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DOS DELITOS E DAS PENAS RESUMO CRÍTICO

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DOS DELITOS E DAS PENAS- BECCARIA
INTRODUÇÃO
Todos os cidadãos deveriam ser tratados de modo igual, repartindo as vantagens igualmente entre si. Porém, percebe-se que na realidade não ocorre desta forma, visto que uma minoria possui estas vantagens, enquanto uma maioria sofre com os males sociais, sejam eles a fome, a miséria, o preconceito, a injustiça, a precariedade da saúde ou da educação.
Assim, somente com boas leis essas exorbitâncias poderão ser impedidas. Mas, observa-se nos acontecimentos históricos que estas leis que deveriam garantir os direitos da maioria e evitar injustiças, não cumpriram seu real objetivo, que é visar o bem-estar social. 
ORIGEM DAS PENAS E DIREITO DE PUNIR
Para Beccaria, todas as leis devem ser pautadas na moral, desde que esta seja fundamentada nos sentimentos duráveis do homem. O autor confirma a sua teoria referindo-se ao pacto social, em que os homens que antes viviam isolados, passaram a viver em coletividade, obedecendo às regras impostas, para que houvesse uma convivência harmônica em sociedade.
Desse modo, com a implantação das leis, deveria haver também medidas que punissem os infratores destas, a fim de exercer a justiça social. Sendo assim, foram estabelecidas as penas para àqueles que desobedecessem as leis.
Cada indivíduo cedeu uma parte de sua liberdade, para gozar do resto com mais segurança. Beccaria afirma que “o conjunto de todas essas pequenas porções de liberdade é o fundamento do direito de punir”.
CONSEQUÊNCIAS DESSES PRINCÍPIOS
A primeira conseqüência desses princípios estabelecidos acima, é que somente as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de criar leis penais deveria residir no legislador. Por conseguinte, o juiz deve apenas seguir as leis, e no momento que este se considera mais severo que estas, se torna injusto. O magistrado, portanto, deverá pronunciar se há um delito ou se não há.
O autor afirma ainda que as penas cruéis são inúteis e odiosas, mesmo que não atentem contra o bem público. Desta forma, as leis devem ser tidas como soberanas e ninguém pode ir contra estas, desde que sejam justas e não cometam excessos. 
DA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
Para Beccaria, os juízes não podem interpretar as leis, visto que não são legisladores. Para ele, o legítimo intérprete das leis é o soberano. Deve haver uma hierarquia em que primeiro vem as leis, segundo vem a ação conforme ou não à lei e em terceiro, a conseqüência: a liberdade ou a pena. O autor declara que se o juiz interpretasse as leis seria um caos, já que os mesmos delitos seriam punidos de modo diferente em tempos diferentes, pelo mesmo tribunal.
Com a aplicação das leis da forma como são os indivíduos podem saber exatamente o que acontecerá com eles caso descumpram tais ordens, podendo assim, desviar-se dos crimes. Desta forma, a lei deve ser cumprida estritamente para garantir a segurança e evitar a arbitrariedade.
DA OBSCURIDADE DAS LEIS
O autor deixa bastante claro que as leis devem ser acessíveis a todos, a fim de que possam ter o conhecimento destas. Não podem ficar na dependência de um pequeno número de homens depositários e intérpretes das leis. Assim, deve haver o acesso à informação, fazendo com que mesmo àqueles menos favorecidos possam também conhecer os seus direitos para reivindicá-los.
Beccaria afirma com excelência que as leis devem ser divulgadas, claras, escritas em língua vulgar, tornando-se livros de leitura comum entre os cidadãos. Somente com leis fixam, a população pode conhecê-las e saber as consequências destas.
DA PRISÃO
O realizador desta obra afirma que em sua época era bastante comum haver prisões arbitrárias e injustas, sem indícios e critérios legais, sem saber se realmente o indivíduo condenado era realmente culpado. Desta forma, alega que as decisões em relação à prisão não devem ser submetidas ao juiz, mas sim por uma lei fixa, que determine de maneira igual e justa as penas para àqueles que descumprirem as leis.
DOS INDÍCIOS DO DELITO E DA FORMA DOS JULGAMENTOS
Neste capítulo, o autor alega que quando a força de várias provas depende da verdade de uma só, merecem pouca consideração, visto que destruindo a única prova que parece correta, destroem todas as outras. Porém, quando as provas são independentes, ou seja, quando a falsidade de uma prova não interfere da validade das outras, mais provável será o delito.
