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Cap´ıtulo 15 Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados 15.1 Motivac¸a˜o Na Sec¸a˜o 4.1.1, estudamos o problema da caixa, onde quer´ıamos montar uma caixa recortando retaˆngulos nos quatro cantos de uma laˆmina de pla´stico e dobrando para cima as bordas obtidas. O problema era determinar o tamanho do corte a ser feito nos cantos da folha de pla´stico, a fim de obter a caixa de volume ma´ximo. O volume da caixa e´ uma func¸a˜o do tamanho do corte, que representamos por x, e e´ dado por V = x (20− 2x)2, onde 0 ≤ x ≤ 10. O problema da caixa e´ um exemplo t´ıpico de problemas de determinac¸a˜o de ma´ximos e mı´nimos de func¸o˜es definidas em intervalos fechados. Para estudar e resolver problemas desse tipo precisamos de algumas definic¸o˜es e do estabelecimento de crite´rios que permitam determinar facilmente estes pontos. 15.2 Ma´ximos e mı´nimos absolutos Definic¸a˜o 1 Seja f uma func¸a˜o definida no intervalo fechado [a, b]. Um ponto c pertencente ao intervalo [a, b] e´ chamado ponto de ma´ximo absoluto de f ou, simplesmente, ponto de ma´ximo se f(x) ≤ f(c) para todo x em [a, b]. O valor f(c) e´ chamado de valor ma´ximo absoluto de f neste intervalo ou, simplesmente, valor ma´ximo de f . Um ponto d de [a, b] e´ chamado ponto de mı´nimo absoluto de f ou, simplesmente, ponto de mı´nimo de f se f(d) ≤ f(x) para todo x em [a, b]. O valor f(d) e´ chamado valor mı´nimo absoluto de f neste intervalo ou, simplesmente, valor mı´nimo de f . Assim, se f(c) e´ o ma´ximo e f(d) e´ o mı´nimo de f em [a, b], teremos f(d) ≤ f(x) ≤ f(c), para todo x em [a, b]. Os valores ma´ximo e mı´nimo de f sa˜o chamados valores extremos de f . valor minimo valor maximo –30 –20 –10 10 20 30 40 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x O teorema abaixo garante que toda func¸a˜o cont´ınua em um intervalo fechado tem sempre um ma´ximo e um mı´nimo absolutos. Teorema dos valores extremos Seja f uma funca˜o cont´ınua definida em um intervalo fechado [a, b]. Enta˜o existem nu´meros c e d no intervalo [a, b], tais que, f(c) e´ o valor ma´ximo e f(d) e´ o valor mı´nimo de f em [a, b]. A demonstrac¸a˜o deste teorema podera´ ser encontrada no apeˆndice deste volume. Os exemplos abaixo mostram que se f na˜o e´ cont´ınua ou se o intervalo na˜o e´ fechado, f pode na˜o atingir valores ma´ximo e mı´nimo. 195 196 Cap. 15. Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados Exemplo 1 Seja f(x) = x2 definida no intervalo [0, 1), isto e´, seu domı´nio e´ um intervalo semi-aberto a` direita. Observando o gra´fico de f vemos, claramente, que esta func¸a˜o atinge o mı´nimo em x = 0, pore´m na˜o atinge um valor ma´ximo. O candidato a ponto de ma´ximo seria x = 1, pore´m este ponto na˜o pertente ao domı´nio de f . Como f e´ crecente neste intervalo, qualquer que seja o valor de f(x1) com x1 < 1, existira´ sempre um x2, tal que x1 < x2 < 1 e f(x1) < f(x2). 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 x Exemplo 2 A func¸a˜o f definida no intervalo [0, 2] por f(x) = { 1 x−1 x 6= 1 1 x = 1 na˜o e´ cont´ınua no ponto x = 1. Seu limite lateral a` esquerda lim x→1− 1 x− 1 = −∞ e seu limite lateral a` direita lim x→1+ 1 x− 1 = +∞. Portanto, esta func¸a˜o na˜o atinge valor ma´ximo nem mı´nimo em [0, 2]. –10 –8 –6 –4 –2 0 2 4 6 8 10 y 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 x Exerc´ıcio Esboce o gra´fico de uma func¸a˜o definida em [0, 1] que seja descont´ınua e tenha um ma´ximo e um mı´nimo absolutos. 