Buscar

Direitos Humanos - AV1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Jadson de Melo
Direitos Humanos – AV1
Evolução dos Direitos Humanos
O que se conta nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda a história; a revelação de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes do mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém, nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação, pode afirmar-se superior aos demais.
Evolução dos direitos humanos a partir de 1945
Ao emergir da Segunda Guerra Mundial, após três lustros de massacres e atrocidades de toda sorte, iniciados com fortalecimento do totalitarismo estatal nos anos 30, a humanidade compreendeu, mais do que em qualquer outra época da História, o valor supremo da dignidade humana. O sofrimento com matriz da compreensão do mundo e dos homens, segundo a lição luminosa da sabedoria grega, veio aprofundar a afirmação histórica dos direitos humanos.
A Declaração Universal, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, e a Convenção Internacional sobre a prevenção e punição do crime de genocídio, aprovada um dia antes também no quadro da ONU, constituem os marcos inaugurais da nova fase histórica, que se encontra em pleno desenvolvimento.
Após o término da 2ª GM, dezenas de convenções internacionais, exclusivamente dedicadas à matéria, foram celebradas no âmbito da ONU ou das organizações regionais, e mais de uma centena foram aprovadas no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Não apenas os direitos individuais, de natureza civil e política, ou os direitos de conteúdo econômico e social forma assentados no plano internacional. Afirmou-se também a existência de novas espécies de direitos humanos: direitos dos povos e direitos da humanidade.
Dois Pactos Internacionais, celebrados no quadro da ONU em 1966, compendiaram o conjunto dos direitos civis e políticos, bem como os direitos econômicos, sociais e culturais. Em 1981, na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, reconheceu-se que todos os povos devem ser tratados com igual respeito, tendo direito à autodeterminação, à livre disposição se sua riqueza e de seus recursos naturais, ao desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como à paz e à segurança.
Sem dúvida, o reconhecimento oficial de direitos humanos, pela autoridade política competente, dá muito mais segurança às relações sociais. Ele exerce, também, uma função pedagógica no seio da comunidade, no sentido de fazer prevalecer os grandes valores éticos, os quais, sem esse reconhecimento oficial, tardariam a se impor na vida coletiva.
No terreno dos chamados direitos fundamentais, isto é, os direitos humanos reconhecidos expressamente pela autoridade política existem uma hierarquia normativa? O direito internacional prevalece sobre o direito interno, ou trata-se de suas ordens jurídicas paralelas? Nesta última hipótese, como resolver os eventuais conflitos normativos entre o direito internacional e o direito interno?
Convém deixar aqui assentado que as tendências predominantes, hoje, são no sentido de se considerar que as normas internacionais e direitos humanos, pelo fato de exprimirem de certa forma a consciência ética universal, estão acima do ordenamento jurídico de cada Estado. Em várias Constituições posteriores à Segunda Guerra Mundial, aliás, já se inseriram normas que declaram de nível constitucional os direitos humanos reconhecidos na esfera internacional. O Brasil veio, porém, contrariar essa tendência com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, de 08 de dezembro de 2004, a qual introduziu no art. 5º da Constituição Federal um § 3º, com a seguinte redação:
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que foram aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
No plano internacional, ninguém mais contesta o princípio da supremacia absoluta da norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens).
Os princípios axiológicos supremos correspondentes à tríade famosa da tradição republicana francesa, reafirmada no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: liberdade, igualdade, fraternidade (ou solidariedade).
Liberdade – é a ideia de autonomia, isto é, de submissão de cada qual às normas por ele mesmo editadas. Uma sociedade livre é aquela que obedece às leis que ela própria estabelece e aos governantes por ela escolhidos. O pensamento clássico vê, pois, no autogoverno, sob o império da lei, a característica essencial de uma sociedade livre.
Igualdade – as revoluções do final do século XVIII assentaram, com a abolição dos privilégios estamentais, a igualdade individual perante a lei. Abriu-se, com isso, uma nova divisão da sociedade, fundada não já em estamentos, mas sim em classes: os proprietários e os trabalhadores.
Fraternidade – com base no princípio da fraternidade (solidariedade) passou a serem reconhecidos com direitos humanos os chamados direitos social, que se realizam pela execução de políticas públicas, destinadas a garantir amparo e proteção social aos mais fracos e mais pobres: ou seja, aqueles que não dispõem de recursos próprios para viver dignamente.
As Características dos Direitos Humanos
Os Direitos Humanos, tecnicamente considerados como direitos humanos fundamentais, ditos de primeira geração, investidos do caráter internacional, encontram-se elencados na “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e gozam de destacada posição na hierarquia do ordenamento jurídico, apresentando características que elevam seu poder e seu âmbito de atuação, quais sejam: a imprescritibilidade, a inalienabilidade, a irrenunciabilidade, a inviolabilidade, a universalidade; a efetividade a interdependência e a complementaridade.
“Quanto aos princípios estruturais dos direitos humanos, eles são de duas espécies: a irrevogabilidade e a complementaridade solidária.
O principio da complementaridade solidária dos direitos humanos de qualquer espécie foi proclamado solenemente pela Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993, nos seguintes termos: Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar dos direitos humanos globalmente, de modo justo e eqüitativo. Com o mesmo fundamento e a mesma ênfase. Levando em conta a importância das particularidades nacionais e regionais, bem como os diferentes elementos de base históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados. independentemente de seus sistemas políticos, econômicos e culturais, promover e proteger todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais’.”
(Fábio Konder Comparato — A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos)
As principais características doutrinárias atribuídas aos Direitos Humanos fundamentais são:
(1) Historicidade. São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-se e desaparecem. Eles apareceram com a revolução burguesa e evoluem, ampliam-se, com o correr dos tempos;
(2) Inalienabilidade. São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis;
(3) Imprescritibilidade. O exercício de boa parte dos direitos fundamentais ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica (...). Se são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição;
(4) Irrenunciabilidade. Não se renunciam direitos fundamentais. “Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite que sejam renunciados.”
