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RESUMO VIGIAR E PUNIR

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA - UNINTA
Curso de Bacharelado em Direito
Disciplina: Criminologia – Prof. Dr. Rafael Piaia
PROJETO DE PESQU
TRABALHO REQUERIDO PARA OBTENÇÃO DA AVALIAÇÃO PARCIAL II DA DISCIPLINA DE CRIMINOLOGIA – RESUMO DO LIVRO VIGIAR E PUNIR
O ALUNO DE ENSINO MÉDIO NÃO PROFISSIONALIZAN
EDVALDO DE LIMA MARTINS / Turma: 57N
Matrícula: 2016104087
SOBRAL – CEARÁ
2018
Foucault traz logo de início em sua obra a vertente exposta do Poder do Estado sobre o corpo do homem delinquente, minuciosamente, relata uma dolorosa forma de pena aplicada a um individuo que implora por sua vida diante de seu último momento frente à sociedade. 
Claramente verifica-se que se trata de uma penalidade onde o suplicado pagaria um preço muito alto (sua vida). Um conjunto de humilhações e agressões frente ao público, que assistem todos os suplícios agonizantes. O autor menciona que o indivíduo torturado, apesar de todo o sofrimento, levantava a cabeça de vez em quando e se olhava com destemor. Mostrava-se assim, ser um indivíduo que não possuía temor algum mesmo diante da situação de perecimento que logo lhe esperava. Cavalos puxavam seus membros, assim, fazendo-o sofrer muito antes de ter seu corpo queimado, em cumprimento da sentença. Percebe-se que o Poder Soberano exercia grande domínio sobre o corpo dos indivíduos.
Parece-me que esse relato nos leva à época em que a tendência que recaia sobre a punição era obrigatoriamente um ataque físico e emocional intenso que rejeitava qualquer singela perspectiva de humanização. A pena caminhava ao punir com sofrimento. Ao invés de punir com correção. E de tanto o Poder Soberano impor ao condenado diversas punições desumanas e violentas, conseguiu a indesejada imagem do carrasco transformar-se à imagem de um criminoso cruel. 
Segundo Foucault (2005) “tudo que pudesse implicar de espetáculo desde então terá um cunho negativo”. Ele chama de castigo-espetáculo a punição que faz do ato de punir um evento com publicidade, com eficácia que advém da sua fatalidade - assim o suplicado que, por exemplo, matar alguém, condenado à morte não irá matar novamente - e, por fim, dar exemplo a determinado grupo telespectador, sabendo de tal punição severa que deverá ser imposta a quem cometer o ato delituoso, pensará duas vezes no castigo-espetáculo antes de agir de maneira ilícita. Mas essas características tiveram que perder espaço. Assim, percebe-se que a punição passou a caminhar desconexa com as finalidades antes cruéis, objetivando desde então penalidades menos brandas ao corpo. É de interesse dos que detém do Poder Político apresentar uma justiça sem almejar violência. Sem transparecer o desejo pelo uso da força desproporcional e, desde já, retribuir um mal injusto por um mal que indubitavelmente seja justo.
Foucault trata da circunstância de mutação legislativa a respeito da punição, para um punir menos doloroso ao condenado, onde explica que a legislação se aperfeiçoou aos moldes da nova perspectiva. As legislações europeias visando uma mesma morte para todos, que dura apenas um instante, que atinja a vida mais do que o corpo, sem espetáculos, evitando as cenas horrorosas como vistas nos suplícios. Na Inglaterra em 1760, foi tentada uma máquina de enforcamento, que foi melhorada e adotada em 1783. 
