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REVISÃO ICMS TRIBUTOS EM ESPÉCIE – EDUARDO CASTRO E OUTROS I. LEGISLAÇÃO; II. ASPECTO MATERIAL (FATOS GERADORES): 1. Circulação de mercadorias; 2. Transporte interestadual e intermunicipal; 3. Prestação de serviço de comunicação. III. ASPECTO ESPACIAL; IV. ASPECTO TEMPORAL; V. ASPECTO SUBJETIVO: 1. Sujeito ativo casos de importação: Lei Kandir X STF; 2. Habitualidade do sujeito passivo e exceções; 3. ICMS e comunicação roaming; 4. Restituição de ICMS e energia elétrica; 5. Substituição tributária. VI. ASPECTO QUANTITATIVO: 1. Descontos condicionais, incondicionais e bonificações; 2. Pauta fiscal X referência fiscal; 3. Vendas a prazo X operações com cartão de crédito; 4. Não cumulatividade e regimes de crédito; 5. Créditos de ICMS e imunidade, isenção e não incidência; 6. Correção monetária dos créditos de ICMS; 7. Estorno de crédito em vendas de mercadorias por preço inferior ao da aquisição; 8. Não creditamento de ICMS por bens de conveniência. IX. IMUNIDADES. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ I. LEGISLAÇÃO: Lei Complementar não é responsável pela criação ou majoração do ICMS. Tais atribuições estão afetas à lei ordinária estadual. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO ICMS Espécie normativa Função exercida Constituição Federal (art. 155, §§ 2º a 4º) - Delineamento geral do tributo. Lei Complementar n.º 87/96 (Lei Kandir) - Fixar normas gerais do imposto: sujeito ativo e passivo, substituição tributária, forma de concessão de isenções por convênios e etc. Convênios do CONFAZ - Instituir ou revogar isenções, incentivos e benefícios fiscais. Resoluções do Senado Federal - Fixação de alíquotas mínima e máxima em operações internas; - Fixação de alíquotas em operações interestaduais; - Fixação de alíquotas em operações externas. Leis Ordinárias e Decretos locais - Instituição do tributo; - Normas específicas em matéria de ICMS; - Instituição de obrigações acessórias e penalidades. _______________________________________________________________ Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ II. ASPECTO MATERIAL (FATOS GERADORES): O ICMS é tributo estadual previsto no art. 155, II, da CF/88, devendo incidir sobre: II. Operações relativas à circulação de mercadorias (1) e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal (2) e de comunicação (3), ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. 1. Circulação de mercadorias: A incidência de ICMS, em operações relativas à circulação de mercadorias, depende da mudança de propriedade dessas mercadorias, dentro da circulação econômica que leva da fonte ao consumidor. Tal circulação deve se operar no âmbito de atividade mercantil-comercial, razão pela qual a simples compra e venda de mercadoria não basta à incidência do ICMS. Hugo de Brito Machado define mercadoria, para fins de incidência de ICMS, como coisas adquiridas pelos empresários para revenda, no estado em que as adquiriu, ou transformadas; ou, ainda, coisas produzidas para venda direta. No caso de ICMS-importação, são consideradas mercadorias, também, as coisas adquiridas pelo consumidor final. _______________________________________________________________ ATENÇÃO: ÁGUA ENCANADA X ÁGUA ENVASADA OU EMBALADA: Comentários: Dizer o Direito Conceito de mercadorias Mercadorias são os bens móveis que estão no mundo dos negócios com finalidade comercial (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. São Paulo: Método, 2012, p. 575). Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Incide ICMS sobre o serviço de fornecimento de água encanada? NÃO. Segundo o STF, mercadoria, para fins de ICMS, é o bem móvel sujeito à mercancia (objeto de atividade mercantil). As águas públicas derivadas de rios ou mananciais são qualificadas juridicamente como bem de uso comum do povo, conforme preveem os arts. 20, III, e 26, I, da CF. Logo, não podem ser equiparadas a mercadoria. O fato de a empresa fazer o tratamento químico da água para que esta se torne apropriada para o consumo não tem o condão de descaracterizar a água como bem público de uso comum de todos. Vale ressaltar, ainda, que as concessionárias responsáveis pelo fornecimento da água não detêm poderes jurídicos de disposição sobre a água, tampouco poderiam lhe dar destinação comercial, dada a sua natureza de bem público. Assim, não se pode falar que elas fazem a “circulação de mercadoria”. A água embalada para venda (garrafinha de água mineral) está sujeita ao ICMS? SIM, considerando que, neste caso, a água foi transformada em mercadoria. Resumindo: Serviço de fornecimento de água encanada Fornecimento de água envasada (embalada) NÃO está sujeito ao pagamento de ICMS (não é objeto de comercialização, mas sim de prestação de serviço público). Está sujeito ao pagamento de ICMS (há circulação de mercadoria). _______________________________________________________________ Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ ATENÇÃO: ART. 12, I, LEI N.º 87/96 X SÚMULA 166 DO STJ: A Lei Kandir, adotando a regra da autonomia dos estabelecimentos, dispõe que a saída de mercadoria do estabelecimento do contribuinte, ainda que para outro da mesma pessoa jurídica, tal como ocorre com o envio de produtos da matriz para filial, deve ser tributada por ICMS. Todavia, o STJ afinado com a doutrina, sumulou entendimento em sentido contrário, segundo o qual “não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte”. A Corte fundamentou seu entendimento exatamente na necessidade de mudança de propriedade da mercadoria, para que se configure a circulação tributável, não admitindo sequer a incidência de ICMS em transferências interestaduais quando não haja a referida alteração de titularidade. _______________________________________________________________ ATENÇÃO: ICMS X ISS EM OPERAÇÕES MISTAS (SERVIÇOS + MERCADORIAS): 1) Caso o serviço prestado junto com o fornecimento de mercadorias não esteja previsto na LC 116/2003: incidirá apenas ICMS sobre o valor total da operação. Obs.: é indispensável que lei estadual contenha previsão de cobrança de ICMS sobre operações mistas. Nesse sentido, a Súmula 574 do STF: “Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de circulação de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurantes ou estabelecimento similar”; 2) Caso o serviço prestado junto com o fornecimento de mercadorias esteja relacionado na LC n.º 116/2003: incidirá apenas ISS sobre o valor total da operação mista. Ex.: Súmula 156 do STJ: “a prestação do serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva o fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS” e Súmula 274 do STJ: “O ISS incide sobre o valor dos serviços de Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ assistência médica, incluindo-se neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares”; 3) Caso o serviço prestado junto com o fornecimento de mercadorias esteja relacionado na LC n.