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Ciência do Comportamento Conhecer e Avançar Vol 4 Dias, A. L. F., Cruvinel, A. C., Cillo, E. N. (2004)

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CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
conhecer e avançar
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
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Copyright © desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo .Andre, 2004. 
Todos os direitos reservados
Dias, André Luiz Freitas et al.
Ciência do Comportamento - Conhecer e Avançar. - Vol.4. Orgs. André Luiz 
Freitas Dias, Adriana Cunha Cruvinel, Eduardo Neves de Cillo. 19 ed. Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados, 2004.
196p. 23cm
1. Psicologia do Comportamento e Cognição
2. Behaviorismo
3. Psicologia individual
CDD 155.2 
CDU 159.9.019.4
ESETec Editores Associados
Direção Editorial: Teresa Cristina Cume Grassi
Capa: Flávia Castanheira
Agradecemos a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a produção 
deste material. Cabe um crédito especial à designer Flávia Castanheira, que nos 
presenteou com um trabalho de especial beleza e sensibilidade.
Solicitação dc exemplares: cset@uol.eom.br 
Rua Santo Hilário, 36 - Vila Bastos - Santo André - SP CEP 09040-400 
Tel. 49905683/44386866 
www.esetec.eom.br
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CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
conhecer e avançar
A d r ia n a C u n h a C r u v in e l 
A n d r é L u iz F r e it a s D ia s 
E d u a r d o N e v e s d e C illo
Organizadores
A d é u a M aria d o s S a n to s T eik e ir a 
A na C ar m en O liveira D olabela 
A nna E dith B ellico da C osta 
A n d r éa R o d r ig u e s V iana 
E liane M ar y d e O live ir a F alc o n e 
É rik L uca de M ello 
E rn aní H e n r iq u e F azzi 
H en r iq u e C o ü t in h c C er q u e i ra 
Jo ã o C arlos M ljniz M a r t in e l u 
JUDSMAR B o \ENTE BARBOSA 
Ju n ea R ez e n d e A ra ujo 
M an uela G o m e s L o p es 
M a r c o A n to nio A maral C he q u e r 
M ar ia C r ís h a n a S e ixa s V illani 
M aria R eg ina B arbosa A ss u n ç ã o 
M a r t in a R íllo O t e r o 
R enata G u im a r ã e s H orta 
R o b e r to G o m e s M a r q u e s 
R o b so n N a s c im e n t o da C r u z 
R o n a ld o R g c r ig j e s T eix e ir a J u n io r 
S onia M ey er 
T atiana A r a ujo C arvalho
ESETec
Editores A ssociados 
2004
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T rib uto P ó stu m o à
P r o fa . D ra . CAROLINA MARTUSCELLI BORI
Nos dias 16 e 17 de agosto de 2003, realizamos a IV Jornada Mineira 
de Ciência do Comportamento em Belo Horizonte. Naquela ocasião, contamos 
com a presença da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI e 
tivemos a sorte, a felicidade e o privilégio de homenageá-la por sua importante 
participação no surgimento e no avanço da Ciência do Comportamento em 
Minas Gerais.
O Volume 4 do livro CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO-CONHECER 
AVANÇAR, que edita os trabalhos daquele evento científico, não poderia 
deixar de registrar, mais uma vez, o apreço dos mineiros àquela brilhante e 
querida professora e o profundo pesar experimentado com o seu recente 
falecimento.
A atuação da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI, junto 
aos Cursos de Psicologia, nos níveis de graduação e pós-graduação, no 
Brasil é de conhecimento público.
Desde a primeira formulação, na década de 60, do currículo mínimo 
para os Cursos de Psicologia, a grande mestra, juntamente com parceiros 
igualmente notáveis, procurou destacar a necessidade de uma formação 
científica para os profissionais da área correspondente. Esse instrumento 
legal vigorou cerca de quarenta anos.
No final dos anos 60, já era reconhecida por seu investimento bem 
sucedido na divulgação e introdução da ANÁLISE EXPERIMENTAL DO 
COMPORTAMENTO e da TECNOLOGIA DE ENSINO dela derivada em 
diversos Cursos de Psicologia.
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Nos anos 70, promoveu a instalação de programas de pós-graduação 
em Psicologia em diversas instituições universitárias. Presidiu diversas 
sociedades científicas com destaques para a SOCIEDADE BRASILEIRA PARA 
O PROGRESSO DA CIÊNCIA (SBPC) e a SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PSICOLOGIA (SBP). Fundou, editou e promoveu diversas revistas com o 
objetivo de estimular a publicação científica no campo de estudos da 
Psicologia.
Em 1999, presenteou nossa comunidade com um documento que 
apontava novas DIRETRIZES CURRICULARES PARA O CURSO DE 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA, ao participar da Comissão de Especialistas 
encarregada de formular tal proposta a pedido do Ministério de Educação e 
Cultura (MEC). Novamente, pudemos identificar seu compromisso com a 
melhoria da formação científica dos estudantes de Psicologia. Essa proposta, 
após vários ajustes, foi finalmente aprovada pela Câmara de Educação 
Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE/MEC) em 12/04/ 
2004. Sem dúvida, os cursos de graduação em Psicologia obtiveram grandes 
ganhos com a nova legislação que embute uma visão prospectiva e mais 
rigorosa da formação cientifica e profissional correspondentes. As novas 
DIRETRIZES CURRICULARES corrigem a perda de identidade científica 
observada nos Cursos de Psicologia, a partir dos anos 70.
Diante dessa sucinta amostra de contribuições da Professora Dra. 
CAROLINA MARTUSCELLI BORI para a formação em Psicologia no nosso 
País, é natural que nos sintamos consternados e que lamentemos 
profundamente a perda de sua presença física em nosso meio acadêmico.
No entanto, reconhecemos que a importância de seus trabalhos 
extrapolou os limites contidos na dimensão física de nossas relações, tendo 
sido incorporada num nível muito mais abstrato e racional de nossas histórias, 
constituído pelo conjunto de idéias e valores que nos legou.
Como herdeiros acadêmicos legítimos, estaremos apropriando-nos 
desse legado, dando continuidade aos sonhos, ideais e objetivos da grande 
mestra.
A Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORI está viva em cada 
um de nós que tivemos o privilégio de conviver com ela como alunos e amigos 
e, em conseqüência, na sucessão de gerações de nossos alunos e amigos. A 
continuidade de suas influências está assegurada e passará, sem dúvida, 
de geração a geração por um longo período de tempo. Levaremos adiante 
seus sonhos, ideais e objetivos, especialmente, o de tornar a Psicologia 
uma ciência forte e influente em todos os campos de estudo que incluam o 
comportamento humano entre suas variáveis relevantes.
Convém registrar ainda, e em destaque, uma contribuição cientifica 
da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI BORi muito relevante mas
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pouco conhecida em nosso próprio meio acadêmico. Em 1974, privilegiando 
trabalhos sobre ensino e educação, descreveu um procedimento muito eficaz 
para planejar o processo ensino/aprendizagem, agregando-lhe a propriedade 
de tornar-se efetivo para todos os alunos. Aqueles que tiveram a oportunidade 
de lidar com tal procedimento, além de confirmarem sua eficácia, puderam 
verificar a possibilidade de expandi-lo como instrumental metodológico para 
a pesquisa e especialmente para a aplicação da ANÁLISE DO 
COMPORTAMENTO em situações sociais de quaisquer naturezas. Talvez, 
esse instrumental, descrito e utilizado por ela, constitua a contribuição mais 
original e significativa da produção científica em Psicologia no Brasil. De 
uma maneira muito sucinta, propõe a identificação de contingências de 
interesse paraum trabalho, seja lá qual for, seguida de sua programação por 
novas contingências, conforme os princípios da
ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO, em função de 
um objetivo visado. Com esse procedimento, pode-se intervir e planejar em 
qualquer nível e em qualquer ambiente psicossocial. O futuro poderá confirmar 
a propriedade desse instrumental metodológico.
A produção acadêmica da Professora Dra. CAROLINA MARTUSCELLI 
BOR) é imensa e pode ser identificada nos trabalhos de seus inúmeros alunos 
e na sucessão de alunos de seus alunos. As suas concepções, o seu rigor 
metodológico, o seu grande conhecimento de Psicologia e a sua sabedoria 
como ser humano estão gravados nesses trabalhos.
Finalmente, inspirados por ela e irmanados, reafirmamos nosso 
propósito de realizar o seu sonho e ideal de tornar a Psicologia uma ciência 
forte e influente nos demais campos de investigação científica.
ADELIA MARIA SANTOS TEIXEIRA 
25/10/2004
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S um ário
T r ib u t o P ó s t u m o à P r o f a . D r a . CAROLINA MARTUSCELLI BORI
A délia M aría do s S an t o s T e ix e ir a ........................................................................................................................
C o n t r ib u iç õ e s d a A n á l is e d o C o m p o r t a m e n t o p a r a R e f l e x ã o s o b r e
RESPONSABILIDADE SOCIAL
M artina R i l lo O t e r c .......................................................................................................................................................
A n á l is e F u n c io n a l d o C o m p o r t a m e n t o V io l e n t o n o s g r a n d e s c e n t r o s u r b a n o s
M aria C ristiana. S eixas V il l a n i.............................................................................................................
