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Trabalho petição de herança cumulada com nulidade de inventário extrajudicial.

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Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da Vara Judicial da Comarca de Nova Prata - RS.
Paula da Silva, solteira, dentista, maior, portadoras do RG n. 2003010158230, CPF nº 050177343-68 e Laura da Silva, solteira, empresária, maior, RG n. 99010117880-SSP-CE e CPF n.000273323-49, residentes e domiciliadas, respectivamente, no sítio Boa Vista, município de Nova Prata, no sítio Baixio do Rosário, município de Nova Prata, na rua Heráclito Alves de Moura, 148, e na rua Misael Alves de Moura, 163, vêm, por seu advogado in fine assinado, de acordo com instrumento de procuração anexa (doc. 01) e pelas razões a seguir expostas, propor, sob o rito ordinário, AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA C/C NULIDADE DE INVENTÁRIO/PARTILHA EXTRAJUDICIAL contra:
Pedro Loureiro da Silva, brasileiro, viúvo, agricultor aposentado, residente e domiciliado no sítio Baixa Dantas, município de Nova Prata, RG n. 414969-SSP-CE e CPF n. 026979553-72, pelos fatos e fundamentos abaixo citados.
OS FATOS 
1. Em 23 de maio deste ano, faleceu nesta cidade, em sua residência, na Rua Amâncio Leite, 112, Antônio Loureiro da Silva (doc. 02, anexo). Era ele irmão de Ana Loureiro da Silva, pré morta e também de Pedro Loureiro da Silva.
2. Como se vê da documentação anexada, Antônio Loureiro da Silva, Pedro Loureiro da Silva e Ana Loureiro da Silva eram filhos de João Tibúrcio Loureiro da Silva e Maria Tavares da Silva (já falecidos).
3. O falecido Antônio Loureiro da Silva não era casado, não deixou filhos, nem testamento e não tinha ascendentes vivos. A sua vez, Pedro Loureiro da Silva, único irmão ainda vivo, atribuindo-se ilegalmente a condição de herdeiro único e, em gesto de desmedida ambição, intentou usurpar os direitos hereditários das Autoras (filhas da irmã pré-morta), levando a efeito astuciosamente inventário/partilha extrajudicial dos bens do espólio somente entre si, mediante escritura pública das notas do 2º Ofício deste município (Serviço Notarial - Ofício de Registros Especiais de Nova Prata), às fls. 184/186v do Livro 85-ACD (doc. nº 11, anexo), procedendo, em seguida, aos registros imobiliários, ilegais (docs. nsº 12/18, anexos). 
O DIREITO
1. É de clareza solar a nulidade do referido inventário/partilha extrajudicial, posto que celebrado com exclusão das autoras, legítimos herdeiros do inventariado Antônio Loureiro da Silva, tio delas, e a quem sucedem por direito de representação relativamente a seus genitores irmãos do de cujus e pré-mortos.
2. De fato, "Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos", dispõe o art. 1.840 do Código Civil/2002, reprodução literal, aliás, do art. 1.613 do Código/1916. 
3. "Percebe-se que as filhas da irmã (sobrinhas do falecido) representam a mãe pré-morta. Mas, aí, a herança quanto a estas, não será por cabeça, e sim por estirpe. Divide-se o monte-mor pelo número de herdeiros (irmãos). Após, o monte que tocaria à herdeira pré-morta será partilhada pelo número de filhos que este deixou", ensina Arnaldo Rizzardo, comentando o dispositivo acima (Direito das Sucessões, Forense, 2ª. ed., 2005, p. 194, n. 10.2. A sucessão de sobrinhos e irmãos do de cujus). 
4. Esclarece ainda o mestre citado (idem e ibidem): "O direito de representação dá-se unicamente em relação às filhas da irmã. Não é possível estendê-lo a outras classes de colaterais, como no caso dos tios. Assim já se manifestava a jurisprudência da época do Código de 1916, com apoio na doutrina, perenizando na vigência do Código em vigor a inteligência: Como se sabe, a sucessão por direito de representação ocorre quando alguém é chamado a ocupar o lugar vago de herdeiro presumido que faleceu antes da abertura da sucessão a que concorre, como afirma Carlos Maximiliano (Direito das Sucessões, nº 123)". 
5. Excluídas, embora herdeiras legítimas, do inventário/partilha extrajudicial acima apontado, as Autoras podem, além de pleitear a nulidade da respectiva escritura pública, vindicar seus direitos sucessórios através da competente ação de petição de herança. 