º 116/2003, mas com ressalva em relação à mercadoria: incidirá ISS sobre o preço do serviço; e ICMS sobre o preço da mercadoria. Ex.: recondicionamento de motores automotivose outros serviços de “revisão” de veículos. _______________________________________________________________ ATENÇÃO – CASOS PARTICULARES DO CONFLITO ENTRE ICMS X ISS: 1) Empreitada de construção civil: o serviço de construção civil prestado junto com o fornecimento de concreto ou peças pré-moldadas é tributado apenas pelo ISS. Isso porque o concreto e tais peças não são considerados mercadorias para fins de incidência do ICMS, porquanto não decorrentes de processo industrial e não postos à venda em larga escala. Todavia, haverá incidência de ICMS se a produção do concreto e dos pré-moldados ocorrer fora do local da prestação de serviços. 2) Fitas de vídeo, DVDs e Blu-Ray Disc: Se a venda desses produtos ocorrer em escala industrial (“em prateleira”), sendo realizada por empresas de natureza mercantil-comercial, haverá incidência exclusiva de ICMS, já que a hipótese cuida de circulação de mercadoria. Todavia, se os referidos produtos decorrerem da prestação de serviços específicos, realizados sob encomenda, haverá incidência exclusiva de ISS. Sobre o tema, dispõe a Súmula 156 do STJ: “a prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita apenas ao ISS”. No mesmo sentido, a Súmula 662 do STF: “é legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras cinematográficas, gravadas em fitas de videocassete”. 3) Embalagens: Este caso não se confunde com o abordado no tópico 2, pois, ainda que tais embalagens tenham sido fornecidas sob encomenda, Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ não haverá incidência de ISS. Isso porque as embalagens se inserem no ciclo de produção, agregando valor às mercadorias embaladas, razão pela qual são consideradas produtos intermediários para fins de incidência de ICMS. _______________________________________________________________ As operações societárias (fusão, cisão, incorporação), bem como a integralização do capital são institutos de natureza civil, cujo trâmite não opera atividade mercantil-comercial de circulação de mercadorias. Ora, o sócio que integraliza bens e direito à sociedade, em tese, não pratica tal atividade como comerciante profissional, tampouco há circulação de mercadoria a preencher a hipótese de incidência do ICMS. Segundo o STF, é constitucional a incidência de ICMS sobre a transferência eletrônica de dados – download – realizada no âmbito de atividade mercantil. Isso porque bens incorpóreos também preenchem o conceito de mercadoria a ser tributada pelo referido imposto. _______________________________________________________________ ATENÇÃO – ICMS EM OPERAÇÕES DE LEASING: Comentários: Dizer o Direito ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) O que é o leasing? O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de contrato de locação no qual o locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste, comprar o bem pagando uma quantia chamada de valor residual garantido (VRG). Opções do arrendatário: Ao final do leasing, o arrendatário terá três opções: Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ • Renovar a locação, prorrogando o contrato; • Não renovar a locação, encerrando o contrato; • Pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugado. Exemplo: “A” faz um contrato de leasing com a empresa “B” para arrendamento de um veículo 0km pelo prazo de 5 anos. Logo, “A” pagará todos os meses um valor a título de aluguel e poderá usar o carro. A principal diferença para uma locação comum é que “A”, ao final do prazo do contrato, poderá pagar o valor residual e ficar definitivamente com o automóvel. Obs.: é comum, na prática, que o contrato já estabeleça que o valor residual seja diluído nas prestações do aluguel. Assim, o contrato prevê que o arrendatário já declara que deseja comprar o bem e, todos os meses, junto com o valor do aluguel, ele paga também o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso é extremamente frequente, especialmente no caso de leasing financeiro. No entanto, nem sempre isso ocorre. O STJ considera legítima essa prática? SIM. Trata-se de entendimento sumulado do STJ: Súmula 293 do STJ: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Modalidades de leasing: Existem três espécies de leasing: Leasing FINANCEIRO Leasing OPERACIONAL Leasing DE RETORNO (Lease back) Previsto no art. 5º da Resolução 2.309/96-BACEN. Previsto no art. 6º da Resolução 2.309/96-BACEN. Sem previsão na Resolução 2.309-BACEN. É a forma típica e clássica do leasing. Ocorre quando uma pessoa jurídica (arrendadora) compra o bem solicitado por uma pessoa física ou jurídica (arrendatária) para, então, alugá-lo à arrendatária. Ocorre quando a arrendadora já é proprietária do bem e o aluga ao arrendatário, comprometendo-se também a prestar assistência técnica em relação ao maquinário. Ocorre quando determinada pessoa, precisando se capitalizar, aliena seu bem à empresa de leasing, que arrenda de volta o bem ao antigo proprietário a fim de que ele continue utilizando a coisa. Em outras palavras, a pessoa vende seu bem e celebra um contrato de arrendamento com o comprador, continuando na posse direta. Ex: determinada empresa arrendatária quer utilizar uma nova máquina em sua linha de produção, mas não tem recursos suficientes para realizar a aquisição. Por esse Ex: a Boeing Corporation ® (arrendadora) celebra contrato de arrendamento para alugar cinco aeronaves à GOL® (arrendatária) a fim de que esta utilize os aviões em seus Ex: em 2001, a Varig®, a fim de se recapitalizar, vendeu algumas aeronaves à Boeing® e os alugou de volta por meio de um contrato de lease back. