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Psicopatologia I

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REVISÃO – PSICOPATOLOGIA I
1 - Qual a definição de "semiologia psicopatológica"? Como podem ser definidos sinais e sintomas? 
Semiologia psicopatológica é o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais.
Sinais (comportamentais) são signos observáveis, verificáveis pela observação direta do paciente. Já sintomas são vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, aquilo que o paciente experimenta e comunica a alguém. E qual a diferença entre "síndrome" e "entidades nosológicas"? 
Síndromes são agrupamentos relativamente estáveis de determinados sinais e sintomas. Não se trata ainda da definição e da identidade de causas especificas e de uma natureza essencial do processo patológico. É uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas. 
Entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos são os fenômenos mórbidos nos quais podem-se identificar (ou pelo menos presumir com certa consistência) certos fatores causais (etiologia) um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético-familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis. 
2 - O que pode ser incluído no campo da psicopatologia? E quais são os limites da psicopatologia? 
O campo da psicopatologia inclui um grande número de fenômenos humanos especiais, associados ao que se historicamente de doença mental. São vivencias estados mentais e padrões comportamentais que apresentam um lado uma especificidade psicopatológica, e, por outro, conexões complexas com a psicologia do normal. Os limites da psicopatologia consistem em que nunca se pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos, pois não é a única abordagem possível do ser humano mentalmente doente. 
3- Explique o que se entende por forma do sintoma e conteúdo do sintoma.
 
A forma do sintoma é sua estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva, etc). 
O conteúdo do sintoma é aquilo que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição). E geralmente mais pessoal, dependendo da história de vida do paciente, de seu universo cultural, da personalidade prévia do adoecimento. Estão relacionados também aos temas centrais da existência humana, tais como sobrevivência e segurança, sexualidade, temores básicos (morte, doença, miséria, etc.), religiosidade, entre outros. 
4 - Escolha três áreas em que o conceito de normalidade tem importância e explique o motivo. 
Psiquiatria legal ou forense: a determinação de anormalidade psicopatológica pode ter importantes implicações legais, criminais ou éticas, podendo definir o destino social, institucional e legal de uma pessoa. 
Orientação e capacitação profissional: importantes na definição de capacidade e adequação de um indivíduo para exercer certa profissão, manipular máquinas, usar armas, dirigir veículos. 
Prática clínica: é muito importante a capacidade de discriminar, no processo de avaliação e intervenção clínica, se tal ou qual fenômeno é patológico ou normal, se faz parte de um momento existencial do indivíduo ou é algo francamente patológico. 
5 - Escolha quatro critérios de normalidade e os explique. 
Normalidade como ausência de doença: o primeiro critério que geralmente se utiliza é o de saúde como "ausência de sintomas, de sinais ou de doenças'. Como postula Leriche (1936): "a saúde é a vida no silêncio dos órgãos'. Normal nesse sentido, seria aquele indivíduo que simplesmente não é portador de um transtorno mental definido.
Normalidade como bem-estar: A Organização Mundial de Saúde definiu, em 1946, a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença. 
Normalidade funcional: Tal conceito baseia-se em aspectos funcionais e não necessariamente quantitativos. fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz sofrimento ou prejuízo para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social. 
Normalidade operacional: Trata se de um critério assumidamente arbitrário, com finalidades pragmáticas explícitas. Define-se, a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar operacionalmente com esses conceitos. 
6 - Existem diversos tipos de patologia, e no texto estudado eles são divididos por pares de opostos. Escolha três destes pares e explique cada um dos polos em oposição. 
A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do "aparelho biológico". 
Já na perspectiva existencial, o doente é visto como "existência singular", como ser lançado a um mundo que é fundamentalmente histórico e humano. O ser é construído por meio da experiência particular, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental, nessa perspectiva, é sobretudo, um modo particular de existência. 
Na visão comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, e por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivas conscientes de cada indivíduo. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar. Em contraposição, na visão o ser humano é visto como ser ado", dominado, por forças, e conflitos inconscientes. 
Na visão psicanalítica, os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso. O sintoma é encarado, nesse caso, como uma "formação de compromisso", um certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. 
