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CONTRIBUTOS PARA UMA TEORIA DO ESTADO DE DIREITO 
As origens do Estado de Direito 
O Estado Grego
	É exatamente sob este prisma que surge a tentação de estabelecer um paralelo entre o Estado de Direito e o Estado antigo, particularmente no caso grego. É que, também neste, o domínio e a generalidade das leis eram justamente assinaladas como garantias contra a tirania do governo dos homens, da medida individual. Com efeito, a cidade considerava-se livre quando o Estado estatuía por via geral, já que, podendo embora o Estado fazer tudo, só o podia fazer na via do Direito, ou melhor, em conformidade a uma regra gerall por todos formulada.
	A polis se constituía ela mesma como a realidade da justiça, numa identificação de política e ética que omitia o direito e prescindia das leis.
	Onde a escravidão era um insitituto legítimo e onde, por outro lado, o poder do Estado era considerado ilimitado frente aos próprios homens libres, pelo que não teria sentido dizer que a polis helénica era um Estado de Direito, ainda que o Direito fizesse parte da essência da Polis tal como as demais manifestações do espírito como a arte, a religião e a filosofia.
Na Idade Média
	A ideia de um poder público do Estado desvanece-se em favor de um sistema político fundado numa rede de vínculos unidos suseranos e vassalos; a ideia de imperium é substituída pela de dominum, entendida como uma mera superioridade territorial do príncipe, mas compatível com o plano de igualdade, ao complexo entrelaçado de direitos e deveres que caracterizava a sociedade medieval. Os direitos adquiridos garantidos pelos tribunais comuns independentemente do lugar que o autor da violação ocupasse na hierarquia feudal.
	Porém não encontra-se característica do Estado de Direito.Por um lado, a limitação afeta o príncipe não é de natureza essencial jurídica, mas sobretudo ético-religiosa, ou social.Por um lado, não encontramos na I.M o reconhecimento de uma esfera independente de direitos fundamentais do homem.
O Estado de polícia e o Estado de Direito
O Estado de polícia como poder não limitado do Monarca
	O Estado absoluto é considerado pela generalidade da doutrina como anti-modelo contra o qual se erguem a teoria da construção prática do Estado de Direito.A vontade arbitrária do príncipe impõe-se à medida do gradual desaparecimento das possibilidades de degesa judicial dos particulares relativamente às ofensas do poder, assim, a regra de direito assume no Estado de Polícia no domínio da disciplina jurídica das relações entre os indivíduos.
	Enquanto o primeiro servidor do Estado de providenciar o bem-estar geral, atribui-se através do jus politiae, a possibilidade de intervir sem limites em todos os domínios, dos mais aos menos importantes, desde que o próprio príncipe o considere necessário para a prossecução do bem público.
	Uma vez que o Estado propriamente dito se situava à margem do direito, fora do controle judicial, produziu-se uma construção segundo a qual o Estado se desdobrava numa outra pessoa moral de direito privado, capaz de entrar em comércio jurídico com os particulares, de se obrigar contratual e extracontratualmente, de ter capacidade judiciária ativa e passiva – o Fisco. 
	Assim, e uma vez que só as matérias de direito eram judicialmente tuteladas, através deste experiente possibilitava-se aos lesados pela atividade do Estado acioná-lo judicialmente na pessoa do Fisco. 
	Porém, apesar de sua importância como única garantia de salvaguarda dos interesses individuais no regime de polícia, a doutrina do Fisco não visava a proteção de uma esfera autônoma dos direitos particulares, mas tão só minorar patrimonialmente os prejuízos que sofressem. 
	O Estado de polícia, confirma-se, pois, no essencial, como Estado acima do direito, já que este artifício engenhoso de distinguir duas personalidades no Estado traduzia, quando muito, uma submissão parcial.
A limitação jurídica do Estado como objetivo da reação burguesa contra o Estado de Polícia
	A burguesia se propõe a afirmar perante a atuação potencialmente arbitrária do príncipe, a existência na esfera de cada homem de um núcleo de direitos naturais concebidos como direitos subjetivos insusceptíveis de invasão por parte do Estado. 
	Um Estado racionalizado é, assim, um Estado fundado e limitado pelo Direito, numa acepção em que limitaçãao do Estado não se distingue claramente de limitação do Monarca pelo Direito, se confunde com império da lei emitida pelo Parlamento.
A elaboração originária do Rechtsstaat e os conceitos afins
Na Alemanha
	A passagem do Estado de Polícia ao Estado de Direito faz-se aqui de uma forma gradual, sendo a proteção dos direitos subjetivos alcançada através da progressiva restrição dos direitos subjetivos alcançada através da progressiva restrição do domínio do antigo poder de governo, enquanto através das instituições do Rechtsstaat se procurava emancipar a burocracia do comando individual do Monarca, elemento este fundamental na construção da imagem de um Estado forte, neutral, acima das clases, capaz de conduzir a partir de cima, uma revolução burguesa sem direção da burguesia.
	O Estado de Direito só pode ter este fim: ordenar tal maneira e estimulado no máximo grau no exercício e aproveitamento de todas as suas forças, livre e integralmente.
