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fund. ciencias sociais resumo aula 1 a 10

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Fundamentos das Ciências Sociais 
 
Aula 1 - Os conceitos socioantropológicos de indivíduo e sociedade 
O objeto das Ciências Sociais 
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos 
próprios de investigação dos fenômenos que analisam. 
O objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e 
políticas 
Diferença entre antropologia, sociologia e ciencias políticas:A antropologia beneficia os aspectos culturais 
da socicedade,como costumes, crenças, valores e morais dos diferentes grupos e comunidaddes. A Sociologia 
estuda o universo sociocultural analizando as interações entre diversos fenômenos Cultirais. A ciência política estuda 
os aspectos relativos ao poder. 
→ Sociologia 
A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos 
fenômenos sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes 
perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as 
ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as 
instituições religiosas, os movimentos sociais etc. Estuda o homem e o universo sociocultural, analisando 
as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Investiga as estruturas da sociedade, procurando 
compreender como estas influenciam os grupos ou indivíduos no que se refere a seu comportamento, 
seus costumes e sua cultura. 
 
→ Antropologia 
Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. 
Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, diversidade cultural, 
etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que em seus primórdios estudava 
povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu 
desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando 
transformar o exótico, o distante, em familiar. Em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis 
sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, também desenvolveu uma série de estudos 
sobre grupos sociais urbanos. Estuda o homem a partir daquilo que o constitui em sua humanidade, isto 
é, a produção de cultura. Estuda as diferentes culturas do homem, os diversos grupos sociais, culturais ou 
étnicos e as transformações ocorridas em função da interação entre os grupos. 
 
→ Ciência Política 
Esta área analisa as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, autoridade e 
dominação são estudados por esta ciência. Analisam-se assim as diferenças entre povo, nação e governo, 
bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio 
da dominação e do controle de determinado território. Estuda as diferenças entre povo, nação e governo, 
bem como o papel do Estado. Estuda os sistemas de poder, as instituições e os partidos políticos de um 
país, o comportamento e as políticas públicas em suas diversas fases. 
 
Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, 
mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. Por estudar a ação dos homens 
em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e 
das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento 
da compreensão crítico-reflexiva da realidade. 
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade 
humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a 
programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações 
socioantropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas 
atividades, suas crenças, valores e ideias. 
Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, sociedade civil e 
indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos e planejamento 
de ações com vistas à atuação na vida social. 
O conhecimento científico se distingue de outras formas de saber porque suas formulações são 
sistemáticas, baseadas em fatos verificáveis e controláveis através de experiências, chegando, por 
isso, a conclusões gerais e objetivas 
O homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social: 
 
É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de 
pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através 
do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos 
escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”. 
 
O criacionismo e o evolucionismo são duas teorias que tentam explicar a criação e a evolução do homem. 
Embora nenhuma delas possa ser comprovada em laboratório, as coincidências param por aí, já que suas 
abordagens são completamente distintas. 
 
Caracterizando o Senso Comum 
-Baseiam-se nos sentidos, crenças e tradições; 
-Acredita no que vê ou sente; 
-É fruto das experiências do cotidiano ou daquilo que se tornou evidente por meio da evolução da ciência. 
-É um saber informal, adquirido de forma espontânea a partir da vivência em sociedade; 
 
Já o conhecimento científico provém da investigação científica. Para que seja produzido é necessário que 
passe por procedimentos de verificação. Dentre suas características podemos destacar que tal 
conhecimento é objetivo, metódico e demonstrável, ou seja, pode-se comprovar sua veracidade. 
 
O conhecimento científico tem como características ser um tipo de conhecimento sistemático, metódico e 
verificável, pois 
busca compreender e analisar os fenômenos a partir da observação, chegando a conclusões objetivas e gerais. 
 
 
Aula 2 - Objeto e método das ciências sociais 
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com PRECISÃO uma causa 
única ou motivação exclusiva para algo. 
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos 
exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. As Ciências Sociais 
estudam fenômenos complexos. Seu objeto de investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos 
sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, 
fazendo com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva. 
• Atitudes semelhantes têm significados diferentes. 
• Cada cultura constrói seu significado social. 
• Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. 
Mas não podem ser reproduzidos em condições controladas. 
 
Como estudar fenômenos sociais? 
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos valores, nossa visão de 
mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, nosso modo de ser e de agir revelam o tipo de 
socialização que tivemos e influencia em nossa visão de mundo. 
 
 
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo perceber o melhor de nossas tradições quando 
estamos em contato com outras culturas. Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros 
povos, aprender seus credos, modificar nossas leis. Nas CiênciasSociais temos a interação COMPLEXA entre o 
investigador e o investigado. Ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas. 
 
As ciências naturais podem ter resultados iguais 
provados por dois pesquisadores distintos em locais 
diferentes 
Nas ciências sociais tanto o sujeito quanto o objeto do 
conhecimento compartilham de um mesmo universo 
de experiências humanas. 
As Ciências Sociais são um conjunto de disciplinas científicas que estudam os aspectos sociais das diversas realidades 
humanas. Elas têm como objeto de estudo tudo o que diz respeito às culturas humanas. 
 
Aula 3 - A análise antropológica da cultura 
Primeiramente vamos relembrar o seu significado: desde sempre os homens se preocuparam em entender por que 
outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias, de acessarem o sagrado de 
maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de "diversidade cultural". 
Foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de 
vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos 
e seus costumes. É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos 
não europeus também se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e 
tomando posse de seu território. Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecermos 
a visão que eles tinham dos brancos. Existem relatos esparsos, como o de povos que, após a morte de um europeu 
em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver se eram pessoas como 
eles. 
• Conceito antropológico de cultura: cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, 
leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adiquiridos pelo homem na condição de menbro da 
sociedade. 
 