A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais. A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais. 
Em contraposição, a perspectiva sociocultural visa estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatores socioculturais, como discriminação, pobreza, migração, estresse ocupacional, etc. É nesse contexto sociocultural, simbólico e histórico que os sintomas recebem seu significado e devem ser entendidos. Mais que isso, a cultura, em tal perspectiva, é elemento fundamental na própria determinação do que é normal ou patológico, na constituição dos transtornos e nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade. 
7- Por que o diagnóstico psicopatológico é válido e importante e como ele pode ser legitimo? 
Sem um diagnóstico psicopatológico aprofundado não se pode nem compreender adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia terapêutica mais apropriado.
O diagnóstico só é útil e válido se for visto como algo mais que simplesmente rotular o paciente. A legitimidade do diagnóstico psiquiátrico sustenta-se na perspectiva de aprofundar o conhecimento, tanto do indivíduo em particular como das entidades nosológicas utilizadas. 
Isso permite o avanço da ciência, a antevisão de um prognóstico e o estabelecimento de ações terapêuticas e preventivas mais eficazes. 
Além disso, o diagnóstico possibilita a comunicação mais precisa entre profissionais e pesquisadores. Sem o diagnóstico, haveria apenas a descrição de aspectos unicamente individuais, que, embora de interesse humano, são ainda insuficientes para o desenvolvimento científico da psicopatologia.8 - Quais são as duas linhas do raciocínio clínico? 
Uma linha diagnóstica, baseada fundamentalmente na cuidadosa descrição evolutiva e atual dos sintomas que de fato o paciente apresenta. 
E uma linha etiológica, que busca, na totalidade de dados biológicos, psicológicos e sociais, uma formulação hipotética plausível sobre os possíveis fatores etiológicos envolvidos no caso. 
9 - Quais são as dimensões que se deve levar em conta no diagnóstico psicopatológico? 
Eixo 1: Diagnóstico do Transtorno Mental o transtorno em si: esquizofrenia (e o subtipo), episódio depressivo (e a gravidade) etc. 
Eixo 2: Diagnóstico da Personalidade e do Nível Intelectual: Presença de Transtorno de personalidade ou traços de personalidade exacerbados, alteração de personalidade, algum nível de retardo mental. 
Eixo 3: Diagnóstico de Distúrbios Somáticos Associados: algum problema clínico, como diabete, infecção etc. 
Eixo 4: Problemas Psicossociais e Eventos da Vida Desencadeantes ou Associados por exemplo, morte de uma pessoa próxima, divórcio, falta de suporte social, viver sozinho, pobreza extrema etc. 
Eixo 5: Avaliação Global do Nível de Funcionamento Psicossocial Funcionamento familiar e ocupacional, incapacidade de realizar a própria higiene, não saber lidar com dinheiro, dependência de familiares ou serviços sociais nas atividades da vida diária etc. 
10 - Quais são os dois principais aspectos da avaliação psicopatológica? 
1. A anamnese, ou seja, o histórico dos sinais e dos sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social. 
2. O exame psíquico, também chamado exame do estado mental atual. Os pacientes psiquiátricos graves podem não ser adequadamente "ouvidos" pelos médicos em geral, pois o estigma de "louco" invalida suas queixas somáticas. 
1 - Quais são as habilidades, atributos e características que o entrevistador necessita para avaliar, acolher e colher as informações necessárias do paciente? 
Habilidade do entrevistador se revela pelas que formula, pela decisão de e como falar ou apenas calar. 
Também é atributo essência do entrevistador a capacidade de estabelecer uma relação ao mesmo tempo empática e tecnicamente útil do ponto de vista humano. 
É fundamental que o profissional possa estar em condições de acolher o paciente em seu sofrimento, de ouvi-lo realmente, escutando-o em suas dificuldades e idiossincrasias. 
Além de paciência e respeito, o profissional necessita de certa têmpera e habilidade para estabelecer limites aos pacientes invasivos ou agressivos, e, assim, proteger-se e assegurar o contexto da entrevista. 
2 - Que tipo de posturas o entrevistador deve evitar? 