As garantias político-constitucionais e a especificidade do Etat constitionnel
	Enquanto a especificidade da teoria do Rechtsstaat consistiria em ter intuído a importância das regras jurídicas no processo de limitação do Estado – e daí a insistência no princípio da legalidade e na justiça administrativa -, já no caso do Estado constitucional de matriz francesa a tônica seria, antes do mais, colocada nos mecanismos políticos, como o controle parlamentar e as garantias constitucionais.
	As concepções da superioridade formal da constituição e da sua rigidez, próprias do Estado constitucional, estão por sua vez, estreitamente vinculadas à ideia da existência de limites supra-estaduais. Através da declaração de direitos, ou mediante a consagração constitucional direta, os direitos e liberdades individuais recebem aqui uma proteção reforçada, na medida em que a constituição, mais que limite dirigido aos poderes executivo ou judicial se impõe globalmente a todas as funções do Estado.
	A vontade geral encontra-se também vinculada ao respeito dos direitos inatos e naturais 
Inglaterra e a rule of Law 
	A revolução gloriosa fazia-se não só em nome da limitação do poder real a favor do parlamento, mas também a favor das liberdades individuais ao próprio legislador. O homem livre, cujos direitos a magna carta reconhecia, deixa então de ser identificado com o proprietário da terra, pois os direitos não são já o mero resultado de um equilíbrio imposto ao Monarca pelos estamentos socialmente mais poderosos, mas antes concebidos como verdadeira exigência da natureza humana.
	A Inglaterra evidencia uma vivencia efetiva de limitação do poder dirigida ao reconhecimento dos direitos e liberdades individuais, antecipando na prática os ideais do Estado de Direito. A rule of Law constituirá, no fundo, a expressão conceitual desta experiência de limitação do poder e conhecimento dos direitos fundamentais. Ela passa a ser entendida não mais como a supremacia da lei de Deus ou da Igreja, mas do direito consuedinário e do Parlamento.
	A rule of Law unicamente como a componente ou concepção administrativa do Estado de Direito, o que significa identificá-la tão só como o princípio da legalidade. Inversamente, é vista como o verdadeiro Estado de Direito, pois só ai – na common Law - o Estado encontraria no Direito um limite que não dispunha. 
	Não pode deixar de ser considerada na rule of Law britânica a sua l ligação com a ideia de indissociável ligação com a ideia de soberania do parlamento. Se é certo que esta soberania encontra limites na força da opinião pública, no prestígio dos tribunais e na prudente autolimitação do parlamento, não pode, todavia, ser excluída a possibilidade de um ser aproveitamento, atravésda ratificação parlamentar dos atos administrativos, como cobertura a posteriori de eventuais ilegalidades ou arbitrariedades por esta praticados. 
A adjetivação liberal do Estado de Direito 
Os pressupostos teóricos
	Toda caracterização liberal do Estado de Direito se funda numa análise construída em torno em torno na ideia de separação entre Estado e sociedade: 
a) política x economia – o Estado deve-se limitar a garantir a segurança e a propriedade dos cidadãos, deixando a vida econômica entregue a uma dinâmica de auto-regulação pelo mercado.
b) Estado x moral – a moralidade não é assunto que possa ser resolvido pela coação externa ou assumido pelo Estadp, mas apenas pela consciência autônoma do indivíduo.
c) Estado x sociedade civil – a sociedade civil é o local onde coexistem as esferas morais e econômicas dos indivíduos, relativamente às quais o Estado é mera referência comum tendo como única tarefa a garantia de uma paz social que permita o desenvolvimento da sociedade civil de acordo com as suas próprias regras. 
Adam Smith e a separação da economia
	Tomando a liberdade de empresa e a liberdade de concorrência como pilares, 
 Smith parte da ideia da existência de uma ordem natural para concluir que é da livre iniciativa de cada membro da sociedade e do funcionamento espontâneo do mercado que resultará automaticamente a máxima vantagem para todos. 
	Porém, para que este resultado se produza, é necessário que as leis internas da economia se possam desenvolver sem interferências exteriores e, logo, sem intervenção do Estado na esfera econômica, para que a política não venha alterar a livre concorrência dos agentes econômicos. 
	Como vimos, nas tarefas atribuídas ao Estado, Smith previa a criação e manutenção de serviços e instituições que, por não serem lucrativos, não interessavam à iniciativa privada. Ora, nesta constatação, Smith reconhece limites às possibilidades de auto-regulação do mercado, já que esta não abrangia a totalidade da esfera econômica; as tarefas lucrativas, onde se incluíam as infra-estruturas necessárias ao funcionamento da economia, tais como a construção de portos, vias férreas, pontes e seguros sociais, continuavam a ser assegurados pelo domínio público. 
	Quando referia que o problema que se põe à organização política do mundo burguês é o de reivindicar uma sociedade autônoma, isto é, separada do controle do Estado, mas ao mesmo tempo, sem se comprometer, ir gradualmente conseguindo que o Estado se propunha garantir essa autonomia e, para isso, venha mais tarde ou mais cedo a surgir como um mandatário dessa mesma sociedade. 
