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1° Resumo

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RESUMO Nº 1 - DP I �
INTRODUÇÃO
PARTE GERAL
DA INFRAÇÃO PENAL
Conceito de Infração Penal
Pela teoria finalista da ação� - entende-se por infração penal todo fato típico e antijurídico.
TÍPICO - porque a conduta do agente deve estar prevista em lei como crime ou como contravenção penal. É o que se denomina no direito penal como tipo. 
Quanto ao tipo, MAXIMINIANUS CLÁUDIO AMÉRICO FÜHRER e outro, in Resumo de Direito Penal: parte geral, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1990, p. 25-26, o define como "a descrição do fato criminoso, feita pela lei. O tipo é um esquema, ou uma fórmula, que serve de modelo para avaliar se determinada conduta está incriminada ou não. O que não se ajusta ao tipo não é crime. ... O tipo tem uma função de garantia, impedindo que seja considerado crime o que não estiver descrito na lei. É também um indício de antijuridicidade, indicando que, em princípio, a conduta descrita é ilícita, salvo excludente prevista em lei." 
Como exemplo, citamos o caput do Art. 121 do Código Penal, que prevê o tipo do crime de homicídio, assim definido legalmente: "Art. 121 - matar alguém" 
A tipicidade é uma palavra muito conhecida na doutrina do direito penal, "significando conformidade a um tipo penal, i. é., correspondência entre o fato real e o tipo, ou descrição legal-penal de determinada infração" (ENCICLOPÉDIA SARAIVA DO DIREITO, Saraiva, 1977, volume 73, p. 290).
A tipicidade decorre do princípio da LEGALIDADE, previsto no Art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal de 1988 que diz: "Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal".
 O Art. 1º do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940) repete praticamente o mesmo teor, onde se lê: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação penal". 
 
Este princípio também tem aplicação para as contravenções penais, pelo que dispõe o Art. 1º da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941): "Aplica-se às contravenções penais as regras gerais do Código Penal, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso."
ANTIJURÍDICO - quando a conduta de alguém for contrária à ordem jurídica.
 
Podem ocorrer condutas que, apesar de estarem tipificadas como crime, não constituam infrações penais, quando praticadas em determinadas circunstâncias, como ocorre nas hipóteses de legítima defesa própria ou alheia, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito, ou estado de necessidade.
Tipos de Infração Penal
No Brasil há dois tipos de infração penal: o crime e a contravenção penal. 	
	A diferença básica entre ambas é que no crime a pena prevista é mais grave do que na contravenção penal. Esta é considerada pela doutrina como um pequeno crime. E ainda na espécie de sanção cominada à infração penal: o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal reza que ao crime é cominada pena de reclusão ou de detenção e de multa; à contravenção é cominada pena de prisão simples, e/ou multa ou apenas esta.
 