C o m p o rta m e n to A n t i-s o c ia l: O q u e o s S e h a v io r is ta s r a d ic a is tê m a d iz e r
R o b erto G o m es M a r q ues e M ar ia R eg ín a B a r bo s a A s s u n ç ã o ...............................................................
Q u a l o p r o b l e m a d o C o n t r o l e C o m p o r t a m e n t a l ?
R ob son N a s cim ento da C rijz. M aria C r ís iia n a S eixas V il l a n i...................................................................
S o b r e C o m p o r t a m e n t o M o r a l e C u lt u r a
R enata G uimarães H o r t a ..............................................................................................................................................
O q u e é C o n t r o l e C o m p o r t a m e n t a l ?
E rnaní H en riq ue F a z z í....................................................................................................................................................
A C o l o n iz a ç ã o S o c ia l d o Ín t im o
J udsàiar B om en te B a r b o s a ..........................................................................................................................................
A n á lis e do C o m p o rta m e n to , 'R e s p o n s a b ilid a d e ' S o c ia l e F o rm a ç ã o 
P ro f is s io n a l na UNIVALE
J o ã o C a r l o s M u w M a r tin e lli e M a r c o A n to n io A m a r a l C h e q u e r ................................................
A t iv id a d e s d e e n s in o e m u m C u r s o d e P s ic o l o g ia : u m a A n á l is e C o m p o r t a m e n t a l
R onaldo R o d r ig u e s T eixeira J ú n io r , H c ^ ío l “ C o u tin h o C e r c u eif .a e A délia M aría S antos 
T e ix e ir a ..................................................................................................................................................................................
O C o n t e x t o d e P r e s t a r S e r v iç o s n a C l In ic a C o m p o r t a m e n t a l e R e s p o n s a b il id a d e 
S o c ia l
M as c o A n to n io A m aral C h e q u e r e J oãc C arlos M un iz M artinelli
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A n á l is e d a s C o n t in g ê n c ia s d e u m C a s o C l ín ic o d e T r a n s t o r n o O b s e s s iv o -
CO M PU LSIVO
É rik Luca de M e l l o .................................................................................................................... 9 7
A n á l is e d e C o n t in g ê n c ia s d o s C o m p o r t a m e n t o s d e N e t o n o F il m e “ B ic h o d e 
S e t e C a b e ç a s ": As im p l ic a ç õ e s da C l a s s if ic a ç ã o D ia g n ó s t ic a p a r a o T r a b a l h o 
d o A n a l is t a d o C o m p o r t a m e n t o
J umea R eze n d e A raújo e M anuela G o m e s Lc p e s ............................................................................................. 117
A b a l o s n o P r o c e s s o T e r a p ê u t ic o : u m C o n v it e a T r o c a r a s L e n t e s . O P r o c e s s o 
T e r a p ê u t ic o d e M u d a n ç a d o P o n t o d e V is t a C o m p o r t a m e n t a l .
A nd r éa R o d r ig u e s V ia n a ............................................................................................................................................... 127
P e s q u is a B á s ic a : u m E s t u d o s o b r e D e p r e s s ã o
A na C armen O liveira Dolabela e T atiana A raújo C arvalho....................................... 137
U m m o d e l o C o g n it iv o d e R e s is t ê n c ia e m P s ic o t e r a p ia
E liane M ary oe O liveira F alCo n e ............................................................................................................................. 141
P r o c e s s o s C o m p o r t a m e n t a is n a P s ic o t e r a p ia
SoniaMeyer............................................................................................................................... 151
F o r m a ç ã o d o A n a l is t a d o C o m p o r t a m e n t o e R e s p o n s a b il id a d e S o c ia l
Anna Edith Bellico da Costa..................................................................................................... \ 5 9
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
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C o n t r ib u iç õ e s da A n á lis e d o C o m p o r t a m e n t o 
PARA REFLEXÃO SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Martina Rillo Otero1
As relações possíveis entre Responsabilidade Social e Análise do Com­
portamento podem ser exploradas a partir de diversos pontos de vista. Neste 
capítulo elas são tratadas a partir de dois pontos: um que pode ser chamado 
de "ético”, no qual levantam-se contribuições da Análise do Comportamento 
no delineamento do que seriam atuações mais éticas na nossa sociedade. O 
outro ponto é um esboço de análise com a identificação de possíveis contribui­
ções para a noção de “Responsabilidade Social”, a partir de conceitos da 
Análise do Comportamento.
R esponsabilidade S ocial c o m o a ética na atuaçAo do a n a u s ta do com porta­
mento
A Análise do Comportamento tem como objeto de sua investigação o 
comportamento. Dizer algo, aparentemente tão simples, tem duas implica­
ções: enquanto uma ciência, a Análise do Comportamento busca produzir um 
conhecimento que possa servir de instrumento para prever e controlar seu 
objeto - o comportamento. Além disso, comportamentoé entendido como a 
forma pela qual o organismo e o ambiente se relacionam. Se buscamos enten­
der o comportamento, temos que conhecer como se dá essa relação ~ não 
basta levarmos em consideração apenas aspectos do organismo, nem 
tampouco apenas dados do ambiente.
Quando tratamos de comportamento humano estamos lidando, primor­
dialmente, com um ambiente social, ou seja, com um ambiente em que as
1 Pesquisadora òo Laboratório de Psicologia Experimental da Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo.
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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outras pessoas, o que elas fazem, e os produtos do que fazem, são os princi­
pais aspectos que influenciam o comportamento (Skinner, 1953/1994). Se­
gundo Skinner (1953/1994) o comportamento social envolve a relação de 
pessoas entre si ou com um ambiente comum a elas. Ambiente social é a parte 
do ambiente que afeta o organismo e que é composto por outros organismos 
- direta ou indiretamente.
Ao adotar a abordagem da Análise do Comportamento, entendemos, 
então: 1) o comportamento como a relação entre organismo e ambiente e 2) 
esse ambiente caracterizado primordialmente, no caso do comportamento 
humano, de um ambiente social. Dessa forma, assume-se que aquilo que 
fazemos - ou deixamos de fazer - altera, transforma ou configura, de maneira 
geral, o ambiente relevante no controle do comportamento de outros organis­
mos. Ao tratarmos da responsabilidade social como compromisso do analista 
do comportamento enquanto profissional e cidadão destaca-se portanto, o 
exercício de análise de seu próprio comportamento e da consequente refle­
xão acerca do ambiente que ele está contribuindo para configurar para o outro 
(vale a pena ver a análise feita por Holland, 1978 um tanto informal, não? 
Questão de estilo?). Nessa linha, destacam-se as contribuições da Análise do 
Comportamento acerca da algumas práticas sociais e suas conseqüências 
sobre os indivíduos que compõe a sociedade, (exemplos cairiam bem)
O desenvolvimento da abordagem permitiu o acúmulo de conhecimen­
to sobre práticas sociais amplamente utilizadas para controlar o comporta­
mento de seus membros que têm efeitos indesejáveis sobre o indivíduo que 
poderiam e deveriam ser evitadas (Sidman, 1989/1995), assim como outras 
que poderiam ser estimuladas. Destacam-se aqui apenas alguns exemplos 
tanto das primeiras como da segunda: 1) evitar o uso de controle aversivo; 2) 
evitar o uso excessivo de reforçadores arbitrários e; 3) evidenciar o papel do 
ambiente na determinação do comportamento.
E v it a r o u s o d e c o n t r o l e a v e r s iv o
Do ponto de vista da Análise do Comportamento o comportamento se 
define como a interação entre organismo e ambiente e os componentes dessa 
relação são: uma situação antecedente, a resposta do organismo e a conse­
qüência dessa resposta. A ação do sujeito produz conseqüências no meio, 
que, por sua vez, controlarão a probabilidade de emissão de tal ação no 
futuro. O ambiente seleciona o comportamento, de modo que tanto a mudança 
como a manutenção do comportamento mantém relação com as condições 
ambientais. A relação entre esses três termos define uma unidade de análise 
comportamental chamada tríplice contingência.
Utilizando uma classificação proposta por Sidman (1989/1995), "Gene­
ricamente falando, há três tipos de relações controladoras entre conduta e
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conseqüências: reforçamento positivo, reforçamento negativo e punição” (p. 
51). Resumidamente, o reforçamento positivo envolve a apresentação ou a 
produção de um estímulo reforçador que aumenta a probabilidade de emis­
são da resposta que o antecedeu ou da qual foi produto. O reforçamento 
negativo envolve a eliminação ou remoção de algum estímulo contingente à 
emissão da resposta, que também toma mais provável a emissáo dessa res­
posta no futuro. Nos dois casos de reforçamento a probabilidade de emissão 
da resposta é aumentada no futuro. Já a puniçào envolve uma resposta que 
“seja seguida ou pela perda de reforçadores positivos ou ganho dereforçadores 
negativos” (Sidman, 1989/1995, p. 59). Sidman (1989/1995) ressalta que “Esta 
definição nada diz sobre o efeito de um punidor sobre a ação que o produz. Ela 
não diz que punição é o oposto de reforçamento. Ela não diz que punição 
reduz a probabilidade futura de ações punidas” (p. 59). Apesar de comumente 
ser vista como uma estratégia de redução de determinados comportamentos, 
a punição não funciona dessa forma. A punição não garante a não emissão de 
uma resposta futura e, assim como outras estratégias coercitivas, causam 
extremo prejuízo para o organismo que é submetido a ela.