1. posturas rígidas, estereotipadas, fórmulas que o profissional acha que funcionaram bem com alguns pacientes e, portanto, devem funcionar com todos. 
2. Evitar atitude excessivamente neutra ou fria, que, muito frequentemente em nossa cultura, transmite ao paciente sensação de distância e desprezo. 
3. Evitar reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas, que produzem, na maioria das vezes, uma falsa intimidade. 
4. Evitar comentários valorativos ou emitir julgamentos sobre o que o paciente relata ou apresenta. 
5. Reações emocionais intensas de pena ou compaixão. Responder com hostilidade ou agressão às investidas. 
6. hostis ou agressivas de alguns pacientes. 
7. Entrevistas excessivamente prolixas, nas quais o paciente fala, fala, fala, mas, no fundo, não diz nada de substancial sobre seu sofrimento. 
8. Fazer muitas anotações durante a entrevista. 
3 - O que deve ser feito e o que é importante no início da entrevista, nas primeiras entrevistas e nas fases iniciais de avaliação? 
Uma atitude receptiva e calorosa, mas discreta, de respeito e consideração pelo paciente, é o ideal para a primeira entrevista.
Criar um clima de confiança para que a história do doente surja em sua plenitude tem grande utilidade tanto diagnóstica como terapêutica. 
Esse primeiro contato sendo bem-conduzido, deve produzir no paciente uma sensação de confiança e de esperança em relação ao alívio do sofrimento. 
Deve-se levar em consideração toda a comunicação não-verbal, que inclui toda a carga emocional do ver e ser visto, do gesto, da postura, das vestimentas, do modo de sorrir ou expressar sofrimento do paciente. 
Um fator importante nas fases iniciais da avaliação do paciente é notar e descrever o aspecto global do paciente, expresso pelo corpo e pela postura corporal, pela indumentária, pelos acessórios, outros detalhes, marcas corporais, porte e atitudes psicológicas específicas e globais do paciente. 
A aparência do paciente, suas vestes, seu olhar, sua postura, revela muito de seu estado mental interior e é recurso fundamental para o diagnóstico. 
Logo no início da entrevista, é conveniente que o profissional se apresente, dizendo seu nome, se necessário, sua profissão e especialidade e, se for o caso, a razão da entrevista. 
A confidencialidade, a privacidade e o sigilo poderão ser explicitamente garantidos caso se note o paciente tímido ou desconfiado ou se o contexto da entrevista assim o exigir. 
Na primeira entrevista, o profissional deve inicialmente colher os dados sociodemográficos básicos, como nome, idade, data de nascimento, naturalidade e procedência, estado civil, com quem reside, profissão, atividade profissional, religião, etc. 
Após colher tais informações, deve-se solicitar que o paciente relate a queixa básica, o sofrimento, a dificuldade ou o conflito que o traz à consulta. 
Esse primeiro relato deve ocorrer de forma predominantemente livre, para que o paciente expresse de forma espontânea seus sintomas e sinais. 
O profissional ouve o relato e observa como esse relato é feito, o "estilo" do paciente, sua aparência e suas atitudes básicas. 
4 - Em que casos o sigilo pode ser rompido? 
O sigilo poderá ser rompido no caso de ideias, planos ou atos seriamente auto ou heterodestrutivos. 
5 - A postura do entrevistador deve ser sempre passiva? E como deve lidar com silêncios e com mecanismos defensivos? 
Não deve ser passiva, pois, os dados essenciais da clínica psicopatológica emergem basicamente de uma observação participativa, da interação intensa entre paciente e profissional. 
O entrevistador desempenha um papel muito ativo na introdução de interrogações para ter certeza que ele sabe o que está sendo dito. 
Em relação aos mecanismos defensivos e ao silêncio, o entrevistador deve lembrar polidamente ao paciente que a entrevista tem por finalidade identificar seu problema para, assim, poder melhor ajudá-lo. 
Para lidar com o silêncio, o entrevistador deve fazer perguntas e colocações breves que assinalem a sua presença efetiva e mostrem ao paciente que ele está atento e tranquilo para ouvi-lo. 
