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COMO FATORES SOCIAIS INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO MOTOR

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COMO AS HABILIDADES MOTORAS INFLUENCIAM NO ASPECTO SOCIAL�
Jéferson Souza de Oliveira �
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade, explicar sobre como os fatores sociais do indivíduo influenciam no seu desenvolvimento motor. Diversas experiências motoras de suma importância para o indivíduo em desenvolvimento. Sabendo-se que o ambiente pode interferir nesse processo, este estudo pretendeu investigar as ambientais que podem interferir no desempenho motor. O sucesso das etapas formativas do indivíduo depende, primordialmente, do processo de socialização. É, inicialmente, no contato com os pais que a criança aprende uma série de habilidades motoras, lingüísticas e afetivas, necessárias para a orientação em seu ambiente físico e social. Todo esse repertório passará por contínua transformação, em decorrência do ingresso em novos grupos sociais e das conseqüentes exigências e desafios impostos pelas vivências extra-familiares.
 Sabemos que o ambiente em que vivemos são importantíssimos para nos estimular ou inibir no processo de maturação motora que adquirimos ao longo de toda nossa vida. Sendo a educação física uma faculdade que tem como objetivo proporcionar aos indivíduos praticantes um desenvolvimento bio-psico-social, temos por obrigação tentar entender como se dá esse processo de evolução maturacional do indivíduo.   A importância do ambiente no desenvolvimento da corporeidade e da sociabilidade está em como a pessoa, através de seu sistema sensorial capta as informações, transforma-as e armazena-as intra - pessoalmente.
APRENDIZAGEM MOTORA E SOCIAL
O homem é um ser em evolução e sua tendência natural é sair do egocentrismo. O homem tem a necessidade de pertencer a um determinado grupo social, seja a família, a escola, o trabalho e tantos outros. O individualismo, que imperava no período do Estado Liberal, foi substituído pela idéia de socialização, no sentido de preocupação com o bem comum, com o interesse público. Isto não significa que os direitos individuais deixassem de ser reconhecidos e protegidos; pelo contrário, estenderam o seu campo, de modo a abranger direitos sociais e econômicos. A literatura ressalta a importância das experiências motoras para o indivíduo em processo de desenvolvimento, principalmente no período da aquisição e combinação das habilidades motoras básicas (CAMPOS e colaboradores, 1997; FURTADO e colaboradores, 1998; PIEKARZIEVCZ e colaboradores, 2000).
A criança estimulada de forma ampla, por meio da exploração do meio ambiente, tem mais chances de praticar as habilidades motoras e, conseqüentemente, de dominá-las com facilidade. 
Com base no pressuposto de que na pequena infância o corpo em movimento constitui a matriz básica da aprendizagem, propomos a organização pedagógica do movimento corporal na educação infantil em torno de três eixos:
1. Autonomia e identidade corporal – implica aprendizagens que envolvem o corpo em movimento para o desenvolvimento físico-motor, proporcionando assim o domínio e a consciência do corpo, condições necessárias para a autonomia e formação da identidade corporal infantil.
2. Socialização – é a compreensão dos movimentos do corpo como uma forma de linguagem, utilizada na e pela interação com o meio social.
3. Ampliação do conhecimento das práticas corporais infantis – envolve aprendizagens das práticas de movimentos corporais que constituem a cultura infantil, na qual a criança se encontra inserida.
Para Wallon, citado por Mahoney (2000), cada um dos campos funcionais, (o motor, o afetivo, o cognitivo e a pessoa que integra todos os outros) apresenta uma identidade estrutural e funcional diferenciada. Mas esses campos estão de tal forma integrados, que cada um é parte constitutiva dos outros, de modo que a separação se faz necessária somente para a descrição do processo de desenvolvimento.
Pela lei da predominância funcional, cada um deles predomina em um estágio do desenvolvimento, e eles se nutrem mutuamente, sendo que o exercício e o amadurecimento de um interferem no amadurecimento dos outros.
O campo funcional motor, nas fases iniciais do desenvolvimento infantil, integra a criança no seu contexto histórico-cultural, e é por intermédio dele que ela começa a organizar a sua compreensão sobre as coisas e sobre como essas se encontram no espaço, bem como as relações com as pessoas presentes nesse contexto. As experiências motoras devem estar presentes no dia-a-dia das crianças e são representadas por toda e qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e nas brincadeiras.
Até algum tempo atrás, as experiências motoras vivenciadas espontaneamente pela criança e suas atividades diárias eram su.cientes para que adquirisse as habilidades motoras e formasse uma base para o aprendizado de habilidades mais complexas. A criança tinha à disposição grandes áreas livres para brincar: quintal, praça e rua, explorados e utilizados no seu aprimoramento e desenvolvimento motor.
A criança, já no início do seu desenvolvimento, estabelece uma relação de comunicação com o meio, através da seleção de movimentos do corpo que garantem a sua aproximação do outro e a satisfação de suas necessidades. Portanto, na fase inicial do desenvolvimento infantil, os movimentos do corpo se apresentam como instrumentos expressivos de bem-estar e mal-estar.
Conforme o desenvolvimento avança, a relação da criança com o meio facilita a discriminação das formas de se comunicar, sendo que o andar e a linguagem desencadeiam um salto qualitativo no desenvolvimento da pequena infância, possibilitando uma maior autonomia e independência na investigação do espaço e dos objetos, que nele se encontram e o organizam.