Segundo Sidman (1989/ 1995): a “coerção entra em cena quando nos­
sas ações são controladas por reforçamento negativo ou punição” (p. 51). Há, 
ainda, outro tipo de controle que também pode ser caracterizado como coerci­
tivo, que submete o indivíduo à privação socialmente imposta:
“Outro mau uso de reforçamento positivo é deliberadamente criar tipos de 
privações que tornamos reforçadores efetivos: prisioneiros primeiro são colocados 
em solitária e, então, se permite a eles ter contatos sociais como reforçamento por 
docilidade; primeiro submetidos a privação extrema de alimento, eles podem, então, 
obter alimento em retribuição por subserviência. Liberdade e alimento parecem 
reforçadores positivos, mas quando eles são contingentes a cessação de privações 
artificialmente impostas, sua efetividade é um produto de reforçamento negativo; 
eles se tornam instrumentos de coerção” (Sidman, 1989/1995, p. 61, grifos nossos).
A utilização de punição, reforçamento negativo e privações socialmen­
te impostas no controle do comportamento definem o que Sidman (1989/1995) 
chamaria de controle coercitivo do comportamento.
Já foram realizados estudos experimentais (Ver Sidman, 1989/1995 e 
Catania, 1998/1999 para alguns exemplos) e análises de práticas sociais (por 
ex. Sidman, 1989/1995) sobre os efeitos colaterais do uso de procedimentos 
aversivos para controlar o comportamento que evidenciam que:
... “mesmo quando a coerção atinge seu objetivo imediato ela está, a longo 
prazo, fadada ao fracasso. Sim, podemos levar pessoas a fazer o que queremos por 
meio da punição ou da ameaça de puni-las por fazer qualquer outra coisa, mas 
quando o fazemos, plantamos as sementes do desengajamento pessoal, do isola­
mento da sociedade, da neurose, da rigidez intelectual, da hostilidade e da rebelião"
{Sidman, 1989/1995,p. 18).
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Quando submetido a controle coercitivo, o organismo tem reações fisi­
ológicas que configuram respostas emocionais dolorosas, que identificamos 
como medo, dor, etc. Estímulos da situação antecedente à resposta que é 
punida adquirem propriedades aversivas, de forma que situações diversas 
que sinalizam esse tipo de conseqüência também tornam-se aversivas para o 
organismo. Poderíamos dizer que, numa sociedade em que a utilização de 
punição ou de controle coercitivo no geral é muito difundida, o mundo dos 
membros que a integram se torna extremamente aversivo.
A Análise do Comportamento mostra que a utilização de controle coer­
citivo do comportamento, por punição, reforçamento negativo, ou privação 
socialmente imposta é extremamente questionável tanto do ponto de vista da 
eficiência do controle (já que a supressão da resposta indesejada é apenas 
temporária), como dos subprodutos que acarretam no indivíduo que é subme­
tido a ele. Segundo Sidman (1989/1995): “Os efeitos colateraisda punição, 
longe de serem secundários, freqüentemente têm significação comportamenta! 
consideravelmente maior que os esperados ‘efeitos principais”' (p.94). A iden­
tificação de tais subprodutos, a supressão temporária da resposta e o estabe­
lecimento de estímulos aversivos condicionados, faz com que a utilização de 
procedimentos coercitivos para controlar o comportamento deva ser evitada 
por analistas do comportamento.
E vitar o uso excessivo de refo rçado r es a r b itr á r io s
O uso de reforçadores arbitrários ou extrínsecos, apesar de necessária 
para estabelecer alguns repertórios (por exemplo o de ler) tem alguns desdo­
bramentos que tomam problemática a sua utilização excessiva. Reforçadores 
intrínsecos ou naturais são definidos como produtos naturais ou resultados “au­
tomáticos'' da resposta (Comunidad Los Horcones, 1992, Catania, 1998/1999). 
Já os reforçadores extrínsecos ou arbitrários são aqueles originados a partir de 
outras fontes que não a própria resposta (Comunidad Los Horcones, 1992, 
Catania, 1998/1999). No exemplo do repertório envolvido na leitura, reforçadores 
intrínsecos são aqueles associados à própria atividade ler e os reforçadores 
extrínsecos são aqueles como a aprovação da professora e a nota.
A discussão existente é que, muitas vezes, o controle estabelecido por 
reforçadores arbitrários toma a ocorrência do comportamento dependente de 
agentes externos e, por isso, fica mais passível de manipulação deliberada 
por tais agentes. Respostas sob controle de reforçadores naturais são mode­
ladas mais rapidamente, já que a apresentação do reforço tende a ser imedi­
ata e ocorrendo saciação, apenas a resposta diretamente relacionada com 
aquele reforço é extinta. Comportamentos sob controle de reforçadores arbi­
trários podem ficar condicionados a situações muito restritas, nas quais o
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agente responsável pela liberação do reforço está presente. Ainda no exem­
plo do repertório de ler, o aluno pode emitir as respostas apenas na presença 
do professor, de modo que o repertório de leitura fica sob controle dessa 
conseqüência e não de outras condições que seriam também desejáveis, 
como o prazer pela leitura. Finalmente, repertórios sob controle de reforçadores 
arbitrários tendem a envolver menos variabilidade ou menos criatividade 
(Comunidad Los Horcones, 1992).
A utilização de reforçadores arbitrários é necessária em diversos casos 
de repertórios mais complexos em que é preciso planejar um processo em 
que o organismo passe a ser sensível às conseqüências naturais daquele 
comportamento. Porém, mesmo nesses casos, sua utilização deve estar 
inserida em um processo no qual haja perspectivas claras e planejamento da 
transferência do controle para os reforçadores naturais.
E v id e n c ia r o papel do am b ien te na d eter m in aç ão do c o m po r tam en to .
Da mesma forma como o analista do comportamento tem instrumentos 
para analisar seu próprio comportamento de modo a prever e refletir sobre as 
conseqüências de sua ação, ao evidenciar o papel do ambiente na determina­
ção do comportamento ele favorece que outras pessoas possam também en­
tender e manipular melhor seu próprio ambiente de modo a controlar melhor 
seu comportamento. Segundo Skinner (1971/1973):
“Segundo o ponto de vista tradicional, o indivíduo é livre. É autônomo no 
sentido em que seu comportamento não tem causa. Pode-se, portanto, considerá- 
lo responsável por seus atos e puni-lo mereci da mente por seus erros. Esse ponto de 
vista, bem como as práticas dele decorrentes, deve ser reexaminado no momento 
em que a análise cientifica descobre relações insuspeitadas de controle entre o 
comportamento eo ambiente” (Skinner, 1971/1973, p. 19).
Evidenciar o papel do ambiente na determinação do comportamento é 
uma questão especialmente difícil para o analista do comportamento, já que 
socialmente é rejeitada a idéia de que o comportamento é determinado e de 
que pode ser investigado e controlado. Porém, assumindo ou não tal determi­
nação, qualquer indivíduo tem seu comportamento sob controle de contingên­
cias. Negar o controle e rejeitar o fato de que o comportamento é determinado 
não muda em nada a realidade de que o comportamento é produto da relação 
do organismo com o ambiente. Ao negar o papel do ambiente, menos pessoas 
discutem e sugerem modificações para o ambiente no qual vivemos. Ao evi­
denciar o papel do ambiente na determinação do comportamento inaugura-se 
um espaço no qual as contingências que controlam o comportamento dos 
indivíduos da sociedade possam ser discutidas abertamente, de maneira que 
haja maior oportunidade de participação na definição de tais contingências. 
Podemos favorecer que as pessoas tenham instrumentos para elas mesmas
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manipularem o seu ambiente de modo a direcionarem seu comportamento no 
sentido que elas e o conjunto considerarem adequado.
C o n tr ibu iç õ es da A nálise do C om portam ento n a r eflexão so br e c o m po r ­
tamentos socialm ente responsáveis
Além da contribuição da Análise do Comportamento no sentido de 
indicar efeitos de algumas práticas sociais sob o comportamento, também é 
possível realizar uma análise da própria noção de responsabilidade social de 
modo a evidenciar aspectos relacionados com a evocação de tal conceito 
recentemente e, ainda, propor algumas contribuições na reflexão sobre a 
temática.
Para proceder à análise da noção de “responsabilidade social” desta- 
ca-se, primeiro, a compreensão do termo "responsabilidade”. Segundo Skinner 
(1971/1973), quando dizemos, na nossa sociedade, que alguém é “responsá­
vel” por algo, estamos dizendo que ela é “merecedora", ou seja, estamos 
buscando identificar o ator que emitiu algum comportamento em questão. 
Skinner (1971/1973) evidencia que, na nossa sociedade, o ator considerado 
responsável pelo comportamento é o próprio indivíduo que se comporta, su­
postamente a partir de suas motivações internas. Se o comportamento é con­
siderado adequado dão-se créditos ao indivíduo “responsável”, e se o com­
portamento é considerado inadequado, ele é punido.