(José Afonso da Silva — Curso de Direito Constitucional Positivo)
(5) Universalidade:todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses direitos, independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade, convicções; 
(6) Inviolabilidade: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou autoridade; 
(7) Indisponibilidade: esses direitos não podem ser renunciados. Não cabe ao particular dispor dos direitos conforme a própria vontade devem ser sempre seguidos; 
(8) Complementariedade: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não havendo hierarquia entre eles;
(9) Efetividade: devem ser criados todos os mecanismos possíveis á efetivação desses direitos;
(10) Limitabilidade: esse princípio vem demonstrar que não há direitos fundamentais absolutos, pois estes podem sofrer limitação no caso de confronto ou conflito com outros princípios, ou ainda, em casos de grave crise institucional, como ocorre, por exemplo, na decretação do Estado de Sítio; 
(11) Concorrência: esse princípio revela a possibilidade de se exercerem esses direitos concorrencialmente ou cumulativamente.
Encerrando este primeiro Capitulo, cabe enfatizar que os Estados, exatamente os incumbidos de assegurar a proteção e garantir a eficácia dos Direitos Humanos, são, via de regra, os maiores violadores dos Direitos Humanos em todo lugar, em todos os tempos.
“É incontestável, entretanto, que a incapacidade dos Estados para a promoção dos direitos humanos contemplados em seus textos constitucionais conduziu á internacionalização desses mesmos direitos.”
(Nilmário Miranda — Direitos Humanos, Soberania e Desafios da Nacionalidade para o Terceiro Milênio)
E numa perspectiva mais radical, pode-se concluir que o Estado, pela simples razão de ser Estado, enfrenta o paradoxo de, simultaneamente, desempenhar um duplo papel, de defensor e de violador dos Direitos Humanos.
“Seríamos tentados a dizer que ocorreu uma inversão radical da fórmula de Hobbes, todos os Estados são bons (o Estado é bom pelo simples fato de ser Estado), enquanto hoje todos os Estados são maus (o Estado é mau, essencialmente, pelo simples fato de ser Estado).”
(Norberto Bobbio - A Era dos Direitos)
Tal paradoxo tem gerado o reconhecimento da imperatividade da internacionalização dos Direitos Humanos de modo a sobrepor-se a todos os demais, uma vez que sua efetiva garantia não pode flutuar ao sabor da consciência de determinado governante de plantão, ou mesmo de uma única sociedade, isto porque baseada em valores culturais comuns, muitas vezes extremamente arraigados e impermeáveis á pluralidade preconizada pelos princípios da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
Direitos Humanos no Brasil
Os direitos humanos no Brasil são garantidos na Constituição de 1988. Nessa constituição, consagra no artigo primeiro o princípio da cidadania, dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho. Ao longo da constituição, encontra-se no artigo 5º o direito a vida, a privacidade, a igualdade, a liberdade, além de outros, conhecidos como direitos fundamentais, que podem ser divididos entre direitos individuais, coletivos, difusos e de grupos. Os direitos individuais têm como sujeito ativo o indivíduo humano, os direitos coletivos envolvem a coletividade como um todo, direitos difusos, aqueles que não conseguimos quantificar e identificar os beneficiários e os direitos de grupos é, conforme o Código de Defesa do Consumidor, são direitos individuais "homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum". 
Os brasileiros continuam a zelar pelos direitos humanos perante todo o tipo de autoridades e na defesa da sua sociedade em diferentes vias.
A história dos direitos humanos no Brasil está vinculada com a história das constituições brasileiras. Na constituição de 1824 garantia direitos liberais, por mais que concentrasse poder nas mãos do imperador. Foi rejeitada em massa por causa da dissolução da constituinte. A inviolabilidade dos direitos civis e políticos contidos na constituição tinham por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade. Na constituição de 1891, a primeira constituição republicana, garantiu sufrágio direto para a eleição dos deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República, mas impediu que os mendigos, os analfabetos e os religiosos pudessem exercer os direitos políticos. A força econômica nas mãos dos fazendeiros permitiu manipular os mais fracos economicamente. Com a Revolução de 1930, houve um desrespeito aos direitos humanos, que só seria recuperado com a constituição de 1934. Em 1937, com o Estado Novo, os direitos humanos eram quase inexistentes. Essa situação foi só recuperada em 1946, com uma nova constituição, que durou até 1967. Durante o Regime Militar, houve muitos retrocessos, como restrições ao direito de reunião, além de outros. Essa situação acabou com a constituição de 1988, que dura até os dias de hoje. 
Classificação dos Direitos Humanos
No que concerne à classificação dos direitos humanos, segundo sua evolução ao longo dos tempos, verifica-se a existência de doutrinadores que os classificam segundo “gerações”, e outros, que assim o fazem segundo “dimensões” de direitos. Nesse sentido, analisaremos estas classificações e algumas críticas que lhes são feitas. A expressão "gerações de direitos do homem", foi utilizada pela primeira vez pelo jurista tcheco Karel Vasak no final dos anos setenta (1979), com intuito de se tentar traçar um paralelo entre a evolução dos direitos humanos e o lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade). Destarte, principalmente após uma maior divulgação da doutrina por Norberto Bobbio, parte dos cientistas do direito a ampliaram, e classificaram os direitos fundamentais em quatro gerações, como se segue: 
Primeira geração: Seriam os direitos civis e políticos, traduzidos no valor liberdade. Revelam a necessidade de um não fazer, um não agir, por parte do Estado – são direitos negativos ou não onerosos (surgiram com a Magna Carta Libertatum, de 1215, do Rei João Sem Terra);
Segunda geração: Seriam os direitos econômicos, sociais e culturais, traduzidos no valor igualdade. Revelam a necessidade de um agir (uma prestação) por parte do Estado na implementação das políticas públicas, sociais e culturais (surgiram com a Revolução Industrial do século XIX, devido as degradantes condições de trabalho impostas aos operários e trabalhadores da época); 
Terceira geração: Seriam os direitos de solidariedade que englobam entre outros, a tutela dos interesses difusos e coletivos, o desenvolvimento do ser humano e o direito à paz sem abdicar da autodeterminação dos povos e do progresso. Traduzem o valor fraternidade, e surgiram devido a gritante velocidade da evolução científica e tecnológica a que foi submetida à humanidade, além do fenômeno da globalização econômica. 
