantes.
8.4.2 VÍTIMAS NATAS
Também podem ser chamadas de vítimas determinadas; vítimas potenciais; vítimas de alto risco; vítima por proximidade profissional; vítimas por proximidade familiar.
Elas detém uma condição fática, profissional, familiar, de aspectos físicos, de estilo de vida que as deixam numa situação de risco mais do que outras. Por exemplo: policial; agente penitenciário; segurança privado; juízes; promotores; idosos, como em crimes de estelionato ou de maus-tratos, ou, ainda abandono material pela própria família; crianças violadas sexualmente, vítimas de estupro de vulnerável e, via de regra, acontece na própria casa, sendo o criminoso um professor da escola, padrasto, vizinho.
Em outros países, de minoria étnica, como os tutski que foram massacrados na África. Os curdos no Iraque.
A doutrina criminológica chama as vítimas natas de tipos humanos criminológicos.
Outro exemplo, o juiz “Machadinho”, executado pelo PCC.
8.4.3 VÍTIMAS PROVOCADORAS
São também chamadas de vítimas ativas; vítimas facilitadoras. Daqui vem o equívoco, porque tem autor que chama de vítima mais culpada que o criminoso e não é isso.
São chamadas de vítimas provocadoras porque tem uma participação intensa na dinâmica do crime, elas induzem, instigam, provocam, facilitam o crime. A conduta delas gera no criminoso um sentimento que o leva a cometer o crime, por exemplo, ódio, ira, raiva, frustração, ganância, cobiça, desejo sexual.
Por exemplo: quem deixa o carro aberto com seus pertences lá dentro; conto do bilhete premiado, a ganância e a cobiça o fazem cair, o criminoso nem teve muito trabalho; crime passional, marido que mata esposa que o traiu e vice-versa.
São situações em que a vítima provoca, inclusive nos crimes sexuais, como as mulheres que saem do baile funk. 
Ainda, quem pratica bullying, submete alguém a uma humilhação e o outro acaba o matando. 
Essas situações podem entrar em crimes privilegiados, como o homicídio privilegiado, incidir causas de diminuição de pena e as circunstâncias atenuantes genéricas, no artigo 59 do CP. Não no sentido de absolver, mas de atenuar.
8.4.4 VÍTIMAS FALSAS
Todas são vítimas falsas, porque, na verdade, não são vítimas, estão disfarçadas de vítimas. Elas ou são criminosas ou pessoas de que alguma forma prejudicam alguém.
8.4.4.1 VÍTIMAS SIMULADORAS
É a vítima que constrói uma mentira, que figura uma realidade e que se faz passar por vítima. Elas se pautam numa fraude. Por exemplo: quem formula crime para praticar terceiro, como o caso da ex-namorada que simulou um estupro, congelando o esperma no congelador.
8.4.4.1 VÍTIMAS IMAGINÁRIAS
Também não é a vítima, mas na cabeça dela, ela é vítima, como por exemplo quem tem enfermidade mental, algum distúrbio psicológico, como portador de esquizofrenia, neurose. Acha que é vítima de tudo e de todos, que alguém está perseguindo, que alguém quer mata-lo, que vai na polícia, há inquérito.
8.4.4.1 VÍTIMAS AGRESSORA
É muito parecida com a provocadora, na verdade, é a mesma coisa. Ela provoca a vítima de verdade, a agride e a vítima verdadeira reage legitimamente, como por exemplo em legítima defesa. Inverte-se o jogo, o agressor se torna vítima, sob o enfoque criminológico, mas penalmente ela é um agressor, só será vítima se o outro se exceder na legítima defesa.
8.4.5 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
Vítima Potencial
Já falamos. É a mesma coisa que vítima nata. São pessoas que expostas a certas situações, não somente por profissão, idade, como falamos, como também por estilo de vida, travestis, transexuais, prostitutas, usuário de droga que deve para o traficante.
Vítima Indeterminada
São vítimas sem rosto, são vítimas de crime de grande difusibilidade do dano, como vítimas de crimes ambientais, contra a ordem financeira, crimes de corrupção, crimes tributários.
Vítimas Alternativas
É aquela pessoa que simultaneamente, ao mesmo tempo, pode ser vítima ou criminoso. Mas também pode ser sucessivamente, uma hora é criminoso, outra é vítima.