A noção de que cada um é responsável por sua conduta é amplamente 
difundida e aceita na nossa sociedade e conflita com a visão de que o compor­
tamento é produto da relação entre o organismo e seu ambiente. Como já foi 
destacado, nessa visão socialmente aceita, o papel do ambiente na determi­
nação do comportamento é menosprezado em prol da supervalorização de 
motivações internas, vontades, propósitos e intenções do indivíduo. Dessa 
forma, quando são elaborados programas que visam mudar o comportamento 
dos indivíduos que integram a sociedade (e isso se faz a todo instante - na 
escola, no posto de saúde, pela televisão, nas prisões, pelo sistema de justi­
ça) busca-se fazê-lo especialmente por meio de ações que supostamente 
agirão sobre tais motivações internas. Numa visão comportamental são 
priorizadas estratégias de transformação das contingências ambientais rela­
cionadas a esse comportamento.
Outra característica das estratégias de controle do comportamento da 
nossa sociedade, é que elas são baseadas prioritariamente em controle 
aversivo (Sidman, 1989/995). Quer dizer, nossa sociedade, usualmente, con­
trola o comportamento de seus membros pelo uso da punição, reforçamento 
negativo ou de privações socialmente impostas. Para evitar que o indivíduo 
roube, são criados prisões e outros tipos de castigo. Os alunos são motivados
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a estudar pela ameaça da nota baixa ou da reprovação e as crianças são 
castigadas pelos seus comportamentos considerados inadequados.
Esse processo resulta numa prática social amplamente difundida: se o 
agente identificado como responsável pelo comportamento é o próprio indiví­
duo que se comporta, é também sobre ele que recaem as estratégias de 
controle prioritariamente coercitivas amplamente utilizadas. Responsabiliza- 
se o indivíduo pelo seu comportamento e é ele que será punido caso sua 
conduta não seja considerada adequada. Dessa lógica derivam explicações 
como “o indivíduo comete crimes porque é violento, preguiçoso ou mau-cará- 
ter e deve ser castigado". A soòedade como um todo, o Estado e as condições 
oferecidas a esse indivíduo para que ele desenvolva outros comportamentos 
são menosprezadas. Ou seja, as condições ambientais presentes na história 
do indivíduo que estiveram relacionadas ao fato dele emitir esses comporta­
mentos são legadas a segundo plano e não são realmente consideradas na 
relação causal, nem tampouco objeto prioritário de transformação. A noção de 
responsabilidade como é utilizada usualmente serve especialmente como 
forma de atribuir culpa ao próprio indivíduo pelo seu comportamento.
Segundo Sidman (1989/1995), na nossa sociedade o fato de que as 
causas do comportamento são localizadas “dentro" do indivíduo, unido ao uso 
recorrente de controle aversivo e à conseqüente freqüência com que os indi­
víduos são submetidos a esse tipo de controle estiveram associados a um 
processo de distanciamento dos indivíduos de questões coletivas. Sidman 
(1989/1995) diz que “quando examinadas de perto, descobriremos que quase 
todas as formas de inação via desengajamento contém fortes componentes 
de esquiva" (p. 171). Quando o comportamento de um organismo é exposto à 
punição, qualquer resposta que interrompa a estimulação aversiva tende a 
ser reforçada - tende a ter sua freqüência aumentada no futuro. Esse processo 
é chamado fuga. A situação que precede a apresentação do estímulo aversivo 
ou a interrupção do estimulo reforçador passa a sinalizar a situação aversiva, 
passa a ser um estimulo pré-aversivo (Catania, 1998/1999). A apresentação 
do estímulo pré-aversivo pode já evocar respostas que evitam a situação 
aversiva. Chama-se esse processo de esquiva. Segundo Sidman (1989/1995), 
“esquiva é, então, outra forma de reforçamento negativo" (p. 136).
Segundo Sidman (1989/1995) envolver-se com atividades relaciona­
das a interesses da coletividade tende a ter um alto custo de resposta. Quer 
dizer, para nos dedicarmos a atividades de interesse coletivo, temos que nos 
deslocar de outras atividades, e dedicar tempo a isso. Porém, mais importante 
do que o alto custo de resposta, Sidman (1989/1995) evidencia a aversividade 
que nossa sociedade estabeleceu em torno do envolvimento dos indivíduos 
em questões coletivas e que faz com que fujamos ou nos esquivemos delas.
Ficamos suscetíveis a sanções quando nos envolvemos com questões 
de interesse da coletividade e também acompanhamos de perto alguns com­
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portamentos de indivíduos de modo a identificar falhas ou ações ilegais. Jus­
tamente pelo fato de que socialmente tais comportamentos foram tratados 
com punição, os indivíduos se protegem uns dos outros, evitando situações 
de monitoramento e avaliações de suas atividades. Dessa forma, “botar a 
boca no trombone”, como diria Sidman (1989/1995), e alertar sobre tais com­
portamentos e suas conseqüências, tende a nos colocar em situações 
aversivas. Assim, tendemos a não nos envolver com essas situações ou ain­
da, ser coniventes com tais comportamentos.
Além disso, quando estamos tratando de questões que envolvem inte­
resses de outros corremos o risco de ferir tais interesses, ou de interferir de 
maneira a transformar as condições que normalmente são reforçadoras para 
alguns indivíduos, apesar de aversivas para outros. E ao lidar com possíveis 
perdas para alguns, novamente ficamos suscetíveis a sanções e punições por 
parte deles.
Finalmente, o produto desse processo é uma sociedade marcada por 
indivíduos que se abstém de envolver-se nas questões de interesse coletivo, 
e na qual predomina a apatia e a insensibilidade a realidades desumanas e 
cruéis. Porém, Segundo Sidman (1989/ 1995):
“Mais cedo ou mais tarde uma política naciona de evitar a responsabilida­
de social deve terminarem catástrofe nacional. A polarização econômica inevitavel­
mente leva á conclusão social violenta. Evitando problemas atuais, garantimos 
choques severos mais tarde; os gatos gordos de hoje estão criando seus filhos e 
netos para o desastre. Entretanto, conseqüências atrasadas controlam fracamente 
o comportamento:‘Deixe que se defendam sozinhos”’ (p. 170).
“Recusar-se a tomar uma decisão é em si mesmo uma decisão; acreditar 
que realmente nos abstemos de envolvimento, que nos isentamos da responsabi­
lidade, é uma ilusão. Somos criaturas sociais e mesmc nos refreando de agir terá 
seus efeitos em outros" {p. 171).
Segundo Sidman (1989/1995) esse processo de desengajamento está 
relacionado com a situação do mundo atual, o qual corre o risco de ser extinto, 
com os recursos ambientais sendo consumidos numa velocidade acelerada, 
a produção de poluição, a desigualdade social, a violência, o crescimento 
populacional... Um mundo no qual interesses econômicos e políticos de indi­
víduos e setores da sociedade se sobrepõem a interesses coletivos. E é nesse 
contexto, justamente, que vemos parcelas da sociedade evocarem a noção 
de “responsabilidade social"2. Numa perspectiva comportamental a responsa­
bilidade social não é uma “coisa" que alguém “possui", mas sim, comporta­
mento. A partir da análise realizada e do que afirma Sidman (1989/1995) 
acima, podemos chamar de comportamentos socialmente responsáveis aque­
: Algumas organizações sociais têm discutido esse conceito no âmbito do 3a Setor, como por exemplo:
o Instituto Ethos (http://www.ethos.org.br/), o Red Puentes (http://www.redpuentes.org} e o IBASE 
(www.ibase.br).
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les que têm como produto sua parcela de contribuição na construção de um 
mundo que garanta a sobrevivência das futuras gerações ou, como diria Skinner 
(1978) comportamentos que “levam o futuro em conta" - e isso implica em 
melhorar as condições em que vivemos. E que tipo de contribuição a Análise 
do Comportamento pode oferecer no sentido de planejar um ambiente que 
favoreça a emissão desses comportamentos?
Diversas características relacionadas com o processo de instalação e 
manutenção de comportamentos mais adequados para a sobrevivência da 
espécie fazem com que mudar o rumo que vem sendo tomado não seja tarefa 
simples. Em primeiro lugar, como foi discutido, há “interesses* contrários en­
volvidos, condições reforçadoras para uns (pelo menos mais imediatamente), 
são condições aversivas para outros. Em segundo lugar, a produção de um 
ambiente melhor e o estímulo a comportamentos mais adequados para a 
sociedade não dependem do comportamento de um só indivíduo, mas de um 
conjunto muito grande deles. E, além disso, não há apenas uma resposta ou 
uma classe de respostas envolvidas com aquele produto, mas uma diversida­
de de cadeias comportamentais longas e complexas. Porém, mesmo com to­
das essas dificuldades e complexidades não temos como “cortar caminho” e o 
primeiro passo para alguma solução real deve ser assumir que mudanças na 
sociedade implicam em mudanças no comportamento dos indivíduos que fa­
zem parte dela.
Com o foco da análise no comportamento decada indivíduo envolvido 
nesse processo (ou seja, todos nós), devemos perguntar como fazer para 
colocar o comportamento sob controle de uma conseqüência tão distante tem- 
poralmente, como essas que viemos tratando até agora. Diversas pessoas 
pensam: "Extinção dos recursos naturais? Poluição e camada de ozônio? Vio­
lência? Desigualdade Social? Isso não vai acontecer comigo!". Ou como diz 
Sidman: <;Deixe que [nossos filhos, as futuras gerações] se defendam sozi­
nhos”.