	Desde logo, na confrontação do modelo teórico com a realidade, o caráter empenhado e protetor do Estado liberal transparece na sua intervenção no mercado de trabalho – onde reprime abertamente o direito à greve, associação sindical e qualquer ação coletiva dos trabalhadores – ou, num outro plano, no papel ativo que o Estado desempenha na colonização e no aproveitamento dos territórios colônias como fornecedores de matérias primas.
Kant e a separação Estado – moralidade
	Se para a moral o que interessa é a determinação interior da ação do homem, aquilo que o leva a agir, para o Direito é só o aspecto físico, a componente externa que é relevante; a lei suprema é a que age apenas segundo uma máxima tal que possa ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. Se o direito se conforma com a merda legalidade, ou seja, a simples concordância do ato com o comando, a lei moral tem em conta o respectivo móbil, exige o seu cumprimento por dever ético; para o direito age exteriormente de tal sorte que o livre uso do teu arbítrio possa coexistir com a liberdade de cada um segundo uma lei universal. 
	Kant deduz uma nova separação , a de Estado e moralidade, pois, sendo o Direito a liberdade exterior, era ao Estado que competia realizá-la coativamente, garantindo a coexistência das várias liberdades e fazendo desses objeto, onde no fundo coincidiam defesa das liberdades e atuação da ideia de direito, o seu único fim.
	Se na economia a abstenção do Estado garantia um processo nascido do livre encontro dos interesses individuais, também como no campo da moralidade, não pode haver, para Kant, ingerência ou coação exterior nas esferas da exclusiva responsabilidade das consciências individuais. À autoregulação do mercado de Smith corresponde, em Kant, a auto-eleição dos fins e auto regulação da esfera moral de cada um, sendo excluída qualquer moral social enquanto moralidade assumida como fim do Estado e imposta do exterior às consciências individuais. 
	Para Kant , e em inteira contraposição ao Estado de polícia, não deve o Estado prosseguir quaisquer fins morais, quaisquer tarefas de realização do bem comum ou visar a felicidade dos súbditos; o seu único fim é o Direito, no sentindo de que lhe compete exclusivamente assegurar a ordem jurídica, garantir a cada um a liberdade exterior que lhe permita determinar os seus próprios critérios morais e procurar a felicidade pessoal. 
Humboldt e a separação Estado – sociedade
	O Estado bem dotado de uma racionalidade e fins próprios, abandona qualquer intenção de promover um bem comum, um interesse público, em favor da livre expansão dos interesses individuais.Colocado numa posição de exterioridade, o Estado só tem de assegurar o livre jogo da concorrência entre os particulares e impedir a invasão das respectivas esferas da autonomia.
	Para a burguesia, a abstenção do Estado era uma necessidade política, já que cada intervenção do Estado representava aos seus olhos um desperdício de mais-valia social que poderia ser valorizada de forma produtiva.
HUMBOLDT: o Estado de Direito é a tarefa do direito em delimitar e assegurar a esfera da liberdade e propriedade individual e a única função do Estado é proteger o ordenamento jurídico reduzido a tal tarefa.
Natureza e elementos do Estado de Direito liberal
	Só haverá Estado de Direito quando o objetivo de proteção da liberdade e direitos fundamentais do cidadão mobiliza na sua prossecução e garantia o empenho do Estado.
	Direitos fundamentais e divisão de poderes (com império da lei e princípio da legalidade),surgem, pois, como os elementos fundamentais do Estado de Direito liberal. A validade desses elementos se confine à forma burguesa do Estado de Direito.
	A adjetivação do Estado de Direito advém da concretização particular que as técnicas jurídicas de limitação assumem no contexto do Estado liberar, e sobretudo, do condicionamento dos direitos fundamentais pelos valores burgueses.
Os direitos fundamentais
	Na base do relevo que os direitos fundamentais assumem na concepção liberal do Estado de Direito está a ideia da sua natureza pré e supra- estadual.
	Mas não tão só que reconhece juridicamente os direitos originários dos homens e os proclama solenemente com a finalidade de melhor os garantir.
	Daí a diferença entre a declaração americana e inglesa. Enquanto uma apenas limitava os poderes do rei, protegia o indivíduo e reconhecia a soberania do Parlamento, a outra, era inspirada pelos direitos naturais e visava limitar, através do direito, os poderes do Estado em seu conjunto.
	Porém, a consagração constitucional dos direitos fundamentais só se traduzia plenamente em limitação de todos os poderes do Estado quando acompanhada do reconhecimento da supremacia da Constituição.
	O pensamento liberal eliminara o problema eventual da contradição na medida que concebia a exitencia de uma constituição quando houvesse o reconhecimento dos direitos fundamentais.
	Por outro lado, os direitos que envolviam o homem na sua relação com os outros homens, só podiam ser consideradas direitos fundamentais enquanto permanecessem apolíticos, não extravasando a área do social puro; se tal não acontecesse, se resultasse em associações ou luta de classes entre si, então indavia-se o domínio policio, perdendo a característica dos direitos fundamentais. Seria este o caso típico da liberdade sindical e do direito à greve.