[...] os indivíduos captam a informação diretamente pelos sistemas sensoriais, e à medida que se tornam mais experientes, tornam-se também mais competentes em perceber e agir sobre a informação, assim a experiência influencia na extração das informações do ambiente. Sem estimulação, o indivíduo não percebe, não seleciona respostas adequadas, não toma decisões, não age. (Gibson, citado em Schmidt & Wrisberg, 2001: 70) 
OS JOGOS E A CRIANÇA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
 O jogo exerce muito fascínio nas pessoas, tanto em quem joga como em quem assiste. Em apenas um jogo, somos capazes de sentir muitas emoções diferentes, e essas emoções se misturam: ansiedade, nervosismo, alegria, tristeza, choro e riso.
Vários especialistas são a favor dos jogos como um instrumento de trabalho valioso no sentido de auxiliar no desenvolvimento da criança, principalmente no aspecto social. Jean Piaget, também privilegia a atividade física da criança no seu meio ambiente e, assim, ela aprende sobre si mesma e sobre os objetos do mundo. 
O jogo reflete sobre o corpo uma referencia para a criança se portar no mundo, e por isso, a necessidade de proporcionar à criança um pensar mais crítico e uma construção de idéias no momento do jogo ou durante uma atividade que ajude a criança a ser mais criativa e participante.
O jogo cooperativo une os extremos no que diz respeito às qualidades físicas, como, uma criança que é mais ágil fisicamente ou que tem uma habilidade motora melhor e acaba não sendo a única a se sobressair; aquele que é um ótimo a concluir uma tarefa, ou aquele que não é tão bem sucedido no decorrer das atividades, ambos terão nos jogos cooperativos mais sucesso, porque juntos irão realizar as atividades propostas.
Tudo que a criança aprende inicialmente é pelo corpo, pelo movimento. Suas sensações, atitudes e emoções são corporais, então a cooperação, sendo aprendida desde cedo, fará parte do comportamento cotidiano da maioria desses indivíduos. A criança ao jogar, não está preocupada com a forma exímia de executar o movimento, o aprendizado faz-se mais facilmente, pois não há intenção e nem pressão em acertar ou errar o movimento.
RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS COMO FATOR DE APRENDIZAGEM
Referindo-se ao relacionamento com iguais,
Trianes e Muñoz (1994) apontam os jogos entre pares como relevante contexto para a maturação sócio-afetiva, requerendo o aprendizado de regras, coordenação de expectativas interpessoais e habilidades de solução de problemas. A interação com pares, no entanto, não influencia apenas a formação de um repertório de respostas de adaptação social. Como bem afirma Silva (2001), é na relação com os demais que, aos poucos, a criança vai construindo seu autoconceito, o qual irá influir na maneira de lidar com as diferentes situações que a vida lhe impõe. Deste modo, a percepção dos colegas também se apresenta como fator preponderante para o desenvolvimento do indivíduo, na medida em que contribui para a construção do autoconceito, uma vez que o êxito ou fracasso percebido nas relações impactam a autoavaliação, reforçando - positiva ou negativamente - determinadas condutas.
Nesta perspectiva, a habilidade social compõe-se de alguns elementos comportamentais molares (habilidades globais como a expressão de sentimentos, antecipação de conseqüências, capacidade de empatia) e moleculares (volume da voz, entonação verbal, contato visual, expressão facial, habilidade motora), assim como cognitivo-afetivos e fisiológicos.
 A competência social, por seu turno, relaciona-se à capacidade do indivíduo – seja auto-avaliada ou avaliada por outros – de apresentar um desempenho que garanta o alcance de seus objetivos em uma situação interpessoal, atrelado à melhoria e/ou manutenção da interação com o interlocutor, inclusive no sentido de assegurar o equilíbrio de poder e a continuidade de trocas na relação. Está vinculada, portanto, à auto-eficácia, ou seja, ao sentimento de possuir habilidades que facilitam a consecução de objetivos, à competência emocional, no sentido de auto-regulação da expressão afetiva, bem como à competência comunicativa, uma vez que a comunicação verbal e não-verbal firma-se como elemento-chave nas relações sociais (Trianes & Muñoz, 1994). Desta forma, a competência social só se verifica na medida em que o indivíduo é capaz de integrar seu desempenho às demandas que emergem nas relações sociais, observando as exigências éticas impostas pela cultura em que o indivíduo vive. 
CONCLUSÃO
Vimos através dessa pesquisa, que o ser humano, além de ter que desempenhar o desenvolvimento cognitivo, sensório-motor, entre outras habilidades, necessita de se sociabilizar com outro ser humano. Isso se deve ao fato de que não estamos sozinhos no mundo e que, sem sombra de dúvidas, precisamos de outra pessoa para sermos estimulados à realizar certas tarefas de ordem mútua. Tendo em vista uma série de fatores que passamos em nossa vida adulta, onde um indivíduo que teve uma ótima interação com o ambiente em que vive, com as pessoas com quem ele convive no dia-a-dia, com certeza está mais apto a desenvolver muito bem a sua vida social. Essa vida social que abre as portas para o mundo cada vez mais para esse indivíduo para que ele possa explorar.
Os indivíduos que não desenvolveram seu lado social muito bem estão restritos a apenas conviver com aquelas pessoas com quem ele tem mais convívio, como pessoas da família, grupo de trabalho, e um ou outro ambiente em que ele possa estar. A pessoa que recebe estímulos sociais tendem a cada vez mais interagir e com certeza explorar mais a sua aprendizagem motora, pois ela está cada vez mais em busca do novo.
REFERÊNCIAS
Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-69131997000300003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 15/09/2006.
Disponível em: http://www.mackenzie.br/revistas/edfisica >. acesso em 10/09/2006.
Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html>. Acesso em 20/09/2006.
 
� Pesquisa realizada como quesito de avaliação parcial da disciplina Aprendizagem Motora como orientação do Professor Francisco Tadeu Reis de Souza. 
� Acadêmico do 4° período do bacharelado em Educação Física

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