Quarta geração: Foi acrescida à doutrina original (que previa apenas as três gerações supramencionadas). Aqui há diversos entendimentos, como por exemplo: os que entendem que essa geração revela o direito à informação, à democracia direta e ao pluralismo; e os que entendem que dispõe sobre a evolução no âmbito da engenharia genética e sobre a área de informática.
Críticas que são feitas à classificação em “gerações” de direitos: 
a) Alguns doutrinadores entendem que o uso da expressão “geração” pode incutir a falsa impressão de que uma geração substitui a outra. Todavia, o que se observa na verdade é que há a concorrência de direitos e não a sucessão; 
b) A evolução dos direitos fundamentais no tempo, não segue a ordem das gerações dispostas (liberdade, igualdade, fraternidade), em todas as situações, ou seja, não há uma real retratação da verdade histórica. 
c) Há o entendimento por parte da doutrina de que não deve haver a diferenciação entre os direitos de primeira geração como direitos negativos, não onerosos, e os direitos de segunda geração como direitos a prestações por parte do Estado, pois isso, nem sempre se observaria. Por exemplo: há direitos sociais (ex.: de greve) onde se denota um não agirpor parte do Estado, e, nada obstante, há direitos de primeira geração (ex.: direito de petição) cujo cumprimento se observa através de um agir por parte do Estado.
d) Parte dos doutrinadores entendem que os direitos fundamentais não devem ser separados em gerações, pois não se deve, por exemplo, priorizar direitos de liberdade em detrimento dos sociais, ou vice-versa. Isto posto, principalmente face estas críticas e ao entendimento de que não há sucessão entre as gerações (uma geração não substitui a outra) dos direitos fundamentais, os doutrinadores mais recentes têm optado pelo termo “dimensões”, vez que defendem a existência de “dimensões de limitação do poder do Estado” em face dos direitos humanos. Os que adotam o termo, porém, também dividem os direitos em quatro dimensões, seguindo a mesma evolução e disposição das supramencionadas gerações dos direitos
Destarte, entende parte da doutrina, que a única forma de se preservar a teoria das dimensões dos direitos fundamentais é analisá-la observando se um determinado direito está presente em múltiplas dimensões que, por sua vez, estão na mesma realidade dinâmica, quais sejam: dimensão individual-liberal (primeira dimensão); dimensão social (segunda dimensão); dimensão de solidariedade (terceira dimensão); e dimensão democrática (quarta dimensão), já que não há hierarquia entre as dimensões. Em suma, cada direito fundamental (ex.: direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado) deverá ser analisado em todas as quatro dimensões, já que cada uma delas conceberá de uma nova forma o direito analisado.
Princípios Fundamentais, Gerais e Setoriais ou Especiais
Segundo definição de Luis Roberto Barroso, “princípios constitucionais são precisamente, a síntese dos valores mais relevantes da ordem jurídica – consubstanciam as premissas básicas de uma dada ordem jurídica, irradiando-se por todo o sistema – indicam o ponto de partida e os caminhos a serem percorridos”. 
A classificação dos princípios, no que concerne sua abrangência dentro do sistema normativo, se dará em: princípios fundamentais, princípios gerais e princípios setoriais ou especiais. 
Princípios Fundamentais: São aqueles responsáveis pela estruturação e pela organização política do Estado. Constituem cláusulas pétreas (imutáveis) do ordenamento, podendo, todavia, expandirem-se primando sempre pela integração do sistema normativo infraconstitucional (Ex.: Princípio Republicano, Federativo, do Estado Democrático de Direito, etc). 
Princípios Gerais: As maiorias das vezes especificam os princípios fundamentais irradiando-se por todo o sistema normativo como se fosse um desdobramento destes. Normalmente definem direitos, como ocorre, por exemplo, no princípio da legalidade, no princípio da liberdade, no princípio da isonomia, etc. 
Princípios Setoriais ou Especiais: Irão atuar e informar apenas um determinado ramo jurídico, um determinado título ou capítulo da CF (Ex.: as vezes podem apenas explicitar os princípios gerais – ex: princípio da legalidade aplicado ao direito penal, ao direito tributário ou ao direito administrativo; ou as vezes podem ser autônomos –ex.: princípio da defesa do consumidor ou da defesa do meio ambiente). 
Isto posto, faz-se oportuno ressaltar que os princípios servirão de fundamento para as decisões políticas fundamentais do Estado, atuarão na busca da unidade do sistema normativo e, por derradeiro, condicionarão a atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de acordo com as premissas básicas definidas.
Tratados internacionais de direitos humanos: noções gerais e a problemática em redor da hierarquia legal
Atualmente, é inegável a influência do Direito Internacional no ordenamento jurídico interno dos países, adquirindo aquele uma importância gradativamente maior na ordem judicante mundial e, sobretudo, nos Estados alicerçados em um universo jurídico positivado, como é o caso, por exemplo, do Brasil.
Uns dos grandes responsáveis por tal autoridade do Direito Internacional na atual configuração mundial são os Tratados Internacionais, uma vez que servem de sustentáculo normativo do Sistema Internacional, funcionando como fontes do Direito Internacional e Interno, além de causarem diversos impactos aos Estados e sujeitos de Direito Internacional signatários, o que os caracteriza como instrumentos normativos de grande complexidade.