Simultaneamente, o usuário de drogas que também é traficante. Outro exemplo é o estuprador, que se torna vítima no sistema carcerário.
Ainda, aquele que aterroriza um bairro e a população se revolta e faz um linchamento em seu detrimento. É um criminoso que sucessivamente se tornou uma vítima.
Vítimas de caso fortuito e força maior
São parecidas com vítimas inocentes. Por exemplo, à pessoa em que um raio cai na cabeça. 
Vítima Ignorante
É a mesma coisa que, parecendo com a vítima provocadora sob o ponto de vista subjetivo da vítima. Ela que parece com a provocadora, sempre tem uma característica que é não ter o conhecimento do risco que pode acontecer com ela; ou ela acredita que não vai acontecer ou até acredita que vai acontecer mas acredita que conseguirá escapar daquilo. Por exemplo: idosa que vai visitar uma amiga em São Paulo e está vestindo joias e dinheiro na bolsa, ela não sabe o risco que corre, mas também é uma vítima provocadora.
Vítimas propensas
Tem uma tendência natural a ser vítima. Parece com a provocadora, é sob outro ponto de vista. Ela não quer provocar, mas por uma tendência natural, de personalidade, tende a ser vítima, como a pessoa deprimida, com personalidade frágil.
Há dois lados da moeda: Ocorre que ela é propensa por ser deprimida, mas também pode ser por estilo de vida, como o corajoso, que está sempre envolvido em situações de risco, como briga, dirigir embriagado.
Vítimas diretas e indiretas
Vítima direta é a que sofre diretamente as consequências do crime, como a vítima de um tiro, de um roubo, de estupro, o que é coagido numa extorsão. A vítima indireta são aquelas pessoas que também sofrem traumas, mas não diretamente. São os que estão ligados ao círculo de vida, como profissional, familiar ou de amigos, da vítima direta. Por exemplo: criança que perde um pai; mãe que tem que cuidar do filho que ficou tetraplégico por agressão.
Todas essas são classificações exigidas em concurso. A última é uma mais recente.
Vítimas por categoria de risco
Vítima de alto risco: A mesma coisa de vítimas natas. São vítimas que pela etnia, opção sexual, estilo de vida, opção sexual, podem ser vítimas mais fáceis. Por exemplo: jornalistas que fazem reportagens perigosas ou que cobrem guerras, prostitutas, travestis, usuários de drogas, comerciante que trabalha em local perigoso.
Vítima de médio risco: Não ficam constantemente em situações de alto risco. Na verdade, ficam em situação de baixo risco. Tomamprecaução, são preocupadas com segurança, não tem profissão de risco, não atuam de maneira arriscada, são precavidas, mas, episodicamente, circunstancialmente, em algum momento, ficaram na situação de alto risco, como por exemplo, quem viaja para São Paulo, de madrugada, próximo a uma favela, seu pneu é estourado. Naqueles momentos que trocou o pneu na Rodovia, ficou numa situação de alto risco, mas não se enquadra em alto risco.
Outro exemplo é dar carona para alguém que não conhece. Turista da faixa de gaza.
Vítima de baixo risco: Tem um estilo de vida praticamente normal e não se colocam em situação de risco episodicamente, estão sempre em segurança. Tem um estilo de vida absolutamente longe de problemas, de situações de risco, mas é claro que, mesmo as de baixo risco, não podemos dizer que, em um determinado momento, por circunstâncias do acaso, se tornarem vítimas, como a vítima inocente.
É a mesma coisa que a vítima nata.
CONTINUAÇÃO - 04/09/2017
8.5 VÍTIMA E VITIMIZAÇÃO
Vítimas são aquelas pessoas que são titulares de bens protegidos pelo direito, elas tem um sacrifício desse bem em decorrência da ação de criminosos. Agora, quando utilizamos a expressão vitimização, estamos falando de um processo/mecanismo que leva a pessoa a se tornar uma vítima, são os fatores, os motivos, as razões.
8.5.1 ESTUDO DO PROCESSO DE VITIMIZAÇÃO
A vitimologia chama de fatores vitimógicos ou vitimogénos os fatores que levam a pessoa a se transformar numa vítima. Eles observam as mesmas regras que analisamos quando classificamos os criminosos, isto é, fatores internos e fatores externos. É o mesmo raciocínio, etiologia.