O olhar eurocêntrico sobre a cultura 
De onde surge a preocupação com o tema da cultura? 
Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão teórico-científica sobre a humanidade se iniciou neste 
ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais 
é a do homem europeu e da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros 
continentes, os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o suficiente para causarem estranhamento, mas 
“parecidos” o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres “humanos”? 
A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje denominamos 
África, América, Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem sobre as características peculiares ao 
humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma espécie. 
O movimento pré-científico, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que oscilava 
entre conceber o “diferente” ora como humano, ora como não humano, provido ou desprovido de alma, bom ou 
mau selvagem, etc. Na ótica dos europeus, estes “maus selvagens” eram vistos como perigosos, mais próximos aos 
animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela 
magia, enfim, seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura europeia. 
 
Alteridade 
A alteridade não é possível sem o etnocentrismo... 
 
Porém, a alteridade é também a condição fundamental para compreender o "outro", os outros grupos e a si mesmo. 
Por isso, a antropologia configura-se como a ciência da alteridade, pois busca a compreensão do "outro" em seu 
contexto cultural, para então elaborar teorias que possam ser úteis na compreensão não apenas daquele contexto, 
mas também de outros contextos culturais, inclusive o do próprio pesquisador. 
Bronislaw Malinowski Apesar de recusar a se aventurar em especulações, esse clássico da antropologia 
fundamentou as teorias do funcionalismo, da etnografia contemporânea e da antropologia econômica. 
Antropologia de gabinete 
Entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas "exóticas" buscando descrever seus hábitos, costumes e 
sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo; não eram os antropólogos que 
experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos "selvagens". 
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas "tribos" e ali ficavam por um certo tempo, 
registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes 
relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada "antropologia de gabinete". 
Etnocentrismo 
Segundo Everardo Rocha, em “O que é Etnocentrismo”, trata-se da “visão do mundo onde o nosso próprio grupo é 
tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, 
nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a 
diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.” 
 
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o 
seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, 
permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e 
permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em 
que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores”. 
 
Relativismo cultural 
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Parte 
do pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade 
humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos da cultura em que está inserida. "toda diferença é 
preciosa e precisa ser tratada com muito carinho". 
“O conceito de cultura permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há 
homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de 
estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores". 
 
 
Aula 4 - A formação do pensamento político moderno e as questões básicas da Ciência Política 
A Ciência Política é o estudo da política, ou seja, dos sistemas, das organizações e dos processos de 
governos, ou de qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar 
segurança, justiça e direitos civis. Nicolau Maquiavel (1469-1527) é reconhecido como precursor 
da Ciência Política moderna pelo fato de haver escrito sobre o Estado e as formas de manter o 
poder, separando os interesses estatais dos dogmas e interesses da Igreja. 
Com a derrocada do Feudalismo e a ascensão da burguesia, surgiu o Iluminismo: um movimento 
intelectual que rompeu definitivamente com qualquer herança medieval, buscando compreender 
a sociedade e suas relações como fenômenos sujeitos a leis naturais. 
Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e econômicos centrados na 
ideia do Estado como um "contrato social", que permitiria aos homens passar de um "estado de 
natureza" - em que predominava a barbárie - para um "estado civil" - em que predominam as leis. 
O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos 
que levam as sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem social. Essa 
noçãode contrato indica que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou uma 
autoridade, a fim de obter as vantagens da paz social e da ordem. Na origem do processo de 
reflexão sobre o modelo de organização política que emerge do feudalismo para o capitalismo, 
ganham destaque quatro autores que estabeleceram as bases do contratualismo: 
 
O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês 
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passou a ser cada vez mais abordada como 
uma problemática maior para os adeptos da “filosofia das luzes”. A partir desse momento, estabeleceu-se 
uma importante discussão sobre a compreensão da vida em sociedade: a passagem do “estado de 
natureza” para o “contrato social”. De acordo com Marilena Chauí, o conceito de estado de natureza tem a 
função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. 
A concepção dos autores sobre o estado de natureza. 
• Thomas Hobbes 
As principais concepções do estado de natureza foram a de Thomas Hobbes e a de Jean-Jacques Rousseau. 
Na concepção de Hobbes (século XVII), os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a 
guerra de todos contra todos – “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, 
principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos 
inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre 
haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias. 
A posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe. A única lei é a força do mais forte, que pode tudo 
enquanto tiver força para conquistar e conservar. 
• Jean-Jacques Rousseau 
Já na concepção de Rousseau (século XVIII), os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com 
o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa 
língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma 
do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o 
“meu” e o “teu”, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, 
ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos. 
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do 
social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força. 
• John Locke 
Outro autor importante para a formação da ideologia burguesa foi John Locke, pioneiro do pensamento 
político liberal. Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social e tem as funções que Hobbes lhe 
atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade. Dessa forma, a burguesia 
se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como superior a 
elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças a seu próprio trabalho, enquanto reis e 
nobres são parasitas da sociedade. 
O problema, então, é garantir o direito à propriedade e impedir que algum tirano com poderes absolutos 
negue esse direito. A solução para esse problema seria apresentada por Charles-Louis de Secondat. 
• Montesquieu 
A estabilidade do regime ideal implica que a correlação entre as forças reais da sociedade possa se 
expressar, também, nas instituições políticas. Em outras palavras, o funcionamento das instituições deveria 
permitir que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Entendida 
dessa forma, a teoria dos poderes de Montesquieu se torna vertiginosamente contemporânea. Ela se 
inscreve na linha direta das teorias democráticas – aquelas que apontam a necessidade de arranjos 
institucionais para impedir que alguma força política possa, a priori, prevalecer sobre as demais, 
reservando-se a capacidade de alterar as regras depois de completado o jogo político. 
Nesse contexto, a Europa presenciou muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e 
social. 
 
