Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Protozoários parasitos do homem Profa. Dra. Thaiz B. A. R. Miguel thaizrangel@fgf.edu.br PARASITOLOGIA Aula 08 Toxoplasma gondii Toxoplasmose Objetivos O parasito Patologia Sintomatologia Diagnóstico Tratamento Profilaxia Introdução • Toxoplasmose: zoonose que infecta o gato e numerosas outras espécies de vertebrados, inclusive o homem; • Agente causador: protozoário Toxoplasma gondii à parasito intracelular obrigatório, esporozoário; • Toxoplasmose = infecção cosmopolita; • 1/3 população mundial infectada; • Prevalência em cada região está intimamente relacionada à abundância de gatos e aos hábitos alimentares; Introdução • Problema clínico e de saúde pública: infecções em gestantes e pacientes imunocomprometidos (infecção oportunista) à complicações graves e potencialmente fatais; • A imunoINcompetência tem a capacidade de agudizar as formas crônicas da doença à uma das principais causas de morte dos aidéticos e de outros pacientes imunodeprimidos; Toxoplasma gondii • Toxon = arco + plasma = molde à é alongado, encurvado em arco e com uma das extremidades mais atenuada que a outra (lembra a forma de uma banana); Toxoplasma gondii Toxoplasma gondii • Parasito eurixeno (grande variedade de hospedeiros) que infecta mamíferos e aves; • Parasito intracelular obrigatório que invade e se multiplica em qualquer célula nucleada de mamíferos e aves; • Desenvolvem um ciclo SEXUADO nos HOSPEDEIROS DEFINITIVOS (gatos) e um ciclo ASSEXUADO nos HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS (Ex: homem) à nos felídeos: encontra-se também a reprodução esquizogônica (divisão de 1 célula em 3 ou mais novas células) durante a fase assexuada do ciclo de vida do organismo; Toxoplasma gondii • Parasito intracelular à invade células nucleadas variadas dos hospedeiros (células do sistema fagocítico mononuclear, leucócitos e células parenquimatosas): endocitose; • Gatos são os únicos hospedeiros nos quais o T. gondii pode realizar todo o seu ciclo vital; • Os demais animais (mamíferos ou aves) mantêm as fases assexuadas do cicloà hospedeiros intermediários à transmitem a infecção apenas quando a sua carne serve para a alimentação de outros animais (ou do homem), ou quando o fazem por via congênita; Ciclo biológico Gato jovem come camundongos que apresentam toxoplasmose aguda ou crônica (fezes felinas contêm oocistos imaturos de Toxoplasma, alguns dias depois. Ciclo biológico No tubo digestivo dos gatos A eliminação de oocistos pode durar um mês à desaparece. Ciclo biológico No tubo digestivo dos gatos A necropsia de gatos sacrificadps durante o período de eliminação fecal dos parasitos revela a presença de toxoplasmas nas células epiteliais do intestino, Os parasitos que aí penetraram, se arrendondam e começam a multiplicar-se assexuadamente (reprodução esquizogônica), podendo repetir esse ciclo muitas vezes. Ciclo biológico No tubo digestivo dos gatos Logo alguns esquizontes se diferenciam em gamontes, produzindo macro (fêmea) e microgametas (macho), que vão se unir e formar um zigoto à ciclo sexuado = gametogônico. Ciclo biológico No tubo digestivo dos gatos Oocistos formados abondonam as células epiteliais, antes de completarem o seu desenvolvimento e saem para o exterior com as fezes. Oocistos amadurecem no meio externo, para o que requerem oxigênio e produzem 2 esporocistos no seu interior. Ciclo biológico No tubo digestivo dos gatos Cada esporocisto forma 4 esporozoítas. Fase madura dos oocistos = passam a ser infectantes se ingeridos por gatos ou quaisquer outros animais suscetíveis (aves, mamíferos e o próprio homem. Resistem meses ou anos no ambiente! Oocisto A evolução dos toxoplasmas nos tecidos (fora do ciclo gametogônico) compreende a invasão das células do hospedeiro e multiplicação do parasito por processo sexuado. Ciclo biológico Nos tecidos dos hospedeiros Hospedeiros não imunes, com infecção aguda: multiplicação dos toxoplasmas se faz dentro das células parasitadas à formação de agrupamentos parasitáriosà taquizoítos. Nas formas crônicas da infecção, quando os hospedeiros desenvolvem imunidade: toxoplasmas seguem se reproduzindo assexuadamente, porém muito lentamente e formam grandes aglomerados parasitários que segregam envoltórios císticos à bradizoítos. Ciclo biológico • Há 3 estágios de T. gondii infectantes: a) Taquizoítos = alongados e encurvados, em forma de arco à multiplicam-se