O que ocorre no Brasil não é diferente, eis que, uma vez assinado, aprovado e ratificado um tratado internacional, o mesmo incorporar-se-á à ordem jurídica interna, adquirindo uma hierarquia normativa variável de acordo com as diferentes correntes doutrinárias versantes acerca do ordenamento jurídico internacional, bem como, com o assunto envolvido na espécie normativa supracitada, isto é, quer seja sobre direitos humanos ou acerca de matéria distinta.
Destarte, ante a amplitude dos temas concernentes às convenções internacionais, é salutar afirmar que o presente trabalho focar-se-á na análise dos tratados internacionais e, sobretudo, nos de direitos humanos, haja vista serem uma modalidade bastante peculiar dessa fonte do direito, buscando explorar o procedimento de incorporação dos mesmos à ordem jurídica interna brasileira, abailando, ademais, a hierarquia normativa e a resolução de conflitos entre um tratado internacional e uma lei interna.
Com isso, almeja-se tornar de fácil assimilação o estudo de instituto tão valioso à esfera judicante nacional e supranacional, permitindo o amplo entendimento de seus caracteres, ao passo que se busca explicitar e clarificar as concepções doutrinárias e jurisprudenciais mais atuais e afins ao tema dos tratados internacionais.
1. Tratado Internacional: conceito e noções gerais
Nos termos do artigo 38, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os tratados ou convenções internacionais são considerados fontes do Direito Internacional, funcionando como importantes mecanismos jurígenos ao lado dos costumes e dos princípios gerais do Direito.
De outra banda, a Convenção de Viena, criada em decorrência da necessidade de disciplinar o processo de formação dos tratados internacionais, importante tratado concluído em 1969, porém ainda não ratificado pelo Brasil, concebe o tratado como sendo “um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”, excluindo, destarte, a participação das organizações internacionais, ao se limitar aos acordos celebrados unicamente entre os Estados-partes ou signatários, isto é, entre os Estados soberanos que expressamente consentiram na adoção da convenção.
Contudo, creio que a melhor doutrina é bem representada pelo emérito Louis Henkin, ao se referir aos tratados como sendo:
“acordos obrigatórios celebrados entre sujeitos de Direito Internacional, que são regulados pelo Direito Internacional. Além do termo ‘tratado’, diversas outras denominações são usadas para se referir aos acordos internacionais. As mais comuns são Convenção, Pacto, Protocolo, Carta, Convênio, como também Tratado ou Acordo Internacional. Alguns termos são usados para denotar solenidade (por exemplo, Pacto ou Carta) ou a natureza suplementar do acordo (Protocolo)”.
Neste norte, depreende-se que as lições deste ilustre doutrinador admitem, também, a celebração de convenções pelas organizações internacionais, pela Santa-Sé, pelos beligerantes e insurgentes, excepcionalissimamente, em contraponto à disciplina dos tratados expressa na Convenção de Viena de 1969.
Nos termos dos conceitos supra, é salutar destacar que os tratados, no concernente ao número de signatários, podem ser classificados como bilaterais ou multilaterais, relativamente ao número de sujeitos de Direito Internacional envolvidos. Serão, pois, bilaterais os convênios estipulados por dois entes de Direito Internacional, ao passo que, enquadrar-se-ão como multilaterais, os tratados firmados  entre três ou mais sujeitos.Há quem fale, outrossim, em convenções coletivas, referindo-se àqueles ajustes aderidos por inúmeros acordantes, como é o caso, por exemplo, dos ajustes assinados sob a égide da ONU, possuindo amplo alcance e interesse geral.
Procedendo-se com a análise deste tema, há de se mencionar que as convenções internacionais, para serem válidas e produzirem seus efeitos no âmbito internacional e interno, devem observar inúmeros requisitos, os quais podem ser divididos em condições de validade intrínsecas e extrínsecas.
São requisitos de validade intrínsecos os mesmos que devem ser observados quando da feitura de contratos civis, quais sejam: a capacidade dos agentes, o consentimento mútuo e livre; a existência de objeto lícito e possível. 
A capacidade dos agentes resta materializada: na soberania dos Estados signatários; na habilitação de plenos poderes dos representantes estatais responsáveis pela conclusão dos acordos; na autorização para acordar, conferida pelos respectivos atos constitutivos às organizações internacionais; na possibilidade de a Santa-Sé firmar convenções; na permissão concedida aos beligerantes e insurgentes para firmarem tratados acerca dos conflitos em que estiverem envolvidos.
Por sua vez, o consentimento mútuo e livre se caracteriza como a convergência de vontade das partes signatárias, a qual deve ser manifestada de maneira formal, livre, inequívoca e imaculada, isto é, ausente de vícios de consentimento, entre eles, o dolo, o erro e a coação, o que, em ocorrendo, importaria a nulidade da avença. Essa condicionante se encontra relacionada ao princípio do pacta sunt servanda, haja vista que os  tratados internacionais somente se aplicam às partes que o ratificarem.
A seu turno, a licitude do objeto convencionado envolve o plano do Direito e da Moral, enquanto que a possibilidade do objeto deve ser entendida em seu âmbito jurídico e material. Como exemplo de invalidade jurídica do convênio, é de se destacar o ocorrido com o Tratado sobre Espaço Exterior, em 1967, posto que, à época, o homem não havia chegado efetivamente à Lua.
Já as condições de validez extrínsecas são mais específicas e inerentes  apenas ao instrumento de Direito Internacional em comento. São elas: a redação e a observância do procedimento específico inerente à incorporação de tal instituto de Direito Internacional.
Primeiramente, a redação é essencial, posto que o tratado nos moldes das Convenções de Havana e de Viena devem ser escritos, compreendendo um preâmbulo e uma parte dispositiva, os quais devem observar inúmeras formalidades para que sejam reputados como válidos. Tal requisito é imprescindível e se encontra umbilicalmente conectado à obrigatoriedade de manifestação expressa da vontade dos entes signatários.