As provas de um delito podem perfeitas ou imperfeitas. São perfeitas, quando indicam a impossibilidade do acusado ser inocente. Já as imperfeitas revelam a probabilidade do acusado ser inocente. Uma única prova perfeita é suficiente para autorizar a condenação. Para Beccaria, “felizes as nações entre as quais o conhecimento das leis não é uma ciência”. Isto é, volta a referir-se a ideia de uma lei fixa, que é acessível a todos. 
O escritor pontua ainda que nos países em que os acusados são julgados por pessoas escolhidas na sorte, sem títulos de magistrados são mais justos, tendo que estas julgariam a existência ou não do fato através do bom senso, e não como os juízes que buscam culpados em toda parte. Continua elencando que é de suma importância que o acusado seja acusado por seus semelhantes, e não por pessoas muito diferentes dele. Isso evitaria julgamentos preconceituosos ou influenciados por diferenças sociais.
DAS TESTEMUNHAS
Beccaria constata que todo homem que tem a capacidade de raciocinar pode ser tido como testemunha. Porém, deve analisar a quantidade de motivos que este homem tem para não dizer a verdade. Este fato mediará a confiança dos depoimentos. 
O autor relata também que não deve haver uma única testemunha, visto que se o acusado negar o que a testemunha afirma, não haverá justiça, tendo em vista que todos têm o direito de ser julgado inocente.
DAS ACUSAÇÕES SECRETAS
 	O escritor desta obra afirma que as acusações secretas são um abuso manifesto, mas necessário em vários governos, pela fraqueza de sua constituição. Logo, ninguém poderia defender-se da calúnia, devido à arma mais expressa da tirania: o sigilo. Os cidadãos viveriam uns apunhalando os outros, tornando-se traidores e sem confiança.
DOS INTERROGATÓRIOS SUGESTIVOS
Neste capítulo, Beccaria critica fortemente os interrogatórios que usam da tortura para que os acusados confessem os crimes. Novamente vem a ideia de que a pena deve ser fixada por uma lei, e não através da dor e sofrimento dos acusados. 
As confissões obtidas por força seguiriam o seguinte principio: “a punição será aplicada por não ter você resistido à dor e ter confessado, não por ser um criminosos.” “E não lhe puniria se você houvesse resistido, mesmo sendo um criminoso.” 
DOS JURAMENTOS
O autor afirma que há uma contradição entre as leis em relação aos juramentos, visto que o acusado culpado nunca vai dizer a verdade, sendo que este tem a intenção de calá-la. Se fizesse isso, estaria contribuindo para a sua própria destruição. Em razão disto, o autor conclui que os juramentos são inúteis.
DA QUESTÃO OU TORTURA
Beccaria é bastante feliz ao afirmar que a tortura é abominável, já que se o acusado é culpado, deve cumprir a pena estabelecida pela lei, e se é inocente não há injustiça maior que torturá-lo. A tortura é um meio utilizado em um tempo em que havia uma bárbara legislação, baseada na vingança. È uma violência odiosa e não prova a inocência de ninguém: prova somente sua resistência à dor.
DA DURAÇÃO DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO
O escritor afirma que quando o delito é constatado e provado, é necessário que haja um tempo para que o acusado possa se justificar, desde que esse tempo seja curto, para não retardar o castigo. As leis é que devem estabelecer esse tempo para investigar as provas do delito e como o acusado pode se defender.
Beccaria relata que há duas espécies de delitos. A primeira é a dos crimes atrozes, que compreendem desde o homicídio e suas espécies, e os crimes menos hediondos que o homicídio. Nos delitos mais graves, deve diminuir-se a duração do processo, mas prolongar o tempo da prescrição, visto que são mais raros e a inocênciado acusado é mais provável que o crime.	
Já nos delitos menos graves e mais comuns, é necessário que o tempo do processo seja prolongado e que haja a diminuição do tempo fixado para a prescrição, já que a impunidade é menos perigosa. 
DOS CRIMES COMEÇADOS; DOS CÚMPLICES; DA IMPUNIDADE
O autor afirma que mesmo a lei não podendo a intenção de cometer um delito, deve haver um castigo para quem agir desta forma, porém de menor intensidade do que para àquele que praticar o delito. Esse castigo é importante para que possa prevenir mesmo as primeiras tentativas dos crimes, já que para Beccaria, com esse método, o criminoso poderia repensar e desistir de praticar o delito. Continua pontuando que é necessário punir com mais severidade o autor do crime do que os cúmplices, visto que o autor acredita que a esperança da impunidade para o cúmplice que trai, pode prevenir crimes graves e reanimar o povo quanto a seguridade social.