rapidamente no interior das células; b) Bradizoítos = originados após multiplicação intensa dos taquizoítos (dias ou semanas) à se multiplicam lentamente no interior de cistos teciduais; c) Esporozoítos = responsáveis pela disseminação do parasito no ambiente externo; Ciclo biológico Cisto tecidual Os mecanismos de conversão de taquizoítos em bradizoítos e vice- versa são poucos conhecidos Taquizoítos se convertem em bradizoítos em decorrência da ativação da imunidade celular do hospedeiro Bradizoítos se recovertem em taquizoítos na ausência de estímulos como: Ciclo biológico Ciclo biológico completo do T. gondii nos hospedeiros definitivos e intermediários Ciclo biológico completo do T. gondii nos hospedeiros definitivos e intermediários AVALIAÇÃO/CONCLUSÃO Aspectos biológicos Aspectos biológicos Aspectos biológicos AVALIAÇÃO/CONCLUSÃO Aspectos biológicos • Herbívoros adquirem toxoplasmose mediante a ingestão de oocistos esporulados; • Demais hospedeiros, incluindo felinos e homem: adquirem a infecção tanto pela ingestão de oocistos contendo esporozoítos como pela ingestão de cistos contendo bradizoítos; Aspectos clínicos • Em pacientes imunocompetentes: maioria das infecções é assintomática à menos de 10% dos casos: linfadenopatia febril com linfocitose (período: 4-21 dias); Aspectos clínicos • Podem ocorrer também heptoesplenomegalia, mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular); Aspectos clínicos • Em pacientes imunocomprometidos: reativação de infecções crônicas latentes à sítio mais comum de reativação é o SNC: encefalite caracterizada por febre, letargia e alteração do nível de consciência (convulsões e déficits motores focais); • Transmissão congênita à quadros clínicos de gravidade variável: síndrome típica (calcificação intracraniana, coriorretinite, hidrocefalia ou microcefalia, alterações psicomotoras e convulsões); Aspectos clínicos Diagnóstico clínico • É praticamente impossível na toxoplasmose do adulto, assintomática ou com sintomas indefinidos; • Exame clínico pode apenas sugerir a eventualidade dessas etiologia (estudo das causas das doenças); • As suspeitas são grandes nos casos de retinocoroidite lesões graves na retina, provocando visão borrada, dor, desconforto em ambientes iluminados, vermelhidão e perda parcial ou total da visão, com a criação de pontos cegos. Diagnóstico laboratorial • Existem muitas limitações e dificuldades inerentes às técnicas parasitológicas à métodos sorológicos são os mais comumente usados para o diagnóstico da toxoplasmose; • Durante a fase aguda da infecção, a pesquisa de T. gondii pode ser feita em amostras de creme leucocitário, coletado após a centrifugação do sangue na interface entre as hemáceas e o plasma; • Os esfregaços preparados com o creme leucocitário podem ser examinados ao microscópio (fresco ou após coloração com Giemsa); Diagnóstico laboratorial Diagnóstico laboratorial • PCR: empregada na pesquisa de DNA de T. gondii no líquido amniótico e no líquido cefalorraquidiano; Diagnóstico laboratorial • Na prática clínica: diagnóstico laboratorial se baseia na pesquisa de anticorpos específicos à diferentespadrões de resposta de anticorpos caracterizam a fase aguda (perfil I), a fase de transição (perfil II) e a fase crônica da infecção (perfil III); Fase aguda Fase de transição Fase crônica Perfil I Perfil II Perfil III IgM, IgA, IgE e IgG contra o parasito. IgG, baixos títulos de IgM, ausência de IgA e IgE contra o parasito. Baixos títulos de IgG e ausência de anticorpos das demais classes. NÃO HÁ RISCO DE TRANSMISSÃO CONGÊNITA DE TOXOPLASMOSE EM GESTANTES COM PERFIL III, DESDE QUE ELAS SEJAM IMUNOCOMPETENTES. Diagnóstico laboratorial • Realização de testes sorológicos (ELISA) sequenciais em todas as gestantes sem anticorpos IgG ou IgM específicos à caso haja suspeita clínica ou sorológica (detecção de IgM sem níveis detectáveis de IgG) de infecção durante a gestação = repetir exame sorológico após 3 semanas; • Em pacientes com comprometimento imunológico (infectados pelo HIV): análise de perfil sorológico tende a ser pouco confiável à nestes pacientes, o diagnóstico de toxoplasmose, comumente acomete o SNC à feito com base no quadro clínico e nos exames de imagem; Tratamento • Estudos clínicos são ainda insuficientes para que se possam fixar normas quanto à posologia e à duração da terapêutica; • As drogas efetivas são poucas e bastante tóxicas, nas doses requeridas para o