Formas de dominação legítima em Max Weber 
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade 
deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele 
que obedece (dominado) se realize. Weber fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo 
que é carente de uma relação voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim obrigação; a 
consequência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus 
senhores. 
Weber define os três tipos puros de dominação como: 
• RACIONAL-LEGAL OU BUROCRÁTICA: É exercida dentro de um quadro administrativo composto de 
regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é 
apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando dos 
chamados a exercer autoridade legal". Esta é baseada em relações impessoais e os funcionários são 
incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por suas características 
pessoais, mas por sua competência técnica. Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam 
aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos dentro de uma hierarquia 
administrativa e suas competências são rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca 
recebem um salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é exercido 
em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há possibilidade de fazer carreira, podendo subir 
na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por competência, ou ambos. 
• DOMINAÇÃO TRADICIONAL: A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes 
que existem desde outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes 
senhorias tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas escritas. O 
quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica, mas por 
vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão claramente definidas, como na 
dominação racional, e os privilégios e deveres encontram-se sujeitos a modificações de acordo com 
a vontade de governante. Há outros tipos de dominação tradicional que são: o patriarcalismo, onde 
o poder é exercido segundo regras fixas de sucessão; e o patrimonialismo ou gerontocracia, que é a 
autoridade exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição 
sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o patrimonialismo quando os funcionários 
ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais. 
• CARISMÁTICA: A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo 
extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada 
extraordinária atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses 
indivíduos são enviados por Deus para o cumprimento de uma "missão". Portanto, este indivíduo é 
reconhecido como um líder por seus seguidores e, assim, a autoridade carismática é legitimada. Os 
carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos, e apresentam, na maioria 
das vezes, provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto, Weber aponta 
para possibilidade de uma existência permanente de um líder carismático. Tal fenômeno foi 
chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças profundas, pois 
implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou legal. Sendo assim, as 
atividades do corpo administrativopassam a ser exercidas de forma regular, seja através da 
constituição de normas tradicionais, seja por promulgação de regras legais. Haverá um problema a 
ser resolvido, que é o da sucessão daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático 
escolhe entre aqueles de sua confiança ou então por hereditariedade. 
 
A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do desenvolvimento das 
instituições, nas quais a burocracia é a mais importante, por ser a mais característica da sociedade 
moderna ocidental que tem em sua essência o pensamento racional. 
Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente, na realidade, eles coexistem. A 
sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações 
(lugar, em princípio, exemplar da relação impessoal) são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. 
A seleção nem sempre atende aos critérios meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em 
muitos casos as relações pessoais valem muito mais do que um diploma. 
A relação Estado-sociedade na concepção marxista 
Segundo Marx e Engels, o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus 
interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época. Esses são os interesses comuns 
da burguesia. 
Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma 
política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real 
- na vontade livre da mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei. 
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo é o conjunto de ideias 
filosóficas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e dialética da História. O 
marxismo interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de 
classes daí consequentes. 
Críticos do liberalismo, Marx e Engels distinguem os conceitos de: 
 
A emancipação social ocorreria mediante a revolução comandada pelo proletariado. 
Marx e Engels não eram favoráveis à revolução exclusivamente por razões "altruístas", a lógica da Revolução 
estaria embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista. 
O marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política 
e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. 
Ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma 
ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas 
por vezes antagônicas. 
 
O direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da 
comunidade natural (...). 
Quando, mais tarde, a burguesia adquiriu poder suficiente para que os príncipes protegessem 
seus interesses com o fim de derrubar a nobreza feudal por meio da burguesia, o desenvolvimento 
propriamente dito do direito começou em todos os países - na França, no século XVI - e, em todos 
eles, à exceção da Inglaterra, tiveram que ser introduzidos princípios do direito romano para o 
posterior desenvolvimento do direito privado (em particular, no caso da propriedade mobiliária)". 
Karl Marx – A Ideologia Alemã 
Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos: 
 
• Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado; 
• Favorecer os negócios da classe dominante. 
. 
Choque cultural: Normal X Anormal - o choque gerado diante da presença de outra cultura é simplesmente por que a 
diferença é ameaçadora, esta nos atinge naquilo que mais sagrado para nós: nossos valores culturais. 
 
 
Aula 5 - Contexto histórico da formação da sociologia e da antropologia 
• Revolução Industrial e neocolonialismo 
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVII na Europa, e pregava maior liberdade 
econômica e política. Foi apoiado pela burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. 
Consistia em críticas ao Antigo Regime: 
 
No século XIX, a indústria cresceu e o capital financeiro se fortaleceu. O que desencadeou crises de superprodução, 
pois a produção não era acompanhada pelo consumo. A solução seria crescer para fora do continente europeu, o 
que foi denominado neocolonialismo ou imperialismo do século XIX. 
Idéias Iluministas: 
•Monstesquieu: tripartição do poder, em Legislativo, Executivo e Judiciário. 
•Voltaire: Defensor das liberdades individuais, forte crítico da Igreja e do clero. 
•Rousseau: o Estado é resultado de um acordo entre diversas pessoas. 
•Liberalismo econômico. 
 
O Iluminismo Utilizar a razão 
Crença nas leis naturais: crítica à Igreja. 
Fim do Absolutismo. 
Defesa da tese das leis naturais: à vida, à liberdade e à posse de bens materiais. 
 