Temos os fatores internos que levam a pessoa a se tornar uma vítima, como as vítima potenciais, as vítimas propensas, por exemplo, as que tem enfermidades mentais ou distúrbios psicológicos, como o esquizofrênico e oligofrênico; também, o drogadito. Ainda, o próprio comportamento da pessoa pode levar ela a ser vítima, a própria personalidade, como o piadista e o praticante de bullying.
Também há os fatores externos, como por exemplo uma criança ou idoso num lar degenerado, com mãe drogada, pai drogada, sem estrutura, sem dinheiro, princípios morais. A proximidade familiar pode ser, então, um fator externo.
8.5.2 GRUPOS DE VITIMIZAÇÃO
Uma questão importante que sempre cai em concurso são os grupos de vitimização. As vítimas muitas vezes se encaixam em faixas, percentual de grupos que são catalogados. A doutrina criminológica apresenta três grupos.
Vitimização Primária: As vítimas que se enquadram aqui são as clássicas, a vítima ideal, a que conceituamos no início da aula, ou seja, a que suportou todas as consequências do crime, a pessoa que sofreu os danos psicológicos, materiais ou físicos. Às vezes o dano psicológico é muito mais grave que o físico, acompanha a vítima pelo resto da vida, mas claro que também há danos físicos irreversíveis. 
Vitimização Secundária: Também leva o nome de pós-vitimização ou sobrevitimização. São os danos causados pela ação dos órgãos públicos na investigação ou na ação penal. São, na verdade, os danos que a vítima suporta num segundo momento. 
Então, este dano é causado pela ação dos órgãos formais de controle do Estado, como a investigação da polícia, ou a ação do Ministério Público e do Poder Judiciário. Isso acontece muito nos crimes sexuais, a pessoa já foi estuprada (passa pela vitimização primária) e depois passa por um processo secundário decorrente da ação do Estado, como comparecer a polícia civil para realizar o exame de corpo de delito, por exemplo exames ginecológicos para atestar a conjunção carnal, o ato contra o pudor; depois ainda, a vítima será ouvida pelo Delegado de Polícia ou pelo juiz; reconhecimento do estuprador; todos esses atos pertencem a vitimização secundária.
Inclusive, por isso nos crimes de estupro a ação é penal pública condicionada, pois é uma questão de política penal para proteger a vítima, aonde não há violência física, violência real.
Vitimização Terciária: São as que nem sabemos quem são, as vítimas sem rosto, aquelas que são vítimas pela omissão do Estado. Não sabemos quem são porque estão nas cifras negras, isto é, muitos crimes não chegam no conhecimento da polícia, ficam impunes porque a polícia não tem conhecimento, as vezes por culpa do Estado, como falta de aparelhamento público, condições para investigar melhor ou as vezes porque a vítima nem denunciou. 
Também abrange a lei do silêncio, por exemplo, o pai de família que mora num bairro em que há traficantes; ele sabe do tráfico, de casos de homicídios, mas ele não pode contar o que acontece para a polícia, porque não há um alcance do Estado para proteção diária para essa vítima, quando a polícia for embora o traficante a mata. Então, o Estado não ampara essas pessoas. Lembrar da Lei de proteção às vítimas e réus colaboradores.
8.5.3 “PAR” PENAL OU “DUPLA” PENAL
Alguns autores chamam de Complexo Criminógeno. Na grande maioria das crimes há uma relação entre criminoso e vítima. Dependendo do crime, ela dura segundos, como um assalto ou, ainda, pode durar mais como um estupro continuado ou sequestro.
Aqui, são estudados os comportamentos do criminoso e também o da vítima, havendo teorias a respeito dessa relação.
Quanto ao criminoso, em muitos crimes, principalmente os violentos, por exemplo os crimes patrimoniais violentos, em que a vítima é agredida, ou morta, latrocínios tentados, consumados, lesões corporais, homicídios e torturas, em muitos casos, o comportamento do criminoso é interessante de se analisar porque às vezes há um processo de desumanização no psicológico do criminoso, em que a vítima se torna uma condição de objeto, para diminuir a compaixão, o vínculo afetivo e potencializar o grau de violência. Quanto menos ele enxerga na vítima um ser humano, maior a violência.