A teoria dos direitos subjetivospúblicos 
	Essa teoria vê o Estado como a fonte, condição e medida dos direitos concedidos aos particulares, num processo de autolimitação da soberania estadual.
A divisão de poderes
	Montesquieu queria assugurar uma forma de Estado equilibrado,uma consituição mista em que os elementos monárquico, aristocrático e democráticos se balanceassem para garantir direitos adquiridos. Procurava-se, assim, refazer o pluralismo da socieadde organizada por estados, cuja harmonia fora rompida com a concentração de poderes levada a cabo pelo despotismo esclarecido, embora, diferentemente do que sucedia na sociedade estamental
O império da lei
	A legalidade do Estado de Direito liberal teria de superar a velha dicotomia entre lei entendida como ratio, ou seja, as leis positivas não teriam outro fundamento de validade que não fosse determinar do justo natural, e lei entendida como expressão incondicionada da vontade política do soberano. 
	O problema da justiça encontrava-se eliminado à partida, pois, sendo cada um legislador, um apenas a uma vontade geral e racional, ninguém estaria dependendo de ninguém ou o sujeito ao arbítrio de quem fosse. Daí, a democracia e a liberdade se identificassem com a exclusiva soberania da lei. 
	O Estado de Direito liberal realizava-se como Estado de razão, como reino de leis, onde a cooperação da represente popular garantia a realização de uma justiça imanente ao livre encontro das autonomias individuais e o caráter geral e abstrato das leis assegurava a segurança e a previsibilidade requeridas pela auto-regulação do mercado.
	Se a generalidade é a forma constitutiva da lei, a vontade racional do povo soberano expressa da assembleia legislativa é a fonte exclusiva da sua imperatividade. Consequentemente o império da lei traduz-se, a nível político, na soberania quando atua por via geral e abstrata, ou seja, no seu momento legislativo.
	A identificação do poder com a lei transformava, então a assembleia parlamentar, que uma particular e interessada concepção de representação política, marcada pelo sufrágio censitário, o mandato representativo e a autonomia dos representantes erigia em órgão vontade geral, na placa giratória que vai permitir a burguesia assegurar o controle efetivo da vida política e do aparelho de Estado, deslocando em favor dos homens burgueses uma divisão de poderes que era suposta excluir todo o domínio dos homens.
O princípio da legalidade
	A liberdade e propriedade burguesas só estariam juridicamente protegidas quando também a atividade administrativa, se encontrasse nos termos sob reserva e preferência da lei ou,só através do princípio da legalidade administrativa se realizava plenamente o Estado liberal de direito. O princípio da legalidade da administração constituía-se, assim, como eixo decisivo do Estado liberal e da específica divisão de poderes que este consagrou, o que proporcionava a sua ulterior identificação com o próprio conceito de Estado de Direito.
	A vinculação administrativa manifestava-se sua competência nos textos legais emanados pelo Parlamento e não apenas nas instruções ou comandos do príncipe. Se traduzia na obrigatoriedade de não violar a lei, de atuar dentro dos seus limites.
	A reserva de lei surgia, assim, como um princípio geral de defesa da liberdade e propriedade individuais, vinculado toda a atividade da administração que se desenvolvesse nesta área, a encontrar um fundamento específico num ato legislativo emanado do Parlamento.
	De fato, só com a institucionalização das garantias jurídicas individuais dos particulares contra a administração se salvaguardam as posições jurídicas individuais e se garante a conformidade/compatibilidade de atividade administrativa aos limites legais pré-determinados. 
	O princípio da legalidade, é entendido não só como proteção dos direitos subjetivos dos particulares, mas igualmente dirigido à proteção da legalidade objetiva, assumirá uma nova amplitude quando a legitimidade do recorrente contra ilegalidades da administração passou a basear-se tanto na ofensa de direitos como de interesses legítimos, abrindo caminho à sindicabilidade judicial da regularidade formal dos atos administrativos e da sua correspondência com o fim previsto pelo legislador.
	Toda atividade administrativa fica subordinada à lei. A atividade administrativa, com base na sua submissão à lei, assume caráter jurídico e com base nessa sujeição ao controle dos tribunais, os particulares adquirem garantias que lhes asseguram o cumprimento da lei pela administração.
O Estado de Direito e as Experiências anti-liberais na Europa do século XX
Os Estados totalitários da Europa ocidental como Estados de (não) Direito
	É possível destacar traços individualizadores do novo modelo ( Estado Novo): a centralização do exercício do poder numa única pessoa; a autoridade plena e ilimitada do Estado totalitário e o não reconhecimento aos indivíduos de direitos e liberdades absolutas ou originárias; identificação da sociedade nacional com o Estado, cuja eticidade intrínseca não são alheios qualquer atividade ou fim particular; caráter dogmático do Estado, expresso na rejeição da possibilidade de uma oposição legítima e na publicização do partido único; conformação estadual nas relações econômicas e laborais entre os corpos intermédios.