Alguns crimes que podemos destacar: lesão corporal (art. 129 do CP), homicídio (art. 121 do CP), furto (art. 155 do CP), roubo (art. 157 do CP), estelionato (art. 171 do CP), constrangimento ilegal (art. 146 do CP), ameaça (art. 147 do CP), seqüestro e cárcere privado (art. 148 do CP), violação de domicílio (art. 150 do CP) e estupro (art. 213 do CP).
Entre as contravenções mais conhecidas temos as vias de fato (art. 21 da LCP), perturbação do trabalho ou sossego alheios (art. 42 da LCP), vadiagem e mendicância (arts. 59 e 60 da LCP), importunação ofensiva ao pudor (art. 61 da LCP) e embriaguez (art. 62 da LCP).
Todavia, há autores que trazem nova classificação a partir da edição da Lei 9.099/95� e, posteriormente, da Lei 10.259/01.� Augusto Thompson aponta para nova dicotomia,� qual seja:
Infrações de Menor Potencial Ofensivo, que abrange os crimes com pena máxima não superior a 02 (dois) anos (Lei Nº 10259/01) e as Contravenções Penais; e�
Os Crimes.
	Por exemplo:
“Num dado processo, um grupo de rapazes era acusado de se reunir com certa freqüência para, indo de carro a ponto de reunião de travestis/e ou meretrizes, alvejá-los (ou alvejá-las?) com armas usadas no jogo de paintball. Os projéteis causavam lesões levíssimas. O Ministério Público denunciou os jovens pelo artigo 129 e pelo delito de quadrilha ou bando (artigo 288). Dentro da versão esposada pelo Promotor, em número superior a três, associara-se para praticar crimes.
Mas ... que crimes? Lesões levíssimas!
Tinha cabimento?
Bem, a se considerar as lesões leves como crime, desde que provados os fatos (hipótese que não ocorreu), estaria configurada a tipicidade do art. 288.
Porém, poderia tal entendimento valer mesmo depois que a infração ao art. 129, caput, entrou no regime especial da Lei nº 9.099/95?
Dentro da concepção adotada neste artiguete, a resposta é negativa, para o bem de toda felicidade geral do princípio de eqüidade: só crimes podem compor a figura do art. 288, sendo que no caso cuidava-se de outra espécie de ilícito penal, infração de menor potencial ofensivo”.�
	Contudo, o entendimento dominante na doutrina ainda é a dicotomia: crime e contravenção penal.
DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Para que um fato seja considerado crime é necessário que ele seja típico (previsto em lei) e antijurídico (contrário ao direito).
Existem, todavia, situações em que a prática de fato típico, previsto na lei como crime, tem sua antijuridicidade afastada. Isto ocorre quando a atuação de sujeito ativo estiver amparada numa causa EXCLUDENTE DE ILICITUDE.
Estas causas podem estar previstas tanto na Parte Geral, como na Parte Especial do Código Penal (CP).
Como causas excludentes de ilicitude, encontramos no Art. 23 da Parte Geral do CP as seguintes:
-Legítima Defesa;
-Estado de Necessidade;
-Estrito Cumprimento do Dever Legal;
-Exercício Regular do Direito. 	
Na Parte Especial do CP, vários dispositivos apontam estas causas, como por exemplo:
- Coação para impedir suicídio (art. 146, § 3º, II do Código Penal);
- Ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa (art. 142,I, do Código Penal);
- Aborto para salvar a vida de gestante (art. 128, do Código Penal); 	
- Violação de domicílio, quando um crime está ali sendo praticado (art. 150, § 3º, II, do Código Penal).
Estado de necessidade
Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, cujos requisitos são:
- perigo a direito próprio ou alheio;
- perigo atual ou iminente;
- perigo não evitável de outro modo;
- perigo não causado dolosamente pelo agente;
- intenção de salvar o bem em perigo;
- inexistência de dever legal de enfrentar o perigo;
- bem sacrificado inferior ou igual ao bem preservado.
Legítima defesa
Não há crime quando o agente pratica o fato em legítima defesa, cujos requisitos são:
 	-reação a uma agressão humana;
-agressão injusta, atual ou iminente;
-defesa de direito próprio ou alheio;
-uso moderado dos meios necessários;
-intenção de defender.
	Interessante exemplo, que aparentemente possa parecer legítima defesa, porém, trata-se de homicídio:
“Tício, querendo eliminar Caio, de cuja mulher é amante, faz com que ele surpreenda o adultério, e quando Caio saca do punhal e investe furioso, Tício, de sobreaviso, mata-o com um tiro de revólver. Tício não poderá invocar a descriminante (legítima defesa), embora a simples provocação de sua parte não autorizasse o ataque de Caio, pois a situação externa apenas em aparência era de legítima defesa, não passando, na realidade, de um ardil por ele próprio preparado, apresentando-se um homicídio doloso.” (Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Forense, 1958, t.II, vol. 1º, pág. 297)
Com referência ao uso moderado dos meios necessários, algumas considerações hão de ser feitas:Se o sujeito, desde o início da sua conduta, emprega um meio desnecessário ou emprega imoderadamente um meio necessário, vindo a matar o agressor: há exclusão da legítima defesa, pois a conduta não estava inicialmente justificada. Exemplo: o sujeito mata uma criança que se encontra furtando frutas em seu pomar - Responde o sujeito por homicídio doloso.
Se o sujeito, inicialmente, emprega moderadamente o meio necessário, mas vai além, agindo imoderadamente e produzindo a morte do inicialmente agressor; neste caso é que se fala em excesso de legítima defesa, ou seja, o sujeito emprega o meio necessário, mas é imoderado na sua conduta. Tal excesso pode ser doloso ou culposo. 
	
