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Casos Concretos AV2 resumida

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1 - À luz do Código Civil de 1916...
a) A assertiva acima ainda guarda alguma validade face à nova ordem jurídica civil e constitucional? Fundamente a sua resposta. R: Sim. Deve-se afirmar pela coexistência dos pilares do direito contratual erguidos sob a ótica do CC 1916 e a CRFB de 1988, assim como os referenciais normativos estatuídos no CC 2002. Isso porque vetores que já eram aplicados na época do patrimonialismo continuam sendo reconhecidos pela teoria geral dos contratos estudada e aplicada na contemporaneidade. A título de exemplo podemos citar o princípio da “pacta sunt servanda”, o caráter econômico do contrato e a liberdade de contratar, pautas que ainda servem de base para as relações contratuais. Entretanto há que se levar em consideração que os reflexos decorrentes dos fenômenos da constitucionalização do Direito Civil e da publicização do Direito Privado afetaram essas especificações causando relativização dos seus efeitos. Esses argumentos se justificam pela incidência das cláusulas gerais que correspondem ao princípio da boa fé objetiva, a função social dos contratos, o equilíbrio das relações, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade entre outros que revelam uma nova leitura da Teoria Geral dos Contratos.
b) Elabore um conceito de função social do contrato, indicando se a função social do contrato pode justificar inadimplemento contratual. R: A função social dos contratos consiste em uma cláusula geral prevista no CC, no que tange aos contratos, repercutindo em toda e qualquer tipo ou espécie de relação contratual com reforço dos enunciados 20, 21, 22 e 23 do CJF. Trata-se de um princípio que visa contar o bem estar social, levando em consideração a dignidade da pessoa humana. Diante do exposto, é possível compreender que não há razão para se admitir o inadimplemento contratual com fundamento em tal princípio, uma vez que o caráter econômico do contrato e o interesse das partes diretamente envolvidas não podem ser afastadas sob pena de desnaturalização do contrato. 
2 - Jovenal, prestador de serviços em Curitiba...
i. Pode-se afirmar que houve negociação preliminar? Se afirmativa a resposta, de que forma? R: Sim, ela foi feita por ausentes, através da troca de e-mails.
ii. A proposta feita on-line por Jovenal vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. R: Sim, em razão de ter havido uma proposta propriamente dita, porém, o meio utilizado para formalizá-la for o eletrônico (internet/Messenger). O fato de a forma utilizada para emissão da proposta não ter sido documentada em papel não significa dizer que não se trate de proposta, pois não hã nenhuma ressalva nesse sentido no art. 427 CC. A obrigatoriedade da oferta consiste na vinculação do ofertante ou policitante feita ao ofertado ou oblato, ficando assim obrigado a cumprir os termos da oferta. Isso não se aperfeiçoará se porventura ocorrer quaisquer das hipóteses descritas no art. 428 CC 
iii. Qual o prazo de validade da oferta feita por Jovenal? R: Não há prazo para aceitação da oferta, sendo assim tem que ser aceita imediatamente, pois do contrário a proposta não terá mais efeito.
iv. Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato? R: No momento da aceitação (enunciado 173 CJF).
v. Identifique o lugar da celebração do contrato. R: Entre ausentes é onde foi recebida a proposta, entre presente é onde se aceita proposta. Nesse caso é onde Maria recebeu a proposta. Art. 434 e 435 CC.
3- Lúcia promete à sua Comissão de Formatura... a) Qual é o tipo de obrigação (utilize pelo menos duas classificações) assumida por Lúcia em face da Comissão de formatura e que espécie contratual pode ser identificada? R: Obrigação de fazer previamente determinada. Diante do caso concreto pode-se evidenciar que houve promessa de fato de terceiro.
b) Lúcia poderá ser de alguma forma responsabilizada, mesmo tendo empreendido todos os seus esforços para que a tia cumprisse promessa por ela feita? R: Sim, com base no art. 439 CC, já que estamos diante de uma hipótese de promessa de fato de terceiro, uma vez que sua tia não tinha até então assumido qualquer obrigação.
c) Suponha que por intermédio de Lúcia, a representante da cantora entrou em contato com o Presidente da Comissão e... R: Levando-se em conta que a representante da cantora tinha poderes para praticar atos em seu nome cabe a ela, Ivete, a responsabilidade pelo não comparecimento. Ainda assim é importante registrar que a ausência não se deu em razão dos casos que excluem a responsabilidade obrigacional, previstos no art. 393 caput e parágrafo único.
4 - (OAB 2010.1) Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna... R: Ocorreu neste caso um vício redibitório, tendo em vista que o carro não tinha condições de ser utilizado por Bruna, que o utilizava para trabalho. Art. 441 CC. Caberia Redibição com devolução do valor pago. O polo passivo da demanda é o Edson, por ser o proprietário do carro. Prazo de 180 dias. Art. 445, Par. 1.
5 - (MPDFT – 27º Concurso - adaptada) Considere que foi firmado um contrato particular de promessa de compra de um bem imóvel R.: Se dará a resolução do contrato, pois não há a possibilidade de revisão do contrato. Haverá a devolução do imóvel ao vendedor e do valor pago ao comprador, incidindo sobre esse valor o correspondente ao ágio, bem como os valores inerentes às despesas do negócio e a rescisão contratual.
 