 
Darwinismo Social 
 O Darwinismo Social explica a sociedade como se ela fosse um objeto de estudo da natureza. O determinismo 
biológico e o determinismo geográfico foram explicações comumente utilizadas sobre a capacidade de cada 
indivíduo e cada sociedade. Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os 
seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, 
onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a 
sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedade e indivíduos mais fortes e 
evoluídos. As expressões: "luta pela existência" e "sobrevivência do mais apto", tomadas de Darwin, apoiaram o 
individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem-sucedidos nos negócios. Por outro lado, as 
sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, 
consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria 
ser levada a todos os homens. 
• Darwinismo Social no Brasil 
Conde de Gobineau: O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a 
mestiçagem criava um povo degenerado, porque não conservaria, nas suas veias, o mesmo sangue original. E as 
sucessivas misturas teriam enfraquecido o seu valor. A apreciação das qualidades físicas ou morais dos brasileiros, 
para Gobineau, não poupava observações pejorativas. "A miscigenação havia resultado no Brasil em compleições 
raquíticas, que se nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis aos olhos". 
A única relação que ele estabeleceu no Brasil foi com o D. Pedro II. A visão pessimista de Gobineau, em relação ao 
país, partia do pressuposto da inviabilidade de uma nação composta por raças mistas. As nações miscigenadas como 
o Brasil seriam instáveis, desequilibradas e decaídas. A degeneração, segundo ele, era inevitável e conduziria ao fim 
da existência do Brasil. 
Nina Rodrigues: No final do século XIX, muitos intelectuais e pensadores, tais como Nina Rodrigues e Sílvio Romero, 
acabaram por adotar a tese da existência de uma raça superior. Defendiam o branqueamento da população como 
uma forma de superar a mistura de "cores" que caracteriza o povo brasileiro. A aplicação prática dessa concepção 
traduziu-se no incentivo à imigração maciça de trabalhadores europeus: italianos, alemães, espanhóis, poloneses, 
ucranianos, que, ao longo do tempo, branqueariam a sociedade do país. 
 
O evolucionismo social 
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica, tendo como paradigma principala sistematização do 
conhecimento acumulado sobre os "povos primitivos" e o predomínio do trabalho de gabinete. A análise desses 
antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores que lhes chegavam às mãos. Defendiam a 
ideia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo que ia da selvageria à civilização, 
passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método comparativo, em que tomavam como parâmetro a sociedade 
europeia do século XIX para descrever e classificar formas culturais de outros povos, em uma postura que, como 
vimos na aula 3, se mostrava extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como primitivos, 
exóticos e incivilizados. 
O positivismo 
Foi uma diretriz filosófica criada por Augusto Comte na segunda metade do século XIX. O tema central de sua obra é 
a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo 
com seu desenvolvimento; a classificação e a hierarquização das ciências, da mais simples até a mais complexa, que 
pra ele a ordem é necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, morais e políticas 
destinadas, principalmente, a restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial. 
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Comte, que negava a possibilidade do 
conhecimento metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia 
uma "sociocracia" dirigida por cientistas para a unificação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o 
positivismo redefiniu o propósito da filosofia, limitando-a à análise e definição da linguagem científica. 
Comte devotou-se à sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava 
que sua principal contribuição era a teoria de que a humanidade passou por três estágios de desenvolvimento 
intelectual: 
 
Na sua classificação das ciências os critérios eram a generalidade de cada ciência e a crescente complexidade das 
mesmas. A origem da menos complexa a mais complexa estabelecida pelo autor foi: Matemática, Astronomia, Física, 
Química, Biologia. Ao criar a Sociologia, Comte criava a ciência mais positiva. 
Os traços mais marcantes do positivismo são, certamente, a excessiva valorização das ciências e dos métodos 
científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da 
humanidade. 
Para reformar a sociedade, Comte propôs: 
 
A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas 
que funcionavam, harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. Por isso o 
positivismo também foi chamado de organicismo. 
 
O pensamento mítico é uma verdade que não obedece a lógica empírica nem científica, 
portanto é uma verdade intuitiva que não necessita de provas, porque está muito mais ligado à 
magia, ao desejo e ao querer que as coisas aconteçam de um determinado modo. 
 
 
Aula 6 - Modelos clássicos da análise sociológica: a contribuição de Émile Durkheim 
Émile Durkheim
Durkheim define os fatos sociais como: 
 
Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são também gerais na extensão 
de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um poder imperativo e coercitivo que constitui características 
intrínsecas de tais fatos. 
Para Durkheim, a sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentios). 
Em sua concepção, o crime é considerado um fato social normal, porque pode ser entendido como necessário (útil) 
para uma sociedade, pois, se a consciência coletiva (moral) fosse excessiva, se cristalizaria e a consciência individual 
inovadora não se manifestaria. Desse modo, onde o crime existe os sentimentos coletivos estão no estado de 
maleabilidade necessária para tomar nova forma: ele representa um fato social que integra as pessoas em torno 
de uma conduta valorativa, que pune o comportado considerado nocivo, que fere a consciência coletiva. 
Quando os sentimentos coletivos são fortemente atingidos, algumas ofensas passam de faltas morais para delitos e 
crimes. É por essa lógica que ele irá avaliar o castigo imposto não como forma de acabar com o crime, mas sim para 
mantê-lo na taxa social “média”. 
 
Fator social patológico: É todo fato que extrapola os limites aceitos pela consciência coletiva vigente em uma 
sociedade, é o comportamento tido com desviante. São fatos que põem em risco a harmonia e o consenso 
representa um estado mórbido da sociedade. Eles são transitórios e excepcionais, assim como as doenças. 
 
Normalidade x Patologia 
O que é normal? Quais os parâmetros estabelecidos para diferenciar o “normal” do “anormal”? 
É importante que você tenha em mente que o conceito de normalidade é discutível. O que chamamos de “normal” 
varia de sociedade para sociedade. 
Segundo Richard Miskolci: 
 
Em seu livro Da divisão do trabalho social, Durkheim definiu consciência coletiva ou consciência comum como... 
"o conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma sociedade”. 
 
