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Aula 10 Curso: Direito Processual Civil p/ TRT/8 - Analista Judiciário - Judiciária e Oficial de Justiça Professor: Gabriel Borges 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 73 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO Aula 10: Do processo de execução: da execução em geral; das diversas espécies de execução: execução para entrega de coisa, execução das obrigações de fazer e de não fazer. Dos embargos do devedor. Da execução por quantia certa contra devedor solvente. Da remição. Da suspensão e extinção do processo de execução. SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo XXII: Do Processo de Execução 01 2. Resumo 44 3. Questões comentadas 48 4. Lista das questões apresentadas 66 5. Gabarito 73 CAPÍTULO XXI: DO PROCESSO DE EXECUÇÂO Vimos nas outras aulas que o processo de conhecimento discute a titularidade do bem em litígio. Há incerteza sobre o direito material em disputa e o Estado é chamado a intervir. No processo de execução, já passamos a outra fase, em que o titular do direito é conhecido. O Estado deverá intervir, mas com seu poder coercitivo, para obrigar o devedor a cumprir o comando do ato judicial que resolveu o conflito. Pausa... nesse momento, aquela mocinha da primeira fileira pergunta: professor e se o devedor pagar o que deve de modo voluntário, ainda haverá necessidade do processo de execução? Ótima pergunta! Resposta: não. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 73 $�³ERD�DOPD´�TXH�YROXQWDULDPHQWH�SDJD�DR�FUHGRU�H[WLQJXH�DOL�R�FRQIOLWR��� Falamos de boa alma, mas não é bem assim. Isso ocorre bastante, a despeito de não ser o mais comum. Em muitos casos o sujeito já está tão cheio daquela intriga que quer logo se ver livre de tudo isso e do modo menos oneroso possível. A execução deve ser orientada por dois princípios, aparentemente, opostos ± a efetividade da execução e menor onerosidade possível ao executado. Pelo princípio da efetividade da execução, deve-se atribuir ao credor exatamente o que lhe confere o título, no menor tempo possível. Por princípio da menor onerosidade ao devedor, o devedor, tendo possibilidade de adimplir sua dívida por mais de um meio, será beneficiado pela imposição do menos gravoso (art. 620). Também há exemplo deste último princípio nos arts. 668 e 594, do CPC. O executado pode, no prazo de 10 dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será menos onerosa para ele devedor. O credor, que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder (art. 594). O legislador foi muito feliz na redação do art. 594. Ora, se o credor se encontra na posse de bem do devedor, deve-se primeiro executar tal bem, para depois, somente, partir à execução de outro. Caso contrário haveria grande risco de o credor controlar patrimônio muito superior ao da dívida. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 73 1. PARTES No polo ativo da demanda executiva, pode existir a legitimação ordinária primária (ou originária), a legitimação ordinária superveniente (ou secundária) e a legitimação extraordinária. a) Legitimação ordinária primária (ou originária): ocorre quando, no polo ativo, a parte com legitimidade para iniciar o processo executivo ou a fase de cumprimento da sentença estiver indicada como credora no próprio título executivo. b) Legitimação ordinária superveniente (ou secundária): o demandante, somente ganha a legitimação para propor a demanda executiva por um ato ou fato superveniente ao título executivo. Mesmo atuando em nome próprio e defendendo interesse próprio, o sujeito que demanda, nessa circunstância, deve juntar à execução demonstração de que o ato que o legitima ocorreu de fato. c) Legitimação extraordinária: ocorre quando o sujeito em litígio o faz em nome alheio. Ex.: art. 566. Podem promover a execução forçada: [...] II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei. Já no polo passivo da demanda executiva, temos as seguintes hipóteses de legitimação: a) Legitimação ordinária primária (ou originária): o devedor, reconhecido como tal no título executivo; b) Legitimação ordinária superveniente (ou secundária): o espólio, os herdeiros, os sucessores do devedor ou o novo devedor que assume com o consentimento do credor a obrigação resultante do título executivo (art. 568, incisos II e III); c) Legitimação extraordinária: o fiador judicial e o responsável tributário, assim definido na legislação própria. Obs.: Notem que a legitimidade nem sempre estará expressa no título executivo, mas o título sempre conferirá legitimidade a alguém, ainda que em decorrência de previsão legal. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 73 1.1. Legitimidade Ativa Poderá promover a execução: I - o credor a quem a lei confere título executivo; 1HVVH� FDVR�� FKDPDPRV� D� DWHQomR� SDUD� R� WHUPR� ³FUHGRU´�� SRLV� GHYHPRV� interpretá-lo de modo abrangente, ou seja, o termo se liga a obrigações de várias naturezas, não só à de pagar quantia certa. Assim, dir-se-á credor de obrigação de entregar coisa, fazer e não fazer, entre outras. Para determinar a legitimação do sujeito que figura como credor, basta o magistrado comparar o sujeito que propõe a demanda com aquele indicado no titulo como credor. Em casos excepcionais, a lei poderá atribuir legitimidade ordinária a sujeito que não figura no título executivo como credor. É o caso do advogado que executa a sentença que fixa seus honorários. II - o Ministério Público, nos casos previstos em lei. É excepcional a hipótese de legitimação ordinária originária do MP, em que venha figurar no título executivo como credor. Seria o caso em que o MP demanda em nome próprio um interesse própriocom o intuito de condenar o demandado, de uma relação jurídica estabelecida desde a fase cognitiva, ao cumprimento de uma obrigação. Outra hipótese de atuação do MP é o seu ingresso em demanda judicial, em virtude de legitimação extraordinária, para defender em nome próprio direito alheio, de terceiros. Isso fará com que o MP figure no título executivo, ainda que não se possa afirmar que o fará a título de credor. ³$LQGD�TXH�ILJXUH�QR�WtWXOR�MXGLFLDO��QmR�R�ID]HQGR�FRmo credor do direito, a legitimação do Ministério Público será extraordinária para a execução; aliás, exatamente a mesma legitimação que o possibilitou propor a demanda com o objetivo primeiro de condenar o réu, para depois executá-lo. Essa circunstância cria uma espécie de legitimação sui generis, porque, apesar de constar do título executivo como autor da demanda, a legitimação não decorre desse fato, mas sim de ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 73 H[SUHVVD� SUHYLVmR� OHJDO�´� (Neves, Daniel Amorin Assumpção, pg. 822, 3°Ed.) Há outras hipóteses em que a legitimidade do Ministério Público para atuar na demanda executiva, dependerá da inércia dos titulares do direito. Ex. ação civil pública fundada em direito individual homogêneo, de relevância social, em que o MP poderá executar a sentença se no prazo de um ano do trânsito em julgado não houver quem se habilite para executar a sentença. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir: III - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste [credor], lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; Esse é um caso de legitimação superveniente em virtude da sucessão causa mortis. A legitimidade é atribuída ao espólio, aos herdeiros ou aos sucessores, que poderão dar início à demanda executiva, ou assumir o polo ativo no lugar do de cujus, uma vez que já se tenha iniciado a demanda. Conforme o momento da sucessão, são observados os seguintes requisitos: a) Antes de iniciada a execução: faz-se necessário demonstrar por meio de provas a legitimidade. b) Iniciada a execução: instaura-se um processo de habilitação incidente, com a suspensão, em tese, do processo principal. Dúvida: Por que em tese? Pelo simples fato de que, atualmente, dispensa-se o processo incidental quando o pretendente, para assumir o polo ativo, provar, de modo suficiente, a sua legitimidade. Há, nessa situação, observância aos princípios processuais da economicidade e celeridade. IV - o cessionário, presente quando o direito resultante do título executivo for transferido por ato entre vivos; Todo direito poderá ser objeto de cessão, salvo vedações legais. Dessa forma, a parte que recebe o crédito do detentor originário passa a ter legitimidade superveniente para executar o título. Para provar sua legitimação, o interessado deverá juntar na petição inicial, ou ao requerimento inicial, o instrumento de cessão de crédito. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 73 V - o sub-rogado, presente nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Há legitimidade superveniente na hipótese de sub-rogação. Ela poderá ser legal ou convencional, devendo o sub-rogado provar esse fenômeno jurídico. Tanto na hipótese de cessão como de sub-rogação, não são os novos credores obrigados a figurar no polo ativo da demanda já em trâmite, sendo-lhes facultado aguardar o resultado da demanda para, então, cobrar do antigo credor. 1.2. Legitimidade Passiva O art. 568, CPC dispõe sobre a legitimidade passiva no procedimento executivo. Assim, a execução poderá ser proposta em face do: I - devedor, reconhecido como tal no título executivo; Analisa-se a responsabilidade para o cumprimento da obrigação. Aquele a quem se possa atribuir o cumprimento de uma prestação, poderá ser sujeito passivo da demanda executiva. Assim, é irrelevante para a fixação da legitimação se o sujeito é realmente o devedor, sendo necessário, somente, que o título o aponte como tal, para que ele participe no polo passivo da demanda judicial com legitimidade ordinária originária. II - espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; São hipóteses de legitimidade passiva derivada, ou também chamada de legitimação ordinária superveniente por causa mortis. III - novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; Ocorre assunção da dívida por outrem, de maneira a haver legitimação de novo devedor para conduzir o polo passivo do procedimento executivo. Na assunção da dívida a obrigação não muda. Ocorre a legitimação superveniente por ato inter vivos. IV - fiador judicial; ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 73 O fiador é um terceiro no processo, um legitimado superveniente. Ele é responsável por prestar fiança em juízo em beneficio de uma das partes do processo. A garantia poderá ser real [oferecimento de um bem] ou fidejussória [em que pessoalmente se obriga]. V - responsável tributário, assim definido na legislação própria. 1.3. Litisconsórcio na execução Poderá ocorrer litisconsórcio na execução ± ativo, passivo ou misto. Regra geral, nas demandas executivas forma-se o litisconsórcio facultativo por conveniência dos sujeitos do processo. Na formação do litisconsórcio facultativo ocorre a cumulação de demandas, isso faz com que para verificar a formação litisconsorcial, ocorra a avaliação dos requisitos de admissibilidade da cumulação das demandas executivas. Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a forma do processo. É importante lembrarmos que a formação do litisconsórcio, somente, ocorrerá se todos os credores e (ou) devedores vincularem-se à outra parte em razão de uma mesma relação jurídica material. 1.4. Intervenção de terceiros na execução Das modalidades de terceiros, somente a assistência e o recurso de terceiros são cabíveis no procedimento executivo. No entanto, existem modalidades específicas de intervenção de terceiro no procedimento executivo. Vejamos: 1) Protesto pela preferência: Concorrendo vários credores, o dinheiro ser- lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência,receberá em primeiro lugar o credor que ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 73 promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora (art. 711 do CPC). 2) Concurso especial de credores: em casos de penhoras sucessivas sobre a mesma demanda, haverá necessidade de que todos os credores da penhora participem da fase de pagamento. 3) Exercício do beneficio de ordem pelo fiador: O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor (art. 595 do CPC). 2. COMPETÊNCIA 2.1. Competência da execução de título executivo judicial Em primeiro lugar é muito importante mencionar que o art. 575 do CPC foi revogado tacitamente pelo art.475-P do CPC. Assim, o cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I ± os tribunais, nas causas de sua competência originária; II ± o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; III ± o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. 