O Estado fascista italiano
	O movimento fascista era essencialmente uma reação irracionalista e instintiva contra um status, um ativismo glorificador da ação direta em prejuízo do intelectualismo que informava a combatida metafísica liberal do progresso.
	O fascismo é totalitário e o Estado Fascista, síntese e unidade de todos os valores, interpreta, desenvolve e potencia toda a vida do povo. Não há esferas de autonomia particulares à margem da intervenção e da soberania absoluta, exclusiva e ilimitada do Estado. Ao contrário do liberalismo, que negava o Estado no interesse do indivíduo particular a concepção fascista é pelo Estado; é por um Estado entendido como a realidade histórica definida e suprema, como um organismo específico com a natureza e destino próprios, com fins e objetivos distintos e superiores ao dos indivíduos.
	Com o sentimento de nacional e do sentimento do Estado nasce a exigência de transformação e realização da Nação. O Estado surge como realização integral da Nação, à qual confere a forma jurídica e política indispensáveis ao cumprimento da sua missão histórica.
	Nos Estado liberal vazio e agônico, o Estado fascista tem uma crença, uma fé e uma moral próprias, autônomas e justificadas a si, tal como o fascismo o concebe e atua, o Estado é um fato espiritual e moral na medida em que concretiza a organização também econômica da Nação, e estas organizações é, no seu surgimento e desenvolvimento material biológico, como qualquer outro esquema jurídico-cotratualista.
	A concepção metafísica da nação liberta os governantes de qualquer obrigação perante a nação concreta, isto é, perante os governados e conduz à legitimação da ditadura.
	O Estado é agora considerado como fim em si mesmo e o indivíduo reduzido ao papel de instrumento dos fins sociais. Isto, faz com que o indivíduo deixe de ser considerado centro do direito, para se situar numa posição de dever relativamente ao Estado. Nesse sentido, o Estado fascista coloca-se claramente fora dos quadros do Estado de Direito.
O Estado ético
	RAVÀ: define o Estado como uma instituição com um valor em si, um valor de fim e não de meio, uma valor ético e moral, donde resulta que o Estado é um organismo com fins éticos próprios, manifestados na intenção de promover e dirigir todas as atividades relativas aos fins da vida; o Estado não te como fim permitir a coexistência jurídica dos indivíduos, mas é essencialmente a instituição onde a ideia ética se realiza por excelência.
	Apesar de o Estado necessitar do direito para a sua conservação, não é um seu escravo, mas um senhor que dispõe do Direito como de um meio que serve. A função jurídica do Estado surge como um posterius face ao prius constituído pela função éticae, dentro desta, como função educativa do Estado, símbolo e expressão da preexistência e sobrevivência do todo estadual face aos indivíduos que o constituem.
	Visa orientar para a tutela da independência individual, na forma jurídica da liberdade individual e de consciência. Este Estado não se identifica com a soberania absoluta e ilimitada e se situa do lado oposto do Estado totalitário, com o qual tende a ser confundido por certa doutrina sobre eticidade do Estado.
	GENTILE: o Estado é fonte suprema da moral e do direito, ambos reconduzíveis à sua vontade soberana e ilimitada; é Estado ético porque é na eticidade que se revela o mais profundo do organismo espiritual constituído pelo Estado. 
	HEGEL: Tomando as liberdades individuais como valor supremo, reduzia o Estado ao simples papel de instrumento como valor supremo, reduzia o Estado ao simples papel de instrumento ao serviço da respectiva preservação. 
	PANUNZIO: proclama o Estado ético-pedagógico face ao Estado de Direito, resultado da correlativa superioridade da moral face ao direito, pois a moral se revela como racionalização integral do eu e o Direito como coexitência dos antípodas.
	No âmbito da teoria do Estado fascista, o Estado ético configura-se, pois, em bases que desvalorizam globalmente as garantias jurídicas de proteção dos indivíduos face aos detentores efetivos do poder político, servindo, assim, de cobertura teórica para as contínuas e manifestas violações dos direitos fundamentais na altura verificada.
O Estado Nacional-Socialista
	O Fuhrer da comunidade, que virá a construir o eixo em torno do qual funciona todo o sistema político nacional-socialista. Em virtude da desigualdade natural entre os homens, destaca-se inevitavelmente uma elite capaz de interpretar e assumir de forma superior as aspirações e o ser da comunidade, na medida em que foi priveligiada na desigual recepção natural pelas consciências individuais.
	Ele é o único detentor do poder, que esse poder não lhe foi transmitido ou delegado pelo povo ou pelo Estado e que não está condicionado ou sujeito ao controle de qualquer outra entidade. Ele é autoritário por natureza e implica a supressão da representação política e da democracia e exige a concentração de poderes no Fuhrer não responde perante quaisquer órgão nem encontra limiter à sua atuação
	A doutrina nacional-socialista recusta a caracterização como ditadura pessoal ou como regime arbitrário. Desde logo porque o povo não é aqui objeto de poder, não sofre as ordens do ditador; a relação que se estabelece entre o Fuhrer e o povo é uma relação indissociável entre cabeça e corpo de um organismo, que na forma prática da Fuhrung, se desdobra numa dupla dimensão de guia ( Fuhrer) e o corpo que acompanha e segue. O Fuhrer não exprime uma vontade individual, mas torna patente segundo a vontade objetiva do povo.