Em primeiro lugar, os procedimentos para que as pessoas levem o 
futuro em conta" (Skinner, 1978) não deveriam mais depender apenas de 
justificativas “internas” ou do uso de controle aversivo. Como vimos anterior­
mente, foi desse jeito que chegamos até a situação em que estamos. É neces­
sário buscar soluções que estejam baseadas na mudança da relação entre os 
indivíduos e seu ambiente. A proposta de evidenciar o pape! do ambiente na 
determinação do comportamento, discutida na primeira parte deste texto, vai 
nesse sentido, assim como a promoção de estratégias de controle que não 
sejam aversivos ou que utilizem excessivamente reforçadores arbitrários.
Em segundo lugar, a Análise do Comportamento pode sugerir algumas 
alternativas de procedimentos e mudanças no ambiente dos indivíduos de 
modo a fazê-los levarem "o futuro e conta” (Skinner, 1978). Já sabemos que o
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comportamento é controlado pelas suas conseqüências. E, além disso, que 
quanto menor for o intervalo temporal entre a resposta e a conseqüência, mais 
poderoso será o controle (para ver algumas razões para que esse tipo de 
sensibilidade tenha sido estabelecida nos organismos ver Skinner, 1978). 
Respostas com conseqüências atrasadas são mais difíceis de serem instala­
das e mantidas. Mas se esse é justamente o caso, então o que podemos 
fazer?
Skinner (1978) sugere alguns esquemas e estratégias em que a res­
posta pode ficar sob controle de uma conseqüência atrasada que não serão 
tratadas neste texto. Destacam-se aspectos relacionados com o papel da cul­
tura nessas estratégias. Segundo Skinner (1978):
“O fato é que práticas cutturais estão envolvidas naquelas contingências 
de reforçamento imediato que geram comportamentos que têm conseqüências 
remotas, e isso provavelmente aconteceu em parte porque essas conseqüências 
têm fortaiecido a cultura, permitindo que ela possa resolver seus probiemaseaté 
sobreviver71 (p. 24).
Skinner sugere, portanto, que há comportamentos que têm conseqü­
ências atrasadas, mas que também podem estar sob controle de conseqüên­
cias imediatas (aprovação social, por exemplo) e que a cultura cumpre um 
papel importante no estabelecimento e na liberação de reforçadores imedia­
tos para tais comportamentos. Nosso ambiente social pode prover conseqü­
ências imediatas para comportamentos que têm como conseqüências atrasa­
das que são prejudiciais para a própria cultura.
Portanto, se busca-se (qual se?) ser mais eficiente no estabelecimento 
e manutenção de comportamentos que levam o futuro em conta”, devemos 
assumir que eles dependem de um controle ambiental e que uma parte extre­
mamente importante desse ambiente é o contexto social em todos os níveis: 
os amigos, a família, colegas de trabalho, as instituições governamentais. Nós 
somos parte desse ambiente do outro e aí a nossa pequena contribuição: na 
criação de situações antecedentes e conseqüentes do comportamento dos 
outros que favoreçam comportamentos que tenham produtos positivos para a 
sociedade e não nos abstendo desse papel, apesar das dificuldades discuti­
das nesse texto.
A oportunidade criada pela Jornada Mineira de Ciência do Comporta­
mento, em 2003 e nessa publicação produto da jornada, se inserem nessa 
proposta e já são um passo na promoção de um espaço em que sejam discu­
tidos comportamentos que “levem o futuro em conta" e na criação situações 
em que comportamentos socialmente responsáveis sejam evocados e refor­
çados.
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R eferências B ibliográficas:
Catania, C .A .(^ % ) Aprendizagem.Poúo Alegre: Artes Médicas Sul.
Comunidad los Horcones (1992). Natural Reinforcing: a way to improve Education. Journal 
of Applied Behavior Analysis. 25,71-75.
Holland, J. G. (1978). Behaviorism: Part of the problem or part of the solution. Journal o f 
Applied Behavior Analysis, 11,163-174.
Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: Worksbopsy (publicação origi­
nal d e l 989).
Skinner, B. (1973).AIém do mito da liberdade. Rio de janeiro: Bloch Editores (publicação 
original de 1971)
Skinner, B. (1978). Are we free to have a future? In Reflexions on Behaviorism and Society,. 
New Jersey: Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs.
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A n á lis e F u n c io n a l d o C o m p o r t a m e n t o V io l e n t o 
n o s G r a n d e s C e n t r o s U r b a n o s
Maria Crisüana Seixas Villani'
Temos visto constantemente à nossa volta e até mesmo no nosso pró­
prio comportamento um uso exacerbado de violência. O tempo todo somos 
invadidos por notícias de assassinatos, sequestros, roubos, depredações, 
espancamentos, estupros, acidentes de trânsito, entre outras formas de 
agressividade. Segundo Capelari & Fazzio (2001, p. 175), “agressão pode ser 
definida como um comportamento associado à apresentação de estimulação 
aversiva a outro organismo”. Consideremos, também, a possibilidade cada 
um de impor, a si próprio, estimulação aversiva. Muitas vezes agimos de ma­
neira a alterar nosso ambiente, produzindo conseqüências que irão submeter 
os outros e/ou a nós mesmos a situações de sofrimento e dor. Quando faze­
mos isso de forma deliberada e intensa, desconsiderando os direitos huma­
nos, estamos sendo violentos.
A proposta deste trabalho é refletir sobre as contingências que produ­
zem e mantêm o comportamento violento das pessoas nos grandes centros 
urbanos. O que está colocado aqui não é algo novo ou estranho para nin­
guém; o que considero interessante e útil é poder abordar o fenômeno da 
violência com um olhar científico, o qual proporciona clareza e nitidez e, con­
seqüentemente, aponta alternativas para alteração do fenômeno, conside­
rando, é claro, as dificuldades implicadas nisto. Neste sentido, será necessá­
rio lançar mão da noção de contingência tríplice, já que nossa unidade de 
análise é uma classe operante e, como tal, ocorre em função de suas conse­
qüências e em função de determinadas condições antecedentes. O comporta­
mento violento então será analisado nesta perspectiva, ou seja, só poderá ser 
entendido ao se considerar suas relações com o ambiente em que ocorre.
1 Professora do Instituto de Psicologia da PUC Minas
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As condições de controle aversivo — punição, reforçamento negativo 
e privação — são freqüentemente apontadas como sendo as principais res­
ponsáveis pela geração do comportamento agressivo (Sidman, 1995). Orga­
nismos submetidos à apresentação de estimulos aversivos ou à remoção de 
estímulos agradáveis quando se comportam estão sofrendo punição. Orga­
nismos que se comportam em função da retirada de alguma estimulação 
aversiva a qual estão submetidos estão sofrendo controle por reforçamentonegativo. Organismos que estão sofrendo restrições ou inacessibilidade à 
estímulos que lhe são necessários e aprazíveis estão em estado de privação. 
Estas írês condições são caracteristicamente aversivas, ou seja, implicam em 
algum tipo de sofrimento para quem as experimenta.
A forma de nós humanos nos organizarmos em grupos nas cidades e 
nas instituições sociais de diversos tipos está basicamente configurada por 
interações coercitivas, aquelas que envolvem algum tipo de estimulação 
aversiva. Segundo Skinner,"estritamente definido, o governo ê o uso do poder 
para punir". (1994, p.319). Isto quer dizer que a forma de controle mais utiliza­
da em nossa sociedade é a coerção. Muito provavelmente porque este é um 
tipo de controle que produz resultados muito rapidamente. Afinal, é urgente 
nos livrarmos de algo que nos aflige; e, quando nos comportamos de maneira 
a conseguir isto, esses comportamentos ficam fortalecidos.
A nossa vida como cidadãos é regulada por diversos deveres que 
somos coagidos a cumprir; desde, por exempto, pagar impostos até respeitar 
as leis de trânsito. Vamos respondendo de maneira adequada à essas normas 
em função de evitar desde multas até penas restritivas de direitos e de liberda­
de. Caso não respondamos de acordo com as regras sociais, somos então 
submetidos a estas e outras estimulações aversivas. Tais condições de con­
trole resultam não só nos comportamentos adequados ou na supressão dos 
inadequados, resultam também em comportamentos de contra-controle, den­
tre esses, o comportamento agressivo."... o uso de estimulação aversiva gera 
contra-controle, em geral também aversivo" (Andery & Sério, 1997). Podemos 
entender contra-controle como uma revolução na relação estabelecida, onde 
ocorre diminuição do desequilíbrio na distribuição do poder; desequilíbrio 
este, próprio das relações coercitivas. (Baum, 1999, cap. 11)
Já foi amplamente demonstrado em laboratório (Sidman 1995) que 
sujeitos submetidos a estimulação aversiva exibem respostas agressivas, e, 
estas não só direcionadas à fonte do controle mas, direcionadas a qualquer 
outro organismo ou objeto que estejam ao alcance do sujeito. Um exemplo 
disto é o experimento onde um pombo tem sua oportunidade de comer inter­
rompida e sempre que isto acontece ele ataca seu companheiro.
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‘‘Mas a coerção induz mais do que o comportamento agressivo em si 
mesmo. Depois de ser punido um sujeito fará qualquer coisa que possa para ter 
acesso a outro sujeito que ele possa então atacar. (. ..) Para alguém que acabou de 
ser punido, a própria oportunidade para atacar prova ser um reforçador positivo."