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ motivo, celebra contrato de leasing financeiro com um Banco (arrendador) que compra o bem e o arrenda para que a empresa utilize o maquinário. voos. A arrendadora também ficará responsável pela manutenção dos aviões. O nome completo desse negócio jurídico, em inglês, é sale and lease back, ou seja, venda e arrendamento de volta. Normalmente, a intenção da arrendatária é, ao final do contrato, exercer seu direito de compra do bem. Normalmente, a intenção da arrendatária é, ao final do contrato, NÃO exercer seu direito de compra do bem. Em geral é utilizado como uma forma de obtenção de capital de giro. O que é o leasing internacional (arrendamento mercantil internacional)? Ocorre quando uma empresa situada no Brasil celebra contrato de leasing com um arrendador para trazer ao país um bem fabricado no exterior. Há incidência de ICMS no caso de leasing internacional? REGRA: NÃO. Em regra, não incide o ICMS importação na operação de arrendamento mercantil internacional uma vez que, no leasing, não há, necessariamente, a transferência de titularidade do bem. Em outras palavras, pode haver ou não a compra. EXCEÇÃO: incidirá ICMS importação se ficar demonstrado que houve a antecipação da opção de compra. STF. Plenário. RE 540829/SP, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 11/9/2014 (repercussãogeral) (Info 758). A incidência do ICMS pressupõe que tenha havido uma operação de circulação de mercadoria. Assim, só incide o referido imposto se ocorreu Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ a aquisição (compra) da mercadoria. Se houve apenas a transferência da posse do bem por causa do arrendamento (sem que tenha havido compra), não incide o ICMS importação porque não aconteceu a circulação econômica. Dessa forma, para saber se haverá ou não incidência do ICMS importação, a Fazenda Pública deverá examinar o contrato de arrendamento no caso concreto, podendo perceber duas situações: 1) Se existe a possibilidade de o bem ser restituído ao proprietário e o arrendatário não efetuou a opção de compra: NÃO INCIDE o imposto considerando que ainda não ocorreu circulação de mercadoria. Assim, não incide o ICMS quando o bem não tiver sido importado para integrar o ativo fixo da empresa, havendo possibilidade de ser devolvido ao final do contrato. Se, ao final do pacto, o bem for adquirido (ao invés de devolvido), neste momento ocorrerá a incidência do tributo. Ex.: no caso de leasing efetuado por companhias aéreas para arrendamento de aeronaves, equipamentos e peças. Isso porque a prática demonstra que, ao final do contrato, esses bens são devolvidos ao arrendador (indústria de aeronaves), não sendo uma compra e venda disfarçada. 2) Se não existe a possibilidade de o bem ser restituído ao proprietário, seja por circunstâncias naturais (físicas) seja porque se trata de insumo: INCIDE o imposto considerando que, nessa hipótese, o contrato tem apenas a forma (o “nome”) de arrendamento, mas o seu conteúdo é de um contrato de compra e venda. Assim, incide o ICMS quando o bem for destinado ao ativo fixo da empresa. _______________________________________________________________ 2. Transporte interestadual e intermunicipal: O serviço de transporte para ser tributado por ICMS deve ser formalizado em contrato autônomo de “frete”. Não incide, pois, ICMS sobre transporte Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ de mercadoria realizado pelo próprio contribuinte em veículos de sua propriedade. As atividades de “frete” desenvolvidas pelos correios são imunes ao ICMS, ainda que estas não ostentem natureza de serviço postal da qual a ECT detém monopólio. O STF declarou inconstitucional a incidência de ICMS sobre os serviços de transporte aéreo intermunicipal, interestadual e internacional de passageiros, pois a LC 87/96 foi omissa quanto aos critérios de repartição de receita do imposto. Também foi declarada inconstitucional a incidência de ICMS sobre transporte internacional de carga, sob o fundamento de que haveria afronta à isonomia, já que as empresas estrangeiras gozam de isenção estribada em tratados e acordos internacionais. _______________________________________________________________ 3. Prestação de serviço de comunicação: LEANDRO PAULSEN e SOARES DE MELO: O ICMS-comunicação não incide sobre a comunicação em si, mas sobre a relação onerosa que se estabelece entre o fornecedor dos meios materiais necessários para que a relação comunicativa possa se estabelecer com o tomador desses serviços. Em outras palavras, tributa-se não a comunicação em si, mas o aparelhamento material que permite a transmissão de comunicação (fios, antenas, cabos e etc.). É por essa razão que, na forma da Súmula 334 do STJ, “o ICMS não incide no serviço de provedores de acesso à internet”, porquanto o suporte material necessário à realização de comunicação não é de sua responsabilidade, mas sim das concessionárias de telefonia. Os provedores de internet, a bem da verdade, são meros usuários do serviço prestado pelas referidas concessionárias. Segundo o STJ, a prestação de serviços conexos ao de comunicação por meio da telefonia móvel não se confunde com a prestação da Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ atividade fim, processo de transmissão (emissão e recepção) de informações de qualquer natureza, este, sim, passível de incidência pelo ICMS. Assim, não deve incidir ICMS sobre serviços de troca de titularidade de aparelho, detalhamento de conta, troca de número, troca de plano e etc. _______________________________________________________________ III. ASPECTO ESPACIAL: As operações interestaduais com energia elétrica e petróleo considerar- se-ão realizadas no Estado onde estiver localizado o adquirente, inclusive consumidor final, se não se destinar à industrialização e comercialização. O valor adicionado para fins de distribuição de ICMS relativo às usinas hidrelétricas deve ser computado exclusivamente em favor do município em que a energia é gerada. Considerar-se-á gerada a energia no local onde assentado o equipamento gerador, sendo irrelevante o perímetro ocupado pela empresa de geração ou mesmo o local em que situado o reservatório de água. _______________________________________________________________ IV. ASPECTO TEMPORAL: Nos termos do art. 12, I, da Lei Kandir, em regra, considera-se a operação relativa à CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA no momento da saída da referida mercadoria do estabelecimento do contribuinte do imposto. Caso a mercadoria advenha de operação de importação, o momento será o do desembaraço aduaneiro. Em relação aos serviços de TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL, o momento considerado é o do início da prestação dos referidos serviços. Todavia, se o transporte for iniciado no exterior, o momento será o do final da prestação. Por fim, no Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ caso de ICMS-COMUNICAÇÃO, considera-se o momento da prestação onerosa do serviço. ASPECTO TEMPORAL Fato gerador: Momento: -Circulação de mercadorias: Operações internas: Saída da mercadoria do estabelecimento. Operações de importação Desembaraço aduaneiro. -Transporte: Intermunicipal e interestadual Ato inicial da prestação. Iniciado no exterior Ato final da prestação. -Comunicação: Prestação onerosa do serviço. _______________________________________________________________ MUITA ATENÇÃO – ASPECTO TEMPORAL DO ICMS SOBRE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA: A energia furtada antes da entrega ao consumidor final não pode ser objeto de incidência do ICMS. O fato gerador do ICMS é o consumo de energia elétrica, portanto o momento do consumo é o elemento temporal da obrigação tributária, sendo o aspecto espacial o local onde ela é consumida (o Estado de destino é que recolhe o imposto). Dessa forma, o ICMS deve incidir sobre o valor da energia efetivamente consumida. Assim, a energia elétrica furtada nas operações de transmissão e distribuição não sofre incidência de ICMS por absoluta “intributabilidade” em face da não ocorrência do fato gerador. Roque Antônio Carrazza explica que, para que haja incidência do ICMS- Energia Elétrica é imprescindível que ocorra uma operação jurídica com o consumidor final. Assim, só há que se falar em nascimento do dever de pagar ICMS quando o fornecimento de energia elétrica decorrer de um negócio jurídico regular. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Logo, o ICMS deixa de ser devido nos casos em que a energia elétrica se perde, quer por razões físicas ("vazamentos" no sistema), quer por motivos de ordem criminal (furto). É que, inexistindo consumo regular, ausente está – pelo menos sob a ópticado Direito Tributário – qualquer operação relativa ao fornecimento de energia elétrica (ICMS. 13ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p. 272-273). O STJ, no REsp 1.306.356, noticiado no informativo 503, considerando esse entendimento de Carraza e de outros doutrinadores, chegou às seguintes conclusões: 1) A energia furtada antes da entrega ao consumidor final não pode ser objeto de incidência do ICMS; 2) O fato gerador do ICMS é o consumo de energia elétrica, portanto o momento do consumo é o elemento temporal da obrigação tributária, sendo o aspecto espacial o local onde ela é consumida (o Estado de destino é que recolhe o imposto); 3) O ICMS deve incidir sobre o valor da energia efetivamente consumida; 4) Assim, a energia elétrica furtada nas operações de transmissão e distribuição não sofre incidência de ICMS por absoluta “intributabilidade” em face da não ocorrência do fato gerador. Outras conclusões sobre o ICMS e energia elétrica: 1) No caso da energia elétrica, o nosso sistema tributário adotou como elemento temporal da hipótese de incidência do ICMS o consumo, vale dizer, o momento em que a energia, saindo da rede elétrica, é utilizada pelo estabelecimento consumidor. Em outras palavras, o ICMS incide por ocasião do consumo da energia elétrica. 2) O fato gerador do ICMS apenas se aperfeiçoa, fazendo com que surja a obrigação tributária, com o fornecimento da energia elétrica ao consumidor final. 3) Se a venda de energia elétrica envolver mais de um Estado, o ICMS deverá ser recolhido ao Estado de destino, onde situado o consumidor Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ final. Desse modo, o elemento espacial do ICMS-Energia é o local onde consumida a energia. 4) As empresas distribuidoras de energia elétrica são responsáveis, na qualidade de substitutas tributárias, pelo recolhimento do imposto que será devido ao Estado de destino. 5) O ICMS deve incidir sobre o valor da energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que for entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de transmissão e entrado no estabelecimento da empresa. Assim, a energia elétrica só é gerada e só circula quando há consumo (STJ REsp 960.476/SC). _______________________________________________________________ V. ASPECTO SUBJETIVO: 1. Sujeito ativo em casos de importação – Lei Kandir X STF: A Lei Kandir (art. 11, I, d) estabelece que o local da entrada de mercadoria, em casos de importação, deve ser considerado o local da operação para fins de sujeição ativa do ICMS, ou seja, para definir qual Estado da federação deve cobrar o referido imposto. Todavia, o STF tem entendido que o sujeito ativo da relação jurídico-tributária do ICMS é o Estado onde fixado o estabelecimento do importador ou domicílio do consumidor final, pouco importando o lugar do desembaraço aduaneiro, que só tem efeitos para satisfazer o aspecto temporal nessas operações. Isto é, para o STF, o sujeito ativo da exação é o Estado do destinatário jurídico do bem, ainda que diverso do local do desembaraço aduaneiro. _______________________________________________________________ 2. Habitualidade do sujeito passivo e exceções: É regra que o sujeito passivo do ICMS deve desenvolver atividade mercantil com habitualidade e intuito comercial. Todavia, existem três hipóteses em que se tributa sujeito passivo sem essas características relacionadas à mercantilidade: Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ a) Importação de mercadorias por consumidor final; b) Aquisição em licitação de bens apreendidos ou abandonados; c) Aquisição de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados do petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou industrialização. _______________________________________________________________ 3. ICMS e comunicação roaming: O ICMS não pode ser cobrado da operadora que simplesmente fatura e recebe o serviço, mas deve sê-lo da operadora visitada, que é a responsável efetiva pelo suporte material da comunicação (fato gerador). _______________________________________________________________ 4. Restituição de ICMS e energia elétrica: Nos termos do art. 166 do CTN, a restituição de tributos indiretos, tal como é o ICMS, somente será feita ao contribuinte de direito que houver assumido o encargo financeiro do tributo, ou, tendo-o, transferido a terceiro, esteja por este autorizado expressamente. A regra mencionada, portanto, não confere legitimidade ativa ao contribuinte de fato, que não participa da relação jurídico- tributária encetada entre o Estado e o contribuinte de direito. Falta ao contribuinte de fato legitimidade processual (esta é a posição tradicional e deve ser encarada como regra). Contudo, o STJ excepcionando a regra acima aduzida, entendeu que o consumidor – contribuinte de fato – tem legitimidade para pleitear repetição de indébito pago indevidamente sobre demanda contratada, mas não utilizada de energia elétrica. Isso porque a concessionária de energia elétrica, formalmente posicionada na relação jurídico-tributária como contribuinte de direito, não tem interesse na repetição, seja porque inexiste concorrência a minar Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ seu mercado econômico; seja porque se encontra em estado de quase submissão ao poder concedente, buscando, por isso, sempre evitar desgastes. Assim, inexistindo interesse do contribuinte de direito (concessionária de energia elétrica), descerra-se a possibilidade de o contribuinte de fato (consumidor) pleitear repetição de indébito em nome próprio, pois, caso contrário, eventual cobrança ilegal não chegaria ao Poder Judiciário. _______________________________________________________________ ATENÇÃO: CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PAGAMENTO INDEVIDO E RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS INDIRETOS: Comentários: Dizer o Direito STJ: 1) O consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação declaratória cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência de ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada de energia elétrica. (Primeira Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.269.424-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/10/2012) 2) O usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de contribuinte de fato, é parte legítima para discutir pedido de compensação do ICMS supostamente pago a maior no regime de substituição tributária. (Segunda Turma. AgRg no RMS 28.044-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/11/2012) Tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF. Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência. Se houver pagamento indevido de tributo, o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (art. 165 do CTN). A isso se dá o nome de repetição de indébito. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Nos tributos diretos, a regra relativa às restituições é simples: quem pagou um valor indevido ou maior que o devido tem direito à restituição. Nos tributos indiretos, a questão é um pouco mais complexa. Se o contribuinte de direito repassou oficialmente o encargo econômico do tributo a um terceiro e, mais tarde,percebeu-se que tal ônus não correspondia ao previsto na lei, havendo direito à restituição, seria justo restituir o excesso ao primeiro? Em outras palavras, sendo o tributo indireto, quem detém a legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito? Trata-se de questão difícil e polêmica. O STJ estabeleceu a seguinte distinção: 1) REGRA GERAL: A legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE DIREITO Argumento: o contribuinte de fato não integra a relação jurídica tributária. Ex.: no caso de pagamento indevido de IPI sobre a fabricação de bebidas, o STJ decidiu que a legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito é do fabricante de bebida (contribuinte de direito) (REsp 903.394/AL, DJe de 26/04/2010). 2) No caso de tributos pagos indevidamente por CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA: A legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE FATO (consumidor) Argumentos: a concessionária sempre evitará embates desgastantes com o Poder Público. Além disso, em caso de aumento de tributos, poderá repassar esse valor nas tarifas. Logo, o STJ concluiu que não haveria interesse das concessionárias em pleitear a restituição do indébito em caso de terem sido tributadas indevidamente. Desse modo, o consumidor iria arcar com a repercussão econômica do tributo pago a maior e, como a concessionária não iria pleitear a repetição do indébito, essa situação de abusividade na cobrança iria se perpetuar, em prejuízo ao usuário dos serviços públicos. As palavras do Min. Cesar Asfor Rocha são esclarecedoras: “Sem dúvida, no caso das concessionárias do serviço público, diante de tudo o que foi dito acima, entendo que a legitimidade do consumidor final Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ permanece. Decidir de forma diversa impede qualquer discussão, por exemplo, sobre a ilegalidade – já reconhecida neste Tribunal Superior – da incidência do ICMS sobre a demanda "contratada e não utilizada", contrariando as normas que disciplinam as relações envolvidas nas concessões de serviço público. Isso porque, volto a afirmar, em casos como o presente, inexiste conflito de interesses entre a Fazenda Pública, titular do tributo, e as concessionárias, que apenas repassam o custo tributário à tarifa por força do art. 9º, §§ 2º e 3º, da Lei n. 8.987/1995. (...) Situação diversa é a da fabricação e do comércio de bebidas, objeto do REsp 903.394/AL (repetitivo), não aplicável ao caso em debate. Se o fabricante simplesmente repassar ao preço do seu produto de venda o valor do ICMS cobrado indevidamente, as suas vendas poderão cair. Em virtude da concorrência no setor privado – o que dificilmente ocorre no fornecimento de energia elétrica –, o distribuidor (adquirente da bebida) poderá buscar outro fabricante, com produtos inferiores ou importados, com preços menores. Para compensar o ICMS pago a mais e a fim de não reduzir as vendas, terá o fabricante que reduzir custos e lucros, ao menos até que volte a dominar o mercado. Sem dúvida, portanto, nessa situação, há conflitos de interesses entre o credor do tributo e o fabricante, o que viabiliza o ingresso de ações na Justiça por parte deste.” (REsp 1.299.303/SC). _______________________________________________________________ 5. Substituição tributária: Previsão constitucional – art. 150, §7º, CF/88: Art. 150, §7º - A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Objetivo: Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ A técnica da substituição tributária objetiva diminuir a máquina fazendária e conduzir a evasão fiscal a dimensões mínimas, propiciando maior comodidade, economia, eficiência e celeridade às atividades de tributação e arrecadação. Espécies: Substituição para trás, regressiva ou por diferimento: ocorrerá sempre que o substituto pagar imposto referente a operações já ocorridas. Relaciona- se, pois, com situações passadas (o substituído ficou para trás na cadeia econômica). Substituição para frente ou progressiva: ocorrerá quando o substituto recolhe tributo relativo à operação que ainda está por vir. Relaciona-se, pois, com situações futuras (o substituído está à frente na cadeia econômica). Críticas à substituição tributária progressiva: Roque Antônio Carrazza enumera as seguintes críticas ao regime sobredito: Não há vinculação da cobrança do imposto ao fato gerador da obrigação; O fato gerador presumido não reflete o real valor da operação; À época do recolhimento, o sujeito substituído era inexistente; A prática implica violação aos princípios constitucionais da segurança jurídica e da vedação ao confisco; As dificuldades para reaver o valor pago, em caso de não realização do fato gerador, podem tornar o instituto ainda mais injusto. Todavia, atentar para o fato de que o STF e o STJ não têm acolhido os argumentos acima declinados, ratificando, assim, a constitucionalidade do regime de substituição tributária para frente. _______________________________________________________________ Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ MUITA ATENÇÃO: RESTITUIÇÃO DO ICMS PAGO A MAIOR NA HIPÓTESE EM QUE A BASE DE CÁLCULO REAL SEJA INFERIOR À PRESUMIDA: Comentários: Dizer o Direito