Deve evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que possam ser respondidas com sim ou não categóricos. Também deve evitar perguntas muito longas e complexas, difíceis de serem compreendidas pelo paciente. 
É sempre melhor intervenções do tipo "Como foi isso?" "Explique melhor", "Conte um pouco mais sobre isso', que questões como "Por quê?" ou "Qual a causa?". Estas últimas estimulam o paciente a fechar e encerrar a sua fala. 
6 - Descreva resumidamente cada uma das fases da avaliação psiquiátrica como um todo. 
1. Entrevista inicial, na qual se faz a anamnese, ou seja, são colhidos todos os dados necessários para um diagnóstico pluridimensional do paciente; 
2. Exame psíquico, que é o exame do estado mental atual; 
3. Exame físico geral e neurológico, que deve ser mais ou menos detalhado a partir das hipóteses diagnósticas; 
4. Exames complementares, sendo exemplos as avaliações por meio de testes da personalidade e da cognição; 
5. Exames complementares (semiotécnica armada), como os exames laboratoriais, exames de neuroimagem e neurofisiológicos. 
7 - Qual a necessidade de se questionar "informantes" como familiares e amigos do paciente?Os "informantes" podem revelar dados mais confiáveis, claros e significativos. Pacientes com quadro demencial, déficit cognitivo, em estado psicótico grave e em mutismo geralmente não conseguem informar dados sobre sua história, sendo, nesses casos, fundamental a contribuição do acompanhante. 
8 - Por que não podemos tratar de funções psíquicas isoladas apesar de estudarmos as funções psíquicas isoladamente? 
A separação da vida e da atividade mental em distintas áreas ou funções psíquicas é um procedimento essencialmente artificial, útil, porque permite o estudo mais detalhado e aprofundado de determinados fatos da vida psíquica normal e patológica. 
Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece. 
As funções perturbadas fazem pressentir transtornos subjacentes, ligados à personalidade inteira, atingida na sua estrutura e em seu modo de existir. 
Nos transtornos psiquiátricos, não se trata apenas de agrupamentos de sintomas que coexistem com regularidade e revelam, assim, sua origem comum. Os sintomas que os compõem são ligados estruturalmente entre si. 
9 - Quais são as três acepções diferentes que a palavra "consciência" possui em nossa língua? 
Na definição neuropsicológica, o termo é empregado como consciência no sentido de estado vigil, o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. É o estado de estar desperto, acordado, vigil, lúcido. Trata-se do nível de consciência. 
Na definição psicológica, a consciência é a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. E o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. É a capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. 
A definição ético-filosófica é utilizada mais frequentemente no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia. O termo consciência refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. 
10 - Como são os três níveis de rebaixamento do nível de consciência? 
Obnubilação ou turvamento de consciência: trata-se do A rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. inspeção inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o que dificulta o diagnóstico. De qualquer forma, há sempre diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Nota-se que o paciente tem dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente. Assim, mesmo não se apresentando claramente sonolento, observa-se que o paciente se encontra um tanto perplexo, com a compreensão dificultada, podendo o pensamento estar já ligeiramente confuso. 
Sopor é um estado de marcante turvação da consciência, no qual o paciente pode ser despertado apenas por estímulo enérgico, sobretudo de natureza dolorosa. Aqui, o paciente sempre se mostra evidentemente sonolento. Embora ainda possa apresentar reações de defesa, ele é incapaz de qualquer ação espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do que nos estados de obnubilação. 
Coma: é o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência. No estado de coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Além da ausência de qualquer indício de consciência, alguns sinais neurológicos podem ser verificados. 
11 - Como se caracterizam um quadro de delirium e de estado onírico? 
O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã e no início da tarde e seu nível de consciência "afunda" no final da tarde e à noite, surgindo, então, ilusões e alucinações visuais e intensificando-se a desorientação e a confusão do pensamento e do discurso.
12 - Descreva as seguintes alterações qualitativas da consciência: estados crepusculares, dissociação da consciência e transe. 
No estado crepuscular há obnubilação da consciência, estreitamento transitório do campo da consciência, afunilamento da consciência, com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada. O estado crepuscular caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional. Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. 