(Sidman, 1995, p. 221)
Fácil concluir que as práticas coercitivas de nossa sociedade induzem 
comportamentos de contra-ataque, como por exemplo, manifestações públi­
cas que depreciam e agridem autoridades; depredações de escolas e de trans­
porte público; invasões e roubo de propriedades privadas; sequestros. Além 
disto, as práticas coercitivas funcionam como modelo de interação. Alguém 
que está submetido ao controle coercitivo pode imitar esse tipo de controle ao 
interagir com os outros, usando de agressividade e violência para obter deter­
minadas respostas de seus pares.
Uma outra condição que foi investigada experimentalmente por 
Calhoun (1972) (citado em Namo & Banaco, 2001) e que mostrou-se propul­
sora de violência, foi a situação de superpopulação. Lugares pequenos com 
um grande número de indivíduos acarretaram o aparecimento do que os auto­
res chamaram de "patologias sociais”. Comportamentos como: canibalismo, 
maus tratos de mães para com seus filhotes chegando até ao abandono, lutas 
entre machos mais constantes e violentas, comportamentos de hiperatividade 
e depressão. Ainda que o estudo citado tenha sido realizado com não-huma- 
nos, não considero uma analogia forçada pensar em grandes centros urba­
nos como situações de superpopulação que probabilizam tais "patologias 
sociais”. Elas se apresentam em forma de violência no grupo. Basta pensar­
mos nos estádios de futebol em dias de jogos importantes, ou no trânsito 
engarrafado nas horas de pico, ou até mesmo no ônibus lotado a caminho da 
escola ou do trabalho. Estes são contextos nos quais, muito freqüentemente, 
vê-se assaltos a mão armada, seqüestras, brigas extremamente violentas que 
até resultam em mortes, tudo ocorrendo entre cidadãos comuns que suposta­
mente não agiriam dessa forma.
Uma terceira condição que encontrei na literatura (Capelari e Fazzio, 
2001) apontada como uma possível propulsora de comportamento violento é 
a condição de incontrolabilidade. Muitas vezes essas contingências envolvem 
exclusivamente reforçamento positivo e curiosamente podem gerar 
agressividade. Tal contexto de incontrolabilidade consiste numa contingência 
onde o indivíduo fica submetido a um esquema de reforço intermitente onde o 
reforço independe da resposta. Isto quer dizer que o aparecimento do estímulo 
reforçador é independente do comportamento do sujeito. As autoras deste 
estudo observaram o aparecimento de comportamento adjuntivo além do com­
portamento operante sob controle do reforço. Os comportamentos de agitação 
excessiva e agressividade seriam co-produtos da contingências de 
incontrolabilidade. Tal estudo me remete à uma situação largamente experi­
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mentada pelos jovens de nosso país: o fato de se prepararem durante cinco 
anos (em média) numa universidade, saírem para o mercado de trabalho a 
procura de um emprego, e, mesmo que empenhadíssimos nessa procura, 
ficam sem qualquer garantia ou previsão de arranjarem um trabalho através 
do qual possam se sustentar. Esta realidade configura uma situação de 
incontrolabilidade. Quem já viveu contingência análoga, experimentou senti­
mentos de revolta, injustiça, raiva e tornou-se potencialmente agressivo en­
quanto submetido às referidas condições.
Tendo já explorado contextos que probabilizam a violência e também 
citado diversas formas do comportamento violento que estão constantemente 
presentes em nosso cotidiano, resta abordar as conseqüências desse 
operante, o que em última instância, é o que o mantém.. Quem agride e/ou 
impõe privações ao outro tem como conseqüência a submissão e a obediên­
cia imediata desse outro; ele estará também obrigando o outro a se comportar 
de maneira a fugir ou evitar tais imposições de estimulação aversiva. Agir 
violentamente implica em promover contingências aversivas para quem está 
em volta. Daí o caráter autoperpetuador da violência. Diz Sidman (1995):
Coerção severa, então, gera uma contra-reação quase automática. Mas 
isso não termina aí. Retaliação bem sucedida provê reforçamento rápido e podero­
so. Aqueles que estavam por baixo tornam-se poderosos, aqueles que eram temi­
dos opressores agora buscam seu favor. É fácil ver como a agressão poderia se 
tomar um novo modo de vida para os inicialmente subservientes. O próprio sucesso 
da contra-agressão pode colocar em movimento uma estrutura autoperpetuadora 
de um modo de vida agressivo." (p.223)
Vejo a atual situação das grandes cidades brasileiras como um ciclo 
vicioso de violência. As pessoas agredindo umas as outras de forma muito 
intensa e tendo esse comportamento reforçado pela obtenção de dinheiro, 
poder e: principalmente, reforçado pela destruição das fontes de estimulação 
aversiva e privação. Destruir e boicotar o sistema coercitivo, ao qual se está 
submetido, é contra-controle. Poder atacar e coagir quem nos coage é natural­
mente reforçador. Contudo, quem sofre a coerção irá provavelmente contra- 
atacar. Aí está uma bola de neve quecresce e cresce.
E então? O que fazer para interromper esse ciclo vicioso de violência? 
Como acabar com uma contingência autoperpetuadora? Esta não é uma tare­
fa fácil nem tampouco rápida para se realizar; ao contrário, esta é uma jornada 
complexa, trabalhosa e infindável. Os analistas do comportamento e os cien­
tistas das áreas humanas em geral já investigam formas do comportamento e, 
principalmente, funções do comportamento. Ao conhecer como funcionam 
contingências comportamentais, sua dinâmica e seus co-produtos, os investi­
gadores esclarecem alternativas de comportamentos que resultam em ambi­
entes e indivíduos saudáveis. A Ciência do Comportamento vem descrevendo 
tipos de interação alegres, criativos, pacíficos e dinâmicos, que permanecem
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em constante evolução. (Skinner, 1975; Skinner, 1978; Skinner, 1994; Brandão, 
Conte e Mezzaroba, orgs. 2002; Conte e Brandão, orgs., 2003; entre outros). 
Esse tipo de estudo pode e deve ser amplamente incrementado e mais, preci­
sa ser largamente divulgado. Não só no meio científico, mas em todos os 
âmbitos do comportamento humano. As relações comportamentais saudáveis 
devem ser de domínio público, devem ser acessíveis a todas as comunidades 
de todos os lugares do mundo.
Obviamente, é preciso considerar que não há uma forma pré-determina- 
da de comportamento saudável, por isto, como já mencionei, esta é uma constru­
ção infindável e complexa. Diminuir sensivelmente o índice de violência nas 
grandes cidades não quer dizer que se deva acabar com o controle coercitivo, 
eliminar todas as formas de punição e estimulação aversiva. Até porque, isto 
nem é possível. O controle coercitivo faz parte da natureza e nunca deixará de 
existir posto que é intrínseco às relações entre os eventos do mundo. Assim 
sendo, são também genuínos os sentimentos de raiva, medo, agressividade e 
contra-ataque. O que podemos modificar, e então vivermos em ambientes mais 
confortáveis, seguros e divertidos, é o excesso de coerção, o uso indiscriminado 
e abusivo de punição e reforçamento negativo. Podemos também, planejando 
reforçadores condicionados eficientes, cuidar para que nossos comportamen­
tos fiquem sob controle de consequências de longo prazo, e não tão à mercê de 
fortes reforçadores imediatos que têm efeitos nocivos retardados. Além disto, 
podemos melhor dividir os espaços de nossa convivência social, assim como os 
bens de consumo evitando desta maneira, superpopulações e privações desne­
cessárias. Estas providências, ao serem tomadas, certamente irão acarretar numa 
grande diminuição do comportamento violento.
A violência não tem uma única forma de ocorrência já que ocorre em 
função de múltiplas variáveis que atuam não só no momento presente. Por 
isto, a investigação das contingências de controle necessita considerar efeitos 
de curto, médio e longo prazo; necessitam considerar os produtos diretos e os 
co-produtos das interações; e ainda, considerar os efeitos dos relacionamen­
tos entre contingências. Isto implica em abordar metacontingências. Se traba­
lharmos neste sentido, teremos comportamentos eficientes tanto no que se 
refere à esfera pública quanto no que se refere à esfera privada, com efeitos 
colaterais, como violência, m inimizados. Teremos sociedades e indivíduos 
mais saudáveis. As alternativas para se viver em paz, com força, leveza e 
criatividade estão disponíveis para nós, porém, nem sempre se constituem no 
caminho mais fácil e ligeiro; elas exigem empenho e perseverança. A minha 
sugestão é que este jam os a tentos para essas a lternativas, procurando 
desenvolvê-las e possibilitar que nossos pares também o façam; que esteja­
mos empenhados em exercer interações respeitosas, que preservem o nosso 
bem estar e o bem estar dos outros.
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
R e f e r ê n c ia s B ib l io g r áfic as
Capelari, A. & Fazzio, D. (2001) O Estudo da Violência no Laboratório. Em Kerbauy, R. & 
Wielenska, R. (org.) Sobre Comportamento e Cognição Vol. 4 (pp. 175-180). Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados.
Sidman, M.(1995) Coerção esuas Implicações {Andery, M.A.& Sério, T.M.trad.) Campi­
nas, SP: Editorial PSY. (Trabalho original publicado em 1989).
Andery, M. A. & Sério, T. M. (1997). A Violência Urbana: Aplica-se à Análise da Coerção? 