Ainda, em muitos casos, o criminoso carrega com ele todas as privações, tudo que ele suportou no passado, a vida de exclusão e, no momento do crime, há um processo em que, naquele momento, ele descarrega tudo que suportou no passado na vítima. Em sua cabeça surge um processo em que ele vê a vítima como merecedora do que ela está suportando naquele momento, por exemplo, um raciocínio de que ela merece aquilo porque ela tem bens que ele não tem porque não houve uma política social justa para ele, em sua cabeça. O nome disso é Vítima culturalmente legitimadas. Daí vem as gírias, como por exemplo, “Perdeu Playboy”.
Nos crimes violentos, a grande maioria envolve criminosos que estavam com os rostos encobertos e a violência é maior quando eles estão com os capuzes. Isso está dentro do processo de desumanização; quando a vítima não sabe quem é o criminoso, a violência é maior, é o critério do processo de desumanização.
8.5.4 POTENCIAL DE RECEPTIVIDADE VITIMAL
Muitas pessoas detém facilidades para serem vítimas. Até falamos e classificamos. São as vítimas facilitadoras, elas tem um potencial para reincidir como vítimas. Vimos que há o multireincidente penal, mas há também o multireincidente vitimal, em que elas são vítimas várias vezes e às vezes até do mesmo criminoso. Por exemplo: A possui um mercado numa vila perigosa e é assaltado 3 vezes por dia pelo mesmo criminoso; policial que é mais corajoso e fica na linha de frente de tiro, tem mais chances de reincidir como vítima, uma hora prende em flagrante, outra protege alguém em assalto, ele está sempre numa linha de frente, toma facada no braço, tiro na perna; idosos; criança estuprada pelo pai ao longo de anos.
8.5.5 SÍNDROMES VITIMAIS
A vítima que passou por um momento aflitivo, momentos de angústia, condições adversas pode carregar sequelas psicológicas. Por exemplo, a síndrome do pânico ou stress pós-traumático, que surgem após momentos aflitivos passados por uma pessoas.
Vamos destacar a Síndrome de Estocolmo. Houve um assalto na Suécia, de um banco, por um único indivíduo. O assaltado foi frustrado e ele pegou de refém clientes e funcionários do banco, segurando-os durante uma semana. Houvenegociação durante esse período. 
Curiosamente, algumas das vítimas passaram a nutrir um sentimento afetivo pelo sequestrador e nasceram teorias a respeito desse sentimento emocional que surge nas pessoas que passam por esses momentos de crise e despertam um sentimento pelo criminoso. A maior parte é nos crimes em que a pessoa fica de refém, sequestro, cárceres privados. Essa síndrome é esse estado psicológico de identificação emocional com o criminoso. 
Como principal característica, isso ocorre porque a pessoa passa por maior stress físico e emocional e a maioria desses crimes gera esse estado, tormento físico e psicológico.
Desse modo, a pessoa começa a se identificar com o criminoso e alguns afirmam que isso é um mecanismo de defesa do criminoso. A vítima tem consciência de que sua vida está na mão do criminoso e, pequenos gestos gentis são interpretados de forma distorcida pela vítima, dando uma superdimensão a gestos pequenos, como o criminoso a alimentar, dar água, deixar mais frouxa a marra.
Claro que o sentimento não é bem emotivo, dela se apaixonar imediatamente. Na verdade é um sentimento meio ambíguo, dúbio, envolve afeição, ódio, raiva, é uma mistura, complexo de sentimentos e não acontece com todos.
Isso foi estudado, também, porque uma das vítimas se apaixonou pelo criminoso, visitava-o no hospital. E isso já existia antes, porque Benjamin estudavam o comportamento dos judeus no Nazismo e muitos que estavam ali para ser mortos simpatizavam com a ideologia nazista.
8.6 POLÍTICA CRIMINAL DE TRATAMENTO DAS VÍTIMAS:
8.6.1 MODIFICAÇÃO DE POLÍTICAS CRIMINAIS NO MUNDO (DIREITO PENAL DAS VÍTIMAS)
O Direito Penal vem mudando, não é o mesmo em vários países. Se analisarmos os EUA, Europa (Espanha, Alemanha, Itália), Canadá, ele vem se transformando.
O Direito Penal era extremamente garantista, ou seja, estabelecia garantias individuais para as pessoas em que eram processadas. Ele se transformou nisso após a época do terror, da inquisição, se transformou no iluminismo, num direito penal contemporâneo, nascendo como uma forma de proteção das pessoas frente ao Estado opressor, que estava na mãos de reis, tiranos, despostas, e aí veio o princípio da legalidade, devido processo legal.