A guilhotina trazia a decapitação, uma pena dos nobres. A morte reduzida a um evento que é visível e ao mesmo tempo instantâneo, que não se prolonga. Inclusive, a Inglaterra foi um dos países que mais foram reacionários ao cancelamento dos suplícios. Um atraso diante de outros países que já vinham desconsiderando a prática dos suplícios nos anos entre 1830 e 1848. Por outro lado, seguiu com avanço da desvalorização dos suplícios em países como a Áustria, Rússia, Estados Unidos mesmo diante de seus problemas políticos e sociais internos e a França após o refluxo da Contrarrevolução na Europa. Com isso, percebe-se que o impulso das mudanças legislativas foi parcialmente obstado em períodos de turbulências sociais, econômicas e políticas, suavizando o processo de humanização das punições.
O autor informa que as punições diretamente físicas, tais como, o esquartejamento, amputação e corpo exposto ao público que fazia de uma penalidade um espetáculo, começavam a desaparecer por volta do fim do século XVIII e começo do século XIX. Enquanto isso, na França, se anteve o suplício (a tortura) de exposição do condenado por volta de 1848, onde finalmente foi abolida. 
Inclusive o autor relata que na Inglaterra no ano de 1834 foi abolida a marca de ferro e em 1832 na França. O chicote permanecia nos sistemas penais da Rússia, Inglaterra e Prússia. Ainda, constata-se que as penas tornaram-se menos brandas aos indivíduos, que continuavam a visar o corpo do condenado, mas diferentemente da maneira que era na prática dos suplícios. A prisão, reclusão, trabalhos forçados, interdição de domicílio, são punições que o sistema penal viu como uma coação e privação de obrigações e de interdições. São espécies de penas, nas quais, o sofrimento físico não pertence como elemento essencial para sua eficácia.
Foucault questiona o fato de que mesmo afastando-se dos severos mecanismos de tortura como forma de punir, os modernos mecanismos ainda permanecem com resquícios das anteriores penalidades que eram mais obscuras. Reitera alegando que dificilmente uma privação da liberdade funcionaria sem certos complementos punitivos ao corpo do indivíduo, tais como, a redução alimentar, a privação sexual, a expiação física e a masmorra. 
Ao mesmo tempo levanta a circunstância de que, com a existência de uma punição humanizada, certamente o objetivo da pena deverá ser outro que não seja o sofrimento do corpo e sim a alma. Com isso, entende-se que tais complementos punitivos são inevitáveis na própria prisão, que não devem existir para atingir o corpo e sim a alma. Muito mais a alma do que o corpo. Para Foucault, o ordenamento jurídico, de determinado povo, submetido a certo Poder Político, passa a conte conter a nova realidade, uma realidade incorpórea do punir, que venha atingir o coração, o intelecto, a vontade e as disposições do indivíduo delituoso. Determina-se assim, uma punição que atinge a alma e, por consequência, deve transformar o indivíduo.
O indivíduo denunciado pelo Poder Soberano está submetido a uma punição que atinge sua alma e seus interesses. Inclusive, julgado com aferição de suas paixões, os seus instintos, anomalias, enfermidades, inadaptações. Nesse sentido, Foucault explica que o ordenamento jurídico condiciona o julgamento às circunstâncias subjetivas, impossíveis de serem codificáveis, tais como, o conhecimento do criminoso, a apreciação que dele se faz, o que se pode saber sobre suas relações entre ele, seu passado e o crime, e o que se pode esperar dele no futuro. Assim, entende-se que os indivíduos tornam-se condenados ou não, mediante aferição subjetiva do ser delituoso, proporcionando uma punição adequada em razão das peculiaridades individuais, onde faz necessário conhecer a “alma” do indivíduo a fim de que seja alcançado o seu controle, neutralização de sua periculosidade, e modificar suas disposições criminosas.
Explica Foucault que o corpo sempre está sujeito a acontecimentos biológicos, que passa por processos fisiológicos e metabólicos, protege-se dos ataques microbianos ou de vírus e, ainda, está submetido aos interesses políticos e liga-se em relações de poder, que lhe marcam e lhe dirigem. Portanto, o corpo adquire investimentos econômicos. O corpo se sujeita a esses investimentos, gerando a força do trabalho, sistematizada. Nesse sentido, cria-se uma ideia de “saber“ do corpo e um controle de suas forças. Foucault chama esse saber e controle de tecnologia política do corpo. 