2.2. Competência da execução de título executivo extrajudicial A competência para a execução de titulo executivo extrajudicial será processada perante o juízo competente e obedecerá às normas do processo de conhecimento. Já as regras de competência internacional seguirão os arts. 88 e 89 do CPC. No entanto, o inciso III do art. 88 não poderá ser interpretado à luz da competência internacional para execução de título extrajudicial, uma vez que diz respeito à ação cognitiva (dispensa processo de execução). ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 73 Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. A competência interna será definida da seguinte maneira: 1) Foro de eleição 2) Foro do local do cumprimento da obrigação 3) Foro do domicilio do executado Outras competências: Execução fundada em letra de câmbio ou nota promissória Deverá ser intentada no foro do local do pagamento. Execução fundada em duplicata Também deverá ser proposta no foro do local do pagamento. Execução fundada em chegue Deve ser proposta no foro do local do pagamento, indicado ao lado do nome do sacado. Execução fundada em debênture Será intentada no foro da sede, em território nacional, da companhia que a emitiu. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 73 Execução fundada em documento público ou particular Deverá ser proposta no foro do cumprimento da obrigação, caso não haja esta indicação, deverá ser proposta no foro do domicílio do devedor. Essas duas hipóteses somente ocorrerão quando os títulos não estiverem arrolados no art. 585 do CPC ou não houver foro de eleição. Execução fundada em contrato garantido por hipoteca Deverá ser intentada no foro da situação da coisa (art.95 do CPC). Execução fundada em contrato garantido por caução Deverá ser proposta no lugar da obrigação em que o contrato foi executado, na sua ausência, no foro do domicílio do executado. Execução de crédito de serventuário da justiça, perito ou intérprete Deverá ser proposta no foro da onde tramitou o processo, ou seja, o lugar do cumprimento da sentença. Pluralidade de executados Mesmo domicílio: a execução será intentada no foro do cumprimento da obrigação ou no foro do domicílio dos executados. Domicílios diferentes: a execução deverá ser intentada no foro do local de pagamento; não havendo, será demandada no foro do domicílio de qualquer um dos executados. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 73 3. CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO 3.1. Quanto ao procedimento Quando falamos da ação temos que lembrar que sua atividade jurisdicional é substitutiva, ou seja, apenas busca satisfazer o direito requerido. Por meio da autorização legal ao Judiciário é permitido adentrar a esfera patrimonial do devedor, retirando bens, para satisfazer o direito do credor. É importante saber igualmente que na ação de execução o contraditório não será plenamente observado. O que isso quer dizer? Quer dizer que o devedor não apresentará defesa nos próprios autos da ação. Deverá realizá-la de maneira incidental, por meio da oposição de embargos à execução (ação incidental autônoma) ou da ação pré-executiva. Na execução, busca-se a satisfação da obrigação específica ± dar, fazer ou não fazer ± sendo, apenas, transformada em genérica ± obrigação de pagar a quantia certa ± quando a satisfação da obrigação específica for impossível de cumprir ou o credor requerer. 1. A execução equivalerá ao processo judicial autônomo, quando: a) Fundada em título executivo extrajudicial. b) Fundada em sentença penal condenatória. c) Fundada em sentença arbitral. d) Dirigida pela e contra a Fazenda Pública. e) Reclamar o adimplimento da obrigação de prestar alimentos. 2. Quando o título for executivo judicial, o cumprimento da obrigação poderá ser perseguido: a) Por efetivação: usando-se as medidas de apoio do art. 461, do CPC, quando a sentença determina a entrega do bem ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - PauloRoberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 73 ou a satisfação da obrigação de fazer ou não fazer. Art. 461do CPC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1° A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2° A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 4° O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor mula diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5° Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6° O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 73 DICA x Características e diferenças da fraude à execução e fraude contra credores. Vamos lá! Na fraude contra credores a alienação é realizada antes do recebimento do mandado de citação na execução (art. 593). O desfazimento da alienação que ocorre em favor de terceiro poderá ser questionado pelo credor. Na fraude à execução a alienação ocorre após a citação. Nesse caso, a fraude será resolvida de modo incidental na execução, ou seja, não há exigência de propositura de demanda específica. A venda qualifica-se como ineficaz em relação ao credor. 4. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL A responsabilidade patrimonial é um instituto de direito processual e direito material. Como instituto de direito processual é entendida como a possibilidade de submissão de um patrimônio à satisfação do direito substancial do credor. Já como instituto de direito material, uma vez contraída a obrigação, uma das partes tem o dever de satisfazer o direito da outra. Representa uma situação jurídica de desvantagem que quando satisfeito o direito não faz surgir à dívida, característica do direito material. É importante lembrar que inexiste a responsabilidade pessoal. A responsabilidade é meramente patrimonial e nunca pessoal. 4.1. Bens que respondem pela satisfação na execução O art. 591 do CPC determina quais os bens patrimoniais do responsável respondem pela satisfação pela dívida. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 73 9DPRV�HQWHQGHU�R�TXH�R�FyGLJR�TXLV�GL]HU�FRP��³com todos os seus bens presentes e futuros´��De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves, devemos HQWHQGHU�SRU�³EHQV�SUHVHQWHV´�aqueles existentes à época do surgimento da dívida e ³EHQV� IXWXURV´� todos os adquiridos até a satisfação do direito do credor, salvo os bens alienáveis nesse período sem fraude. Vejamos os bens que ficam sujeitos à execução (art. 592): I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. 