Hoje, na pós-modernidade, ele vem mudando, deixou de ser um direito penal garantista e se tornou num direito penal da vítima. Não há mais interesse de proteger as pessoas contra o Estado, ele não é mais tirano, as pessoas devem ser protegidas por outras pessoas, que são os criminosos, chamado de inimigo, e daí nasce o Direito Penal do Inimigo, que é aquele indivíduo que não tem mais concerto, porque o ideal da ressocialização é uma falácia; é possível aplicar alguns medidas que podem ser chamadas de preventivas, mas nos crimes mais graves, as pessoas não são ressocializadas. Isso ressuscitou nos anos 90 por conta do terrorismo.
Esse direito penal da vítima é chamado de Neoretribucionismo, é uma nova concepção sobre o retribucionismo penal, em que a pena é aplicada apenas como caráter de castigo, é ressuscitar a ideia de pena como apenas pena mesmo. 
No mundo todo, o que caracteriza essa nova fase do Direito Penal é:
A existência da falência das atividades ressocializadoras;
Crimes graves;
A figura do criminoso incorrigível (membro de facção, terrorista) e a esse deve-se aplicar o rigor da pena.
As medidas aplicáveis são:
Diminuir os direitos fundamentais dos acusados, facilitando-se a prisão;
Fortalecimento da pena privativa de liberdade
Políticas públicas carcerárias no sentido de amparar o estado com recursos tecnológicos, gastando mais presídios.
Policiamento extremamente rígido
Principalmente no sentido tecnológico, como o programa de tolerância zero ser aplicado. Outro exemplo: Preditismo Penal, em que é possível saber de onde virá mais criminosos, estudo dos bairros, onde se vê onde há as famílias mais problemáticas.
Políticas Públicas no sentido de custear vítimas.
A vítima paga imposto, é um cidadão do bem, então deve ser protegida. Se ele foi vítima de um crime, o Estado é culpado e deve reparar os danos e também dar amparo, envolvendo programas psicológicos e também a indeniza administrativamente, sem intervenção do Poder Judiciário.
8.6.2 TRATAMENTO DAS VÍTIMAS NO BRASIL
No Brasil temos uma crise institucional há cerca de 40 anos. Tivemos a ditadura militar onde nada podia e hoje tudo pode. É uma superdimensão de direitos e garantias individuais e a vítima fica numa situação secundária, de coadjuvante, e deve correr atrás do prejuízo.
Isso vem mudando, mas bem lentamente, como algumas mudanças do CPP, leis especiais, a Lei 9099 e a Justiça Retribuitiva, mas nada eficaz. Os programas de proteção à vítima e testemunha ainda são frágeis, no sentido material.
Esse direito penal de fora é muito criticado por vários autores, as políticas criminais adotadas mundo a fora, especialmente após o 11 de setembro.
9. LEIS PENAIS ESPECIAIS
9.1 CRIMES DE TRÂNSITO
9.1.1 DISPOSIÇÕES GERAIS
É uma lei extremamente extensa e não estudaremos a parte administrativa. 
O Brasil é recordista de crimes de trânsito no mundo todo e o Código de Trânsito trouxe um tratamento mais rigoroso nos últimos tempos. Ele foi muito alterado nos anos 2000, havendo uma política de maior rigorosidade das penas nos crimes de trânsito, por exemplo, a Lei Seca.
9.1.2 ANÁLISE DO ARTIGO 291 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Inaugura uma espécie de parte geral dos crimes de trânsito.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
9.1.3 APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA: CP, CPP E LEI Nº 9099/95
Esse artigo, portanto, inaugura uma espécie de disciplina subsidiária do CTB frente aos demais diplomas penais. Crime de trânsito é regulamentado, portanto, pelo CTB, no entanto, subsidiariamente, incide o CP, CPP e a Lei 9099/95 nesses crimes. Por exemplo: princípios gerais, disposições normativas e disposições processuais penais previstas nesses três diplomas poderão ser aplicados no CTB. É um microssistema subsidiário, uma disciplina subsidiária. 
No entanto, ele afirma: “No que couber”. Então, não se aplica tudo, depende de aspectos específicos de cada situação.