Exemplo de excesso doloso: para repelir injusta agressão o sujeito causa lesão corporal grave no agressor, mas quando este está caído no chão, termina de matá-lo.
	Exemplo de excesso culposo: o sujeito não tenha querido o excesso, tendo este decorrido de um erro de cálculo quanto à gravidade do ataque ou quanto ao modo da repulsa. Tratando-se de erro escusável , invencível, exclui a pena por ausência de dolo ou culpa – Art. 20, § 1º do C.P.; Tratando-se de erro inescusável, vencível, surge o excesso de natureza culposa – Art. 20 § 1º, parte final.
Estrito cumprimento do dever legal
Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento do dever legal, como no caso do policial que efetua prisão em flagrante (artigo 23, III, primeira parte do CP, combinado com o Art. 301 do CPP).
Exercício regular de direito
Não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito, como na intervenção cirúrgica (lesões corporais), ou na violência esportiva, desde que respeitadas, respectivamente, as regras da atividade ou profissão. 
DA CULPABILIDADE
(Ou seja a pena)
Conceito de culpabilidade
“É a reprovação ao agente pela contradição entre sua vontade e a vontade da lei" (Celso Delmanto, Código Penal Comentado, ed. Renovar, 3ª ed., pág. 19).
Para existência do crime basta o fato típico e antijurídico. A imposição da pena, como conseqüência do crime, depende da avaliação da culpabilidade do agente, do dever do agente responder ou não pelo fato.
Assim, quando se fala em culpabilidade, fala-se em CENSURABILIDADE, mediante aplicação de pena.
Com efeito, a culpabilidade, em termos coloquiais, ocorre quando o Estado aponta o dedo para o infrator e lhe diz: você é culpado e vai pagar pelo crime que cometeu. 
Elementos da culpabilidade
a) Imputabilidade - refere-se à capacidade do agente de se lhe atribuir o fato e de ser penalmente responsabilizado. Portanto, é a capacidade de a pessoa, no momento da ação, entender o caráter ilícito do fato e de agir de acordo com esse entendimento. Disto resulta que os menores de 18 anos e os doentes mentais são inimputáveis, ou seja, isentos de pena, bem como as pessoas que praticam o fato em estado de embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.
b) Consciência potencial da ilicitude - refere-se às circunstâncias do momento do fato, que indicam que o autor tem condições de saber que o fato praticado é contrário ao direito. Disto resulta que aquele que está em erro de tipo (art. 20) e erro de proibição (art. 21) não tem consciência potencial da ilicitude.
c) Exigibilidade de conduta diversa - refere-se ao fato de saber se, nas circunstâncias, seria exigível que o acusado agisse de forma diversa. Não haverá pena se, nas circunstâncias, foi impossível para o acusado agir de outra forma. Exemplo disso, encontramos na coação irresistível e obediência hierárquica, ambas previstas no Art. 22 do CP.
EM SÍNTESE.
	
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
(excluem a antijuricidade; logo, não há crime)
	
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
(excluem a pena, ou seja, a infração penal existe, mas o seu autor é isento de pena)
	
NA PARTE GERAL DO CP
estado de necessidade
legítima defesa
estrito cumprimento do dever legal
exercício regular do direito
NA PARTE ESPECIAL DO CP
Coação para impedir o suicídio (art. 146, § 3º, II)
Ofensa em juízo na discussão da causa (art. 142, I)
Aborto para salvar a vida da gestante (art. 128)
Violação de domicílio quando um crime está ali ocorrendo (art. 150, § 3º, II) etc.
EXCLUDENTE SUPRALEGAIS
Admitida por alguns autores, como por exemplo cirurgia para mudar de sexo
	