DA MODERAÇÃO DAS PENAS
As penas devem ser aplicadas de modo proporcional aos delitos, de modo que sejam mais eficazes, duráveis e menos cruéis. Todo castigo que ultrapasse os limites da justiça, é exemplo de tirania.
Para o autor, é bastante difícil estabelecer uma justa proporção entre os delitos e as penas, tendo em vista dois pontos. O primeiro refere-se à ideia de que nenhuma pena pode ir além do que é permitido, seguindo a seguinte ideia: “além desses limites, se surgirem crimes mais hediondos, onde se encontrarão penas bastante cruéis?”. O segundo refere-se ao fato de que mesmo crimes gravíssimos podem acarretar impunidade.
Beccaria conclui que a severidade das penas deve ser de acordo com o estado atual da nação. 
DA PENA DE MORTE
Ninguém tem o direito de submeter nenhum indivíduo à pena de morte. Esta nunca foi eficaz, já que não impediu que as pessoas fizessem o mal. Se houver pena de morte, não restarão indivíduos de bem, mas somente assassinos. As penas devem ser justas, de modo que melhorem a convivência dos indivíduos, e esta só se concretiza com base na educação, no respeito, na tolerância e não na pena de morte, que é a punição mais inútil, cretina e tirânica existente.
DO BANIMENTO E DAS CONFISCAÇÕES
Para Beccaria, àquele que não respeitar as leis e que perturba a tranqüilidade pública, deve ser banido e excluído da sociedade. O autor afirma ainda que o acusado pode ser banido mesmo que não se tenha a certeza absoluta de um crime. Todavia, elenca que a confiscação de bens não é justa para o indivíduo que não prove a sua culpa, visto que esta pena é pior que o banimento, dado que afeta a família, podendo deixá-la na miséria, podendo até mesmo tornar um membro desta, bandido, em razão das circunstâncias de falta de oportunidades.
DA INFÂMIA
Beccaria trata das penas de infâmia, que deve ser imputa àqueles cujas ações criminosas possam ser tidas como heróicas pelo povo. A humilhação e a vergonha são mais eficazes, pois outras penas poderiam realçar o caráter heróico do criminoso perante as pessoas simples e ignorantes. 
O autor, porém adverte que tal pena não deve ser aplicada indiscriminadamente, pois se muitos forem infames, ninguém mais o será.
DA PUBLICIDADE E DA PRESTEZA DAS PENAS
Para o autor, quanto mais clara for a pena, mais eficaz e justa será. Beccaria afirma que o processo deve durar pouco tempo para que o acusado saiba logo se será condenado ou absolvido da culpa. Além disso, somente deve haver prisão para impedir a fuga e a destruição de provas. 
QUE O CASTIGO DEVE SER INEVITÁVEL- DAS GRAÇAS
O autor pontua que o castigo não é evitado pela sua rigidez, mas sim pela certeza de sua aplicação. As graças e anistias é um ato de benevolência, mas contrário ao bem público. O direito de punir não pertence a nenhum cidadão em particular, mas sim às leis. Assim, as leis devem ser inexoráveis e os executores destas, inflexíveis.
DOS ASILOS
Os asilos representam um abrigo contra a ação das leis. Sendo assim, não devem conceder asilos aos criminosos, pois isto gera impunidade. Beccaria prefere que os soberanos façam com que os criminosos sejam julgados no país que cometeram o crime, a fim de que não haja impunidade.
DO USO DE PÔR A CABEÇA À PRÊMIO
Para Beccaria, o ato de pôr a cabeça de um criminoso à prêmio anula todas as ideias de moral e de virtude existentes. Há uma extrema contradição fazendo isto, visto que de um lado a lei pune a traição e de outro a autoriza. Torna-se ambígua, injusta e ineficaz.
QUE AS PENAS DEVEM SER PROPORCIONADAS AOS DELITOS
O autor afirma que deve haver uma proporção entre os delitos e as penas. Se um delito grave como um assassinato for punido da mesma forma que o furto, não haverá nenhuma diferença entre esses delitos, tornando as leis ineficazes. Assim, o legislador deve levar em consideração estes aspectos, a fim de que não crie uma lei que puna gravemente quem cometeu um crime brando.