Ele afirma que ela forma um sistema determinado que tem sua vida própria: 
"Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da 
sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. Com 
efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a 
mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda 
em cada geração, mas, ao contrário, liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as 
consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas 
propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, 
embora de outra maneira." 
Pode ser verificada em fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe 
indivíduo/sociedade. As torcidas organizadas e os grandes festivais de música, por exemplo, representam 
fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade. 
Anomia: É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a consciência 
“perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como guerras, 
desastres ecológicos, econômicos etc. 
Divisão do trabalho social: É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou 
grupos de indivíduos. Nas sociedades mais simples predomina a divisão social do trabalho, baseada principalmente 
em critérios biológicos de sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma extensão analógica das diferenças 
naturais de funções entre membros de um grupo. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de 
sociedade como solidariedade mecânica. 
Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarização 
e o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas funções sociais. 
A indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de 
funções e atribuições diferenciadas. Durkheim classifica a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade 
como solidariedade orgânica. 
Para Durkheim, o crime, enquanto acontecimento que se repete, é um fato social normal. 
Contudo, crimesdessa natureza excedem o limite do tolerável pela sociedade e são vistos como 
patológicos pela coletividade. A transgressão da juventude é um dado socialmente construído. 
 
 
As péssimas condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora (proletariado) fez surgir ideologias que 
defenderam o trabalhador e que foram fundamentais na organização dos mesmos, naquilo que se convencionou 
chamar de movimento operário. 
Segundo Emily Durkheim, à sociologia cabe estudar apenas os ¿fatos sociais¿, e estes consistem nas maneiras de 
agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, apresentando três características fundamentais para distinguir o 
fato sociais, que são, respectivamente: coercitividade, exterioridade, generalidade 
Como Durkheim dividia a Sociologia? Durkheim dividiu a sociologia em 3 partes: 
1) Morfologia social, que estudaria a estrutura material da sociedade, como a densidade da população, a distribuição 
dos grupos que a compõem, seu volume e também a explicação de tais fatos, como o porquê da concentração dos 
povos em certos pontos, causas que determinam ou limitam o desenvolvimento das cidades, etc. 
2) Fisiologia social, que estudaria as manifestações vitais da sociedade. Por ser muito complexa, compreende uma 
pluralidade de ciências particulares, entre elas: 
* Sociologia Religiosa: o estudo da religião 
*Sociologia Moral: o estudo das ideias morais e os costumes 
* Sociologia Jurídica: o caráter social das instituições jurídicas 
*Sociologia Econômica: o estudo das instituições econômicas 
* Sociologia Linguística: o estudo sociológico da linguagem 
* Sociologia Estética: o estudo da estética ligado a diferentes grupos sociais 
3) Sociologia Geral, seria a parte filosófica ou teórica da ciência. Trataria dos problemas teóricos que exigissem 
sínteses, unificação. 
 
Aula 7 - Modelos clássicos da análise sociológica: a contribuição de Max Weber 
Para compreender a sociedade, é preciso entender as redes de significações estabelecidas pelos indivíduos em suas 
ações e relações sociais. Para criar uma imagem, como a que Durkheim via a sociedade como uma coisa, Weber a 
compreendia como um conjunto de ações parciais que precariamente se totalizavam. 
Assim, somente podemos compreender pequenos “pedaços” dessa realidade. Como cada indivíduo tem sua própria 
visão parcial do mundo, há um conflito permanente entre os indivíduos que compõem a sociedade. Por este motivo, 
Weber propõe a reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do 
observador. 
O objeto da sociologia para Weber é o sentido da ação social, que deve ser buscado pela apreensão da totalidade de 
significados e valores atribuídos pelos indivíduos. Nesse sentido, ele procura mostrar que não há apenas uma causa 
dos fenômenos sociais; através da ideia de “adequação de sentido”, Weber mostra a convergência da ação em duas 
ou mais esferas que compõem o todo social (a economia, a política, a religiosa etc.), ou seja, a ação social é 
determinada por mais de uma causa, sendo que cada causa tem importância variada sobre a determinada ação. 
Para ele, a tarefa do sociólogo é “pesquisar os sentidos e os significados recíprocos que orientam os indivíduos na 
maioria de suas ações e que configuram as relações sociais”. 
Tipos de ação: Weber, preocupado com o valor que cada indivíduo atribui à sua ação, procurou elaborar uma 
tipologia para compreender as características particulares, definindo quatro tipos de ação: 
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS 
Motivada por fins objetivos, ou seja, para atingir seus fins, o indivíduo planeja e executa seus planos, utilizando-se 
dos meios que considera mais adequados para atingir seus objetivos. A racionalidade econômica capitalista é 
exemplo desse tipo de ação. Nesta perspectiva, para Weber, o individualismo e a racionalização de condutas são 
elementos centrais da modernidade. 
 
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES 
Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que importa para o indivíduo 
é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o resultado de sua conduta; o que lhes impele é a 
lealdade aos valores que orientam sua conduta. É o caso dos agentes que abrem mão de vantagens financeiras em 
função da preservação ambiental, por exemplo. 
AÇÃO AFETIVA 
Guiada por uma conduta emocional. Sentimentos como raiva, ódio, paixão, desejo, ciúme orientam sua conduta. 
Muitas vezes, o resultado dessas ações não é o esperado pelo agente, em virtude da irracionalidade de seu ato. Os 
crimes passionais são exemplos típicos deste tipo de ação social. 
AÇÃO TRADICIONAL 
Guiada pela tradição, costumes arraigados que fazem com que os indivíduos ajam em função deles. É uma espécie 
de reação a estímulos habituais. Exemplo disso é o hábito de saudarmos as pessoas com expressões como “bom 
dia”, “boa noite”, “fique com Deus”, independentemente de termos grande afinidade com elas ou mesmo alguma 
fé. Para Weber é difícil perceber até que ponto o agente age conscientemente ao empreender este tipo de ação. 
A relação social estabelece-se quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de 
acordo com certas expectativas que possuem do outro. “Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais 
facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas, seja por meio de um contrato ou de um acordo, como no 
caso das relações de conteúdo econômico ou jurídico, da regulamentação das ações de governo, de sócios etc.”. 
 