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE PELA INIMPUTABILIDADE
idade inferior a 18 anos (ART. 27)
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26)
embriaguez fortuita completa (art. 28, § 1º)
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE PELA IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DO ILÍCITO
erro de proibição (art. 21)
erro sobre excludente putativa (art. 21, § 1º)� 
EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE PELA INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
coação irresistível (art. 22)
obediência hierárquica (art. 22)
EXCLUDENTES SUPRALEGAIS
Admitida por alguns autores, por exemplo: não caracterização do porte ilegal de arma se o acusado tem idade avançada e residir em local infestado de marginais – RT 601/329
CONCLUSÃO
PARA EXISTÊNCIA DE CRIME SÃO NECESSÁRIOS: A TIPICIDADE (FATO PREVISTO EM LEI) E A ANTIJURICIDADE (CONTRÁRIO AO DIREITO).
	QUANTO À APLICAÇÃO DA PENA, DEPENDE ESTA DA CULPABILIDADE DO AGENTE (OU SEJA IMPUTABILIDADE, CONSCIÊNCIA POTENCIAL DA ILICITUDE E EXIGIBILIADADE DE CONDUTA DIVERSA), SEM O QUAL O JUIZ FICA IMPOSSIBILITADO DE PUNIR O INFRATOR.
DO DOLO E DA CULPA
Dolo e culpa estão relacionados com TIPO PENAL (conforme a Teoria Finalista, adotada pelo Código Penal).
Conceito de DOLO
Dolo "consiste no propósito de praticar o fato descrito na lei penal. Crimes dolosos são crimes intencionais" (MAXILILIANUS C. A. FÜHRER e outro, Resumo de Direito Penal, Revista dos Tribunais, 1990, p. 33). 
Espécies de dolo
a) Dolo direto ou determinado: o agente tem a intenção de provocar um resultado certo, desejando que o mesmo ocorra. Exemplo: alguém que possui um inimigo encontra-o na rua e, intencionalmente, descarrega seu revólver contra o mesmo, matando-o.
b) Dolo indireto ou indeterminado: a vontade do agente não está exatamente definida, ou não visa a um resultado preciso e determinado. Subdivide-se em dolo alternativo e dolo eventual.			
- Dolo alternativo: Neste, a vontade do agente opta entre resultados entre dois ou mais resultados, distintos, como, por exemplo, matar ou ferir.
- Dolo eventual: Neste. o agente não deseja o resultado, mas conscientemente aceita o risco de produzi-lo. Segundo MAXIMILIANUS C. A. FÜHRER e outro, na obra citada, p. 34, "No dolo eventual o agente prevê o resultado de sua conduta e não deseja diretamente esse resultado. Mas diz para si mesmo: "seja como for, dê no que der, eu não deixo de agir". O resultado para ele é indiferente, mas não o afasta da conduta. Se ocorrer o dano, diz ele, tanto pior para a vítima." 
Conceito de CULPA
"Consiste na prática não intencional do delito, faltando porém o agente a um dever de atenção e cuidado. Modalidades da culpa são a negligência, a imprudência e a imperícia. 
A negligência, é a displicência, o relaxamento, a falta de atenção devida, como não observar a rua ao dirigir um carro. Imprudência é a conduta precipitada ou afoita, a criação desnecessária de um perigo, como dirigir um carro com excesso de velocidade. A imperícia é a falta de habilitação técnica para certas atividades, como não saber dirigir direito um carro" (MAXIMILIANUS C. A. FÜHRER e outro, na obra citada, p. 34).
Outro exemplo de imperícia, encontra-se na ementa do acórdão abaixo: 
"Incorre nas penas de lesão corporal culposa médico que, agindo com imperícia e sem observação de regra técnica de profissão, produziu lesões gravíssimas na vítima, ocasionadas por falta de higiene na sala de cirurgia e deficiência de cuidados pós-operatórios. Impossibilidade de aceitação daalegação que "complicações façam parte das cirurgias" (TACRIM-SP - AC 512.015-9- Rel. Sidnei Beneti). 
 