4.2. Impenhorabilidade de bens É uma garantia a pessoa do devedor ± sua dignidade humana ± que certos bens não sejam objeto de expropriação judicial. O art. 649, CPC apresenta os bens que não poderão, de modo nenhum, serem penhorados, ou seja, não respondem pela satisfação da dívida. I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 73 liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. 4.3. Responsabilidade Patrimonial Secundária Ficamsujeitos à execução os bens (art. 592 do CPC): I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 73 5. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL Como já vimos, há dois tipos de títulos: judiciais e extrajudiciais. O primeiro é constituído pelo juiz, por meio da atuação jurisdicional. O extrajudicial é formado por ato de vontade das partes que constitui a relação jurídica de direito material. O código identifica títulos executivos judiciais e extrajudiciais. Executivos judiciais, após a reforma introduzida pela Lei nº 11.232/05, deixaram de compor o processo de execução e passaram ao processo de conhecimento. Na prática, pode-se entender o cumprimento de sentença como se fosse parte do processo de execução, mas na verdade compõe o de conhecimento. O juiz verificando que uma parte tem razão procede ao procedimento próprio do cumprimento de Sentença (revejam aula sobre sentença). Para que fique bem definida a diferença entre títulos executivos judiciais e extrajudiciais, elaboramos uma tabela, mostrando a distinção criada pelo código. Vejam quadro abaixo: São títulos executivos judiciais (Art. 475-N ± Livro I: Conhecimento) I ± a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; II ± a sentença penal condenatória transitada em julgado; III ± a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; São títulos executivos extrajudiciais (Art. 585 ± Livro II: Execução) I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 73 IV ± a sentença arbitral; V ± o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; VI ± a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; VII ± o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 73 6. ESPÉCIES São tipologias de execução: 6.1. Processo de execução para a entrega da coisa 6.1.1. Processo de execução para a entrega da coisa certa A petição inicial deverá preencher os requisitos do art. 282 do CPC, no que for aplicável ao processo de execução. A PI deve ser sempre acompanhada do titulo executivo. Uma vez que seja juntado aos autos o mandado de citação, correrão dois prazos: 1) Dez dias para o executado cumprir [satisfazer] a obrigação, prazo em que não se admite a adoção de qualquer medida executiva, direta ou indireta; ou 2) Quinze dias para a apresentação de embargos à execução, independentemente do depósito da coisa. Optando por apresentar os embargos à execução, o executado poderá oferecer em depósito a coisa e, dessa forma, pleitear o efeito suspensivo aos embargos (devendo preencher os requisitos do art. 739- A do CPC para tanto). Optando pela entrega da coisa, no prazo de 10 dias, satisfará o direito do exequente. Nesse caso, ocorrerá o que aduz o art. 624 do CPC: se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuízos. 3) Poderá o executado manter o seu estado de inércia, omitindo-se sobre a ordem contida na citação. Diante dessa atitude, poderá o juiz fixar multa e expedir mandado de busca e apreensão ou de imissão da posse. Registrem que, apesar de o código, no parágrafo único do art. 621, prever que poderá o juiz fixar o valor da multa por dia de atraso (astreintes) no cumprimento da obrigação ao despachar a PI, em verdade, o magistrado poderá fixá-la a qualquer momento do processo, se ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 73 houver inércia do executado. Também não há necessidade de que seja multa diária, podendo ser de outra natureza, mas somente será aplicada [a multa] depois de vencido o prazo que caiba ao executado, o que é condição necessária para configuração da inércia. Na hipótese da coisa devida estar em posse de terceiro ou de ter sido desviada de maneira fraudulenta, será buscada onde estiver. O terceiro somente será ouvido pelo juiz após depositar a coisa em juízo. Art. 626 do CPC: Alienada a coisa quando já litigiosa, expedir-se-á mandado contra o terceiro adquirente, que somenteserá ouvido depois de depositá- la. Se o exequente entender não ser mais interessante a entrega da coisa, por estar em posse de terceiro, poderá convertê-la em execução de pagar quantia certa. Também poderá haver conversão para execução de pagar quantia certa quando a coisa estiver deteriorada, desaparecida, ou não for localizada; situações em que será possível a reparação de perdas e danos e aplicação de multa. Em casos de benfeitorias na coisa, deve-se instaurar um processo de liquidação de sentença antes da execução. Art. 628 do CPC: Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por terceiros, de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. Se houver saldo em favor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da coisa; se houver saldo em favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo. 6.1.2. Processo de execução para a entrega da coisa incerta A diferença entre a entrega da coisa certa e a incerta diz respeito ao procedimento de individualização da coisa, que deverá ocorrer no início do processo executivo. Logo depois da individualização [ou seja, da escolha] a coisa passa a ser certa, então, segue as regras anteriormente estudadas (entrega da coisa certa). Coisa incerta não se confunde com coisa fungível. Fungível é aquilo que pode ser substituído, relaciona-se a coisa móvel de mesma qualidade, quantidade e ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 73 espécie. Coisa incerta, por seu turno, é a coisa indeterminada, mas passível de ser determinada mediante a escolha do bem entre vários distintos. O titulo executivo deverá conter o direito de escolha; se omisso, ao devedor caberá escolher o bem. Previsto o direito de escolha ao exequente, ele deverá fazê- lo na petição inicial, para que a coisa se torne certa desde o início do processo, sob pena de preclusão, passando o direito automaticamente ao executado. O exequente terá de volta o direito de escolha, se o executado também deixar de exercê-lo. Nas situações em que o direito de escolha couber ao executado, ele será citado para entregar ou depositar a coisa incerta em um prazo de dez dias, não podendo dar um bem a pior nem se obrigando a dar outro a melhor. Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial. Contra a parte que realizou a escolha [exequente ou executado] caberá impugnação por quem não escolheu no prazo de 48 horas. Instalado o incidente, o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação [art. 630]. 6.2. Execução das obrigações de fazer e não fazer Uma diferença básica entre a modalidade de execução das obrigações de fazer e não fazer e as obrigações de pagar quantia certa e de entrega da coisa é que estas se resolvem de modo patrimonial, enquanto aquela [de fazer ou não fazer] exige uma atuação do devedor. Nesse tipo de execução há certa dificuldade de cumprimento do dever pelo demandado. Nas obrigações de fazer fungíveis, em que terceiros podem satisfazer a obrigação, há maior probabilidade de satisfação do direito, pois o magistrado poderá: a) Aplicar as astreintes (multa por dia de atraso ou outra unidade de tempo). b) Determinar a realização da obrigação por terceiro ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 73 c) Determinar a realização pelo próprio exequente ou sob a sua supervisão Já no caso de obrigação infungível, em que a satisfação da obrigação só depende da vontade do devedor, haverá duas possibilidades: a) Aplicar as astreintes b) Aplicar medidas de pressão psicológicas 6.2.1. Execução das obrigações de fazer A petição inicial deve apresentar os requisitos elencados no art. 282, do CPC. Além disso, deve ser instruída com o título executivo, sendo sempre extrajudicial. A ausência do título executivo acarretará vício sanável, devendo o juiz determinar emenda à peça inicial em até 10 dias. Na execução de fazer não há uma garantia possível, como nos casos de execução por quantia certa, em que a penhora serve de garantia, e na execução de entrega de coisa, na qual o bem depositado poderá, ao final, ser entregue ao exequente. Nesse caso, o executado poderá cumprir a sua obrigação ou permanecer inerte. No título executivo estará determinado o prazo para que o executado satisfaça a obrigação. Caso não haja prazo no título, caberá ao magistrado indicá-lo levando em consideração a complexidade da obrigação. Não satisfeita a obrigação, o magistrado poderá aplicar multa e fixar a data para o início da cobrança ao despachar a inicial. O não pronunciamento do juiz faz com que a multa passe a gerar efeitos imediatos. Vale lembrar que o juiz goza de ampla liberdade para reduzir, aumentar ou modificar o prazo da multa às circunstâncias do caso concreto, aplicando ao processo de execução o art. 461, § 6° do CPC. A função dessa medida é pressionar psicologicamente [mas não só] o executado, para que este cumpra a obrigação. Devidamente citado, o exequente poderá adotar três posturas: embargar a execução em um prazo de 15 dias, cumprir a obrigação determinada pelo juiz ou permanecer inerte. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 73 6.2.2. Execução das obrigações de não fazer Espécie de execução que visa uma tutela jurisdicional reparatória. O dever é de abstenção e caso não tenha respeitado a obrigação de não fazer, haverá a inexecução da obrigação. O que se busca é a realização do ato proibido. A obrigação de não fazer pode ser classificada em permanente (ou contínua) e instantânea. A obrigação permanente possibilita o retorno ao estado anterior e a instantânea não. Exemplo da permanente, temos na hipótese em que se construiu uma calçada onde havia compromisso de não o fazer. Uma vez removida, volta-se ao estado anterior. A instantânea ocorre, por exemplo, quando diante do compromisso de guardar segredo, ele é revelado ± não se volta atrás. Na obrigação de não fazer permanente, há formas de desfazimento do fato. Quando o devedor recusa-se a desfazer o ato proibido, ou seja, ato que não deveria ter sido praticado, o credor poderá requerer ao magistrado o desfazimento do ato à custa dodevedor. Além disso, o executado será responsabilizado por futuros danos e perdas, caso em que ocorrerá a conversão do processo executivo em execução de pagar quantia certa. Já na instantânea como não há permissão para que se retorne ao estado anterior, a obrigação de não fazer poderá ser convertida em perdas e danos. Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve- se em perdas e danos. x Obrigações de emitir declaração de vontade O devedor, e somente ele, é capaz de declarar sua própria vontade, não sendo permitido a terceiros essa declaração. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 73 Trata-se de uma espécie de obrigação infungível, mas é uma infungibilidade meramente jurídica, decorrente de princípio jurídico. Nesse caso, será possível a substituição da declaração de vontade por ordem judicial. O interesse do exequente recai sobre o efeito produzido pelo cumprimento da obrigação e não pela ação do devedor. Assim, é totalmente possível obter os efeitos da ação por meio de decisão judicial. Vejamos os artigos que versam sobre o assunto. Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado. Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferência da propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida se a parte que a intentou não cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos casos e formas legais, salvo se ainda não exigível. 6.3. Execução das ações coletivas As regras a serem aplicadas a direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos devem ser aquelas dirigidas a eles. Em casos específicos e em caráter subsidiário, porém, o Código de Processo Civil será fonte. Em relação ao processo de execução, a estrutura do CPC é voltada, em primeiro lugar, para satisfazer os interesses e direitos individuais, privilegiando a execução por quantia certa. Não há, portanto, adequada previsão do CPC para a execução de ações coletivas, nem o Código de Defesa do Consumidor junto à Lei da Ação Civil Pública trazem dispositivos que tratam do tema de modo completo. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 73 Acaba sendo o CPC muito utilizado para suprir a ausência de previsão de uma e outra lei. Desse modo, a execução seguirá: 1) Quanto à sentença de fazer e de não fazer, as disposições do art. 461, do CPC. 2) Quanto à decisão de entrega da coisa, o que determina o art. 461-A do código. 