O STF, ao julgar a ADI 1.851/AL, entendeu que o contribuinte somente tem direito à restituição de valores recolhidos de ICMS no regime de substituição tributária na hipótese de NÃO OCORRÊNCIA do fato gerador, ainda que o preço de venda tenha sido inferior à base de cálculo presumida. Entretanto, a jurisprudência do STJ, na aplicação da orientação do STF na mencionada ADI, entendeu que o referido entendimento não se aplica aos Estados não signatários do Convênio 13/97, a exemplo: São Paulo. No caso de São Paulo, a restituição do imposto pago a maior, na hipótese em que a base de cálculo real é inferior à presumida, é possível. Todavia, tal restituição não é imediata e automática, pois há no Estado de São Paulo legislação específica determinando a forma de restituição dos valores recolhidos a maior a título de ICMS-ST. Substituição tributária progressiva: A substituição tributária progressiva, também chamada de substituição tributária “para frente” ou subsequente, é uma técnica de arrecadação de alguns impostos, em especial o ICMS. Na substituição tributária progressiva, a lei prevê que o tributo deverá ser recolhido antes mesmo que ocorra o fato gerador. Desse modo, primeiro há um recolhimento do imposto e o fato gerador se dará em um momento posterior. Diz-se, então, que o fato gerador é presumido porque haverá o pagamento do tributo sem ter certeza que ele irá acontecer. Previsão constitucional: A substituição tributária progressiva é prevista na própria CF/88: Art. 150 (...) § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Exemplo de Ricardo Alexandre (p. 298): “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a gasolina para os distribuidores (“B”), que revendempara os postos de gasolina (“C”), que, por fim, vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo que irá incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como contribuinte e também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará como substituto tributário/responsável tributário). Veja como fica a cadeia de vendas e a incidência do imposto: - “A” vende para “B” (“A” paga o tributo como contribuinte e também já paga, como responsável tributário, o imposto relacionado com as vendas futuras). - “B” vende para “C” (“B” não pagará mais o imposto, uma vez que este já foi pago por “A”, como substituto tributário). - “C” vende para os consumidores (“C” não pagará o imposto, uma vez que este já foi pago por “A”, como substituto). Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual se presume que a mercadoria será vendida ao consumidor (ALEXANDRE, Ricardo, p. 299). O que acontece caso o FG presumido não se realize? A refinaria “A” já pagou o imposto relacionado com as vendas de “B” para “C” e deste para “D”. Sucede que, no final das contas, ocorreu um problema e “B” não vendeu a gasolina para ninguém. Nesse caso, a própria CF/88 assegura a restituição da quantia paga. Com efeito, o § 7º do art. 150 da CF/88 afirma que será “assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. O art. 10 da LC n. 86/96 (“Lei Kandir”) também prevê o direito à restituição: Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ “Art. 10. É assegurado ao contribuinte substituído o direito à restituição do valor do imposto pago por força da substituição tributária, correspondente ao fato gerador presumido que não se realizar.” O que acontece caso o FG presumido se realize, mas com um valor diverso do que foi presumido? A refinaria “A” já pagou o imposto relacionado com as vendas de “B” para “C” e deste para “D”. Suponha-se que se presumiu, como preço de venda da gasolina na bomba, o valor de 3 reais o litro, sendo o tributo cobrado com base nesse parâmetro. Ocorre que, por razões de mercado, a gasolina foi vendida a 2 reais o litro. Desse modo, o FG que havia sido presumido ocorreu, mas o valor da venda foi menor do que o previsto no momento de calcular o imposto antecipado. A refinaria recolheu o ICMS considerando o valor de 3 reais, mas a base de cálculo real foi de 2 reais. O Fisco deverá devolver a diferença do imposto entre o que foi pago e aquilo que efetivamente se deu na prática? -Doutrina majoritária: afirmava que deveria ser devolvida a diferença. - Fisco: defendeu que não deveria haver devolução da diferença. Ricardo Alexandre expõe os argumentos veiculados (p. 302) pelo Fisco: a) Argumento de política fiscal: Se forem obrigatórios os ajustes nos casos em que haja diferença entre os valores recolhidos antecipadamente e os valores vendidos, a sistemática da substituição progressiva perderá boa parte de sua utilidade prática, pois a Administração precisará voltar a fiscalizar a parte final da cadeia produtiva (no caso citado, os postos). Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ b) Argumento jurídico: A CF expressamente falou que seria devida a devolução no caso de o FG não se realizar; logo, em caso de recolhimento a maior, não haveria direito à restituição em virtude de um silêncio eloquente. Em 1997, 23 dos 27 Estados e DF firmaram o Convênio interestadual 13/1997 (ficaram de fora somente PE, SP, SC e PR). Nesse Convênio ficou definido que não deveria haver a restituição dos valores recolhidos a maior (ex: estimou a gasolina a 3 reais e ela foi vendida a 2 reais). Por outro lado, segundo o Convênio, o Fisco também não poderia fazer a cobrança extra caso tivesse recolhido os valores a menor (ex: estimou a gasolina a 2 reais e ela foi vendida a 3 reais). Foi ajuizada uma ADI n. 1.851-AL contra o Convênio 13/1997, tendo o STF julgado constitucional a não-restituição prevista no Convênio: (...) O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas definitivo, não dando ensejo a restituição ou complementação do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua não-realização final. Admitir o contrário valeria por despojar-se o instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e adoção, como a redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da evasão fiscal a dimensões mínimas, propiciando, portanto, maior comodidade, economia, eficiência e celeridade às atividades de tributação e arrecadação. (...) (ADI 1.851, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 8-5-02, DJ de 22-11-02) Ocorre que, como vimos acima, quatro Estados não assinaram o Convênio (PE, SP, SC e PR). No caso de SP e PE, as leis estaduais preveem que é devida a restituição na hipótese de ocorrência do FG com BC menor que a presumida. Logo, o STJ, com base nessas leis estaduais, entende que, no caso de SP e PE, é possível a restituição do imposto pago a maior, na hipótese em que a base de cálculo real é inferior à presumida. Veja um precedente da 1ª Turma do STJ: (...) A Turma reiterou ser cabível o pedido de compensação tributária de ICMS cuja base de