	A construção do Estado como pessoa jurídica era inconciliável com a natureza personalizada do poder do Fuhrer e com a concepção V. como realidade concreta, vivente, de fato, que não necessita de ficções jurídicas nem de entidades abstratas para produzir o seu próprio Direito ou gerar um Fuhrer capaz de lhe indicar a vida do seu destino.Além disso, a concepção do Estado como pessoa jurídica implicaria igualmente a caracterização do Fuhrer como órgão do Estado.
	Assim chega a nova dogmática nacional-socialista à redução da natureza do Estado a mero apparat utilizado no interesse da comunidade pelo Fuhrer e à rejeição da teoria da personalização jurídica ou qualquer outra que de alguma forma restringisse a amplitude do Fuhrer, na medida em que sugerisse a dependência ou submissão do ao Estado.
	O poder político encontrava na retórica da superação da legalidade individualista os argumentos que lhe possibilitavam uma intervenção ilimitada em todas as esferas da vida social e política, mediante a invocação não controlada da realização do Direito imanente na comunidade. Consequentemente, a postura anti-positivista de contraposição do Direito à legalidade funcionava, no contexto autoritário do nacional-socialismo, não como proteção contra a omnipotência legislativa do Estado, mas antes como armadura teórica da intervenção arbitrária do Fuhrer.
A revolução anti-capitalista na Europa oriental e o Estado de Direito
	O projeto político do Partido Bolchevista situava-se não só em oposição frontal ao absolutismo czarista, como também à margem dos quadros políticos e teóricos do liberalismo, na medida em que o programa marxista de transformação social exigia a prévia instauração de um Estado classista de ditadura revolucionária do proletariado como primeiro ato de um processo de imediato e progressivo perecimento do Estado até o advento da sociedade comunista. 
	A revolução proletária deveria desencadear-se prioritariamente nos países industrializados do ocidente, onde o desenvolvimento das forças produtivcas constituíra o proletariado em maioria da população; só neste contexto a revolução proletária pôde ser perspectivada como movimento da imensa maioria em benefício da imensa maioria e a consituição do proletariado em classe dominante identificada como a conquista da democracia, como se dizia no Manifesta.
	Porém, a revolução russa viu a luz num país economicamente atrasado, quase feudal, onde o proletariado era uma pequena minoria da população.
	A revolução proletária passa a ser teorizada como movimento levado a cabo pela maioria consciente, pela vanguarda do proletariado, pelos operários conscientes em favor da imensa maioria, que as instituições da democracia, agora designada como de pura forma ou burguesa, são suprimidas, em favor do poder e da democracia dos sovietes que considera legítimo, no quadro da nova democracia a supressão prática do pluripartidarismo e o recurso ao poder ditatorial pessoal.
	A constituição do proletariado em classe dominante não é ainda a conquista da democracia, mas sim a conquista de uma democracia mais completa que no capitalismo, a democracia proletária, mas ainda democracia truncada. Abre-se, então, uma fase – ditadura do proletariado – Durante a qual o alargamento progressivo da democracia é sustentado num notável reforço do Estado até o advento do socialismo, só a partir do qual o Estado começará, finalmente, a extinguir-se.
	Stalin, não obstante ter procedido à liquidação jurídica da ditadura do proletariado, desenvolverá até ao limite as potencialidades contidas na tese do reforço do Estado, utilizando-a em favor do seu poder pessoal com uma violência sem precedentes, agora com a cobertura das necessidades impostas pelo cerco capitalista internacional. 
	O Estado soviético, paradoxalmente, não só não extingue como reforça o seu aparelho burocrático, militar e policial e as respectivas funções no plano externo e interno, nem perde o seu caráter de classe, com a consequente subordinação/identificação com o Partido Comunista, não obstante o proclamado desaparecimento das classes desde 1936.
	O Estado soviético surge sempre, com base no seu caráter instrumental relativamente à construção do socialismo e do comunismo, como uma instância primária e direta de organização e unificação da sociedade. Reconhece maior ou menor a participação dos indivíduos, pratica maior ou menor desconcentração de funções pelas organizações sociais, mas nunca se considera limitado por uma autonomia individual.
	A questão dos direitos individuais oponíveis ao Estado é, à partida teoricamente eliminada. Instrumento de opressão da burguesia na fase da ditadura do proletariado, o Estado soviético exclui,por definição, a titularidade dos direitos por parte da burguesia. Nesses termos, o primeiro documento constitucional após a Revolução Russa, não obstante se apresentar como uma Declaração dos direitos do povo trabalhador e explorado, não era um catálogo de direitos individuais, mas uma enumeração das tarefas do Estado.