3) Quanto às sentenças pecuniárias, as disposições dos arts. 475-I a 475-R. 6.3.1. Execução a partir de sentença penal coletiva Quando se viola direito coletivo, o sujeito comete ato ilícito com possíveis efeitos cíveis e penais. Ocorrida a tutela jurisdicional por meio de ações penais, poderá haver demanda cível com base naquela tutela. Teremos o caso de uma sentença penal condenatória que gerará efeitos no processo civil, determinando o cumprimento de obrigações de fazer, não fazer, entrega de coisa ou, mesmo, de pagamento de quantia. 6.3.2. Execução coletiva de título extrajudicial A execução coletiva funda-se também em título executivo judicial. Exemplos: 1) execução do compromisso de ajustamento de conduta; 2) execução das decisões do conselho administrativo de defesa econômica (CADE). DICA: As decisões do CADE são títulos extrajudiciais, cuja execução pode ser promovida pelo Ministério Público Federal (a requerimento do CADE) ou pelo próprio CADE. 6.3.3. Execução de sentença genérica na ação sobre direitos individuais homogêneos Pode ser promovida, tal execução, pelas vítimas, seus sucessores ou pelos que a lei legitime ± substitutos processuais. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 73 Liquidada a sentença condenatória genérica, o prejudicado ou sucessor poderá, individualmente, promover sua execução. Na verdade, ao contrário do disposto no art. 98, CDC, a execução será necessariamente individualizada, uma vez que o direito tutelado é individual somente. Aqui, a execução é chamada coletiva pelo único fato de ser proposta por legitimado coletivo. Com precisão o jurista Marcelo AbeOKD�5RGULJXHV�� ³1HVVH�FDVR�� WHP�VH�Dt� uma ação pseudocoletiva, formada pela soma de parcelas identificadas de direitos LQGLYLGXDLV´������� Art. 100, CDC: Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida. Esse artigo prevê o fluid recovery, que fundado em sentença proferida em processo de direito individual homogêneo constitui execução de fato coletiva. Falamos, nesse caso, de execução que buscará indenização residual. DOS EMBARGOS DO DEVEDOR. DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE. DA REMIÇÃO. DA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE E INSOLVENTE Na execução por quantia certa contra devedor solvente, o devedor apresenta bens passíveis de penhora para a satisfação do débito, ou seja, o patrimônio do devedor é maior que o débito e, portanto, pode liquidá-lo integralmente. Nesse caso, se o devedor possui mais de um credor, o pagamento será realizado em consonância com o princípio da prioridade, em que a ordem de formalização da penhora, incidente sobre o mesmo bem, é respeitada. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 73 A execuçãopor quantia certa contra devedor solvente ocorre por meio da prática, sucessiva, dos seguintes atos processuais: 1) Citação do devedor: O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida (art. 652 do CPC). Caso a dívida seja satisfeita, a execução é extinta. Não é conferida ao executado a prerrogativa de nomear bens à penhora para a segurança do juízo, já que a não satisfação da quantia demandada no mandato de citação gera o cumprimento de penhora e da avaliação. 2) Apresentação de petição pelo executado: No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês (art. 745-A). 3) Oposição dos embargos à execução: no prazo de 15 dias contados: a) da juntada soa autos do mandado de citação; b) da juntada aos autos da comunicação originada do juízo deprecado. 4) Intimação do exequente para impugnar os embargos: no prazo de 15 dias. 5) Julgamento dos embargos por sentença. 6) Avaliação dos bens penhorados: caso não tenha sido realizada pelo oficial de justiça no inicio do procedimento, tendo como consequência a manifestação das partes, por meio de concordância ou impugnação que será solucionada por decisão interlocutória. Esta poderá Sr combatida por meio do agravo de instrumento. 7) Adjudicação dos bens por parte do exequente: Vejamos o art. 685-A. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 73 § 1º Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. § 2º Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado. § 3º Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. § 4º No caso de penhora de quota, procedida por exequente alheio à sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios. § 5º Decididas eventuais questões, o juiz mandará lavrar o auto de adjudicação. 8) Designação de dia e hora para a realização da hasta pública. 9) Realização da primeira praça ou do primeiro leilão: caso seja autorizado a alienação judicial do bem penhorável no valor igual ao da avaliação. 10) Realização da segunda praça ou do segundo leilão: autoriza-se a alienação judicial por qualquer valor, desde que não seja um valor meramente simbólico. 11) Arrematação dos bens em favor do terceiro, na praça ou no leilão, mediante o pagamento imediato do valor, ou, em 15 dias, mediante caução. Vejamos a execução por quantia certa contra devedor insolvente. Na execução por quantia certa contra devedor insolvente, os bens do devedor não são suficientes para satisfazer o débito, ou seja, a quantidade devida é maior que o patrimônio do devedor. Aplica-se, na execução por quantia certa contra devedor insolvente, o princípio da igualdade, onde havendo arrecadação de todos os bens do devedor e pagamento aos credores na proporção dos seus créditos. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 73 DEFESAS DO DEVEDOR E DE TERCEIROS NA EXECUÇÃO ³([LVWHP� GHIHVDV� WtSLFDV� GR� H[HFXWDGR�� QR� FXPSULPHQWR� GH� sentença é a impugnação e no processo de execução os embargos à execução. Além das defesas típicas, existem formas atípicas de resistência do executado, tais como a objeção ou exceção de pré-executividade e mesmo as ações heterotópicas, que veiculam questões de direito material que afetam o direito represenWDGR� QR� WtWXOR� H[HFXWLYR�´� (Neves, Daniel Amorim Assumpção, 3° Ed.). 1. Impugnação A impugnação é a defesa comum do executado no cumprimento de sentença que condena o réu ao pagamento de quantia. Há várias correntes doutrinarias que defendem diferentes tipos de natureza à impugnação. Parte da doutrina diz que a impugnação tem natureza de ação incidental, outra corrente defende que a natureza da impugnação depende das matérias alegadas pelo executado, assim se a alegação for defensiva, voltada a vícios procedimentais, terá natureza de incidente processual; sendo alegação defensiva, voltada à obtenção de um bem jurídico, terá natureza de ação incidental. Majoritariamente dá-se à impugnação a natureza de incidente processual de defesa do executado. 