Tipo de tecnologia que não se encontra, por exemplo, no Estado, onde este a utiliza e recorre a ela. Inclusive, os aparelhos estatais e instituições impõem direções para essa tecnologia, dominando-a, mas nunca como uma propriedade. Como preleciona Foucault (2005, p. 30) essa dominaçãonunca tem caráter de apropriação, “mas a disposições, manobras e táticas”. Por fim, quando se trata do corpo político, é “um conjunto de elementos materiais que servem de armas, de reforço, de vias de comunicação e de pontos de apoio para as relações de poder e de saber investem os corpos humanos e os submetem fazendo deles objetos de saber” (Foucault, 2005, p. 31).
Ainda sobre o corpo, relata que o corpo está submetido a um Poder Soberano de deve ser limitado. Isso o ordenamento jurídico está disposto a regular de tal maneira que o condenado seja objeto de um estatuto jurídico capaz de codificar o “menos poder” do Estado.
O indivíduo, que tem uma alma inerente ao seu ser, revela o saber e o poder do indivíduo. Com estas referências, criou-se vários conceitos e campos de análise, tais como, a psique, subjetividade, personalidade, consciência, etc. E sobre estes conceitos, advém técnicas e discursos científicos. Eficientes para consagrar o humanismo do punir.
Torna-se intolerável o suplício, onde revelava a tirania do Poder Soberano e o prazer cruel de punir. Reconhece a partir de então, que o punir deve ser proporcional pelo critério de humanidade e da medida justa da penalidade ao condenado. É preciso a suavidade da pena. Foucault apresenta alguns nomes que criticaram as duras penas no decorrer do séc. XVIII, tais como, Beccaria, Servan, Dupaty e entre outros. Ressalta-se ainda a constatação de que no fim do séc. XVII já, com efeito, nota-se diminuição considerável dos crimes de sangue, de agressões físicas, e os delitos contra a propriedade prevalecem sobre os crimes violentos.
Verificou-se que a criminalidade regrediu, em determinados lugares e com diferentes fatores. Os crimes de sangue passaram a ser de fraude, consequência visível de todo um mecanismo complexo, onde figuram o desenvolvimento da produção, o aumento das riquezas, uma valorização jurídica e moral maior das relações de propriedade, métodos de vigilância mais rigorosos, um policiamento mais estreito da população, e entre outros. É possível entender que tais fatores, significam uma adaptação e harmonia dos instrumentos encarregados em controlar o dia-a-dia dos indivíduos. E crimes mais suavizados estarão sujeitos a leis menos severas. E isso representa não somente uma valorização do princípio da humanidade aos condenados como também uma justiça mais eficiente e mais atenta ao que Foucault chama de corpo social.
Foucault aponta uma distribuição mal regulada do poder entre a justiça e o rei (Poder Soberano) onde atribui um poder excessivo para os juízes, que podem fazer seus julgamentos mediante provas fúteis, que acarreta uma liberdade de escolha da pena. Bem como, o poder inescusável do rei, podendo suspender o curso da justiça, modificar suas decisões e cassar os magistrados. 
E tudo isso se dá pelo excesso central, que Foucault costuma de chamar de “superpoder” monárquico, que mescla o punir e o poder pessoal do soberano. Assim sugere que deve ter uma reforma do direito criminal referente ao remanejamento do poder de punir, de acordo com modalidades que o tornam mais regular, mais eficaz, mais constante e mais bem detalhado em seus efeitos, através do estabelecimento de uma nova economia do poder de castigar, para assegurar uma melhor distribuição dele e fazer com que não fique concentrado demais nem partilhado de mais entre as instâncias. 