Dissociação de consciência designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa frequência nos quadros histéricos. Nessas situações, observa-se uma dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho, geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos que geram grande ansiedade para o paciente. Essas crises duram de minutos a horas, raramente permanecendo por dias. Pode se iniciar devido a quedas, abalos musculares e movimentação do corpo semelhante à crise convulsiva da epilepsia (crise pseudo-epiléptica). 
Transe: estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre em contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais). O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico-religioso, ocorrendo geralmente a sensação de fusão do eu com o universo. Não se deve confundir o transe religioso com o transe histérico, que é um estado dissociativo da consciência relacionado frequentemente a conflitos interpessoais. 
1 - Como pode ser definida a atenção? 
A atenção pode ser definida como a direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. A atenção se refere ao conjunto de processos psicológicos que torna o ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar as informações em unidades controláveis e significativas. Os termos "consciência" e "atenção" estão estreitamente relacionados. 
2 - Diferencie atenção espontânea da atenção voluntária, atenção interna da atenção externa, atenção focal de atenção dispersa, e tenacidade de vigilância. 
A atenção voluntária, que exprime a concentração ativa e intencional da consciência sobre um objeto;
A atenção espontânea, que é aquele tipo de atenção suscitado pelo interesse momentâneo, incidental, que desperta este ou aquele objeto. Esta última geralmente está aumentada nos estados mentais em que o indivíduo tem pouco controle voluntário sobre sua atividade mental. 
Atenção externa, projetada para fora do mundo subjetivo do sujeito, voltada para o mundo exterior ou para o corpo, de natureza mais sensorial. 
Atenção interna, que se volta para os processos mentais do próprio indivíduo. É uma atenção mais reflexiva, introspectiva e meditativa. 
A atenção focal, que se mantém concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da Consciência. 
E a atenção dispersa, que não se concentra em um campo determinado, espalhando-se de modo menos delimitado. 
Tenacidade consiste na capacidade do indivíduo de fixar sua atenção sobre determinada área ou objeto. Na tenacidade, a atenção se prende a certo estímulo, fixando-se sobre ele. A vigilânciaé definida como a qualidade da atenção que permite ao indivíduo mudar seu foco de um objeto para outro. 
3 - Descreva as alterações da atenção: hipoprosexia hiperprosexia, distração e distraibilidade.
 
Hipoprosexia: a alteração mais comum e menos específica é a diminuição global da atenção. Aqui se verifica uma perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; as lembranças tornam-se mais difíceis e imprecisas, há dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas, como o pensar, o raciocinar, a integração de informações, etc. Denomina-se aprosexia a total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos utilizados. 
Hiperprosexia: consiste em um estado da atenção exacerbada, no qual há uma tendência incoercivel a obstinar- se, a deter-se indefinidamente sobre certos objetos com surpreendente infatigabilidade. 
A distração é um sinal, não de déficit propriamente, mas de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com a inibição de tudo o mais. Há, nesse sentido, certa hipertenacidade e hipovigilância. A pessoa fica com seu interesse e sua atenção totalmente voltados para um objeto e comete erros banais. 
A distraibilidade é um estado patológico que se exprime por instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para fixar-se ou deter-se em qualquer coisa que implique esforço produtivo. A atenção do indivíduo é muito facilmente desviada de um objeto para outro. Há hipotenacidade e hipervigilância. 
4 - Descreva brevemente as alterações da atenção nos transtornos mentais que mais as apresentam. 
Nos quadros maníacos há diminuição da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com hipervigilância e hipotenacidade. A atenção do indivíduo em fase maniaca salta rapidamente de um estímulo para outro, sem se fixar em algo. 
Nos quadros depressivos, geralmente há hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de foco da atenção está voltado totalmente para s concentrado em conteúdos de fracasso, doença, culpa, pecado, ruína, etc. Em pacientes deprimidos, desempenho prejudicado em tarefas de atenção constante é, de modo geral, proporcional à gravidade do estado depressivo. A atenção seletiva sensorial é geralmente menos afetada. 