DA MEDIDA DOS DELITOS
A verdadeira medida dos delitos é o dano causado à sociedade, de acordo com Beccaria. A grandeza do crime não depende da intenção, visto que se punisse a intenção, seria preciso ter não somente um Código particular para cada cidadão, mas uma nova lei penal para cada crime. 
DIVISÃO DOS DELITOS
Tudo o que não é previsto na Lei pode ser feito. Sendo assim, só há crime quando tentam destruir a sociedade ou dos que a representam, atingir o cidadão em sua vida, nos seus bens ou em sua honra, ir contra o que a lei prescreve. 
DOS CRIMES DE LESA- MAJESTADE
De acordo com o autor, os crimes de Lesa-Majestade são considerados grandes crimes, já que são funestos à sociedade. Mas, a tirania e a ignorância, que confundem as palavras e as idéias mais claras, deram esse nome a uma multidão de delitos de natureza inteiramente diversa. Aplicaram-se as penas mais graves a faltas leves, ferindo o princípio da proporcionalidade da penas.
DOS ATENTADOS CONTRA A SEGURANÇA DOS PARTICULARES E, PRINCIPALMENTE, DAS VIOLÊNCIAS
Entre os crimes contra a segurança da sociedade estão os atentados contra a vida, contra a honra e contra os bens. As penas dos indivíduos da classe mais alta deve ser a mesma dos de classe inferior. A igualdade civil é anterior a todas as distinções de honras, e de riqueza. Se todos os cidadãos não dependerem igualmente das mesmas leis, as distinções deixarão de ser legítimas.
DAS INJÚRIAS
Segundo Beccaria, as injúrias, contrárias à honra, devem ser punidas pela infâmia. Esta honra só foi conhecida a partir do momento em que o homem se organizou em sociedade. Sendo assim, é fundamental reconhecer a sua importância. O autor continua pontuando que muitas vezes julgamos a honra e a moral das pessoas sem conhecê-las, e isso é errado, visto que a opinião na maioria das vezes distingue o sábio do medíocre.
DOS DUELOS
Conforme Beccaria, os duelos acontecem quando os indivíduos querem defender a sua honra, já que a lei pune quem fere este direito. Para o autor, o melhor jeito de combater o duelo é punir o agressor e declarar inocente aquele que, sem procurar tirar a espada, se viu constrangido a defender a própria honra.
DO ROUBO
O escritor afirma que quem rouba o bem de outra pessoa deve ser privado do seu. Se, porém, o roubo é acompanhado de violência, é justo a pena corporal, tendo em vista que além do dano patrimonial, houve dano à pessoa. 
DO CONTRABANDO
Beccaria elenca que o contrabando é um delito que fere o soberano e a nação, porém a pena para quem comete tal crime não deve ser grave, tendo em vista que a opinião pública não empresta nenhuma infâmia a essa espécie de delito. O autor afirma que é um delito gerado pelas próprias leis, porque quanto mais se aumentam os direitos, maior é a vantagem do contrabando. De acordo com o autor desta obra, a pena mais justa para o contrabandista é a confiscação das mercadorias proibidas e de tudo que se acha apreendido com objetos da fraude.
DAS FALÊNCIAS
É necessário que haja a distinção entre o fraudulento e o falido de boa fé. O primeiro deveria ser punido como o são os moedeiros falsos, porque não é maior o crime de falsificar o metal amoedado, queconstitui a garantia dos homens entre si, do que falsificar essas obrigações mesmas. O falido de boa fé deve ser tratado com menos rigor, já que este faliu por conseqüência do próprio mercado, ao contrário do fraudulento, que pretende obter vantagem pessoal, em detrimento do bem público, e por isso deve ser punido.
DOS DELITOS QUE PERTURBAM A TRANQUILIDADE PÚBLICA
Neste capítulo, o autor fala sobre os crimes relacionados ao vandalismo e à desordem que perturbam o bem-estar público. Desta forma, Beccaria afirma que é necessário que as leis não cometam extravagâncias, ou seja, elas não podem passar dos limites em relação à punição, visto que isso ocasiona a revolta da população, devido às injustiças cometidas. As medidas para se prevenir tais delitos se encontram em medidas sociais como a vigilância ostensiva, leis de silêncio e de ordem, principalmente. Os cidadãos devem saber o que precisam fazer para serem culpados, e o que precisam evitar para serem inocentes.
