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RESUMO LIVRO A LUTA PELO DIREITO TRIBUTÁRIO

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RESUMO –- IHERING, R. VON. A luta pelo direito. 24. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
A temática principal abordada pelo autor é a necessidade dos esforços individuais para o alcance da paz que o direito tanto visa. Estruturada em três capítulos, A luta pelo direito desenvolve de forma magnânima a realidade da justiça, não somente em âmbito teórico, mas também faz uso da prática quando expõe diversas exemplificações de situações corriqueiras da esfera jurídica para embasar a tese defendida.
Ihering inicia a sua obra com palavras que externam perfeitamente a opinião que nutri a respeito do direito, “A finalidade do direito é a paz, a luta é o meio de consegui-la, enquanto o direito tiver de afastar o ataque causado pela injustiça e isso durará enquanto o mundo estiver com os olhos bem abertos, ele não será poupado. A vida do direito é a luta, a luta de governos, de classes, de indivíduos e a luta de povos”. Como se trata de uma tese sobre a ciência jurídica, "com o intuito de despertar nos espíritos a disposição moral que deve constituir a atuação firme e brava do anseio jurídico”, segundo o próprio autor, em sua introdução. Sabe-se que o direito é entendido em dois sentidos, o objetivo – preceitos jurídicos ordenados e aplicados pelo Estado – e o subjetivo que é o direito de caráter individual. Este último configura o objeto de estudo escolhido pelo autor.
Na introdução Von Ihering contrapõe a teoria de Savigny e de Puchta sobre a origem do direito. Estes acreditam na formação de um direito sem grandes esforços e lutas. Para eles o que ocorre na verdade é que um alto poder de convicção leva os indivíduos à submissão e consequentemente a transferir tal conduta aos seus atos. Ou seja, o direito se forma de maneira natural e imperceptível na sociedade. A discordância de Ihering reside no fato de que grande parte, senão a maioria dos direitos conquistados, terem sido produto de grandes lutas e batalhas ardentes, muitas vezes até sangrentas. Ihering afirma inclusive, que não se deve lamentar a necessidade da luta para a formação do direito. Pois este quando adquirido sem esforço não possui valor e que o sacrifício estabelece entre o possuidor e o seu direito uma sólida relação. Deste modo, a luta pela existência é a lei suprema de toda a criação animada; manifesta-se em toda a criatura sob a forma de instinto da conservação. E que para o homem não se trata somente da vida física, mas também da existência moral, uma das condições da qual é a defesa do direito.
O segundo capítulo tem por título “A luta pelo direito é um dever do interessado para consigo próprio” e inicia abordando a temática da moral. Nesse capitulo o autor ressalta a luta pelo direito como um dever:
-“aquele que for atacado em seu direito deve resistir; - é um dever para consigo mesmo”
Ele afirma que a vida do homem se divide em dois meios:
-O material, onde o homem defende sua propriedade (fim de matrimônio, divisão de patrimônio)
-O Moral, onde o homem defende sua honra (contratos em geral)
Temos o dever de defender qualquer desses direitos citados, pois nossa existência moral, esta ligada à sua conservação, desistir da defesa de seu direito equivale a um suicídio moral.
-“temos, pois o dever de defender nosso direito, porque nossa existência moral está direta e essencialmente ligada a sua conservação; desistir completamente de defesa, o que não é muito pratico, porem que poderia ter lugar, equivaleria a um suicídio moral”.
 Para o autor todo ser vivente tem o instinto de conservação da sua existência. Mas os humanos, além disso, possuem também a necessidade de defender a existência da moral. Logo, o direito se encarrega dessas duas partes, tanto de proteger a integridade física dos indivíduos como a moral. Se assim não fosse – nos dizeres do próprio autor – as pessoas desceriam ao nível de animais. Ihering exemplifica isso com a experiência dos romanos que rebaixavam os escravos ao nível de animais por eles não possuírem direitos.
O jurista atribui à defesa do direito um dever de conservação da própria moral. Para ele, aceitar uma injustiça pacificamente é abandonar a moral. A única hipótese que o autor considera justificável o “abandono” do direito é quando lutar por ele põe em risco a sua própria existência, “tal é o caso em que um bandido nos põe na colisão de escolher a bolsa ou a vida” (p. 21).
Na dinâmica da sociedade o sentimento jurídico dos Estados e dos indivíduos torna-se mais forte na medida em que a violação dos direitos ameaça suas condições existenciais. Para Ihering só se conhece verdadeiramente o direito quando se experimenta a dor da injustiça e mais ainda, para ele o valor ideal que o direito possui vai muito além das questões de interesse, configura uma conexão íntima entre o direito e aquele que o reclama. Idealista portanto, seria o impulso de ordem moral que não se atem a um puro materialismo simplista, mas que abarca a personalidade individual de cada um, defendendo o seu organismo moral, a sua honra e o seu próprio ser.
Assim como a força do amor, a do direito habita o sentimento. Se este vier a faltar é impossível que a racionalidade o substitua. Às vezes o amor não é conhecido e apenas um momento de consciência é suficiente para obter tal conhecimento. É o que também se observa com o direito (ou sentimento jurídico), que inicialmente não possui o saber próprio e a constituição de sua essência, mas que a partir do momento em que sofre uma lesão, injustiça ou dor jurídica a sua verdade é desvelada e consequentemente a sua força.