	A culpa pode ser ainda:
Inconsciente - é a culpa comum, com imprevisão do resultado.
Consciente – é a culpa com previsão, em que passa pela mente do sujeito a probabilidade do resultado. Ele, entretanto, acredita que sua habilidade não permitirá a produção do resultado
Própria – é a com imprevisão, em que o sujeito não quer a produção do resultado.
Imprópria – é a com previsão, em que o sujeito quer a produção do resultado, porém pratica o fato por erro de tipo inescusável, que exclui o dolo, mas não a forma culposa (Art. 20, § 1º). Na verdade temos um crime doloso apenado com a sanção do delito culposo. 
Importância da diferenciação entre dolo e culpa
O conhecimento da distinção entre o dolo e a culpa tem fundamental importância. Em primeiro lugar, porque nos crimes dolosos as penas são mais graves que nos delitos culposos. Em segundo lugar, porque "Salvo nos casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente" (Art. 18, parágrafo único do CP).
DA COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS
	Circunstâncias são elementos acessórios (acidentais) que , agregados ao crime, têm função de aumentar ou diminuir a pena. Não interferem na qualidade do crime, mas sim afetam a sua gravidade.
	Podem ser :
objetivas (materiais ou reais)
subjetivas (ou pessoais)
1º) Não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal.
Em caso de co-autoria ou participação, os elementos inerentes à pessoa de determinado concorrente não se estendem aos fatos cometidos pelos outros participantes.
 Exemplo: A, por motivo de relevante valor social, pratica crime de homicídio com o auxílio de B, que desconhece o motivo. A causa de diminuição de pena não se aplica a B.
Exemplo: “A” comete crime de homicídio por motivo torpe, contando com auxílio de “B”, insciente da torpeza. A responde por homicídio qualificado; B, na ausência de outra qualificadora responde por homicídio simples.
Ao partícipe não se comunica a qualificadora de natureza pessoal.
	2º) Não se comunicam as circunstâncias objetivas.
	Exemplo: “A” aconselha “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para execução, emprega asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado, a não ser que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu conhecimento.
Da Tentativa
	Quando o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do sujeito, fala-se em tentativa imperfeita.
	Quando a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, mas a morte não se verifica por circunstâncias alheias há tentativa perfeita ou crime falho.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Código Penal. Atualizado — qualquer editora.
DELMANTO, Celso, DELMANTO, Roberto e DELMANTO JÚNIOR, Roberto. Código Penal Comentado. 40ª ed. São Paulo: Renovar, 1998. 
ENCICLOPÉDIA SARAIVA DO DIREITO. São Paulo: Saraiva, 1977, volume 73
MAXILILIANUS C. A. FÜHRER e outro. Resumo de Direito Penal. Revista dos Tribunais, 1990.
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1958. T.II, vol. 1º.
THOMPSON, Augusto. Crimes e Infrações de Menor Potencial Ofensivo: A nova dicotomia. São Paulo: Boletim IBCrim, Nº 122, janeiro de 2003. p. 4-5.
MATERIAL DE APOIO
DIREITO PENAL E GLOBALIZAÇÃO�
	Do duplo efeito da globalização – integração econômica e o incontrolável avanço tecnológico das comunicações – paulatinamente impõe-se o convencimento da necessidade da adoção de um sistema de Direito Penal supranacional. Essa necessidade apóia-se sobretudo no respeito e no merecimento à dignidade humana, bem como na defesa das garantias fundamentais do indivíduo – chanceladas nas constituições políticas, notadamente ocidentais, islâmicas e orientais – originárias da Declaração Universal dos Direitos do Homem que independe das fronteiras territoriais e referências temporais, culturais, étnicas, valorativas ou de idiossincrasias nacionais.
	Por certo que relutam as correntes contrárias à adoção de uma Ciência do Direito Penal de âmbito global para a concretização de uma única estrutura lógico-objetiva que delimite ao menos um sistema universal de problemas criminais e civis ou de estruturas de responsabilidade criminal e civil, baseados em dogmática e normatividade transnacionais.
	Entretanto, afastando-se os obstáculos doutrinários dogmáticos diante da ampliada delinqüência, e dos efeitos provenientes da globalização econômica que dá lugar a outras modalidades de crime organizado, eis que é imperiosa, outrossim, a adoção de um sistema jurídico-penal organizado para coibir os excessos praticados que fogem do alcance das regras penais, regidas mormente pelas clássicas modalidades de delinqüência – antes circunscritas apenas às delimitadas fronteiras nacionais e a referenciais temporais, culturais e valorativos mais restritos.
	Ao se propor um sistema penal globalizado, isto seguramente exigirá muito esforço para dissecar valores e eliminar barreiras culturais de que ainda se ressentem os diversos Estados, a despeito da generalizada invasão econômica nos mais remotos contextos geográficos. Contudo, dado que grupos organizados desafiam os mais variados sistemas normativos, em que pese ao maior ou menor grau de cientificidade e objetividade de tais sistemas que, sob o pretexto de serem exclusividade de determinados contextos geográficos, culturais ou ideológicos, propiciam a impunidade da delinqüência organizada. Esta tem dado provas evidentes de que pode desativar ou neutralizar os restritos sistemas gerais de regras de direito penal dos diversos países, muitos dos quais cada vez mais impotentes, devido a fatores econômicos, para superar deficiências técnicas a fim de conter o clima de insegurança, diante da crescente gravidade delitiva nos mais diversos níveis das realidades nacionais.