	A Constituição de 1936 possuía as garantias individuais reconhecidas aos cidadãos, não na perspectiva de defesa contra o Estado, mas como faculdades atribuídas nosentido da participação individual nas tarefas e na identificação com os fins do Estado.
	Principais deficiências dessa teoria: funcionalização extrema dos direitos fundamentais e mimização de uma irredutível extrema dos direitos fundamentais e minimização de uma irredutível dimensão subjetiva; tendencial redução dos direitos à existência de condições materiais, econômicas e sociais com aparente desprezo das garantias jurídicas.
	Concedia-se agora que, pontualmente, o direito do cidadão pudesse vira ser violado por um funcionário ou pela administração, e daí a reavaliação das garantias jurídicas e do respeito da legalidade socialista operada a partir do XXº.
	Afastando liminarmente qualquer ideia de limitação jurídica do Estado em favor da proteção esferas indisponíveis de autonomia individual, o Estado soviético cofigura-se abertamente como modelo teórico e prático alternativo ao Estado de Direito.
	Assim, aos fins de realização do comunismo que, simultaneamente, o exclui oficialmente como Estado de Direito e determina a sua configuração como Estado de Legalidade Socialista. 
O Estado de legalidade Socialista
	O poder soviético conferia à legalidade um papel essencialmente instrumental e subordinado ao interesse capital de consolidação e defesa do regime. Ora se apelava ao apego às leis ou se legitimava a sua violação por parte dos funcionários ou dos tribunais. 
	O princípio da legalidade revolucionária não se traduzia tanto na submissão dos órgãos do Estado ao lacunar o sistema legislativo revolucionário, como condição geral da validação das decisões da administração, dos tribunais, e do próprio legislador, independente da respectiva conformidade ao direito vigente. 
	Ao mesmo tempo que se desenvolviam a legalidade, o normativismo e os procedimentos juríficos, desenvolviam-se simultaneamente, à sua margem ou no quadro de jurisdições de excepção, os processos políticos, as perseguições policiais, o autoritarismo de governo e as arbitrariedades, que retiram qualquer significado à substituição da legalidade revolucionária pela legalidade socialista.
	Legalidade socialista: exige o respeito das leis por parte de todos, funcionários ou cidadãos; garante o respeito dos direitos dos cidadãos por parte dos funcionários públicos. Tal não significa, porém, a adoção da ideia de direitos e liberdades individuais como limites do Estado ou do poder normativo do órgão legislativo e, tão pouco, de possibilidade do seu exercício contra as orientações do poder político.
O Estado de Direito perante as novas exigências de socialidade e democracia do século XX – o Estado social e democrático de Direito
A estadualização da sociedade e a socialização do Estado – o Estado social 
	Tratava-se agora de proclamar um novo eixo político; a concepção da sociedade não já como um dado, mas ocmo um objeto suscetível e carente de uma estruturação a prosseguir pelo Estado como vista à realização da justiça social.
	É na plena assunção dente novo princípio de socialidade e na forma como ele vai impregnar todas as dimensões da sua atividade que o Estado se revela como Estado social.
	O Estado não só toma decisões destinadas a influenciar o processo produtivo, como integra medidas de planificação econômica.
	Assim, e apesar das variações decorrentes de situações particulares, o Estado deve, na medida comportada pelas circunstâncias objetivas, procurar garantir: os serviços e os sistemas essenciais ao desenvolvimento das relações sociais na complexidade da sociedade atual; a segurança e estabilidade das relações das relações de produção face às contingências da vida econômica; garantir a vida digna e protegida, independente da capacidade ou viabilidade da integração individual no processo produtivo.
	Estas mudanças traduzem-se numa nova configuração da esfera de autonomia individual ode, ao lado dos direitos e liberdades clássicos, avultam, os chamados direitos sociais indissociáveis das correspondentes prestações do Estado.
	No fundo, o novo eixo político que resultava da superação da concepção liberal da separação da sociedade e Estado traduzia-se, a partir da constatação mútua perda de capacidade de auto-regulação, num projeto global de estrutuação da sociedade; por sua vez, esta direção tinha como contrapartida a pressão, exercida individual e coletivamente, da sociedade sobre o Estado, num esforço de apropriação ou inflexão das decisões estaduais que se manifestava, não só nas referidas exigências ou nos direitos a prestações sociais, mas também na ação permanente e estruturada dos partidos, grupos de interesses e organizações sociais sobre a esfera política. 
Estado social e conceitos afins
	É extraindo todas as consequências desta última dimensão que o Estado social se apresenta como uma configuração global distinta dos Estados que, compartilhando das mesmas preocupações de superar a separação Estado-sociedade, realizam essa intenção num quadro autoritário ou totalitário, abrindo, a prazo, qualquer controle real da sociedade sobre o Estado.
	Para que o qualificativo social aposto ao Estado não seja mero afã retórico não basta que a intervenção organizada e sistemática do Estado na economia, a procura do bem-estar, a institucionalização e a consagração constitucional dos direitos sociais; é ainda imprescindível a manutenção ou aprofundamento de uma quadro político de vida democrática que reconheça ao cidadão um estatuto de participante e não apenas de moro recipiente da intervenção do Estado. 