1.1. Matérias alegáveis em sede de impugnação A impugnação somente poderá versar sobre [art. 475-L, CPC]: I - Falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II ± inexigibilidade do título; Obs. É considerado inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo STF como incompatíveis com a Constituição Federal. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 73 III ± penhora incorreta ou avaliação errônea; IV ± ilegitimidade das partes; V ± excesso de execução; Obs. Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, deverá declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. VI ± qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. 1.2. Procedimento Interposta a impugnação, após a intimação, terá o exequente/ impugnado 15 dias para contestá-la. Aplica-se, de modo subsidiário, o art. 740 do CPC, o qual permite que todos os meios de prova sejam admitidos na impugnação. A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. A impugnação não terá, em regra, efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir- lhe talefeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. São os mesmos requisitos para a concessão de qualquer espécie de tutela de urgência: a parte ter aparente razão nas suas alegações (fumus boni iuris) e necessidade da tutela de urgência em face da probabilidade de perecimento do direito (periculum in mora). A denegação ou concessão do efeito suspensivo realiza-se por meio de decisão interlocutória, que pode ser recorrida usando-se o agravo de instrumento. Mas o legislador previu, ainda, a possibilidade de mesmo o juiz conferindo o efeito suspensivo, o exequente requerer que não pare a execução, para tanto ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 73 deverá prestar caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos [§1º, art. 475-M, CPC]. Assim, uma vez aceito o pedido do exequente e prestada a caução, ocorre a revogação da decisão de concessão de efeito suspensivo. 2. Exceção de pré-executividade e objeção de pré-executividade A exceção de pré-executividade consiste em um dos instrumentos possíveis de serem interpostos no processo de execução pelo devedor, mediante alegação de uma nulidade processual. A admissibilidade do instituto é cabível quando for constatada ausência da legitimidade da parte, interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido. Percebam que essas três são as condições da ação, além delas caberá a exceção quando faltar ao título executivo algum de seus requisitos básicos, conforme o título apresentado. Em síntese, é cabível em questões ligadas aos pressupostos processuais, condições da ação ou nulidades e defeitos flagrantes do título executivo. A exceção de pré-executividade pode ser manejada sem garantia de juízo, ou seja, sem que o devedor tenha de submeter seu patrimônio a algum gravame, nos próprios autos do processo de execução, a qualquer tempo. O STJ é tranquilo na admissão da genuína exceção de pré-executividade, bastando que o executado tenha: 1) prova pré-constituída de suas alegações e 2) que não seja necessária a instrução probatória para o juiz formar seu convencimento sobre o pedido de extinção da execução. Obs. Nas matérias de ordem pública não é exigida prova. Além desses dois requisitos citados, o STJ torna dependente o ingresso de exceção de pré-executividade ao momento anterior à penhora e aos embargos do devedor. As alegações mais comuns são a prescrição e o pagamento. A prescrição deve ser alegada de ofício pelo magistrado, de modo que, mesmo não sendo matéria de ordem pública, é alegada por meio de objeção de pré-executividade. O pagamento, por seu turno, deve ser alegado em sede de embargos à execução ou ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 73 impugnação pelo executado, e só em raras situações por meio da exceção de pré- executividade. Dessa forma, pode-se apontar duas formas atípicas e incidentais de exceção: 1) Objeção de pré-executividade: o executado alega matéria de ordem pública referente à inexistência de condições formais necessárias à continuidade da execução. 2) Exceção de pré-executividade: o executado, em poder de prova pré- constituída, alega matéria que não pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado, que segundo a norma legal deveria ser alegada em sede de embargos à execução. 2.1. Julgamento da exceção e objeção de pré-executividade Para atender ao inafastável princípio constitucional do contraditório, diante do ingresso da exceção ou objeção de pré-executividade, o juiz deve intimar o exequente que terá 5 dias para se manifestar. O juiz poderá indeferir de plano o pedido de intimação sem que seja ouvido o exequente nos casos de manifestada inadmissibilidade desta, evitando o chamado contraditório inútil. O STJ condiciona o conhecimento da objeção de pré-executividade à desnecessidade de dilação probatória. Vejamos a súmula 393, em que o STJ manifesta seu entendimento, inclusive em relação à execução fiscal. STJ Súmula nº 393 23/09/2009 DJe 07/10/2009 Exceção de Pré-Executividade. Admissibilidade. Execução Fiscal. Matérias de Ofício. Dilação Probatória. A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. Uma vez acolhido o pedido, extingue-se a execução por meio da sentença terminativa, recorrível por apelação. O exequente terá que pagar as verbas de sucumbência, mesmo nos casos de acolhimento parcial. Se rejeitado o pedido, a ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 73 decisão será interlocutória, recorrível de agravo de instrumento, e o procedimento executivo prosseguirá normalmente. Obs.: Somente haverá resolução de mérito capaz de gerar coisa julgada material, quando o juiz pronunciar a prescrição. Na exceção de pré-executividade, o magistrado analisará o pedido do executado uma vez intimado o exequente para que se manifeste, respeitando o princípio do contraditório. O magistrado poderá adotar uma das três posturas: 1) Defere o pedido e extingue a execução, o que fará por meio de sentença, recorrível por apelação. 2) Indefere o pedido e dá prosseguimento à execução, o que fará por meio de decisão interlocutória recorrível por agravo de instrumento. 