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) apresenta atenção ou vigilância excessiva e desregulada. O paciente demonstra alterações no controle executivo (funções frontais), na memória de trabalho (intimamente relacionada à atenção) e na seleção de respostas. 
Na esquizofrenia, o déficit de atenção é central. A filtragem de informação irrelevante geralmente consiste em uma dificuldade importante dos sujeitos acometidos. Pacientes esquizofrênicos costumam ter dificuldade em anular adequadamente estímulos sensoriais irrelevantes enquanto realizam determinada tarefa; são muito suscetíveis de distrair-se com estímulos visuais e auditivos externos (distraibilidade). 
No transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH), há dificuldade marcante de prestar atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente tem a capacidade prejudicada em organizar e completar tarefas, assim como relutância em controlar seus comportamentos e impulsos. A atenção constante prejudicada parece ser um aspecto primário e central dessa condição. A dificuldade é maior quando se faz necessário um estado de vigilância para detectar informação infrequente, sobretudo quanto tal informação não é importante para o sujeito. Crianças com TDAH têm prejuízo relacionado à filtragem de estímulos irrelevantes à tarefa. 
5 - Qual a diferença entre orientação autopsiquica e orientação alopsíquica? Como se investiga a orientação espacial e quais são as características da orientação temporal? 
A orientação autopsíquica é a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o sujeito sabe quem é: nome, idade, data de nascimento, profissão, estado civil, etc. 
Já a orientação alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar- se em relação ao mundo, isto é, quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao tempo (orientação temporal). 
A orientação espacial é investigada perguntando-se ao paciente o lugar onde ele se encontra, a instituição em que está, o andar do prédio, o bairro, a cidade, o estado e o país. 
Também é investigada a capacidade do paciente de identificar a distância entre o local da entrevista e sua residência. Em relação à orientação espacial, é importante verificar claramente se o paciente sabe o tipo de lugar em que está, se pode dizer o nome do lugar e onde se situa esse lugar. 
A orientação temporal é a mais sofisticada dela, e indica se o paciente sabe em que momento cronológico está vivendo, a hora do dia, o dia da semana, o dia do mês, o mês do ano, a época do ano, bem como o ano corrente. Sugere-se que pergunte do mais fácil para o mais difícil. Também é possível avaliar a noção que o paciente tem da duração dos eventos e da continuidade temporal. O examinador pode perguntar: tempo a senhora está neste local? Faz quanto tempo que a senhora não me vê? 
6- Descreva brevemente os oito tipos de desorientação segundo a alteração de base. 
Desorientação por redução do nível de consciência, também denominada desorientação torporosa ou confusa, é aquela na qual o indivíduo está desorientado por turvação da consciência. Tal turvação e o rebaixamento do nível de consciência produzem alteração da atenção, da concentração consequentemente, da capacidade de percepção e retenção dos estímulos ambientais. 
Desorientação por déficit de memória imediata e recente também denominada desorientação amnéstica. Aqui, o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memória. Já a desorientação demencial é muito próxima à amnéstica. ocorre também por déficit de reconhecimento ambiental (agnosias) e por perda e desorganização global das funções cognitivas. 
A desorientação apática ou abulica ocorre por apatia ou desinteresse profundos. Aqui, o indivíduo torna-se desorientado devido a uma marcante alteração do humor e da volição, comumente em quadro depressivo. Por falta de motivação e interesse, o indivíduo, geralmente muito deprimido, não investe sua energia no mundo, não se atém aos estímulos ambientais e, portanto, torna-se desorientado. 
A desorientação delirante ocorre em indivíduos que se encontram imersos em profundo estado delirante, vivenciando ideias delirantes muito intensas, crendo com convicção plena que estão "habitando" o lugar (e/ou o tempo) de seus delírios. Nesses casos, é comum a chamada dupla orientação, na qual a orientação falsa, delirante, coexiste ou alterna com a orientação correta. 
A desorientação por déficit intelectual era anteriormente chamada de desorientação oligofrênica. ocorre em indivíduos com deficiência ou retardo mental grave ou moderado. Nesse caso, a desorientação ocorre pela incapacidade ou dificuldade em compreender o ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções sociais (horários, calendário, etc.) que padronizam a orientação. 