Igualmente, o procedimento a ser seguido para a efetivação da incorporação do tratado internacional é de observância obrigatória, devendo serem observadas as fases de assinatura, aprovação e ratificação, as quais serão estudadas a fundo no tópico que segue.
2. Processo de formação e extinção dos tratados
São várias as etapas de formação de um tratado internacional, devendo se afirmar que o processo se inicia nas fases de negociação, conclusão e assinatura da convenção, conjunto de atos atribuídos à competência do Poder Executivo. Neste ponto, impende destacar que a assinatura é um ato meramente formal e representativo de um aceite precário e provisório, não irradiando, destarte, quaisquer efeitos jurídicos e indicando, apenas, a autenticidade e definitividade do tratado.
Após tal passo, ocorrerá, no ordenamento jurídico pátrio, a análise e a aprovação do texto do acordo internacional pelo Poder Legislativo, momento em que, sendo aprovado o convênio, haverá o encaminhamento do mesmo ao Executivo, a fim de que seja ratificado, isto é, confirmado, o que implica na obrigatoriedade do tratado no Estado ou entidade signatária e a produção de efeitos no âmbito internacional.
Em sequência à ratificação do tratado, vem a publicação, que deve ocorrer em jornal oficial e são adotada por todos os países, ressalvadas, apenas, algumas ligeiras peculiaridades no procedimento. A Convenção de Havana, todavia, em seu artigo 4º, reza que: “Os tratados serão publicados imediatamente depois da troca das ratificações. A omissão, no cumprimento desta obrigação internacional, não prejudicará a vigência dos tratados, nem a exigibilidade das obrigações neles contidas”.
Por último, há o registro, que advém do princípio condenatório da diplomacia secreta e se encontra relacionado à exigibilidade do mesmo. Nestes termos, a Carta das Nações Unidas, por exemplo, determina que todos os Tratados devem ser registrados no Secretariado da ONU, uma vez que somente os dotados de tal registro poderão ser invocados perante tal organização. Frise-se, ainda, que outras organizações internacionais também podem exigir o registro de determinadas convenções.
Observadas tais etapas de formação do tratado internacional, o mesmo reputar-se-á válido, passando a produzir efeitos no âmbito dos sujeitos acordantes,  obrigando os signatários e podendo ser extinto, apenas, quando: cumpridas as obrigações estipuladas; consentido pelas partes; verificado condição resolutiva; pela renúncia da parte exclusivamente beneficiada pela convenção; ocorrida a denúncia; demonstrada a sua inexequibilidade; operada a caducidade.
Nesse diapasão, a denúncia consiste em uma modalidade ímpar de extinção dos efeitos de um tratado, face às suas peculiaridades. Isto é, a denúncia se dá em virtude de um ato unilateral pelo qual a parte requerente manifesta a vontade de não mais ser parte no acordo. Destarte, em regra, a denúncia não extingue o tratado, pois a saída de apenas uma Parte não afeta um tratado que tenha, originalmente, mais de duas Partes; a seu turno, a denúncia a um tratado bilateral necessariamente o extingue.
3. Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos
O estudo da hierarquia dos tratados internacionais refere-se ao impacto da referida convenção no ordenamento jurídico interno, isto é, do Estado signatário. Em outras palavras, conecta-se ao poder de suplantar as leis internas de um Estado incorporador, inibindo seus efeitos em casos de conflitos normativos. Para tanto, pode-se caracterizar os tratados como sendo de hierarquia: supraconstitucional; constitucional; infraconstitucional, porém, supralegal; infraconstitucional legal.
Neste ponto, há que se apreciar a hierarquia dos acordos internacionais em três momentos distintos, isto é, em período anterior à Constituição Federal de 1988; após o advento da Carta Magna vigente, porém, antes da EC nº 45/1004; em época posterior a respectiva emenda à Constituição. Ainda, é mister distinguir os tratados internacionais sobre direitos humanos daqueles versantes acerca de matérias diversas, uma vez que a própria Lex Funadamentalis lhes concebe tratamento distinto, conforme se fará esclarecido nos parágrafos que seguem.
A princípio, o Supremo Tribunal Federal entendia que os tratados internacionais possuíam vigência e eficácia imediatas na ordem jurídica interna, com vida e força próprias. Tempos após, mais especificamente em 1977, através do julgamento do Recurso Extraordinário n. 80.004, o STF acolheu o sistema que equiparava juridicamente todos os tratados internacionais à legislação federal, admitindo a hierarquia infraconstitucional e concluindo, destarte, pela aplicabilidade do princípio lex posterior derogat priori  (lei posterior revoga lei anterior com ela incompatível), o que é, com fulcro no artigo 27, da Convenção de Viena sobre o direito dos tratados, inconcebível, eis que “Uma Parte não pode invocar as disposições do seu direito interno para justificar o descumprimento de um tratado”.
Conforme tal inteligência, destaque-se trecho da decisão não unânime proferida no HC n. 72.131/RJ, do STF: “[...] inexiste, na perspectiva do modelo constitucional vigente no Brasil, qualquer precedência ou primazia hierárquico-normativa dos tratados ou convenções internacionais sobreo direito positivo interno, sobretudo em face das cláusulas inscritas no texto da Constituição da República, eis que a ordem normativa externa não se superpõe, em hipótese alguma, ao que prescreve a Lei Fundamental da República.”
De outra banda, com a emergência da Carta Constitucional de 1988, a conjuntura sofreu mudanças no pertinente aos tratados internacionais de direitos humanos. Em outras palavras, urge destacar que os pactos internacionais foram permeados de hierarquia infraconstitucional e supralegal, ora, extraída do art. 102, III, b, da Carta Magna, ao passo que, aos tratados internacionais de direitos humanos, fora atribuída a hierarquia constitucional, em virtude do dispositivo inscrito nos §§1º e 2º, do artigo 5º, da CF, sendo dotados de força obrigatória, ou seja, jus cogens.
