Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE III Transtornos de humor - Síndromes depressivas - Transtorno bipolar Ensino Clínico Teórico em Saúde Mental Descrever os principais transtornos do humor; Entender as principais características das síndromes depressivas e do transtorno bipolar. Entender a importância da identificação de sintomas depressivos em pacientes das diversas clínicas de atendimento de enfermagem. Descrever os principais cuidados de enfermagem aos portadores de transtorno de humor Objetivos Conceito de Humor Também chamado de temperamento, o humor é uma emoção pervasiva e sustentável que tem grande influencia sobre o modo como a pessoa percebe o mundo que a rodeia. Exemplo de humor incluem: depressão, alegria, exaltação, raiva e ansiedade. (TOWNSEND, 2014) 1. TRANSTORNO DE HUMOR Também chamados de transtornos afetivos, são alterações difusas nas emoções, manifestadas na forma de depressão, mania ou ambas. Interferem na vida da pessoa e a incomodam com tristeza profunda e de longo prazo, agitação ou intensa alegria. Insegurança, culpa e raiva que acompanham essa condição alteram as atividades da vida, em especial as que envolvem autoestima, trabalho e relacionamentos. (VIDEBECK, 2012) Conceito de Mania A mania é um período distinto, durante o qual o humor fica elevado, expansivo ou irritável de modo anormal e persistente. Normalmente esse período dura cerca de uma semana, mas pode durar mais para alguns indivíduos. - Autoestima inflada ou grandiosidade. - Redução da necessidade de sono. - Taquilalia. - Fuga de ideias (pensamentos acelerados e desconectados). - Distração. - Agitação psicomotora. - Envolvimento excessivo em atividades de busca de prazer. Três dos seguintes sintomas acompanham o episódio maníaco: Conceito de Depressão É uma alteração de humor expressa por sentimentos de tristeza, desespero e pesismismo. Ocorre a perda de interesse nas atividades cotidianas e podem estar evidentes alguns sintomas físicos. É comum a alteração no padrões de apetite e sono. Os transtornos de humor são os diagnósticos psiquiátricos mais comumente associados ao suicídio. A depressão é um dos fatores de risco mais importante nesses casos. Embora ainda não haja cura para os transtornos do humor, tratamentos eficazes, tanto da depressão quanto para a mania, agora se encontram disponíveis. 2. Epidemiologia Relatório global lançado pela Organização Mundial da Saúde aponta que o número de casos de depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015: são 322 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria mulheres. No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população), enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população). (ONUBR – Nações Unidas no Brasil) A depressão é reconhecidamente um problema de saúde pública e evidencia-se pelo comprometimento das atividades cotidianas do indivíduo, principalmente nos relacionamentos sociais. Existem diversas abordagens no estudo da depressão, uma vez que ela pode ser decorrente de fatores genéticos, psicológicos, familiares e sociais. (STOPA, 2015) 3. Tipos de transtornos depressivos Transtorno depressivo maior (TDM) É caracterizado por humor deprimido ou perda do interesse ou do prazer em atividades cotidianas. As evidencias mostrarão comprometimento no funcionamento social e ocupacional que existia por um período mínimo de duas semanas, sem histórico de comportamento maníaco e com sintomas que não podem ser atribuídos ao uso de substâncias ou a uma clínica geral. (TOWNSEND, 2014) Transtorno distímico Os sintomas são similares ao TDM embora mais leves. O indivíduo com esse transtorno do humor descreve seu temperamento como triste ou “pra baixo”. A característica essencial é um humor cronicamente deprimido (ou possivelmente um humor irritável em crianças e adolescentes) na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois anos. Transtorno depressivo recorrente Esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse, prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades por pelo menos duas semanas. Depressão Atípica Normalmente os quadros de depressão costumam ser melancólicos, em que o paciente apresenta principalmente tristeza e pensamentos de morte, desesperança e inutilidade. A depressão pode ser atípica quando há predomínio de falta de energia, cansaço, aumento excessivo de sono e o humor apático. Depressão psicótica Se enquadra na categoria atípica de pressão maior, onde as pessoas demonstram sintomas psicóticos e comportamento depressivo geral ao mesmo tempo. Como resultado, o sentido de percepção do mundo da pessoa torna-se distorcido. O termo psicose é derivado do grego “psique”, que significa mente, e “ose”, que significa condição anormal. Portanto, é uma condição anormal da mente Conceito de psicose A psicose é um estado mental patológico, no qual o indivíduo perde o contato com a realidade, e pode causar alucinações, alterações de personalidade, desordem de pensamento, comportamento incomum, dificuldades de interação social e manter atividades cotidianas 4. SINTOMAS DO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 1. Humor deprimido na maior parte do dia, praticamente todos os dias como indicado por relato subjetivo. Em crianças e adolescentes o sintoma pode ser humor irritável. 2. Diminuição marcante do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, praticamente todos os dias. 3. Perda significativa de peso quando não está de dieta ou ganho de peso. 4. Insônia ou hipersonia praticamente todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor praticamente todos os dias. 6. Fadiga ou perda de energia praticamente todos os dias. 7. Sensação de que não tem valor ou culpa excessiva. 