Com a reunião das explicações citadas anteriormente Ihering encerra o capítulo dois, no intuito de esclarecer a proposição “a luta pelo direito é dever do interessado para consigo próprio” e parte para o capítulo três intitulado de “A defesa do direito é um dever para com a sociedade”. 
O terceiro e último capítulo inicia com um exame mais aprofundado da relação existente entre os direitos, objetivo ou abstrato e subjetivo ou concreto. Para o autor essa relação consiste numa dependência mútua entre esses dois ramos do direito, pois um só existe em consonância com o outro. A Defesa Do Direito É Um Dever com a Sociedade, apontando que as leis só são úteis, enquanto, são usadas com frequência, ao passo que, as leis menos usadas ou já abandonadas, caem em desuso. "Bom, ao passo que a realização jurídica do direito público e do direito criminal se tornou um dever dos órgãos públicos, a verificação do direito privado foi restringida à forma de um direito dos particulares, isto é, excepcionalmente abandonado a sua iniciativa e a sua espontaneidade". "Em disciplina de direito privado há igualmente uma luta contra a injustiça, uma luta comum a toda a nação na qual todos devem ficar firmemente unidos". Ora, em direito privado cada um na sua posição tem a missão de defender a lei, pois que defende o seu direito, defende também todo o direito.
Ihering atribui a essência do direito como sendo a realização prática. O que de fato é verdadeiro, pois uma norma inerte não faz diferença alguma no ordenamento jurídico. Aos olhos do autor seria essa a causa do desaparecimento dos direitos concretos, o simples desuso.
A relação entre o direito abstrato e concreto torna-se ainda mais estreita porque aquele que defende o seu direito individual de certa forma defende também todo o direito em sentido amplo. Na defesa do seu direito o indivíduo defende a lei e de tal forma defende também a ordem vital da comunidade. Von Ihering afirma que para o mantimento do direito e da Justiça num país não basta apenas que os juízes e a polícia trabalhem arduamente, é necessário também que cada um individualmente lute contra a ilegalidade e a injustiça. Em suma, “cada qual é um lutador nato, pelo direito, no interesse da sociedade” (p. 50).
A comodidade é tratada na obra em questão como um sério inimigo da justiça. Isso porque se observa muitas vezes na sociedade que os indivíduos se abstêm de lutar por seus direitos por ser mais cômodo. Isso demonstra o enfraquecimento de todo o direito público e internacionalporque afinal aquele que não luta pelo seu direito privado dificilmente lutará pelo direito público. Nota-se assim que “o que se semeou no direito privado produz fruto no direito público e no direito internacional” (p.66)
Ainda no terceiro capítulo Ihering faz uma crítica concisa ao direito alemão. Este é aplicado de uma forma que se afasta muito de toda teoria desenvolvida por ele ao longo da obra. Para ele o que existe verdadeiramente é um vácuo entre o sentimento jurídico e o direito. O povo por sua vez, não compreende o direito e nem deposita nele a sua confiança. A crítica feita pelo autor contempla o materialismo exacerbado existente no direito alemão da época, “a nossa jurisprudência não tem outro critério senão o de um vulgar e banal materialismo; não conhece mais do que o puro interesse pecuniário” (p. 81) e por meio de seguidas enumerações mostra como se aplica essas lesões ao sentimento jurídico em casos concretos.
A luta pelo direito é concluída com a reafirmação de que o direito é uma constante luta. Para ele a luta não é imediatamente contrária ao belo, pois até mesmo na arte e na literatura ela influência, sendo muitas vezes uma matéria atrativa na qual os artistas se debruçam e desenvolvem seus trabalhos. A arte e a literatura constituem sempre a defesa de uma ideia e para Ihering toda defesa é sempre uma luta. O autor finalmente atribui como um dever ético a luta pelo direito, tanto para os indivíduos como para as nações.
O nosso direito civil para Ihering é repleto de materialismo, porque a maioria das medidas em relação a violação do direito gera um. Valor material. No direito Romano, a resolução do crime no direito civil, não era por atribuição de valor e sim por decreto de penas. O ladrão quando lesa uma pessoa, ele ataca seu patrimônio, as leis do estado, a ordem legal e a sua moral. Agora quando o devedor de um empréstimo seu, nega de má fé que se lhe fez, acontece o mesmo ataque em relação a moral e as leis do estado, mas sua pena geralmente é uma multa.
Então, o direito violado, leva-nos a uma reação de defesa pessoal, sendo então, os direitos ligados ao idealismo, constituindo um direito para si próprio. Pois, a essência do direito é a ação. E essa essência pode ser entendida como aquele idealismo que na lesão do direito não vê somente um ataque à propriedade, mas a própria pessoa. Pois, a defesa é sempre uma luta, assim sendo, a luta é o trabalho eterno do direito.
CONCLUSÃO:
O livro em questão fornece concepções importantíssimas para toda a sociedade. Mesmo tendo sido escrito há muitos anos atrás, aborda uma temática sempre pertinente em qualquer que seja a época e serve de objeto de reflexão para os leitores, pois instiga a análise das práticas jurídicas vigentes e ao abandono do comodismo que distancia a lei da grande maioria das pessoas. O direito deve ser sempre encarado com responsabilidade e respeito. É algo que está em constante e gradual transformação; e a luta, a participação e o interesse dos indivíduos são indispensáveis para que não se estabeleça um dogmatismo que vá de encontro com as necessidades fundamentais humanas. De tal forma, a leitura de A luta pelo direito é vital para a formação de cidadãos convictos da importância do direito para a existência da sociedade.

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