Corroboram com tal corrente os ilustres ensinamentos de José Joaquim Gomes Canotilho, ao afirmar: “O programa normativo-constitucional não se pode reduzir, de forma positivística, ao 'texto' da Constituição. Há que densificar, em profundidade, as normas e princípios da constituição, alargando o 'bloco de constitucionalidade' a princípios não escritos, mais ainda reconduzíveis ao programa normativo-constitucional, como formas de densificação ou revelação específicas de princípios ou regras constitucionais positivamente plasmadas”.
Entretanto, após a Emenda Constitucional n. 45/2004, que acrescentara à CF/88 um §3º ao artigo 5º, uma grande problemática pairou no tocante à hierarquia constitucional dos tratados de direitos humanos anteriores à inclusão do retrocitado parágrafo, uma vez que o mesmo atribui eficácia constitucional unicamente aos acordos aprovados em dois turnos e mediante quorum qualificado de três quintos, em contraponto à aprovação por maioria absoluta superada por tal emenda.
Contudo, tal questão resta ultrapassada pelo simples fato de que o método de aprovação antigo, baseado na ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, excedia tal quorum de três quintos dos membros em cada Casa Legislativa. Outrossim, frise-se que, por força do §2º, do artigo 5º, da CF, todos os tratados de direitos humanos, independentemente do quorum de aprovação, já são materialmente constitucionais, razão pela qual há de se salientar que a inovação do §3º, do mesmo artigo da CF, está tão só a reforçar tal natureza constitucional dos referidos acordos.
Nesta vertente, Flávia Piovesan defende com bastante propriedade: “Não seria razoável sustentar que os tratados de direitos humanos já ratificados fossem recepcionados como lei federal, enquanto os demais adquirissem hierarquia constitucional exclusivamente em virtude de seu quorum  de aprovação. A título de exemplo, destaque-se que o Brasil é parte do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais desde 1992. Por hipótese, se vier a ratificar – como se espera – o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, adotado pela ONU, em 10 de dezembro de 2008, não haveria qualquer razoabilidade a se conferir a este último – um tratado complementar e subsidiário ao principal – hierarquia constitucional e ao instrumento principal, hierarquia meramente legal”.
Por derradeiro, repise-se que, mesmo após a EC n. 45/2004, a vertente da hierarquia constitucional dos tratados internacionais versantes sobre os direitos e garantias fundamentais deve prevalecer, em decorrência dos seguintes argumentos: a interpretação sistemática dos parágrafos 2º e 3º, do art. 5º, já que o último não revogou o primeiro; a lógica e racionalidade material que devem interpretar a hermenêutica dos direitos humanos; a necessidade de se evitar interpretações que apontem a anacronismos; a teoria geral da recepção do Direito brasileiro; a petrificação dos direitos e garantias fundamentais, no artigo 60, §4º, IV, da Carta Constitucional.
Das Garantias Fundamentais
Segundo o Professor Paulo Bonavides, em sua obra "Curso de Direito Constitucional", as garantias constitucionais podem ser tanto da Constituição (acepção lata), como serem "garantias dos direitos subjetivos expressos ou outorgados na Carta Magna, portanto, remédios jurisdicionais eficazes para a salvaguarda desses direitos (acepção estrita)."
As garantias constitucionais na acepção lata dizem respeito à manutenção da eficácia e proteção da ordem constitucional contra fatores que possam colocá-la em risco, por exemplo, situações de crises do sistema político. Por outro lado, as garantias constitucionais em acepção estrita, buscam proteger de forma direta ou indireta os direitos fundamentais - subjetivos através de remédios jurisdicionais hábeis a combater a violação de direitos fundamentais.
É de importante ressalte, ainda, a existência das Garantias Institucionais, modalidade autônoma protetiva, assim caracterizada modernamente pelo jurista alemão Carl Schimitt. Este ramo de garantias confere proteção constitucional a algumas instituições reconhecidas como fundamentais pela sociedade, bem como a certos direitos fundamentais de caráter institucional.
A aplicação exclusiva deste preceito ou mesmo dos anteriores à definição de garantias constitucionais é extremamente limitada, razão pela qual há necessidade de redefinição dos conceitos dados às garantias fundamentais (anteriormente explanados), acrescendo-se ao mesmo a definição de garantias institucionais. Neste sentido, observa-se que garantia constitucional é um meio disciplinador e de tutela do exercício dos direitos fundamentais, e ao mesmo tempo, de proteção adequada às instituições existentes no Estado, dentro dos limites constitucionais.
Dos Direitos Fundamentais
Os direitos fundamentais, consagrados pela Constituição Federal de 1988, são direitos assegurados ao cidadão tanto em sociedade quanto isoladamente em oposição à discricionariedade estatal ou outros atos temerários praticados por terceiros. Verifica-se, portanto, que enquanto as garantias são "instrumentos" da efetivação dos direitos fundamentais e eminentemente assecuratórias, não estando necessariamente expressas no Texto Constitucional, os direitos fundamentais, propriamente ditos, constam expressamente da Carta Magna, o que confere aos mesmos, caráter declaratório.
Os direitos fundamentais possuem caráter de "norma constitucional", mercê de sua positivação na Lei Maior. São direitos fundamentais na medida em que estão insertos no Texto Constitucional, tendo passado por declaração do Poder Constituinte para tanto, com fundamento no Princípio da Soberania Popular. A priori, tais direitos possuem eficácia e aplicabilidade imediata, situação que pode ser mitigada conforme os critérios de razoabilidade e proporcionalidade previstos na lei ou a serem arbitrados em determinado caso concreto.
São características dos direitos fundamentais: historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade, inviolabilidade, universalidade, concorrência, efetividade, interdependência e complementaridade. A historicidade dos direitos fundamentais diz respeito ao seu nascimento, modificação e desaparecimento no tempo, mercê dos acontecimentos históricos. A inalienabilidade dos direitos fundamentais é caracterizada pela impossibilidade de negociação dos mesmos, tendo em vista não possuírem conteúdo patrimonial. São imprescritíveis os direitos fundamentais, na medida em que podem ser exercidos ou reclamados a qualquer tempo, não havendo lapso temporal que limite sua exigibilidade.