Em um primeiro momento é possível compreender que Foucault traz essas sugestões de forma bem genérica. Contudo, define o que de fato deve ser reformado, um poder pelo qual não dependesse mais de privilégios múltiplos, descontínuos, contraditórias da soberania às vezes, mas de efeitos continuamente distribuídos do poder público e, finalmente, com a suavização das penas. Por conseguinte, sobrevém uma codificação mais nítida, colocando princípios fundamentalmente instituídos para afinar a arte de castigar, ter a diminuição considerável do arbitrário e um consenso mais bem estabelecido a respeito do poder de punir e diminuir seu custo econômico e político para aumentar a sua eficácia. Revela-se assim como uma nova economia e uma nova tecnologia do poder de punir. 
Tratando-se do delinquente, este é o indivíduo que, inicialmente, aceitou as leis da sociedade e agora se vê submetido a punição que a sociedade impôs a ele, por romper o contrato social. Inclusive o castigo penal que deve ser medido proporcionalmente entre crime e suas circunstâncias devem estar coerente com a economia do poder de punir acima mencionada. Foucault explica que a sociedade tem o direito de punir o delinquente. Que a infração encaminha o indivíduo delituoso à contraposição com o corpo social, como um traidor, do Poder Soberano e de todos os componentes do corpo social. Preserva-se o Estado e esta preservação não é compatível com a do indivíduo. Pois este é considerado um inimigo.
Vale dizer, diante de todo o exposto no livro sobre a evolução do punir desde os suplícios até as penas mais suavizadas, ficou constatado que o corpo social formalizou a humanização do direito de punir, que saiu da esfera da vingança injusta do Poder Soberano para uma defesa sólida e robusta da sociedade, onde ameniza as penas, perante a aplicação do princípio da moderação das penas. 
E Foucault explica que, o que precisa moderar e calcular, são os efeitos de retorno do castigo sobre a instância que pune e o poder que ela pretende exercer. Isto é, a racionalidade “econômica” deve medir a pena, não imaginado a ínfima parcela que ainda resta de humanidade do criminoso, mas, precipuamente, exercer um controle necessário dos efeitos de poder e, devidamente, proporcional quanto à qualidade do delito, determinante da influência que faz o crime para com o corpo social, o mais afetado, causando desordem e o mais interessado pelo punir, para que não haja repetição. Ou seja, visa não à ofensa passada, mas à desordem futura de indivíduos malfeitores e de não haver possibilidade de existência de imitadores. Como Foucault preleciona: o Punir será então uma arte de efeitos.
Valendo-se do entendimento de que a pena deve ser calculada pelos seus próprios efeitos, sob o prisma da máxima economia e impedir e reaparecimento de crimes. Os reformadores trazem seis regras para possibilitar armar o poder de punir.
Entende-se como a regra da quantidade mínima, onde o bem vantajoso ao delinquente não alcança o tamanho da desvantagem que é um pouco maior, assim torna-se a prática indesejável. E o mal advindo do castigo ultrapasse a vantagem adquirida pela prática do crime. No suplício o entendimento era de que o punir equivale ao crime em intensidade, marcado pelo “mais poder”. Entretanto, estamos nos referindo a economia máxima capaz de punir de forma coerente. 
A regra da idealidade suficiente, estabelece que o motivo de um crime é a vantagem que se representa com ele, a eficácia da pena está na desvantagem que se espera dela. Assim a essência do punir decorre da colaboração da medida certa da lembrança de uma dor que pode impedir a reincidência. Maximizando a representação da pena e não sua realidade corpórea, ou seja, o punir em direção ao corpo.
A regra dos efeitos laterais, a pena deve ter efeitos mais intenso naqueles que não cometeram a falta. Assim o punir revela-se ao corpo social, é a pena que tem efeitos economicamente ideais: é mínima para o que a sofre e máxima para os que a imaginam. Dar o exemplo da pena de morte, ela é quase que imperceptível aos olhos de uma escravidão perpétua, onde o condenado se vê penalizado em parcelas no decorrer de sua vida. Com isso, a pena de morte é uma pena com sofrimento mínimo para o condenado, se comparado com a escravidão perpétua, sendo esta tão logo equiparada ao suplício.