DA OCIOSIDADE
Para o autor, cabe somente às leis determinar a espécie de ociosidade punível, através da ideia de não ferir a liberdade individual de cada indivíduo e do princípio de estar em acordo com a finalidade do Estado. Assim, deve haver um equilíbrio entre a liberdade de fazer algo e cumprir o que as leis determinam. 
DO SUICÍDIO
O suicídio é um delito que não tem uma pena propriamente dita, visto que esta cairia sobre um ser que já não existe mais ou sobre um inocente. Além disso, seria tirânico estabelecer a pena para a família do indivíduo que tirou a própria vida. Desta forma, o autor conclui que a pena já estaria de certo modo, sendo imposta a este indivíduo, afinal não existe pena maior que a perda da vida.
DE CERTOS DELITOS DIFÍCEIS DE CONSTATAR
Beccaria emite neste capítulo, que há delitos difíceis de provar, e estes são o adultério, a pederastia e o infanticídio. 
O adultério e a pederastia são crimes frequentes porque as leis não são fixas. Relacionam-se diretamente à moral e à religião. Sendo assim, é mais fácil ao legislador prevenir tais fatos do que reprimi-los. Já o infanticídio é ainda o resultado quase inevitável da cruel alternativa em que se acha uma infeliz, que só cedeu por fraqueza, ou que sucumbiu sob os esforços da violência. De um lado a infâmia, de outro a morte de um ser incapaz de sentir a perda da vida. Assim, o modo mais eficaz para prevenir esse delito seria criar leis eficazes, que protejam esses inocentes contra o sentimento violento e desumano dos criminosos.
DE UMA ESPÉCIE PARTICULAR DE DELITO
Os crimes contra liberdade religiosa são tratados de modo isolado. Desta forma, podem perturbar a tranqüilidade pública a partir do momento em que apenas uma crença é autorizada e todas as outras são proibidas. Porém o autor, analisa apenas os delitos que violam o contrato social, deixando de lado as punições para os pecados, que são determinados por outras regras que não são da filosofia.
DE ALGUMAS FONTES GERAIS DE ERROS E DE INJUSTIÇAS NA LEGISLAÇÃO 
Beccaria afirma que os erros e injustiças na legislação referem-se ao fato de muitas vezes os legisladores não terem a noção correta da utilidade de determinada lei que criam. Por exemplo, uma lei que proíbe o porte de armas desarma o cidadão pacífico, ao passo que os criminosos mantém suas armas, ou seja, qual a real utilidade de desarmar inocentes? Além de ferir a liberdade individual, submeteriam os inocentes a fiscalizações que às quais só deveriam ser submetidos os infratores.
DO ESPÍRITO DE FAMÍLIA
Para o autor, o espírito de família é outra fonte geral de injustiças na legislação. “é um espírito de minúcia limitado pelos mais insignificantes pormenores; ao passo que o espírito público, ligado aos princípios gerais, vê os fatos com visão segura, coordena-os nos lugares respectivos e sabe tirar deles conseqüências úteis ao bem da maioria”. Por conseguinte, Beccaria conclui que o espírito de família diverge do espírito público, já que na família os membros vivem sobre a autoridade dos pais, enquanto na coletividade, as regras são determinadas através de um contrato social, que busca uma convivência em sociedade mais harmônica. 
DO ESPÍRITO DO FISCO
A forma de atuar do fisco deve ir de acordo com o bem público, e não em busca dos interesses de particulares. O juiz tem papel fundamental para mediar conflitos, visando sempre o bem da coletividade e impedindo o abuso de poder do Estado. Desta forma, o juiz deve ser imparcial para não se confundir com um “advogado do fisco”.
DOS MEIOS DE PREVENIR CRIMES
Segundo Beccaria, todo legislador deve ter a prioridade de prevenir os crimes do que repará-los. Assim, evita o sofrimento o a desordem social. Para prevenir os delitos, devem ser criadas leis claras e simples. Nenhuma classe deve ser favorecida em detrimento de outra. Deve haver o respeito às diversidades. Todos os membros da sociedade devem ser igualmente protegidos. O meio mais eficaz para prevenir os crimes é garantir a educação, pois somente assim os indivíduos terão a noção de respeito e tolerância para com o próximo.
CONCLUSÃO
Beccaria conclui esta obra afirmando que o legislador é o ordinário das nações. Além disso, as penas devem ser proporcionais aos delitos para que não haja injustiça e arbitrariedade. A lei deve ser clara, de fácil entendimento a fim de que todos possam compreender o que devem seguir e as consequências caso ajam de modo contrário a estas.

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