Em Banaco, R. A. (org.) Sobre Comportamento e Cognição. Aspectos teóricos, 
metodológicos e de formação em Análise do Comportamento e Terapia Cognitivista. 
Vol. 1 (pp. 433-444). São Paulo: ESETec Editores Associados.
Baum, W.M. (1999) Compreender o Behaviorismo. Ciência, Comportamento e Cultura 
(Silva, M.T. A., Matos, M. A., Tomanari, G.Y.trad.) Porto Alegre: Editora Artes Médicas 
Sul Ltda. (Trabalho original publicado em 1994).
Namo, D. & Banaco, R. A. (2001). Contribuições do Modelo de Coerção de Sidman para 
a Análise da Violência de São Paulo: Relação com o Contexto Sócio-político-econômi- 
co. Em Kerbauy, R. & Wielenska, R. (org) Sobre Comportamento e Cognição. Psico­
logia Comportamental e Cognitiva: da reflexão teórica à diversidade na aplicação Vol. 
4 (pp. 189-203). Santo André, SP: ESETec Editores Associados.
Skinner, B.F. (1978) Walden II. (R. Moreno e R. Saraiva trad.) 2o ed. São Paulo: Ed. 
Pedagógica e Universitária Ltda. (Trabalho original publicado em 1948).
__________ . (1994). Ciência e Comportamento Humano. (J.C. Todorov e R. Azzi trad.)
9o ed. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953).
___________ . (1975) Contingências de Reforço.(R. Moreno tra d .) Em coleção Os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. (Trabalho original publicado em 1969).
Brandão, M. Z. S., Conte, F. C. & Mezzaroba, S. M. B. (org) (2002). Comportamento 
Humano. Tudo ou Quase Tudo que Você Gostaria de Saber para Viver Melhor. Santo 
André, SP: ESETec Editores Associados.
Conte, F. C. & Mezzaroba, S. M. B. (org) (2003).Falo? Ou Não Falo? Arapongas, PR: 
Editora Mecenas Ltda.
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GROUPS 
 
 
C o m p o r t a m e n t o A n ti- S o c ia l 
O q u e os B e h a v io r is t a s R a d ic a is tê m a d iz e r
Roberto Gomes Marques1 
Maria Regina Barbosa Assunção2
O comportamento agressivo ou anti-social vem sendo estudado por 
behavioristas radicais de forma a entender o porque do comportamento mui­
tas vezes violento do homem voltado para a própria espécie, chamado de 
agressão intra-específica (REGRA, 2001). Este tipo de comportamento tem 
sido explicado no estudo da relação do homem com o seu meio.
De acordo com Gomide (2001), a definição do termo comportamento 
anti-social é utilizado por Kasdin e Buela-Casal (1998) para se referir a todo 
comportamento que infringe regras sociais ou que seja uma ação contra os 
outros, tais como comportamento agressivo, comportamento infrator como 
furto, roubo, vandalismo, piromania, mentira, ausência ou fuga escolar, fuga 
de casa, entre outros. O DSM IV (APA, 1995) define o comportamento anti­
social como um padrão repetitivo e persistente de comportamento de violação 
aos direitos básicos dos outros e de normas ou regras sociais importantes 
apropriadas à idade. Já Patterson, Reid e Dishion (2002) definem comporta­
mento anti-social como eventos que são simultaneamente aversivos e contin­
gentes. Eles salientam que se deve descrever um evento anti-social e não 
uma pessoa anti-social. O termo contingente refere-se à conexão entre o 
comportamento do indivíduo e o de outra pessoa pertencente ao ambiente 
onde o evento ocorre. Esses autores preferemutilizar o termo anti-social ao 
agressivo, pois o primeiro descreve mais a natureza do comportamento do 
que o segundo. Esses comportamentos são respostas dadas pelo organismo 
dentro de determinadas contingências e se mantém em função de reforçadores.
O behaviorismo radical fornece uma explicação desse comportamento 
anti-social sem recorrer a explicações mentalistas. Afirmar que o comporta­
mento agressivo ocorre em função de sentimentos, não ajuda muito. Segundo 
Skinner (2002, p. 184),
1 Aluno de Psicologia do Centro Universitário Newlon Paiva (B H }
2 Professora do Curso de Psicologia do Certro Universitário Newton Paiva (B.H.}
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
"não é de qualquer auxílio na solução de um problema prático, dizer-se que
algum aspecto do comportamento do homem se deve à frustração, à ansiedade;
precisamos também saber como a frustração ou a ansiedade foi induzida e como
pode ser alterada.”
Skinner traz, na sua teoria, uma ferramenta de fundamental importân­
cia para podermos entender e alterar o comportamento anti-social: a análise 
funcional. Essa análise implica a descrição de contingências e a relação de 
dependência dessas com o comportamento e, que nos possibilita descrever o 
valor funcional da agressão. Percebendo que emoções não são causas e sim 
respostas induzidas por uma classe de operações, podemos compreender o 
que mantém o comportamento anti-social.
Para diagnosticar uma pessoa com comportamento anti-social, GOMIDE 
(2001), coloca que é necessário que este padrão de comportamento venha se 
mantendo já há algum tempo e com alta freqüência, por períodos duradouros. O 
que é diagnosticado é o padrão de comportamento e não o organismo. Este 
apenas responde a um conjunto de contingências e, se mudamos as contingên­
cias podemos mudar o padrão de respostas que são dadas pelo organismo.
Sidman (1995), no livro Coerção e suas implicações, discute o modelo 
da nossa cultura que educa de forma coercitiva. Segunda ele, a punição e a 
privação levam o homem a apresentar comportamento agressivo. Observa-se 
que, somos punidos de várias formas possíveis por não nos comportarmos 
adequadamente e, quando apresentamos comportamentos desejados, não 
recebemos nenhuma gratificação ou algo que nos motive a manter esse pa­
drão de comportamento.
A sociedade contemporânea convive com episódios que envolvem, 
em larga escala, comportamentos anti-sociais em crianças e adolescentes 
provavelmente em decorrência do contato com ambientes ameaçadores. O 
grande número de ocorrências que nos chegam através da mídia, focalizando 
o destino insólito de crianças que crescem nos ambientes da periferia da 
cidade, vivenciando privações materiais e a violência causada pelo tráfico de 
drogas demonstram a importância do entendimento dessa questão no Brasil.
Apesar da intervenção de pessoas e organizações que se dedicam vo­
luntariamente, ao entendimento dessa situação e de algumas ações do poder 
público, constata-se que os resultados obtidos por esse trabalho não são efeti­
vos. Para que se processem intervenções mais eficazes, é necessário um co­
nhecimento mais aprofundado do assunto e de suas variáveis de controle.
Torna-se importante assim, analisar funcionalmente o curso de desen­
volvimento do comportamento anti-social nas fases da infância e da adoles­
cência, mostrando que ele se inicia no ambiente familiar chegando até os 
grupos delinqüentes, nas ruas.
Patterson, Reid e Dishion (2002), colocam que os atos aparentemente 
inofensivos observados no lar e na escola são os protótipos de comportamen­
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
tos anti-sociais na adolescência. Eles afirmam também que a exposição muito 
longa à violência e à agressão, tanto na comunidade quanto na televisão, tem 
aumentado a extensão da aprendizagem de comportamentos agressivos nos 
tempos atuais.
A exposição a episódios anti-sociais propicia a aprendizagem, onde a 
criança é inicialmente uma simples observadora e com experiência, passa a 
copiar os modelos daqueles personagens com que se identifica. Alem disso, 
através da aprendizagem por modelagem, a criança pode utilizar as birras, 
choros e outros comportamentos anti-sociais para obter controle sobre os 
pais. Esses comportamentos vão sendo instalados no repertório da criança na 
medida que os resultados são atingidos.
Patterson e colegas (2002) descrevem quatro estágios de desenvolvi­
mento do comportamento anti-social. O primeiro estágio desenvolve-se na 
família onde os pais descrevem a criança como difícil e diferente dos outros, e 
proporcionam uma disciplina ineficiente com pouca monitoria das atividades 
da criança. O segundo estágio ocorre na escola, onde iniciam as reclamações 
sobre a criança nos aspectos da aprendizagem e inadequação em sala de 
aula, levando à rejeição das outras crianças e dos professores e aos déficits 
acadêmicos. O terceiro estágio descreve a reação do meio social e o fracasso 
neste ambiente impulsiona a criança a buscar apoio em ambientes alternati­
vos, isto é, rejeitada pelos colegas, ela procura grupos desviantes e aperfei­
çoa suas habilidades anti-sociais, buscando as drogas e cometendo peque­
nos delitos. O último e quarto estágio, via de regra, acaba levando o adoles­
cente para instituições correcionais.
Segundo GOMIDE (2001), é basicamente uma seqüência de ação e 
reação. No primeiro estágio, as ações agressivas da criança se iniciam sem 
que os pais tenham habilidades de controle. No segundo estágio, o meio 
social reage e a rejeita. No terceiro estágio, ela busca apoio nos grupos 
desviantes. Este conjunto leva a casamentos prematuros e fracassados, em­
pregos caóticos e institucionalização, o quarto estágio.