A regra da certeza perfeita é preciso que, à ideia de cada crime e das vantagens que se esperam dele, esteja associada à ideia de um determinado castigo, com as desvantagens precisas que dele resultam. Dessa regra, parte do entendimento de que as leis que definem os crimes devem prescrever as penas de forma clara, transformando a legislaçãoescrita em um “monumento estável do pacto social” e que nenhum crime escape ao olhar dos que têm que fazer justiça.
A regra da verdade comum parte de um sistema penal falho onde o conjunto de meras presunções agravantes de penas, extorsão da confissão e utilização do suplício gerava: meias-provas e se faziam meias-verdades e produziam meios-culpados. Assim, surge a compreensão de uma necessária certeza irrefutável na prática penal. Torna o processo criminal assim mais contundente quanto à produção de provas legais e, por fim, aproxima a realidade própria do crime. Demonstrando ao final, ser o acusado reputado inocente ou culpado, de forma real e justa.
E a regra da especificação ideal, almeja trabalhar no campo das ilegalidades que se quer reduzir. Fazendo com que todas as infrações seja codificadas de forma suficiente para que a infração esteja presente de forma clara e precisa. Garante a inexistência de impunidade, a individualização das penas, punições exatamente ajustados, sem excessos, na perspectiva da economia do poder de punir. Interessante notar que essa regra tenta classificar em espécies os crimes e separá-los mediante diferenças de objetos. No que parece ser justo visto que os indivíduos e suas condutas são singulares suficientemente para um necessário processo criminal que dê relevância as singularidades de cada delinquente e de cada crime.
Tratando das penas dessa forma, é notável que Foucault traz um projeto de delimitação e de controle do poder de punir. Por outro lado, traz limitação no agir dos criminosos, onde prescreve táticas de intervenção sobre todos os criminosos, para atingir mais a alma do que o corpo. Vale ressaltar que nessa direção não quer dizer que as penas devem se tornar punições incorpóreas. 
Foucault ainda sugere que a toda a pena deve ser tão pouco arbitrária possível, fazendo-se em conformidade com a natureza do delito. O que parece sensato visto que o espírito do indivíduo com uma pena desproporcional e incoerente, aos olhos do corpo social, afetaria ambos. 
Então traz a ideia da punição ideal, que é transparente. Será o castigo que não tomará efeito arbitrário de um poder humano. Traz uma relação exata entre a natureza do delito e da punição. É de acordo com o pensamento de Vermeil que a punição seria algo muito preciso, onde aquele que rouba será confiscado e aquele que abusa da liberdade pública será privado da sua. Por outro lado, percebe-se que imaginar penas nessa simplicidade faria voltar aos suplícios como forma de punir para os crimes mais bárbaros. Portanto, não é possível trazer de volta o conceito de vingança do corpo social aos delinquentes nem mesmo criar teatros de castigos. Deve-se estabelecer a transparência e o punir suave à alma. Diminuir o desejo que torna o crime atraente e aumentar o interesse que torna a pena temível. Como diz Foucault (2005, p. 126) que “o castigo o irrite e o estimule mais do que o erro que encorajara”.
A mecânica positiva dos castigos desde sempre foi motivo de preocupação. O povo tinha às suas vistas toda a crueldade dos suplícios, o que parece ser justo na verdade aliena. E o punir reduz à simples instrução da alma do delinquente. E o crime aparece como algo ruim e a alma do indivíduo delituoso deve ser instruída para o retorno a vida social. 
É importante a lição trazida pelo autor, na qual fica para cada cidadão o dever de espalhar a ideia de crime e castigo para sua família. Os genitores compartilham o amor pelas leis e pela pátria, o respeito e a confiança na magistratura. O que me parece ser útil e conservador, incluir nos filhos que o punir é consequência de condutas vedadas pelo corpo social e um male ao indivíduo delituoso que deverá ressurgir à sociedade justiçado.

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