3) Não decide o pedido com fundamento na necessidade de produção de prova. Remete o debate ao tema alegado aos embargos à execução, o que fará por meio da decisão interlocutória recorrível por agravo de instrumento. A decisão de acolhimento da exceção de pré-executividade depende de cognição exauriente, ou seja, o magistrado só deverá acolher a alegação do executado sobre o fundamento da certeza. Caso tenha o juiz dúvidas, ele terá que remeter às partes para a via própria, que serão os embargos ou a impugnação. Igualmente dependerá de cognição exauriente realizada pelo juiz, a decisão que indefere a exceção de pré-executividade, já que tendo necessidade de produção de provas, o juiz não decidirá o pedido do executado. Essa decisão é tanto interlocutória como de mérito. Apta a produzir coisa julgada material. Como é uma decisão interlocutória, o recurso cabível será o agravo de instrumento. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza SantosDireito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 73 DOS EMBARGOS DO DEVEDOR Os embargos do devedor possuem natureza jurídica de ação e quando intentados fazem tramitar, em um mesmo processo, duas ações: a execução e os embargos à execução (embargos do devedor). Em regra não tem efeito suspensivo, mas o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir esse efeito quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. Independente de depósito, caução ou penhora, contudo, o executado poderá obstar-se à execução por meio de embargos que serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais mais relevantes. Reparem duas coisas: 1) o depósito, caução ou penhora são requisitos para se atribuir a suspensão, mas não para a oposição de embargos; 2) Não são os embargos instruídos com cópia de todos os atos processuais, mas só dos mais importantes. Esse conhecimento foi cobrado pelo Cespe em uma prova de 2009: A respeito dos embargos de devedor, assinale a opção correta. a) É possível a efetivação de atos de penhora e avaliação dos bens, ainda que tenha sido atribuído efeito suspensivo aos embargos. b) Em regra, os embargos não têm efeito suspensivo. Contudo, o juiz pode, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, sem que, para isso, seja necessário que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficiente. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 73 c) A decisão relativa aos efeitos dos embargos pode, de ofício, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram. d) Os embargos à execução são distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias de todas as peças processuais. e) A execução deve ficar suspensa por completo, ainda que o efeito suspensivo atribuído diga respeito a apenas uma parte do objeto daquela execução. 5HVSRVWD��³D´ $� OHWUD� ³H´� WDPEpP� HVWi� HUUDGD�� SRUTXH� QRV� HPEDUJRV, quando o efeito suspensivo atribuído disser respeito apenas a parte do objeto da execução, ela prosseguirá quanto à parte restante. $�OHWUD�³F´��SRU�VXD�YH]��HUUD�DR�GL]HU�TXH�R�HIHLWR�VXVSHQVLYR�VHUi�DSOLFDGR� de ofício, quando na verdade deve ser a pedido o embargante. Desse modo, regra geral, os embargos não terão efeito suspensivo, no entanto o magistrado poderá, a requerimento do embargante, conceder efeito suspensivo, quando os fundamentos forem relevantes, quando a continuação da execução ameaça causar dano irreparável e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução. Relativamente ao prazo para opor os embargos, ele é de 15 dias, contado da data da juntada aos autos do mandado de citação. Nos casos em que houver vários executados, o prazo é contado a partir da juntada do respectivo mandado. No entanto, quando os executados forem cônjuges o prazo é contado individualmente. Obs.: o art.191 do CPC não se aplica ao prazo dos embargos. O art. 191 determina que o prazo deve ser contado em dobro quando houver litisconsórcio. No caso dos embargos do devedor, portanto, mais de um integrante no polo passivo não significa que o prazo seja contado em dobro. Nas execuções de carta precatória, a citação deverá ser comunicada, de imediato, ao juiz deprecante, inclusive por meio eletrônicos. Nesse caso, os embargos terão seus prazos contados a partir da juntada aos autos de tal comunicação. ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 73 1) A concessão do efeito suspensivo não impede a efetivação da penhora e avaliação dos bens. 2) A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram. Os embargos poderão ser rejeitados, liminarmente, pelo magistrado quando forem intempestivos, quando inepta a petição ou quando protelatórios. Em caso de má-fé, a cobrança de multa ou indenização será promovida no próprio processo de execução, em autos apensos, operando-se por compensação ou execução. Obs.: No caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, em favor do exequente, multa ao embargante em valor não superior a 20% (vinte por cento) do valor em execução. Uma vez recebidos os embargos, será o exequente ouvido no prazo de 15 dias. Terá o magistrado o dever de julgar imediatamente o pedido ou designar audiência de conciliação, instrução e julgamento, proferindo a sentença no prazo de 10 dias. A Lei 11.232/05 criou a impugnação (artigos 475-L e 475-M, ambos do CPC) como a forma pela qual o executado questiona o cumprimento de sentença, isto é, a execução fundada em título judicial. Desse modo, entre as inovações introduzidas pela reforma de 2005/2006 do CPC, encontra-se a substituição dos embargos do devedor pela impugnação quando se tratar de título judicial, uma vez que o legislador por entender incompatível com a celeridade processual, (os embargos são ação incidente que visa à anulação, redução da execução ou a retirada da eficácia executória de um título), a nova Lei classificou a impugnação como mero incidente oponível apenas por agravo de instrumento. Preservou-se, como falamos, os embargos do executado como a forma pela qual o executado volta-se à execução fundada em título extrajudicial (artigo 745 do CPC). ##94-247.984.586## 685.489.742-49 - Paulo Roberto de Souza Santos Direito Processual Civil ʹ TRT 8ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 10 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 73 Mesmo considerando-se a execução ou o cumprimento de sentença como uma sequência de atos coativos, não há como se desprezar as garantias constitucionais a pretexto de agilizar a execução do julgado. É interessante observar que mesmo quando o Legislador
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