A desorientação quanto a própria idade é definida como uma discrepância de cinco anos ou mais entre a idade real e aquela que o paciente diz ter. Ela tem sido descrita em alguns pacientes esquizofrênicos crônicos e parece ser um bom indicativo clínico de déficit cognitivo na esquizofrenia. 
7 - Descreva brevemente as seguintes alterações na vivência do tempo e do ritmo psíquico: bradipsiquismo, taquipsiquismo, ilusão sobre a duração do tempo, atomização do tempo e inibição da sensação do fluir temporal. 
Bradipsiquismo: lentificação de todas as atividades mentais. 
Taquipsiquismo: aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem, etc.) 
Ilusão sobre a duração do tempo: Trata-se da deformação acentuadada percepção da duração temporal. O tempo pode parecer transcorrer de modo extremamente veloz ou comprimido, ou de forma muito lenta e dilatada. 
Atomização do tempo: é a alteração ou a falta da experiência subjetiva natural de fluir temporal, que produz uma redução quase puntiforme ou atomizada fazendo-o parecer uma sucessão de pontos presentes que não se articulam entre si. Inibição da sensação do fluir temporal: A anormalidade da sensação do fluir do tempo corresponde à falta da sensação do avançar subjetivo do tempo, na qual o sujeito perde o sincronismo entre o passar do tempo objetivo, cronológico, e o fluir de seu tempo interno. 8- Explique as anormalidades da vivência do espaço. 
No estado de êxtase, há perda das fronteiras entre o eu e o mundo exterior. Nesse caso (que também pode ser classificado como transtorno da consciência do eu), o sujeito sente como se estivesse fundido ao mundo exterior. 
No estado maníaco a vivência do espaço no é a de um espaço extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O maníaco desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Esse espaço não oferece resistências ao seu eu. 
Nos quadros depressivos o espaço exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros. 
O indivíduo com quadro paranoide vivencia o seu espaço interior como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço exterior é, em princípio invasivo, fonte de perigos e ameaças. No caso do indivíduo com agorafobia, o espaço exterior é percebido como sufocante, pesado perigoso e potencialmente aniquilador. 
9 - Descreva as alterações quantitativas da sensopercepção hiperestesia, hiperpatia, hipoestesia, anestesias táteis e analgesias, parestesias e disestesias. 
Hiperestesia: condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração os sons são ouvidos de forma muito amplificadas, as cores tornam-se mais intensas. 
Hiperpatia: No sentido neurológico, sensação desagradável e geralmente dolorosa causada por leve estímulo da pele. 
Hipoestesia: é observada em alguns pacientes depressivos nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro, as cores mais pálidas, os alimentos com menos sabor. 
As alucinações visuais, embora possam se manifestar em condições normais e em transtornos mentais como a esquizofrenia, são mais frequentes em quadros neurológicos neuropsicológicos. Portanto, sempre que um paciente (sobretudo se for idoso ou apresentar estado físico geral ruim, intoxicação/abstinência de álcool ou drogas ou alterações motoras) relatar uma alucinação visual, deve-se aventar a possibilidade de causa orgânica. 
10 – Quais são as ilusões, diferenças alucinação e entre alucinose?
 
Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão há sempre um objeto externo real. 
Alucinações: percepção de um objeto sem que este esteja presente, sem os estímulos sensoriais respectivos. E a percepção clara de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. 
Alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação. 
11 - Qual o valor diagnóstico das alucinações auditivas simples e complexas e das alucinações visuais? 
As alucinações auditivas simples são geralmente decorrentes de doenças ou alterações do sistema auditivo (ouvido externo ou médio, cóclea, nervo acústico) ou de conexões auditivas centrais. 
Já as alucinações auditivas complexas ocorrem com mais frequência na esquizofrenia. Ocorrem também nos transtornos de humor, com vozes com conteúdo de ruína ou culpa na depressão e com conteúdo de grandeza ou místico- religioso na mania. Podem ocorrer ainda no alcoolismo crônico e transtornos de personalidade (histriônica, borderline e esquizotípica).

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