tratamento; Os únicos medicamentos que já demonstraram ser eficazes contra a toxoplasmose aguda de pacientes adultos são combinações de sulfonamidas (antibióticos) com pirimetamina (medicamento usado no combate às infecções causadas por protozoários). Tratamento • Sulffadiazina (adultos: 4g/dia dividida em 4 tomadas) + pirimetamina (adultos: 75 mg no primeiro dia, seguidos de 25 mg/dia) por 4-6 semanas, acompanhada de 10-15 mg/dia de ácido folínico; • Gestação: espiramicina (3g/dia divididos em 3 tomadas diárias) ou clindamicina = prevenção da toxoplasmose congênita à tratamento durante 21 semanas ou até o final da gestação; • Toxoplasmose congênita: sulfadiazina (100 mg/kg/dia divididos em 2 tomadas diárias) e pirimetamina (dose de ataque 2 mg/kg/dia durante 2 dias, seguidos de 1 mg/kg/dia durante 2 a 6 meses e de 1 mg/kg 3 vezes/semana) por período de 12 meses; Tratamento • Terapia tem caráter supressivo quando age sobre toxoplasmas em fase proliferativa (taquizoítas), mas deixando fora de alcance os bradizoítos, protegidos pelas formações císticas à por isso as principais indicações terapêuticas são para o tratamento de processos e lesões em atividade; Quando há intolerância às sulfas, pode-se usar Clindamicina como medicação alternativa, por via endovenosa: 900 -1.200 mg a cada 6-8 horas, durante 6 semanas, associada à Pirimetamina. Prevenção e controle • Brasil: 70 e 80% dos adultos = evidência sorológica de infecção crônica por T. gondii; • Dados se referem principalmente à gestantes participantes de programas de cuidado pré-natal em grandes cidades; • Infecções contraídas pela ingestão de oocistos contaminando a água e os alimentos; • Presença de gatos (especialmente de filhotes) nos domicílios pode ser um fator de risco para a infecção; Prevenção e controle AVALIAÇÃO/CONCLUSÃO AVALIAÇÃO ABC, paciente de 18 anos, primigesta, iniciou acompanhamento pré- natal na 12ª semana de gestação. Na 32ª semana de gestação foi encaminhada ao Ambulatório de Gestação de Alto Risco. O exame ultrassonográfco obstétrico não demonstrou qualquer anormalidade. Na 33ª semana de gestação foi realizada a amniocentese. O exame ultrassonográfco obstétrico, realizado na 33ª semana, evidenciou aumento dos ventrículos cerebrais laterais, microcalcificações encefálicas e placentomegalia. A paciente relatou que durante a gestação manteve contato com gatos, lixo peridomiciliar e ocasionalmente consumia queijos frescos e vegetais in natura, mas não carnes cruas ou mal passadas. O parto foi normal, com 39 semanas. O recém-nascido, de sexo feminino, na tomografa de crânio apresentou dilatação ventricular e microcalcifcações cerebrais. Apgar 3-8. Em mapeamento da retina constatou-se comprometimento ocular. AVALIAÇÃO Quais exames deveriam ser pedidos para confirmar Toxoplasmose? AVALIAÇÃO Reatividade IgM, IgG e IgA anti-T. gondii no sangue materno e líquido amniótico. AVALIAÇÃO DEF, 28 anos, do sexo masculino, rac ̧a branca, queixa de baixa acuidade visual há aproximadamente cinco dias, juntamente com moscas volantes, fotofobia, vermelhidão e dor ocular. Referiu também episódio semelhante no mesmo olho há tre ̂s anos. No exame ocular observamos: - Acuidade visual com correc ̧ão de 1.0 em olho direito e 0.2 em olho esquerdo; refração estática em OD + 1.50 DE OE + 1.00 DE; - Musculatura extrínseca ocular sem alterac ̧ões; - Defeito pupilar aferente em olho esquerdo; - Biomicroscopia: OD sem alterações OE hiperemia ciliar, edema corneal discreto, precipitados ceráCcos branco amarelados. Pressão intraocular OD 16 mmHg e OE 14 mmHg às 14:00 horas. - ONalmoscopia indireta: OD normal OE papila ópCca com discreta palidez, lesões de reCnocoroidite cicatrizadas em região perimacular temporal e lesão satélite em região temporal inferior branco amarelada, com bordos imprecisos. AVALIAÇÃO Reatividade IgM, IgG e IgA anti-T. gondii no sangue e exame de fundo de olho Referências • Ferreira, M.U. Parasitologia Contemporânea. Editora: Guanabara Koogan, 2017; • Neves, D.P. Parasitologia humana. 12ª edição. Editora: Atheneu, 2011; • Rey, L. Bases da parasitologia médica. 3ª edição. Editora: Guanabara Koogan, 2010; • Rey, L. Parasitologia. 4ª edição. Editora: Guanabara Koogan, 2011; • BRENNER, B. Parasitologia. Coleção Bibliográfica Universitária Pearson (Pearson Education do Brasil), 2015. Disponível em: http://fgf.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543012124/pages/-10;
Compartilhar