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o 
ordenamento jurídico brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, verifica-se a permanência de 
relações hierarquizada que permitem que alguns indivíduos sejam “mais iguais que outros”, como irônica e 
argutamente demonstra Roberto da Matta, em “O que faz o Brasil, Brasil?” sobre o qual comentamos 
anteriormente. 
É o caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para fins privados, seja utilizando-se de 
funcionários públicos para serviços domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões 
de Estado. 
Cabe ressaltar que essas práticas vem sendo contestadas e combatidas, como se pode perceber na proibição do 
nepotismo (contratação de parentes para ocupar cargos públicos) nas três esferas do poder (Executivo, Legislativo e 
Judiciário), como preconiza a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 29 de agosto de 2008, que 
ressalta o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública. 
O surgimento da sociologia Comte: 
•Tentativa de responder os acontecimentos da sociedade capitalista: contradições da industrialização. 
•Objetivo de reorganizar a sociedade: crença no progresso. 
•Somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observáveis. 
Positivismo 
Expressão da confiança burguesa na indústria; Entusiasmo pelo capitalismo, guiado pela técnica e pela ciência; 
Sociedade sem Deus; Entusiasmo pela ciência, que controla e planeja; Sociedade Industrial: administrar a vida como 
se administra uma fábrica. 
 
 
Émile Durkhein: Foi o grande sistematizador e fundador da Sociologia Moderna. Sua teoria baseia-se na concepção 
da sociologia como ciência independente; na realidade formada pelos fenômenos coletivos nos fatos sociais que são 
exteriores aos indivíduos. Durkheim foi o responsável pela definição de vários conceitos fundamentais para a 
institucionalização da disciplina Sociologia, inclusive delimitando seu objeto de estudo (os fatos sociais) e 
determinando uma metodologia que pudesse ser aplicada a fim de garantir a legitimidade do conhecimento por ela 
produzido. A teoriade Durkhein foi influenciada pelo positivismo e adotou uma postura funcionalista, acreditava ser 
possível manter a sociedade diante da complexidade devido a consciência coletiva. Cimento social capaz de regular 
os pensamentos e ações dos indivíduos mediantes mudanças dos sistemas de símbolos – base da integração social. 
Toda maneira de agir, pensar e sentir que é geral no âmbito da sociedade tem existência própria e é independente 
das manifestações individuais. 
1.Coerção social 
2.Exterioridade 
3.Generalidade 
Para Émile Durkheim, os fatos sociais correspondiam a tudo aquilo exterior a consciência do indivíduo, capaz de 
definir ou punir as ações do indivíduo. 
“Os fatos sociais consistem em modos de agir, pensar e sentir, exteriores ao indivíduo e dotados de um poder de 
coerção graças ao qual se impõe a ele.” 
Conceitos fundamentais da sociologia para MaX Weber: ação social e racionalidade 
 
 
Aula 8 - Modelos clássicos da análise sociológica: a contribuição de Karl Marx 
O método de análise 
Karl Marx, ao lado de Émile Durkheim e de Max Weber, faz parte do grupo de autores considerados como clássicos 
do pensamento sociológico. Sua obra marcaria de modo significativo o pensamento ocidental, sendo o seu objeto de 
pesquisa a sociedade capitalista da época, com o foco principal na forma como se encontrava organizado o trabalho 
na sociedade.O método de abordagem da vida social, elaborado por Marx, receberia o nome de materialismo 
histórico e teria como característica e análise dos processos históricos com base nos princípios da dialética. 
A dialética 
Os princípios da dialética têm origem no pensamento do filósofo alemão Wilhelm F. Hegel. Segundo a dialética 
hegeliana, a contradição e o conflito seriam partes integrantes da própria essência ou substância da realidade. 
Consequentemente, o mundo real seria marcado pelo choque entre forças contrárias ou antagônicas presentes no 
seu interior. Elas o levariam a um processo incessante de negação, conservação e síntese. Aplicada aos fenômenos 
historicamente produzidos, a abordagem dialética presente na sociologia marxista cuida de apontar as contradições 
constitutivas da vida em sociedade como as motivadoras dos processos, que resultam na negação e na superação de 
uma determinada ordem social. 
O materialismo histórico 
Karl Marx afirmava que o mundo das ideias (formas de consciência), do conhecimento, das crenças, dos princípios 
políticos está relacionado ao modo como o mundo do trabalho se encontra organizado na sociedade. Em outras 
palavras, a consciência dos indivíduos seria poderosamente influenciada pelo modo como são produzidas as 
condições materiais da vida, o que inclui o vestuário, a comida, a moradia etc. 
Para Marx, o modo de produção da vida material influenciaria todas as demais relações estabelecidas em sociedade. 
Daí a importância do modo de organização da produção social. Por isso, para Marx, segundo os princípios do 
Materialismo Histórico, as sociedades são compreendidas como modos de produção. A forma como os indivíduos 
manifestam a sua vida reflete muito aquilo que são. Coincidindo, portanto, com a sua produção: aquilo que 
produzem e a forma como produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de 
sua produção. 
O modo de produção 
Entende-se por modo de produção a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material, isto é, 
os bens de que necessitam para viver. O modo de produção de uma sociedade pode ser identificado de acordo com 
o nível ou estágio de desenvolvimento das forças produtivas e do tipo de relações de produção predominantes. 
O conceito de forças produtivas refere-se aos instrumentos e habilidades utilizados na produção material, sendo o 
seu desenvolvimento cumulativo. A ideia de relações sociais de produção implica em diferentes formas de 
organização da produção, da distribuição, da posse e da propriedade dos meios de produção, que são as indústrias, 
as fábricas, os bancos etc. De forma sintética, seriam as relações estabelecidas pelos indivíduos entre si e com o 
grupo, para a organização do trabalho social. 
O processo de produção e reprodução da vida através do trabalho é, para Marx, a principal atividade humana, 
aquela que constitui sua história social; é o fundamento do materialismo histórico, enquanto método de análise da 
vida econômica, social, política e intelectual. 
A luta de classes 
A presença de diferentes classes sociais nos diversos modos de produção, com interesses muitas vezes antagônicos, 
levou Marx a considerar a luta de classes como o motor das transformações da história humana. No capitalismo, a 
duas classes principais são a burguesia, classe dominante e dona dos meios de produção e o proletariado, formado 
pelos trabalhadores que vendem no mercado o único bem que possuem, a sua força de trabalho. 
Para fins analíticos, Marx distingue conceitualmente as classes enquanto grupos de pessoas que compartilham 
determinadas condições objetivas, ou seja, a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de 
produção. (...) as classes sempre se enfrentaram e mantiveram uma luta constante, velada em algumas vezes e, 
noutras, franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformação revolucionária de toda a sociedade 
Na sociedade capitalista, segundo Marx, esse antagonismo de classes se daria entre a 
BURGUESIA e o PROLETARIADO. 
Ideologia é “o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe 
dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade 
absoluta e natural”. 
Alienação 
Na linha de montagem da indústria capitalista, o trabalhador foi separado do controle autônomo que exercia sobre o 
seu trabalho e também do fruto deste. 
Nesse caso, a única relação mantida com a sua atividade produtiva é o recebimento do salário. O trabalho é, então, 
percebido pelo trabalhador como algo fora de si, que pertence a outros. A isso, Marx dá o nome de alienação. 
Por causa do trabalho alienado a que estão submetidos, os homens adquirem uma consciência falsa do mundo em 
que vivem. Veem o trabalho alienado e a dominação de uma classe social sobre a outra como fatos naturais. (...) A 
suprema ironia do capitalismo é fazer com que o dominado pense com a cabeça do dominador e é esta a forma de 
dominação mais visceral. 
 