cálculo seja superior ao valor da efetiva comercialização, tendo em vista que o estado federado, ora recorrido, não é signatário do Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Convênio ICMS n. 13/1997, bem como possui legislação que assegura ao contribuinte a restituição do ICMS pago antecipadamente no regime de substituição tributária. Portanto, não se aplica à hipótese o entendimento do STF exposto na ADI 1.851-4/AL. (...) RMS 32.725-PE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 27/9/2011. _______________________________________________________________ VI. ASPECTO QUANTITATIVO: 1. Descontos condicionais, incondicionais e bonificações: Dispõe a Lei Kandir que a base de cálculo do ICMS é o valor da operação da qual decorre a saída da mercadoria. Por essa razão, entende o STJ que os descontos incondicionais e as bonificações não se incluem na base de cálculo do ICMS, exatamente porque não compõem o valor da operação pela qual decorre a saída da mercadoria. Nesse sentido, a Súmula 459 do STJ: “os descontos incondicionais nas operações mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS”. Todavia, os descontos condicionais, por força do art. 13, §1º, II, a, da Lei Kandir, integram a base de cálculo do ICMS. _______________________________________________________________ 2. Pauta fiscal X referência fiscal: Denomina-se pauta fiscal o documento instituído pela Administração Fazendária, mediante a aplicação desarrazoada da técnica do arbitramento, para fixar previamente valores e preços, sem levar em consideração as peculiaridades atinentes a cada caso. Aqui, portanto, são desconsiderados os indicativos de preços presentes na Lei Kandir e nas leis estaduais de regência. Justamente por não levar em conta os parâmetros legais, o regime de pauta fiscal é reputado ilegal, consoante se verifica do teor da Súmula 431 do STJ: “É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal”. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Por seu turno, contrapondo-se à famigerada pauta fiscal, o documento denominado referência fiscal atesta a possibilidade de a Administração estabelecer de maneira antecipada os valores de operaçõesainda não ocorridas, desde que assim proceda amparada pelos critérios previstos na Lei Kandir. A antecipação dos valores de operações futuras, mediante a instituição de referência fiscal, objetiva viabilizar a técnica da substituição tributária progressiva, pois que, nesta, o momento do recolhimento de ICMS é anterior à própria ocorrência do fato gerador. Assim, para que o substituto tributário tenha condições de recolher o montante, impõe-se a fixação prévia dos preços, que deve ocorrer nos termos dos critérios da Lei Kandir. Obs.: Ricardo Alexandre explica os dois conceitos com base no art. 148 do CTN, que consagra a técnica do lançamento por arbitramento. Eis a dicção do referido dispositivo: Art. 148 do CTN: Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Para o autor, a pauta fiscal considerada ilegal é a que utiliza a técnica do arbitramento de maneira desmedida, sem considerar a condicionante legal acima grifada. Em outras palavras, a Administração Fazendária, quando arbitra preços e valores de operações fora das hipóteses estabelecidas no art. 148 do CTN (declarações, documentos e esclarecimentos omissos ou desmerecedores de fé), finda por instituir pauta fiscal ilegal. Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ Por outro lado, se o Fisco procede na conformidade do referido artigo, o arbitramento será válido e a antecipação de preços e valores, por conseguinte, será legal. _______________________________________________________________ 3. Vendas a prazo X operações com cartão de crédito: Nas vendas a prazo propriamente ditas, em contrapartida à dilação do prazo para pagamento, o comerciante incrementa o valor da nota fiscal. Em outras palavras, paga-se mais por maior prazo de pagamento. Nesses casos, como o valor da nota fiscal foi incrementado, a base de cálculo do ICMS também o será, devendo o contribuinte recolher o imposto sobre o montante pecuniário acrescentado. O STJ sedimentou o entendimento ora declinado em sua Súmula n.º 395: “o ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal”. Situação diversa ocorre com as operações financiadas por cartão de crédito. Nessa hipótese, o que ocorre entre o comerciante e o consumidor, a bem da verdade, é uma compra e venda à vista, na qual o primeiro receberá o valor integral da operação. A agregação de encargos (juros, tarifas e etc.) ao valor do bem se destina apenas a remunerar a operadora de cartão de crédito, sendo irrelevante para fins de ICMS. Assim, como a nota fiscal não sofre acréscimo algum, não há razão para que se incremente a base de cálculo do ICMS, que deve idêntica à da operação à vista. _______________________________________________________________ 4. Não cumulatividade e regimes de crédito: O princípio constitucional da não cumulatividade está consagrado no art. 155, §2º, I, da CF/88, asseverando que o ICMS: Será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. A aplicação do referido princípio é operacionalizada pelo regime de conta gráfica, em que, no momento da entrada de mercadoria, o contribuinte credita- se de ICMS; ao passo que, na saída, debita-se. REGIME DE CONTA GRÁFICA Entrada de mercadoria CRÉDITO DE ICMS Saída de mercadoria DÉBITO DE ICMS Esse modelo de entradas e saídas, e respectivos créditos e débitos, detalha-se em outros dois: a) Regime de crédito físico: por esse regime, não é toda operação de entrada que importa crédito de ICMS, mas somente aquelas relacionadas à atividade-fim do estabelecimento. São, portanto, operações que se inserem no ciclo produtivo da mercadoria final, tais como matérias-primas, produtos intermediários e embalagens. Para a maioria da doutrina, esse é o regime adotado no Brasil, pois, nos termos do art. 20, §1º, da Lei Kandir, “não darão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de operações que se refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento.” b) Regime de crédito financeiro: o professor Hugo de Brito Machado conceitua o referido regime como “aquele no qual todos os custos, em sentido amplo, que vierem onerados pelo ICMS, ensejam o crédito respectivo. Sempre que a empresa suporta um custo, seja ele consubstanciado no preço de um serviço, ou de um bem, e quer seja este destinado à revenda, à utilização como matéria-prima, produto intermediário, embalagem, acondicionamento, ou mesmo ao consumo ou à imobilização, o ônus do ICMS respectivo configura um crédito Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ desse imposto”. É, pois, um regime de não cumulatividade absoluta, que leva em conta apenas o elemento financeiro, por isso mesmo