Temos dez crimes no CTB, do 302 ao 312. A grande maioria são crimes de pequeno potencial ofensivo, que são aqueles cuja a pena máxima em abstrato não ultrapassa dois anos. Por exemplo: omissão de socorro de trânsito, fuga do local do acidente, direção sem habilitação, entrega de veículo a pessoa não habilitada.
9.1.4 ESTUDO DO ARTIGO 291, §1º (LEI Nº 11.705/08)
No entanto, ele faz algumas ressalvas, como por exemplo a lesão corporal culposa de trânsito, um dos crimes mais cometidos.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora).
Esse artigo estabelece um microssistema próprio normativo, uma sistemática interessante. Ele fala do crime de lesão corporal culposa em trânsito (art. 303 CTB) e, esse crime, é de pequeno potencial ofensivo, tendo pena de 06 meses a 02 anos de detenção.
Entretanto, esse parágrafo traz uma ressalva, afirmando que será aplicado o disposto no artigo 74 (composição civil dos danos que gera renúncia do direito de queixa e representação, extinguindo a punibilidade, por exemplo, pagar hospital, danos no carro), o 76 (transação penal, uma pena alternativa, prestação de serviçosà comunidade, multa) e o 88 (que afirma que a lesão corporal culposa de trânsito traz representação, então a vítima tem 06 meses para representar, sob pena de extinção da punibilidade pela decadência) exceto nessas três hipóteses.
Essa exceção veio pela lei 11.705, sendo a primeira lei seca. Antes dessa lei, poderia estar bêbado, drogado ou em alta velocidade que faria jus a transação penal e surgiu na mídia a ideia de a pessoa pagar uma cesta básica e estar tudo bem nos crimes de trânsito. Então, para impedir essas benesses essa lei veio, trazendo exceção em três casos específicos:
Se o indivíduo estiver sob influência de álcool ou substância psicoativa que gere dependência, ou seja, bêbado ou drogado.
Quando estiver participando de raxa.
Se o indivíduo estiver conduzindo o veículo acima de 50km/h daquilo que é permitido para aquela via, por exemplo, altíssima velocidade. Isso deve ser provado por filmagem, testemunha ou radar.
Nesses casos, então, é ação pública incondicionada, o processo corre sem esses benefícios e não há termo Circunstanciado como nas outras situações (§2º), aqui é inquérito policial.
A lei deu uma pequena vacilada porque ela enumerou os que não eram aplicáveis e faltou a suspensão condicional do processo que, eventualmente pode ser aplicada, como por exemplo, para a lesão corporal culposa.
Em princípio é possível, teoricamente muitas vezes incide a suspensão condicional do processo, mas, na prática, o agente incide em concurso formal de crimes, como embriaguez ao volante e crime de raxa que são somadas as penas mínimas e impossibilitam o benefício.
CONTINUAÇÃO 11/09/2017
9.2 HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO
9.2.1 NOÇÕES GERAIS
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Há as penas de efeitos secundários, como a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Também temos causas de aumento de pena de 1/3 até a metade quando o agente pratica nessas hipóteses:
§ 1o  No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;         
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.         
V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos.
O inciso V foi revogado pela lei 13.281/16.
9.2.2 VEÍCULO AUTOMOTOR
A primeira coisa que temos que avaliar é o que é veículo automotor, pois só comete homicídio culposo de trânsito quem está em veículo automotor. Existem vários anexos no Código de Trânsito e o Anexo I, artigo 4º descreve o que é veículo automotor. Basicamente é o veículo automotor de propulsão que circule por seus próprios meios que serve para o transporte de pessoas ou coisas, que circule em vias terrestres, não incluído os que circulam em trilhos, mas, incluídos os que utilizam fio elétrico.
Então, podemos incluir carros, caminhões, vans, quadricículo, trator, micro-ônibus, motos e ônibus elétricos, carrinho de golf, caminhonete. Entretanto, trens, metrô, ou qualquer veículo que circule por trilhos estão fora. Veículo de tração humana ou animal também não são, por exemplo, bicicleta, carroça, charrete, bem como veículos aéreos ou marinhos, como aviões, lanchas, navios, jet-ski e embarcações.
Observação: As bicicletas com motor, por resoluções estabelecidas na Lei de trânsito, se estiverem abaixo de 50 km/h também não entram no conceito de veículo automotor.