 
Aula 9 - A atualidade das Ciências Sociais na compreensão da sociedade contemporânea: globalização, 
desigualdades e exclusão social 
Giddens define globalização como: A intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades distantes de 
tal modo que os acontecimentos locais são condicionados por eventos que acontecem a muitas milhas de distância e 
vice-versa. 
 
Stuart Hall (03/02/1932 — 10/02/2014) Foi um teórico cultural e sociólogo jamaicano que viveu e atuou no Reino 
Unido a partir de 1951. 
Consequência da globalização: 
 
Esta formação de “enclaves” étnicos minoritários no interior dos estados-nação do Ocidente leva a uma 
“pluralização” de culturas nacionais e de identidades nacionais, tendo como consequência o surgimento de 
manifestações de xenofobia em várias partes do mundo. 
Os deslocamentos ou os desvios da globalização mostram-se, afinal, mais variados e mais contraditórios do que 
sugerem seus protagonistas ou seus oponentes. Entretanto, isso também sugere que, embora alimentada, sob 
muitos aspectos, pelo Ocidente, a globalização pode acabar sendo parte daquele lento e desigual, mas continuado, 
descentramento do Ocidente. 
A sociedade em rede 
Outra característica marcante da sociedade contemporânea é a formação de redes sociais nas quais os processos de 
construção de identidades sãocada vez mais múltiplos. Segundo Manuel Castells, em “A Era da Informação: 
Economia, Sociedade e Cultura”, o mundo contemporâneo globalizado constitui uma “sociedade em rede”. 
Para ele: Redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade e a difusão da lógica de redes modifica de 
forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Tudo isso 
porque elas são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que 
consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por 
exemplo, valores ou objetos de desempenho). 
Nesse contexto, a rede é um instrumento apropriado para: 
 
Globalização e desigualdade social 
Segundo Boaventura de Sousa Santos, em Os Processos da Globalização, a globalização na produção de desigualdade 
a nível mundial tem sido amplamente debatida nos últimos anos. As novas desigualdades sociais produzidas por esta 
estrutura de classe têm sido amplamente reconhecidas, mesmo pelas agências multilaterais que têm liderado este 
modelo de globalização, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. É hoje evidente que a 
iniquidade da distribuição da riqueza mundial se agravou nas duas últimas décadas: 54 dos 84 países menos 
desenvolvidos viram o seu PNB per capita decrescer nos anos 1980; em 14 deles a diminuição rondou os 35%. 
Segundo o Banco Mundial, o continente africano foi o único em que, nas últimas décadas, se verificou um 
decréscimo da produção alimentar. O aumento das desigualdades tem sido tão acelerado e tão grande que é 
adequado ver as últimas décadas como uma revolta das elites contra a redistribuição da riqueza com a qual se põe 
fim ao período de certa democratização da riqueza iniciado no final da Segunda Guerra Mundial. 
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD relativo a 2005, os 20% da população mundial a viver 
nos países mais ricos detinham, em 1997, 86% do produto bruto mundial, enquanto os 20% mais pobres detinham 
apenas 1%. 
Segundo o mesmo Relatório, mas relativo a 2001, no quinto país mais rico concentram-se 79% dos utilizadores da 
internet. As desigualdades neste domínio mostram quão distantes estamos de uma sociedade de informação 
verdadeiramente global. A largura da banda de comunicação eletrônica de São Paulo, uma das sociedades globais, é 
superior à da África no seu todo. E a largura da banda usada em toda a América Latina é quase igual à disponível 
para a cidade de Seul. 
Observe, a seguir, como está distribuída a riqueza mundial, de acordo com uma pesquisa feita em 2015: 
 