A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais significa que mesmo não sendo tais prerrogativas exercidas, o cidadão não pode renunciar às mesmas. Os direitos fundamentais são invioláveis, enquanto não podem ser desrespeitados por qualquer autoridade ou lei infraconstitucional, sob pena de ilícito civil, penal ou administrativo. A universalidade é caracterizada pela disposição dos direitos fundamentais a todo ser humano, com plena observância ao Princípio da Isonomia. Os direitos fundamentais podem ser exercidos ao mesmo tempo, ainda que em um caso concreto um se contraponhaao outro. Neste caso, aplicar-se-á critérios de proporcionalidade e razoabilidade, configurando-se o que se chama de "cedência recíproca".
A efetividade dos direitos fundamentais é assegurada pelos meios coercitivos dos quais dispõe o Estado para garantir a possibilidade de exercício das prerrogativas constitucionais ora aventadas. A interdependência diz respeito à relação harmônica que deve existir entre normas constitucionais e infraconstitucionais com os direitos fundamentais, devendo as primeiras zelar pelo alcance dos objetivos previstos nos segundos. Por fim, a complementaridade, refere-se à interpretação conjunta dos direitos fundamentais, objetivando sua realização de forma absoluta.
Da Divisão Doutrinária dos Direitos Fundamentais
Os direitos fundamentais são doutrinariamente divididos em quatro categorias, sendo elas: direitos fundamentais de primeira, segunda, terceira e quarta geração. Os direitos de primeira geração são os direitos de liberdade, no que tange aos direitos civis e políticos. De titularidade individual, são oponíveis ao Estado, demonstrando caráter antiestatal. Neste diapasão, observa-se que de fato há uma separação entre Sociedade e Estado, ficando a faculdade intervencionista do segundo limitada de modo a não atingir as liberdades abstratas de cada indivíduo.
Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos, tendo estrita relação com o Princípio da Igualdade, porquanto trazem em seu bojo a proteção da isonomia entre os cidadãos através das normas Constitucionais. Prima-se, portanto, pela proteção da igualdade material. Enquanto as categorias anteriores demonstram estrita relação com a individualidade (em especial os direitos fundamentais de primeira geração), os direitos de terceira geração privilegiam em grande escala a sociedade como um todo. Assentados sobre a idéia de fraternidade, tais direitos podem ser subdivididos em cinco grupos, quais sejam: o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direito de comunicação.
Por fim, os direitos de quarta geração abarcam a democracia, o direito à informação, autodeterminação dos povos e ao pluralismo. Com nascedouro na globalização política, tais direitos configuram a fase mais moderna da Institucionalização do Estado Social, visando preparar o cidadão para uma participação social mais ativa, legitimando-o a tomar parte no sistema democrático.
Considerações Finais
Conclusivamente, é de importante ressalte o fato de existir plena relação entre a situação político-econômico de um país, a efetividade de seu sistema legal e das garantias nele previstas. Em termos de Brasil, um país periférico, caracterizado pelas grandes desigualdades sociais e, conseqüentemente, pela carência de condições econômicas para suprir as necessidades dos cidadãos, em que pese a Constituição Federal veementemente garantista estar às vésperas de completar 20 anos de vigência, observa-se uma grande dificuldade na efetivação dos direitos fundamentais, apesar existirem princípios norteadores bastante consolidados para tanto. Desta feita, há evidente descompasso entre o plano fático do "ser" e o plano normativo do "dever ser".
Tribunal Penal Internacional
O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma corte permanente e independente que julga pessoas acusadas de crimes do mais sério interesse internacional, como genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Ela se baseia num Estatuto do qual fazem parte 106 países.
O TPI é uma corte de última instância. Ele não agirá se um caso foi ou estiver sendo investigado ou julgado por um sistema jurídico nacional, a não ser que os procedimentos desse país não forem genuínos, como no caso de terem caráter meramente formal, a fim de proteger o acusado de sua possível responsabilidade jurídica. Além disso, o TPI só julga casos que ele considerar extremamente graves.  Em todas as suas atividades, o TPI observa os mais altos padrões de julgamento justo, e suas atividades são estabelecidas pelo Estatuto de Roma.
“A Corte Penal Internacional (CPI) ou Tribunal Penal Internacional (TPI) é o primeiro tribunal penal internacional permanente. Foram estabelecido em2002 na Haia, Países Baixos, local da sua sede atual, conforme estabelece o Artigo 3º do Estatuto de Roma.”
Objetivo
O objetivo da CPI é promover o Direito internacional, e seu mandato é de julgar os indivíduos e não os Estados (tarefa do Tribunal Internacional de Justiça). Ela é competente somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos: genocídios, crimes de guerra, humanidade os crimes de agressão. O nascimento de uma jurisdição permanente universal é um grande passo em direção da universalidade dos Direitos humanos e do respeito do direito internacional.
Atuação
Segundo a resolução XXVIII da Organização das Nações Unidas(Princípios da Cooperação Internacional na Identificação, Detenção, Extradição e Punição dos Culpados por Crimes contra a Humanidade), adotada em 1973, todos os Estados devem colaborar para processar os responsáveis por esses crimes. Mas a organização estabelece dois tribunais internacionais temporários, ambos na década de 1990, por avaliar que a jurisdição doméstica se mostrou falha ou omissa no cumprimento da justiça. Um deles é criado em 1993, na Haia, nos Países, para julgar os culpados pelos crimes praticados durante a guerra civil na ex-Iugoslávia (1991-1995). 