A compatibilização do Estado social como o Estado de Direito – o Estado social de Direito
	A tecnização era condição da necessária autonomia das instituições do Estado de Direito face às transformações ambientais; o Estado de Direito seria, numa definição lapidar, um sistema de artifícios de técnica para garantir a liberdade assegurada pelas leis, refratário a quaisquer tentativas de lhe conferir conteúdos materiais.
	Dessa natureza do Estado de Direito resultaria uma natural impossibilidade de a sua Constituição acolher, como princípio estruturante, as intenções de justiça e recomposição social que se procuram exprimir na ideia de Estado social. Já que a Constituição do Estado de Direito (formalística e intencionalmente alheada a vida social e Estado Social (empenhado conscientemente na formação e reconstrução da sociedade) há um contraste estrutural.
A alteração dos elementos do Estado de Direito liberal
	Numa reinterpretação global dos direitos, liberdades e garantias tradicionais à luz do novo princípio de socialidade, que se reflete numa dependência e vinculação social do seu exercício ou mesmo numa compressão do seu conteúdo, determinadas pela necessidade de garantir as condições de liberdade de todos os homens.
	Os direitos fundamentais são agora concebidos, não só como técnicas de defesa contra os abusos e violações provenientes da autoridade pública, mas também como valores que se impõe genericamente a toda a sociedade e que, dirigidos igualmente contra os poderes particulares, adquirem relevância nas relações jurídicas privadas enquanto direitos contra terceiros.
As regras da democracia política como dimensão essencial do Estado social de Direito – o Estado democrático de Direito
	O princípio democrático confere uma nova inteligibilidade aos elementos do Estado de Direito, e desde logo, legitima a recomposição verificada na divisão de poderes tradicional. Assim, quer a autonomia do executivo quer o reforço da independência e posição relativa do poder judicial se justificam à luz da submissão básica de todas as funções estaduais à vontade democrática livremente expressa. 
	A legitimidade democrática converte-se em aperfeiçoamento, racionalização ou introdução de garantias que impeçam que as crescentes intervenções do Estado se transformem em decisões unilaterais de poder e extravasem os limites do Estado de Direito.
O Estado social e democrático de Direito como Estado de Direito material aberto a uma pluralidade de concretizações 
	É a proteção dos direitos fundamentais que justifica o objetivode limitação do Estado, ,pelo que a certeza e a segurança jurídica e as técnicas formais que lhes vêm associadas como valores a se desde integradas, vinculadas e subordinadas à realização da axiologia material implicada na dignidade da pessoa humana.
	A promoção das condições objetivas do desenvolvimento da liberdade e personalidade individuais constitui, simultaneamente e,por si mesma, um momento decisivo de realização de igualdade e justiça material da sociedade.
	O Estado social e democrático de Direito reconhece na autonomia individual e nos direitos fundamentais uma força vinculante que, independentemente dos fundamentos filosóficos, políticos ou ideológicos invocados, afeta não só a administração e o conjunto dos poderes constituídos, mas que se impõe materialmente ao próprio poder constituinte originário.
	Está sempre a priori ideológico que identifica direitos fundamentais do homem como inviolabilidade da propriedade privada dos meios de produção.
		O FEDERALISTA 
	Critica-se que, na estrutura do governo federal, parece não ter sido considerada esta precaução essencial em favor da liberdade. 
	Um exame da Constituição britânica mostra-nos que os ramos legislativos, executivo e judiciário estão longe de ser separados e distintos um dos outros – o que pode se confundir com característica de uma tirania. 
	A ideia de Montesquieu é que onde todo o poder de um dos ramos é concentrado nas mesmas mãos que enfeixam todo o poder de outro ramo, os princípios fundamentais de uma Constituição livre estarão subvertidos – o que não acontece totalmente na Inglaterra. 
	A Constituição de New York não contém qualquer declaração a este respeito, mas parece muito claramente haver sido elaborada com a preocupação de evitar inadequadas misturas dos diferentes poderes.
	Se todas essas medidas externas resultarem inadequadas, o defeito deve ser corrigido alterando-se a estrutura interna, de modo que as diferentes partes constituintes possam, através de mútuas relações, serem os meios de conservar cada uma em seu devido lugar.
	Para que este princípio fosse rigorosamente observado, seria necessário que todas as designações para as magistraturas supremas do Executivo, Legislativo e Judiciário tivesse a mesma fonte de autoridade: o povo. Através de canais sem comunicações com os outros. Talvez um projeto assim de organização dos poderes seja, na prática, menos difícil do que parece. Contudo, exigiria algumas concessões e ônus adicionais para ser levado a cabo, admitindo, inclusive, certos desvios de princípio. 
	A grande segurança contra uma gradual concentração de vários poderes no mesmo ramo do governo consiste em dar aos que administram cada um deles os necessários meios constitucionais e motivações pessoais para que resistem às intromissões dos outros. A ambição será incentivada para enfrentar a ambição. Os interesses pessoais serão associados aos direitos constitucionais.

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