Desigualdade, pobreza e exclusão social no Brasil 
A desigualdade social no Brasil tem sua origem no processo de colonização. Ao longo dos anos, apesar de conquistas 
sociais como o fim do regime escravista, a marginalização histórica dos setores mais baixos da escala social brasileira 
permaneceu, a despeito dos avanços verificados nas duas últimas décadas. 
Estatísticas revelam que 12,9% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza. As desigualdades regionais são 
visíveis: as regiões Norte e Nordeste respondem por 43% do total de pessoas vivendo em extrema pobreza no país. 
Globalização, Degradação Ambiental e Exclusão Social 
O atual modelo de industrialização, visivelmente, não é universalizável, e as exceções bem-sucedidas dessa regra 
não chegam a invalidá-la. Além disso, o moderno sistema industrial capitalista depende de recursos naturais, numa 
dimensão desconhecida a qualquer outro sistema social na história da humanidade, liberando emissões tóxicas no 
ar, nas águas e nos solos e, portanto, comprometendo o equilíbrio da biosfera (ALTVATER, 1995, p. 25). O relatório 
bianual da organização não governamental WWF, publicado em 2010, demonstrou que “a humanidade não está 
mais vivendo dos juros da natureza, mas esgotando seu capital”. 
Crescimento econômico sem distribuição de renda e sem sustentabilidade ambiental pode ser chamado de qualquer 
coisa, menos de desenvolvimento. 
Nessa perspectiva, sustentar o desenvolvimento da sociedade, de modo ecologicamente compatível, significa utilizar 
os recursos naturais não renováveis, de maneira que eles possam continuar a ser utilizados pelas gerações futuras. 
Do contrário, tem-se apenas uma efêmera produção de riqueza, geralmente, bastante concentrada nas mãos de 
poucos. E, em alguns casos, desfaz-se em menos de uma geração. 
Neste sentido, é falso o discurso que afirma existir uma contradição estrutural e inevitável entre desenvolvimento e 
sustentabilidade ecológica, já que as demandas sociais se relacionam, também, ao fluxo adequado de recursos do 
meio físico ou natureza, tais como a água, os alimentos, o ar, as madeiras para construção e muitos outros que só 
agora começamos a conhecer. Neste sentido, as afirmações que colocam em campos opostos a sociedade e o seu 
ambiente se devem a uma distorção de visão, construída ao longo do período da modernidade, na qual a natureza, 
ou o ambiente eram vistos como o “outro” em relação aos processos sociais humanos. 
 
 
A ação política, pautada em leis ou normas, que tem como objetivo manter à distância, em espaços próprios que 
lhes são reservados, determinados indivíduos ou grupos considerados indesejados ou inferiores, chama-se: 
Segregação 
 
 
 
Aula 10 - A atualidade das Ciências Sociais na compreensão da sociedade contemporânea: novos padrões morais e 
culturais 
Na sociedade brasileira este processo de produção de diferenças e desigualdades se constituiu, desde a colonização, 
numa das questões mais notórias e discutidas pelos historiadores e cientistas sociais. Some-se a isso o fato de o 
senso comum interiorizar e reduzir práticas etnocêntricas, como, por exemplo, a valorização do trabalho intelectual 
em detrimento do trabalho manual, e o tratamento diferenciado - para melhor - daqueles que ocupam posições 
superiores na hierarquia social brasileira. É justamente esse tipo de procedimento que cria o que se denomina 
exclusão. 
Preconceito racial 
Embora permaneça, tanto em algumas correntes científicas como no senso comum, a ideia de que existem raças 
humanas diferentes, os estudos e pesquisas contemporâneos indicam que não há diferenças significativas entre os 
indivíduos oriundas das suas diferenças somatológicas (de aparência física). 
Todos os humanos descendem de um tronco comum, o homo sapiens. Desta forma, não se pode pensar em raças 
superiores ou inferiores, pois herdamos todos o mesmo patrimônio hereditário. No entanto, na prática, percebe-se 
que o conceito de raça continua equivocadamente sendo usado como justificativa para a exclusão constante de 
povos e indivíduos, seja pela força das armas ou das ideias, seja pelo processode exclusão social ou de não 
reconhecimento de seus padrões culturais. A essa prática dá-se o nome de racismo. 
O Brasil não conheceu o regime de segregação racial, o apartheid. A sociedade brasileira, ao longo de sua história, 
não foi pensada de forma dual (negros x brancos). Contudo, isso não significa que o racismo, em suas diferentes 
manifestações, não faça parte da vida brasileira. 
O debate em relação ao preconceito racial no Brasil tomou vulto nos últimos anos, com a elaboração do Estatuto da 
Igualdade Racial e as políticas de ação afirmativa, em especial a política de reservas de cotas nas universidades. 
 
 
	Fundamentos das Ciências Sociais
	O objeto das Ciências Sociais
	 Sociologia
	Como estudar fenômenos sociais?
	O olhar eurocêntrico sobre a cultura
	Antropologia de gabinete
	Etnocentrismo
	Relativismo cultural
	O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês
	 Thomas Hobbes
	 Jean-Jacques Rousseau
	 John Locke
	 Montesquieu
	Formasde dominação legítima em Max Weber
	Weber define os três tipos puros de dominação como:
	 RACIONAL-LEGAL OU BUROCRÁTICA: É exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e n...
	 DOMINAÇÃO TRADICIONAL: A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhorias tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pel...
	 CARISMÁTICA: A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada extraordinária atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades so...
	A relação Estado-sociedade na concepção marxista
	 Revolução Industrial e neocolonialismo
	Darwinismo Social
	 Darwinismo Social no Brasil
	Conde de Gobineau: O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a mestiçagem criava um povo degenerado, porque não conservaria, nas suas veias, o mesmo sangue original. E as sucessivas misturas teriam enfra...
	Nina Rodrigues: No final do século XIX, muitos intelectuais e pensadores, tais como Nina Rodrigues e Sílvio Romero, acabaram por adotar a tese da existência de uma raça superior. Defendiam o branqueamento da população como uma forma de superar a mistu...

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