É a primeira corte internacional desde os tribunais de Nuremberg e Tóquio, instituídos pelos aliados para punir os crimes cometidos por alemães e japoneses na Segunda Guerra Mundial. O tribunal só inicia seus trabalhos em maio de 1996 e, até o fim de 1997, indicia setenta e oito suspeitos (cinqüenta e sete sérvios, dezoito croatas e três árabes) e condena dois deles – o croata-bósnio Drazen Erdemovic, sentenciado a dez anos de prisão em novembro de 1996, e o sérvio-bósnio Dusko Tadic, a vinte anos em julho de 1997. O líder nacionalista sérvio-bósnio Radovan Karadzicestava foragido desde a decretação de sua prisão, em julho de 1996, mas foi preso em julho de 2008.
Outro tribunal internacional é estabelecido em Arusha, na Tanzânia, e está encarregado de julgar os responsáveis pelo genocídio de mais de um milhão de pessoas ocorrido em Ruanda em 1994. Desde a primeira sessão, em setembro de 1996, até setembro de 1998, o tribunal indiciou trinta e cinco suspeitos e condenou à prisão perpétua o ex-primeiro-ministro ruandês Jean Kanbanda – o que é considerado insuficiente pelas organizações de defesa dos direitos humanos. Por outro lado, as cortes nacionais do governo instalado em Ruanda após a guerra civil já haviam condenado cento e vinte e duas pessoas à morte até o fim de 1997. As primeiras vinte e duas execuções, assistidas por cerca de trinta mil pessoas, ocorrem em abril de 1998, na capital ruandesa, Kigali, apesar da reprovação internacional.
Em julho de 1998, representantes de cento e vinte países reunidos em uma conferência em Roma aprovaram o projeto de criação de um Tribunal Penal Internacional Permanente, também com sede na Haia, nos Países Baixos. A corte tem competência para julgar os responsáveis por crimes de guerra, genocídios e crimes contra a humanidade quando os tribunais nacionais não puderem ou não quiserem processar os criminosos. Sete nações votaram contra o projeto (EUA, China, Israel, Iêmen, Iraque, Líbia e Qatar) e outras vinte e uma se abstiveram.
Os EUA justificam seu veto por não concordarem com a independência do tribunal em relação ao Conselho de Segurança da ONU – ainda que essa autonomia não seja total. Pelo documento aprovado, o Conselho de Segurança poderá bloquear uma investigação se houver consenso entre seus membros permanentes. No ano 2000, o presidente Clinton assinou o Estatuto de Roma, mas o presidente Bush retirou a assinatura dos EUA em 2002, antes mesmo da ratificação. O governo americano também teme que seus soldados envolvidos em guerras comoas do Afeganistão e Iraque venham a ser julgados pelo tribunal. Israel, acompanhando os EUA, também assinou o Tratado em 2000 e retirou sua assinatura em 2002.
Estrutura do Tribunal
O Tribunal é uma instituição independente. Embora não faça parte das Nações Unidas, ele mantém uma relação de cooperação com a ONU. O Tribunal está sediado na Haia, Holanda, mas pode se reunir em outros locais. Ele é composto por quatro órgãos: a Presidência, as divisões judiciais, o escritório do promotor e o secretariado. 
Presidência
A Presidência é responsável pela administração geral do Tribunal, com exceção do escritório do procurador. Ela é composta por três juízes do Tribunal, eleitos para o cargo pelos seus colegas juízes, para um mandato de três anos.
Divisões Judiciais
As divisões judiciais consistem em dezoito juízes distribuídos na Divisão de Pré-Julgamento, na Divisão de Julgamentos e na Divisão de Apelações. Os juízes de cada divisão permanecem em seus gabinetes que são responsáveis pela condução dos procedimentos do Tribunal em diferentes estágios. A distribuição dos juízes em suas divisões é feita com base na natureza das funções de cada divisão e nas qualificações e experiências dos juízes. Isto é feito de modo que cada divisão se beneficie de uma combinação apropriada de especialização em direito penal e internacional. 
Escritório do Procurador
O escritório do procurador é responsável pelo recebimento de referências ou outras informações substanciais a respeito de crimes dentro da jurisdição do Tribunal, por sua avaliação e pela investigação e prosseguimento do caso perante o Tribunal. O escritório é chefiado por um Procurador, que é eleito pelos Estados Partes para um mandato de nove anos. Ele é auxiliado por dois Vice-Procuradores. 
Secretariado
O Secretariado é responsável por todos os aspectos não-jurídicos da administração do Tribunal. Ele é chefiado pelo Secretário que o principal oficial administrativo do Tribunal. O Secretário é exerce suas funções sob a autoridade do Presidente do Tribunal. 
Jurisdição e Admissibilidade 
O Tribunal pode exercer jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Estes crimes estão definidos em detalhes no Estatuto de Roma. O Tribunal possui jurisdição sobre os indivíduos acusados destes crimes (e não sobre seus Estados, como no caso da CIJ). Isto inclui aqueles diretamente responsáveis por cometer os crimes, como também aqueles que tiverem responsabilidade indireta, por auxiliar ou ser cúmplice do crime. Este último grupo inclui também oficiais do Exército ou outros comandantes cuja responsabilidade é definida pelo Estatuto.
O Tribunal não possui jurisdição universal. Ele só pode exercer sua jurisdição se:
O acusado é um nacional de um Estado Parte ou de qualquer Estado que aceite a jurisdição do Tribunal;
O crime tiver ocorrido no território de um Estado Parte ou de qualquer Estado que aceite a jurisdição do Tribunal;
O Conselho de Segurança das Nações Unidas tenha apresentado a situação ao Procurador, não importando a nacionalidade do acusado ou o local do crime;
O crime tiver ocorrido após 1° de julho de 2002;
Caso o país tenha aderido ao Tribunal após 1° de julho, o crime tiver ocorrido depois de sua adesão, exceto no caso de um país que já tivesse aceitado a jurisdição do Tribunal antes da sua entrada em vigor.

Outros materiais

Outros materiais