6 - (OAB 2008-3) Tereza, em 10/11/2008, celebrou com Artur Contrato, registrado no cartório competente, contrato este em que ela prometia vender (contrato preliminar) ... R.: Trata-se de contrato de promessa compra e venda (contrato preliminar). Primeiro, Artur pode exigir o cumprimento do contrato em definitivo, já que não existia ali cláusula de retratação estabelecendo um prazo para que Tereza cumpra sua parte. Expirado o referido prazo, poderá Artur requerer a adjudicação compulsória do bem, podendo o juiz suprir a vontade da parte inadimplente. Art. 462 ao 466 CC.
7 - Germano vendeu a Juca uma chácara localizada a poucos quilômetros do centro de Curitiba. Neste contrato fixaram... R.: Trata-se de cláusula especial de preferência (preempção), sob a qual incide a obrigação do comprador em oferecer ao vendedor o bem adquirido se tiver o interesse de aliená-lo nos prazos especificados no art. 513 CC, demandando assim a notificação judicial ou extrajudicial para que o direito de prelação seja exercido. A inobservância dessa disposição ensejará indenização por perdas e danos, nos termos do art. 518 CC. Tal pedido (ação indenizatória) deve ser feita no prazo de 3 anos (prazo prescricional) conforme art. 206, § 3º CC.
b) Não havendo prazo estipulado para o exercício do direito previsto na cláusula especial, qual será o limite temporal máximo? Quando tem início a contagem desse prazo? Esses prazos podem ser alterados pela vontade das partes? R: O prazo de cobertura será de dois anos, devendo sua contagem iniciar a partir da tradição do bem. Tratando-se de prazos de decadência legal, não podem ser alterados pelas partes (podendo apenas ser reduzidos por interpretação do art. 513, CC).
c) Caso a cláusula não seja observada por Juca, que medidas Germano poderá tomar? Explique sua resposta. R: Juca responderá por perdas e danos nos termos do art. 518, CC. O adquirente responderá solidariamente se demonstrado que agiu de má-fé. O prazo decadencial para o exercício dessa pretensão será de 3 anos (art. 206, §3o., V, CC).
8 - [Omissis]. Decidiu a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar processo de casal de São Paulo... a) Identifique e defina o contrato em análise. R.: Contrato de doação, em que uma pessoa por liberalidade transfere parte do seu patrimônio a outra. Art. 555 CC.
b) O STJ deveria ter anulado o contrato de doação em análise? Fundamente sua resposta. R.: Sim, com base no art. 557, IV, em razão dos atos de ingratidão e da recusa da prestação de alimentos aos genitores. Deve selevar em consideração que o rol elencado no art. 557 é meramente exemplificativo. Sendo assim, possível a revogação da doação em decorrência de circunstâncias ali não previstas, cabendo ao tribunal avaliar o caso concreto. Enunciado 33 CJF.
9 - (OAB Unificado 2010.2) Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. Dois anos depois de pactuada a locação... R.: Lei do Inquilinato - 8245/91. Primeiro Vera deveria fazer aqui uma contestação, e o prazo seria na própria audiência. Art. 68, I e IV da Lei 8245/91 (Lei do Inquilinato) e art. 278 CPC. Nessa hipótese deveria ser alegado carência da ação, uma vez que a revisão judicial do aluguel só poderá ser proposta após transcorrido o prazo de 03 anos da vigência do contrato. Nesse sentido, caberia a alegação de extinção do processo sem resolução do mérito, devido ausência de condição da ação.
10- (TJ/PA 2009 adaptada) Mévio realiza, com a instituição financeira K e K S/A, contrato de mútuo no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais... a) Tendo sido Mévio declarado insolvente, é cabível o vencimento antecipado das dez prestações? Fundamente a sua resposta. R.: Sim, levando em conta que trata-se da hipótese descrita no art. 333, I CC – vencimento antecipado do contrato. 
b) Poderá o fiador requerer que antes de ser cobrado o banco busque bens do devedor para satisfazer o seu crédito? Fundamente a sua resposta R.: Sim, é possível, levando-se em conta a disposição do art. 827, caput CC, valendo-se do benefício de ordem, devendo entretanto indicar os bens livres e desembaraçados, situados no município (bens do devedor) e suficientes para pagar a dívida (art. 827, § único).
c) O fiador ao pagar a dívida do afiançado, terá algum direito de reaver o que despendeu? Fundamente a sua resposta. R.: Levando em consideração a regra do art. 346, III, o fiador irá se sub-rogar no direito do credor.
11 - (OAB V Unificado adaptado) Em instrumento particular, subscrito por duas testemunhas, um menor de 16 anos, sem bens, não estabelecido com economia própria nem exercendo atividade laborativa e sendo apenas ... R.: De acordo com o art. 588, o mútuo não poderá ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

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