	Ponderadamente, é razoável a adoção de um sistema supranacional de Direito Penal compatível com a evolução das relações internacionais acentuadas pelas comunicações, não obstante as diversidades de culturas e tradições jurídicas que, não raro, se contrapõem à configuração técnica e prática de inculpação civil e criminal para as diversas faixas etárias, sob uma ótica global da relação indivíduo-sociedade.
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAOTMAJ/codigo-penal-comentado 
http://rotadosconcursos.com.br/questoes-de-concursos/direito-penal-lei-de-introducao-ao-codigo-penal/692937 
� Por Paulo Calgaro de Carvalho – Mestre pela UNISUL.
� Com o finalismo de Welzel, descobriu-se que o dolo e a culpa integravam o fato típico e não a culpabilidade.
� Art. 61 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial.
� Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo. Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa. 
� THOMPSON, Augusto. Crimes e Infrações de Menor Potencial Ofensivo: A nova dicotomia. São Paulo: Boletim IBCrim, Nº 122, janeiro de 2003. p. 4-5.
� Observação: Justiça comum é incompetente para julgar crimes de menor potencial ofensivo, após nova lei - A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a acusado de porte de drogas que foi julgado e condenado pela 4ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal à pena de 9 meses e 15 dias de detenção em regime semi-aberto. A razão é que a denúncia e mesmo os fatos ocorreram após a entrada em vigor da lei que definiuas infrações de menor potencial ofensivo como as que têm pena máxima de até dois anos. Pela nova lei processual, esses crimes deveriam passar a ser julgados pelos juizados especiais. Com isso, a Justiça comum tornou-se absolutamente incompetente para avaliar a matéria. No caso específico, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e os Territórios haviam negado o recurso de apelação da defesa, declinando da competência em favor das turmas recursais dos juizados especiais. Contra a decisão, o réu apresentou habeas corpus, pedindo que fosse cassada a sentença de primeira instância e todo o feito fosse julgado pelo juizado especial. Para a defesa, "a Turma Recursal não pode modificar, cassar ou manter a sentença de Primeiro Grau, pois lhe falece competência jurisdicional para tanto, pois o Juiz monocrático não é vinculado a sua jurisdição. Assim, a solução adequada não é o declínio da competência em favor da Turma Recursal, mas em favor do Juizado Especial, cassando a sentença monocrática proferida pelo juízo comum". A decisão unânime da Turma determinou também que seja dada oportunidade ao Ministério Público para opinar acerca da transação da pena. Newsletter Síntese nº 1.071 de 24/11/2004. In � HYPERLINK "http://www.sintese.com.br" ��www.sintese.com.br�. Acessado em 26/11/04. Contudo, a criação de juizados especiais não altera competência de processos em curso. Nesse sentido, A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu pedido de habeas-corpus a acusado por uso de drogas para que seja beneficiado com os institutos para os crimes de menor potencial ofensivo, mas mantendo a competência do juízo processante original. O pedido de habeas-corpus foi contra decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-DF) que não conheceu do recurso de apelação da defesa, declinando da competência em favor da Turma Recursal do Juizado Especial por se tratar de delito de menor potencial ofensivo. No caso, a sentença foi proferida após a vigência da Lei nº 10.259/01, mas o juízo processante não reconheceu a aplicabilidade dos dispositivos legais mais benéficos aos réus. Por isso, diz o voto da ministra Laurita Vaz, relatora do habeas-corpus, "não há, dessa forma, como negar a possibilidade de se aplicar em favor dos pacientes os benefícios da nova lei, pois, em se cuidando de ‘novatio legis in melius’, as disposições contidas na Lei 10.259/01 se aplicam aos fatos anteriores à sua vigência que ainda estejam sendo processados pela Justiça Pública". A ministra afirmou ainda que mudou seu entendimento quanto ao procedimento a ser adotado: "a despeito de ter-me manifestado diversamente em outras oportunidades, refletindo um pouco mais acerca da controvérsia, acredito que não é o caso de anulação do processo ‘ab initio’. (...) A conclusão (...) é a de que sobre os processos em andamento não incide a novel legislação, sem prejuízo da aplicação dos benefícios legais a que têm direito os réus." Tal interpretação permitiria até, por uma questão de bom senso, segundo a ministra, que as varas então criadas não fossem inviabilizadas. "Assim, a exemplo do que ocorre quando uma vara federal é criada onde antes não havia, considera-se perpetuada a jurisdição do juízo que tratava das matérias que serão, dali para frente, da competência do novo juízo." Processo:  � HYPERLINK "http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC 37345&origem=" �HC 37345�. In � HYPERLINK "http://www.stj.gov.br" ��www.stj.gov.br�. Acessado em 01/12/03.
� THOMPSON , op. cit. p. 4-5.
� Alguns autores denominam de erro de proibição indireto.
� AGNES ALTMANN tem mestrado em Relações Internacionais e é bacharela em Direito pela UnB.

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