8. Diminuição na capacidade de se concentrar ou de raciocinar ou indecisão praticamente todos os dias. 9. Pensamento recorrente de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico ou tentativa de suicídio ou tentativa de suicídio ou plano específico para acometer suicídio. Depressão Transitória Desapontamentos diários da vida Depressão leve Resposta normal ao luto Depressão moderada Transtorno distímico Depressão grave Depressão maior 5. FATORES PREDISPONENTES A etiologia da depressão não está totalmente esclarecida. Continuam a surgir evidencias que dão suporte a diversas causas, reconhecendo o efeito combinado de influência genética, bioquímica e psicossocial na suscetibilidade de um indivíduo à depressão. I – Teoria genética Os estudos genéticos implicam a transmissão da pressão grave entre familiares de primeiro grau, que correm risco duas vezes maior de desenvolver depressão em comparação com a população em geral. Para todos os transtorno do humor, gêmeos monozigóticos têm uma taxa de concordância 2 a 4 vezes maior do os dizigóticos. II – TEORIA NEUROQUÍMICA Foi proposto uma hipótese de que o transtorno depressivo pode estar relacionado com a deficiência dos neurotransmissores norepinefrina, acetilcolina, serotonina e dopamina em sítios funcionalmente importantes no cérebro. Uma diminuição no suprimento dessas aminas biogênicas inibe a transmissão de impulsos de um neurônio para outro, impedindo o carregamento das células. A baixa quantidade de neurotransmissores nas sinapses pode ocorrer devido a quatro situações distintas: - Baixa produção de neurotransmissores; - Excessiva destruição de neurotransmissorespor ação enzimática (metabolismo da monoamina oxidase - MAO); - Recaptação dos neurotransmissores antes que eles estimulem o neurônio pós-sináptico. - Redução do número de receptores pós-sináticos. III – TEORIA PSICOSSOCIAL Estresses emocionais são um importante gatilho para o aparecimento da depressão. Muitas vezes, um evento traumático é fator que falta para um indivíduo susceptível desenvolver um processo depressivo. Teoria psicanalítica Freud observou que a melancolia ocorre após a perda de um objeto amado, seja por morte propriamente dita ou por rejeição emocional, ou perda de algum tipo de abstração que o indivíduo valoriza. Sentindo-se abandonada por causa da perda, a pessoa fica com raiva, ao mesmo tempo em que ama e odeia o objeto perdido. Teoria cognitiva Beck et al (1979) propuseram uma teoria que sugere que o distúrbio primário na depressão é cognitivo, e não afetivo. A causa subjacente ao temperamento depressivo é vista como uma distorção cognitiva que resulta em atitudes negativas e de derrota. Distorções cognitivas: 1. Expectativas negativas sobre o mundo. 2. Expectativas negativas sobre si mesmo. 3. Expectativas negativas sobre o futuro. Essas distorções cognitivas surgem a partir de uma falha no desenvolvimento cognitivo, em que a pessoa se sente inadequada, desvalorizada e rejeitada pelos outros. A visão do futuro é pessimista e sem esperança. A teoria cognitiva focaliza em ajudar o indivíduo a alterar o humor mudando a maneira de pensar. O indivíduo é ensinado a controlar as distorções do pensamento negativo que resultam em pessimismo, letargia, procrastinação e baixa autoestima. 6. Curso clínico - Um episódio de depressão não tratado pode durar de 6 a 24 meses antes da remissão. - Das pessoas que tiveram um episódio de depressão, 50 a 60% terão outro. - Após um segundo episódio, há 70% mais chances de recidiva. - Alguns indivíduos com depressão maior 9% apresentam características psicóticas. 7. Tratamento Psicofarmacologia As principais categorias de antidepressivos incluem: - Tricíclicos; - Inibidores da monoamina oxidade (IMAOS); - Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs); - Atípicos. Essas substâncias melhoram o humor e aliviam outros sintomas associados à depressão de moderada a grave. Alguns agentes antidepressivos também são utilizados para tratar transtornos de ansiedade, bulimia nervosa e distúrbio disfórmico pré-menstrual. Antidepressivos Tricíclicos Aliviam os sintomas de desesperança, desamparo, anedonia, culpa inapropriada, ideação suicida e variações diárias de humor. Esse classe de antidepressivo tem um período de atraso de 10 a 14 dias até que atinjam um nível sérico que começa a alterar o sintomas, levam seis semanas para alcançar um efeito completo. - Os antidepressivos tricíclicos são contraindicados em caso de insuficiência hepática e infarto do miocárdio. - Não pode ser usados concomitantemente com IMAOs. - Devem ser usados com cuidados por cliente com glaucoma, hipertrofia prostática benigna, retenção ou obstrução urinária, diabetes melito, hipertireoidismo, doença cardiovascular, prejuízo renal ou distúrbio respiratório. Antidepressivos inibidores da monoaminoxidase Essa classe de antidepressivo é usada com pouca frequencia por causa dos efeitos colaterais potencialmente fatais e de interações com vários fármacos. O efeito colateral mais grave é a crise hipertensiva. Antidepressivos Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) Os ISRSs são a mais nova categoria de antidepressivo, são eficazes para a maioria dos clientes, esses fármacos produzem poucos efeitos colaterais sedativos, anticolinérgicos e cardiovasculares o que torna mais seguro o seu uso por idosos. A insônia diminui em 3 a 4 dias, o apetite volta a um estado relativamente normal em 5 a 7 dias, e a energia retorna em 4 a 7 dias. Em 7 a 10 dias, melhoram o humor, a concentração e o interesse pela vida. Antidepressivo Nome genérico Efeitos colaterais Antidepressivo tricíclicos Imipramina, Clomipramina Boca seca, retenção urinária, prisão de ventre, delírios, sonolência, pressão baixa, tonturas ao levantar, ganho de peso. Inibidores da monoamina oxidade (IMAOS) Selegilina, Pargilina Aumento da pressão, hipotensão postural, ganho de peso, insônia. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) Fluoxetina, Paroxetina Enjoos, boca seca, sonolência, produção excessiva de suor, tremores, inquietação, constipação, cefaleia, problemas de ejaculação, redução da libido, emagrecimento
Compartilhar