denominado crédito financeiro. Obs. 1: Sacha Calmon Navarro, conquanto admita que o regime de crédito físico seja a regra, assevera que a Lei Kandir lhe excepciona, pois o referido diploma considera a entrada de bens destinados ao ativo fixo da empresa para fins de creditamento de ICMS. Por óbvio, os referidos bens não integrarão o ciclo produtivo, já que destinados ao ativo da empresa de forma definitiva, mas, por força de exceção legal, sua entrada enseja crédito de ICMS, pelo que a autora refere-se que o Brasil teria adotado regime de crédito misto. Obs. 2: O substituto tributário inserido em cadeia de diferimento (substituição para trás) NÃO se credita com a entrada de mercadoria em seu estabelecimento. Isso porque, na substituição regressiva, a entrada de mercadoria não é tributada, já que a incidência do ICMS é diferida. Em outras palavras, não há recolhimento de ICMS na entrada, pelo que não pode o substituto escriturar a operação em seus livros para fins de creditamento. _______________________________________________________________ 5. Créditos de ICMS e imunidade, isenção e não incidência: Conforme preceitua o art. 155, §2º, II, a, da CF/88, “a isenção ou não incidência, salvo determinação em contrário da legislação, não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes”. Por tanto, nos termos estreitos do comando constitucional, apenas nos casos de isenção e não incidência há anulação dos créditos anteriores, não se podendo, segundo o STF, proceder-se à interpretação extensiva para se alcançar os casos de imunidades. Importa esclarecer que a não incidência de que trata o dispositivo citado refere-se a não incidência pura ou tout court, que, segundo Ricardo Alexandre, refere-se à hipótese em que o ente não dispõe de competência para tributar determinado fato ou bem da vida (Ex.: IPVA sobre bicicletas). Assim, a Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ imunidade, que descerra situação de não incidência qualificada, não foi alcançada pelo texto constitucional, de acordo com o entendimento da Corte Suprema. No que tangeespecificamente à imunidade cultural, segundo o STF, a anulação dos créditos findaria por enfraquecer tal blindagem junto com sua função social, eis que o comerciante tenderia a embutir, no preço final dos livros, o valor pago, mas não creditado de ICMS. _______________________________________________________________ 6. Correção monetária dos créditos de ICMS: No regime de conta gráfica, em que se procede ao encontro de débitos e créditos de ICMS, pode acontecer de estes últimos superarem os primeiros. Nessa hipótese, o contribuinte, obviamente, não precisará recolher o imposto, possuindo, a bem da verdade, um crédito com o Fisco a ser utilizado no período subsequente. Nesse contexto, veio à tona a discussão acerca da correção monetária dos créditos, já que haveria certo tempo entre o creditamento e a sua utilização. O STF decidiu a questão, estabelecendo que, em regra, o contribuinte não tem direito subjetivo à correção monetária de créditos de ICMS aproveitados em períodos subsequentes. A regra, contudo, é excepcionada em duas hipóteses: a) quando houver previsão na legislação estadual reguladora do ICMS; b) quando o aproveitamento extemporâneo dos referidos créditos decorrer de culpa do Fisco. _______________________________________________________________ 7. Estorno de crédito em vendas de mercadoria por preço inferior ao da aquisição: Por razões de mercado, pode ocorrer de o contribuinte vender mercadoria por preço inferior ao que comprou, tal como ocorre com as vendas subsidiadas Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ (Ex.: a TIM vende aparelho celular por R$ 1,00, caso o consumidor assine determinado plano). Nessa situação, o comerciante não terá direito ao creditamento, pois que tal expediente importaria diminuição da arrecadação, já que o crédito da entrada seria maior que o débito da saída (Ex.: a TIM adquire da Apple um aparelho celular por R$ 1000,00, sobre o qual deve incidir alíquota de 17% de ICMS. Logo, como a TIM está adquirindo, tem um crédito de R$ 170,00 para compensar quando vender o produto. Ocorre que, se a saída ocorrer por apenas R$ 1,00, o débito fiscal da TIM será de apenas R$ 0,17. No encontro de contas, ao fim e ao cabo, a TIM, ao invés de recolher ICMS, estaria com o crédito de R$ 169,83, repassando ao Fisco, dessa maneira, o prejuízo da venda por preço inferior). Com efeito, a lógica do princípio da não cumulatividade exige que a mercadoria entre no estabelecimento por determinado valor e saia dele por valor superior. _______________________________________________________________ 8. Não creditamento de ICMS por bens de conveniência: Os bens de conveniência, como as sacolas plásticas, não ensejam creditamento, pois não se inserem na execução da atividade fim do empreendimento, além do que não estão contemplados na Lei Kandir como exceções, tal como ocorre com os bens destinados ao ativo fixo da empresa. _______________________________________________________________ VII. IMUNIDADES: A imunidade do petróleo e energia elétrica em operações interestaduais não se estende ao consumidor que tenha domicílio em outro Estado. Nesse caso, haverá incidência de ICMS, cuja arrecadação competirá ao Estado destinatário, onde ocorre o consumo. Em caso de concessão unilateral de benefício fiscal de ICMS, sem prévia deliberação do CONFAZ, deverá o Estado que se sentir lesado Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/ ajuizar, por meio do seu governador, ADI contra a lei ou ato normativo do outro Estado. Não poderá simplesmente desconsiderar a previsão legal, ainda que ilegítima, e autuar o sujeito passivo beneficiário. ATENÇÃO: A concessão unilateral, segundo o STF, é possível em situações excepcionais, notadamente marcadas pela impossibilidade de desencadear guerra fiscal, tal como ocorre com a isenção de ICMS nas operações de fornecimento de energia elétrica a igrejas e templos de qualquer culto. _______________________________________________________________ MUITA ATENÇÃO: “Dribles” à impossibilidade de concessão unilateral de benefícios fiscais de ICMS: Alguns Estados, conhecedores da impossibilidade de concessão unilateral de benefícios relacionados ao ICMS, já pretenderam “driblar” a exigência de prévia deliberação do CONFAZ para instituição isenções e de outros incentivos fiscais. No caso paradigma julgado pelo STF (ADI 2906), a Corte considerou inconstitucional lei estadual que, a pretexto de instituir regime de parcelamento, excluía juros e multa decorrentes da obrigação principal. Para o Supremo, a intenção do Estado era “driblar” o CONFAZ, instituindo benefício de ICMS de forma unilateral.
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