Por que tração e trilho não entram, bem como marítimos e aeronáuticos?
Porque há leis específica, como o Código Ferroviário, Marítimo e Aeronáutico.
9.2.3 TIPICIDADE OBJETIVA
Vemos que o tipo é aberto, pois não há descrições típicas das condutas culposas, sendo inúmeras as situações, mas sempre presente os elementos da culpa em sentido estrito, a saber, imprudência, negligência ou imperícia – a quebra do dever objetivo de cuidado no trânsito.
Então, é uma tipicidade, objetivamente falando, aberta e o juiz que analisará no caso concreto e fará a tipificação. Isso é comum em crimes culposos. 
Imprudência: Excesso de Velocidade; Atravessar sinal vermelho.
Negligência: Falta de manutenção do carro, como pneu careca ou freio com defeito.
Imperícia: Falta de aptidão para dirigir o veículo, como o que não tem carteira de habilitação, não sabendo dirigir, e acaba atropelando alguém.
São várias as condutas administrativas tuteladas pelo CTB que, na verdade, são, na essência, culposas no trânsito, evidenciando negligência, imperícia ou imprudência.
Antes da Lei do CTB, de 1997, os crimes de homicídios culposos que aconteciam na direção de veículo automotor se enquadravam no Código Penal. Da mesma forma que situações que não se enquadram no homicídio culposo de trânsito se enquadram no 121 §3, do Código Penal, como o homicídio no jet-ski, em veículos marítimos. Então, os veículos que não são automotores para o CTB, se enquadram no CP.
Agora, se a pessoa atropela alguém intencionalmente, com dolo, a tipificação é no 121, caput ou §2º, dependendo das circunstâncias. Assim, o veículo pode ser objeto material do crime de homicídio, como uma arma. Devemos avaliar também as hipóteses de dolo eventual, como quando ocorre embriaguez. Lembrando que quando é doloso é do Tribunal do Júri.
9.2.4 BEM JURÍDICO TUTELADO
A vida humana, a vida das pessoas.
9.2.5 AFASTAMENTO DA RESPONSABILIDADE PENAL
A Jurisprudência tem entendido que a culpa exclusiva da vítima afasta a responsabilidade penal, como quando o veículo está apto, não há irregularidade, o condutor dirige normalmente, tudo certo e, de repente, surge um veículo ou ciclista na contramão. Ele tomou todas as cautelas.
Observação: A culpa recíproca não afasta a responsabilidade, apenas a exclusiva. A criança que entra do nada na rua, e o motorista estava em alta velocidade, é culpa recíproca. Outro exemplo é um motoqueiro em alta velocidade e ele ultrapassando em local proibido. A culpa dele não é compensada, não existe isso no Direito Penal, ele vai responder por homicídio mas na dosimetria o juiz pode levar em conta as circunstâncias, mas não há exclusão da responsabilidade penal em decorrência da culpa recíproca.
9.2.6 ABRANGÊNCIA DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
Aplica-se o CTB em todas as vias terrestres, que compreendem as vias públicas e particulares/privadas. Então, o CTB alcança ruas, avenidas, vielas, rodovias, ruas asfaltadas, não pavimentadas, não sinalizadas, sinalizadas, todos os lugares, inclusive vias particulares. Por exemplo: marcha ré na garagem da casa e atropela o próprio filho, se aplica o CTB; estacionamento de shopping, de faculdade, via pavimentada de propriedade rural interna, como uma estradinha. Só não alcança vias não-terrestres, como trilho, água e ar. O resto alcança tudo.
9.2.7 DIREÇÃO/CONDUÇÃO DO VEÍCULO AUTOMOTOR
Para responder pelo CTB o indivíduo deve estar dirigindo, isto é, deve estar no comando dos mecanismos de controle do veículo, estar no volante. Só nessa condição é que teremos a tipificação do artigo 302.
Se ele não estiver na condução, mesmo que seja uma situação de trânsito, mesmo que envolva veículo automotor não teremos a tipificação do artigo 302. Veja-se:
1) A está atravessando a rua a pé e está passando um motoqueiro. A faz um movimento tentando atravessar a calçada e assusta o motoqueiro, que cai, bate a cabeça e morre. Não incide o artigo 302 porque quem causou foi o pedestre mas ele não estava na direção. Pode inclusive ser homicídio e no trânsito,

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