6. Segundo Arnaldo Rizzardo (ob. cit., p. 131), "pode ocorrer de alguém, com direito sucessório, ficar excluído do inventário e partilha. De pouco valeria, então, o dispositivo acima [o art. 1.784 do Código Civil/2002, art. 1.572 do CC precedente, que consagra o princípio da transmissão imediata da herança aos herdeiros com a abertura da sucessão], se o herdeiro não tivesse a seu favor o instrumento ou meio para defender e impor o título hereditário. Um dos instrumentos, o mais específico, é a petição de herança, ou petitio hereditaris, que significa a faculdade garantida ao herdeiro de reclamar a sua quota-parte, ou o seu quinhão, em uma sucessão hereditária. O instituto veio regulado pelo Código Civil de 2002, nos arts. 1.824 a 1.828, integrando o Capítulo VII, Título I do Livro V da Parte Especial. Todavia, embora omisso o Código revogado, já era conhecido e consagrado o direito de procurar o recebimento da herança". 
E conclui: "Assim, esta ação constitui o meio judicial de receber os direitos hereditários, ou de salvaguardá-los, contra as usurpações de terceiros" (ob. cit, p. 131). 
7. A exclusão de herdeiro em sucessão é vício tão grave que, mesmo quando praticada em partilha julgada por sentença (em inventário/partilha judicial, portanto), enseja a desconstituição do julgado, como preceitua o arts. 660 a 663 do CPC/2015. Levada a efeito em inventário/partilha extrajudicial, que pressupõe presença e concordância de todos os herdeiros (conforme a redação da Lei n.11.441/2007), a exclusão de qualquer deles torna a respectiva escritura nula de pleno direito - um nada juridicamente. 
O PEDIDO
À vista do exposto, requer:
a) a citação do Réu, para contestar, querendo, a ação de nulidade do inventário/partilha extrajudicial, cumulada com a de petição de herança, no prazo legal e sob pena de revelia;
b) a procedência, ao final, dos pedidos, para: i) reconhecer a qualidade de herdeiras das Autoras, impondo aos Réus a restituição de seus quinhões hereditários; e ii) declarar a nulidade da escritura pública do inventário/partilha extrajudicial das notas do 2º Ofício deste município (Serviço Notarial - Ofício de Registros Especiais de Nova Prata), às fls. 184/186v do Livro 85-ACD, e cancelamento dos decorrentes registros imobiliários (R-42-830, R-2-714, R-1-2.845, no Registro Imobiliário de Nova Prata; e R-1-270, R-1-271, R-1-272 e R-1-273, no Registro Imobiliário de Nova Prata), constantes das escrituras públicas das notas do 2º Ofício deste município (Serviço Notarial - Ofício de Registros Especiais de Nova Prata), à fl. 192 do Livro 93, à fl. 001 do Livro 94 e fl. 002 do Livro 94, com cancelamento dos decorrentes registros imobiliários (R-43-830, R-44-830 e R-45-830, no Registro Imobiliário de Nova Prata); 
c) a condenação solidária do Réu nas custas processuais e honorários advocatícios, estes à razão de 20% sobre o valor da causa; 
d) a averbação da citação do Réu nas matrículas dos imóveis inventariados/partilhados nos respectivos Registros Imobiliários (matrículas nº. 830, 714 e 2.845 do Registro Imobiliário de Nova Prata, e nº. 270, 271, 272 e 273 do Registro Imobiliário de Nova Prata);
e) a expedição, ao final, de ofícios aos Registros Imobiliários competentes para que procedam ao cancelamento dos registros dos atos nulificados: R-42-830, R-43-830, R-44-830, R-45-830, R-2-714 e R-1-2.845, no Registro Imobiliário de Nova Prata; e R-1-270, R-1-271, R-1-272 e R-1-273, no Registro Imobiliário de Nova Prata;
f) a intimação do Ministério Público para intervir em todos os atos do processo.
Protestam por todos os meios de prova admitidos em direito, mormente os depoimentos pessoais do réu Pedro Loureiro da Silva, oitiva de testemunhas e outros que o caso exija, tudo de logo requerido. 
Dão à causa o valor de R$ 157.000,00.
Pedem deferimento.
Nova Prata, 14 de Setembro de 2017.
Taís Amaral.
OAB-RS 1.802

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