Skínner (2002) e Sidman (1995) questionam em seus livros o modelo 
coercitivo que predomina há tanto tempo nos sistemas familiares, educacio­
nais, legais e policiais onde a punição tem sido a única estratégia de controle 
de comportamento utilizada. O grande problema é que ela funciona de forma 
imediata e por isso parece mais eficaz. Entretanto, a punição produz efeitos 
colaterais tanto para quem pune quanto para quem é punido: os estímulos 
aversivos que são usados pelos adeptos da agressão no controle do compor­
tamento, eliciam sentimentos no agredido que dificultam a aprendizagem e a 
relação dele com outras pessoas; provocam o comportamento de fuga e es­
quiva que impedem o contato com situações de aprendizagem de repertórios 
comportamentais alternativos.
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GROUPS 
 
 
Para Sidman (1995), coerção é o uso da punição e da ameaça de 
punição para conseguir que os outros ajam como gostaríamos. Entretanto, 
embora ela possa produzir esse resultado - às custas dos inevitáveis efeitos 
colaterais - não oferece à criança ou ao adolescente qualquer caminho alter­
nativo para comportar-se construtivamente.
Para Skinner (2002), a técnica de controle mais comum é a punição. Se o 
seu filho não se comporta de forma adequada, castigue-o, se um país não tem a 
mesma religião que a sua, bombardeio-o, sistemas legais e policiais funcionam 
com esquema punitivo e a sociedade ainda não abandonou a palmatória.
O que aprendemos com os behavioristas radiciais é que devemos 
questionar que tipo de controle queremos: o controle coercitivo que sempre foi 
usado e que não tem trazido resultados satisfatórios, ou o controle por 
reforçadores positivos?
Diante dos fatos, os cientistas buscam explicações que possam servir 
para identificar e modificar a situação, Os estudiosos daárea de comporta­
mento anti-social apresentam alternativas. Em particular os behavioristas ra­
dicais. A alternativa que temos para evitar a palmatória, a agressão, a violên­
cia, o vandalismo etc, é a de repensar a nossa cultura, como fez Skinner 
durante toda sua vida. Devemos abandonar a crença de que os controles 
coercitivos são absolutamente necessários para o bom funcionamento da 
sociedade. Segundo ele, as mudanças nas formas de controle interpessoais, 
de coercitivas para reforçadoras, poderiam resultar em uma qualidade de vida 
melhor, propiciando ambientes mais adequados para o desenvolvimento das 
crianças e adolescentes.
R eferências
Baun, W. (1999). Compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Ed. Artmed.
Gomide, P.l.C. (2001). Efeitos das práticas educativas no desenvolvimento do comporta­
mento anti-social. Em'Marinho, M.L, e Caballo, V. E. (org.): Psicologia Clinica e da 
Saúde, p.p. 33-53. Londrina: Ed. UEL.
Patterson, G., Reid, J. e Dishion, T. (2002). Anti-social Boys: comportamento anti-socisl. 
Santo André: ESETEC Ed. Associados.
Regra, J. (2002). A agressividade infantil. Em Silvares, E.F.M. (org): Estudos de caso em 
Psicologia clinica comportamentalinfantil. Vol 11.Campinas: Ed. Papirus.
Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas: Ed. Psy II.
Skinner, B. F. (2002). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Ed. Martins Fontes.
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
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BOOKS 
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Q ual o p r o b le m a d o c o n t r o l e c o m p o r ta m e n t a l?
Robson Nascimento da Cruz12 
Maria Cristiana Seixas V illan i3
Q u a l o pro blem a do c o n tr o le com portam ental?
Na realidade, podemos afirmar que o controle comportamental não é 
um problema. Para a Análise do Comportamento, ele é evidente, não há ne­
cessidade de discussão quanto a sua existência ou não. Porém, o uso da 
palavra controle exerce outra função para não-analistas do comportamento. 
Para a maioria das pessoas, é sinônimo de coerção, manipulação e controle 
aversivo. Aprendemos desde cedo que tal palavra é algo que exerce pressão 
ou força sob alguém ou alguma coisa. "Quem tem o controle da situação?” 
Essa pergunta caracteriza bem como esse conceito é entendido, algo unilate­
ral, que fica sempre do lado do mais forte e oprime o mais fraco. O ideal seria 
se questões sobre a existência do controle comportamental não existissem, já 
que uo controle da conduta peio ambiente físico e social é uma característica 
do mundo, exatamente como o controle de objetos físicos, reações químicas 
ou processos fisiológicos. Somos feitos assim’’. (Sidmam, 1989, p. 46). Mas 
sabemos que a aceitação de tal concepção não é um processo simples. Con­
trole como sinônimo de coerção é algo que vem sendo reforçado há séculos, e 
ramos da nossa sociedade tão importantes como a Ciência e a Filosofia ainda 
discutem, de maneira ineficaz, a existência ou não de uma lei do controle 
comportamental. Sidman diz que:
“Controle comportamental não è uma questão de filosofia ou de sistemas
pessoais de valor a serem aceitos ou rejeitados de acordo com nossa preferência. É
' Aluno do curso de graduação em Psicologia da Puc-Minas (São-Gabriel), End. Rua Agenor Alves n° 
68. cep: 31990-040, Belo Horizonte. MG. E-mail: robsonncruz@ig.com.br
2 Bolsita dos programas de iniciação científica da Puc Minas (São-Gabriel) e Fapemig.
3 Mestre em Psicologia Experimentai, P ro f do departamento de Psicologia da PUC Minas.
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"Controle comportamental não é uma questão de filosofia ou de sistemas 
pessoais de valor a serem aceitos ou rejeitados de acordo com nossa preferência. É 
uma questão de fato. Não faz sentido, portanto, rejeitar ou defender o controle 
comportamental. Peio contrário, as leis do controle exigem investigação. A noção 
pode nos desagradare mesmo amedrontar, mas as leis do comportamento são uma 
característica do mundo em que vivemos: não podemos repeli-las " (1989, pág, 46).
Dessa maneira, são inúmeras as discussões que partem da seguinte 
questão: o comportamento é inerentemente controlado? Tal questão costuma 
ser transformada em outra: o comportamento deveria ser controlado? (Sidmam, 
1989). Essa segunda pergunta, feita em geral por pessoas que discordam do 
controle comportamental, coloca o analista como um defensor do controle e, o 
que é ainda pior, faz surgir a idéia de ser o analista do comportamento o 
controlador, Ou seja, continuam a interpretar a situação como algo unilateral, 
como se o controle fosse defendido e inventado pela Análise do Comportamen­
to. Para tentar esclarecer esta questão, Skinner (1953/2000) e Sidmam (1989) 
utilizam a seguinte comparação: um físico não defende a lei da gravidade, e 
muito menos foi a Física que a inventou. Portanto, um analista do comportamen­
to não defende o controle comportamental, posto que não há motivos para defe­
sa. Ele é uma característica do nosso mundo assim como é a lei da gravidade, e 
a única coisa que podemos e devemos fazer é estudar e saber utilizar os bene­
fícios que possam ser adquiridos dessa investigação. Sidman diz que:
“Controle existiria mesmo que não houvesse analistas do comportamento 
para nos contar a seu respeito. Faz sentido descobrir tanto quanto possamos, em 
vez de ignorá-lo. Justificadamente tememos o controle comportamental. A validade 
da questão Quem exerce ou deve exercer o controle?’ é independente de nossa 
orientação filosófica ou cientifica. Devemos respondê-la de novo e de novo. A única 
certeza èque a resposta não pode ser'Ninguém1.0 controle está sempre ai, não 
reconhecê-lo é esconder-se da realidade* {1989, pág, 47).
É importante destacar que conflitos assim não são desconhecidos na 
História da Ciência. Skinner (1953/2000), em seu livro Ciência e Comporta­
mento Humano, nos alerta para a dificuldade de se aceitar novos paradigmas, 
principalmente quando esses nos dizem algo a respeito do comportamento 
humano. Skinner diz que: “A teoria copemicana do sistema soiar afastou o 
homem de sua proeminente posição de centro das coisas. Hoje aceitamos 
esta teoria sem emoção, mas inicialmente encontrou enorme resistência.''{)%2>l 
2000, pág ,8).
Sabemos que aceitar o controle do comportamento como uma lei uni­
versal é algo que a afasta o homem de sua concepção de agente livre, e, a 
princípio, isso pode ser um choque na visão tradicional de homem. Mas, a 
partir dos benefícios adquiridos através do estudo dessa lei, essa resistência 
será extinta, assim como a concepção de homem como centro do universo.
Ao não aceitar a existência de uma lei universal do controle 
comportamental, estaremos ignorando a realidade e continuaremos, mesmo
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
 
 
 
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BOOKS 
GROUPS 
 
 
assim, sendo controlados e controlando, mas não saberemos como isso ocor­
re. É também para esse ponto que gostaria de chamar atenção, porque, a 
partir do momento em que não a aceitamos, deixamos um enorme campo para 
pessoas, governos e instituições que a saibam utilizar para o próprio benefi­
cio. Dessa forma, podem influenciar o comportamento das pessoas, de acordo 
com seus interesses particulares. Uma vez que controle não é sinônimo de 
coerção, não significa necessariamente que estarão usando controle coerciti­
vo. Pode ser que usem o reforçamento positivo, porque assim acharemos que 
nos comportamos de maneira espontânea e não tenderemos a fugir ou esqui­
var de determinada situação. Muito pelo contrário, tenderemos a aumentar a 
probabilidade de emissão do comportamento. Como exemplos desse tipo de 
controle, podemos pensar

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