15.2.1 Ma´ximos e mı´nimos locais Vimos que o teorema dos valores extremos garante a existeˆncia de ma´ximos e mı´nimos de uma func¸a˜o cont´ınua em um intervalo fechado [a, b]. A questa˜o natural que se coloca agora e´ saber onde, exatamente, se localizam estes ma´ximos e mı´nimos? Antes de tentar responder a esta pergunta, vamos examinar alguns exemplos. Exemplo 3 Considere a func¸a˜o f(x) = x3, que e´ cont´ınua e crescente no intervalo [−1, 1]. Neste intervalo, o valor mı´nimo desta func¸a˜o e´ −1 e o valor ma´ximo e´ 1. Estes valores ocorrem nos pontos x = −1 e x = 1, respectivamente, que sa˜o os extremos do intervalo considerado. Exemplo 4 Considere a func¸a˜o f(x) = −x2 no intervalo [−2, 2]. Esta func¸a˜o e´ cont´ınua neste intervalo e, portanto, o teorema dos valores extremos garante a existeˆncia de um ma´ximo e de um mı´nimo globais. Neste caso, o ma´ximo global da func¸a˜o f(x) = −x2 e´ zero e ocorre em x = 0. O valor mı´nimo e´ −1 e ocorre em x = −1 e x = 1. Exemplo 5 Vamos examinar agora a func¸a˜o f(x) = x3 − 4x2 − x+ 10 definida em [−2, 5]. Veja o seu gra´fico trac¸ado a seguir, a` esquerda. Os valores ma´ximos e mı´nimos desta func¸a˜o ocorrem em 5 e −2, respectivamente, que sa˜o os extremos do intervalo. No entanto, existe um ponto no interior deste intervalo, onde a func¸a˜o atinge umma´ximo para valores de x, por exemplo, entre −1 e 1. Da mesma forma, existe um ponto onde f atinge um mı´nimo se considerarmos valores de x entre, por exemplo 0 e 4. O gra´fico seguinte, a` direita, da mesma func¸a˜o trac¸ado no intervalo [−1, 3.5], ilustra esta afirmac¸a˜o. W.Bianchini, A.R.Santos 197 –10 0 10 20 30 –2 –1 1 2 3 4 5x –2 0 2 4 6 8 10 –1 1 2 3x Estes pontos sa˜o ditos ma´ximos e mı´nimos locais, ou, genericamente, extremos locais de f e sa˜o caracterizados na definic¸a˜o a seguir. Definic¸a˜o 2 Dizemos que um ponto c e´ um ponto de ma´ximo local ou relativo de f se f(x) ≤ f(c) para todo x suficientemente pro´ximo de c. Mais precisamente, se esta desigualdade for verdadeira para todo x que esteja no domı´nio de f, em algum intervalo aberto contendo c. Analogamente, dizemos que d e´ um ponto de mı´nimo local ou relativo de f se f(d) ≤ f(x), para todo x suficientemente pro´ximo de d. A questa˜o que se coloca agora e´ descobrir algum crite´rio que nos permita identificar com precisa˜o os extremos relativos de uma func¸a˜o. A reta tangente nos da´ uma pista para localiza´-los. Observe o diagrama abaixo e conclua o que e´ poss´ıvel afirmar a respeito destes pontos. A` primeira vista, parece ser poss´ıvel afirmar que, nestes pontos, a reta tangente e´ horizontal e, portanto, a derivada da func¸a˜o e´ zero. No entanto, os exemplos a seguir mostram que extremos relativos podem ocorrer em pontos onde a func¸a˜o sequer e´ deriva´vel e que existem pontos, onde a derivada e´ zero, que na˜o sa˜o nem ma´ximo e nem mı´nimo locais. Exemplo 6 Examine a func¸a˜o f(x) = 3− |x− 2 | definida em [1, 4]. 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 1 1.21.41.61.8 2 2.22.42.62.8 3 3.23.43.63.8 4 x O ponto x = 2 e´ um ponto de ma´ximo relativo desta func¸a˜o (na realidade este ponto e´ um ma´ximo global para esta func¸a˜o no intervalo considerado) e f na˜o e´ deriva´vel neste ponto. Exemplo 7 Em x = 0, a reta tangente ao gra´fico da func¸a˜o f(x) = x3 e´ horizontal e, portanto, a derivada desta func¸a˜o e´ zero neste ponto (prove analiticamente este fato!). No entanto, o ponto x = 0 na˜o e´ nem ponto de ma´ximo e nem ponto de mı´nimo local para esta func¸a˜o. O teorema a seguir esclarece estes fatos. 198 Cap. 15. Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados Teorema: Caracterizac¸a˜o dos ma´ximos e mı´nimos locais Seja f uma func¸a˜o definida em um intervalo aberto (a, b) e deriva´vel em um ponto c de (a, b). Se f ′(c) 6= 0 enta˜o f(c) na˜o e´ ma´ximo nem mı´nimo local de f. Demonstrac¸a˜o: Se f ′(c) 6= 0, enta˜o f ′(c) > 0 ou f ′(c) < 0. Vamos supor, primeiro, que f ′(c) > 0. Enta˜o, para x suficientemente pro´ximo de c, temos f(x)− f(c) x− c > 0. Logo, se x < c , tem-se x − c < 0, o que implica f(x) < f(c). Agora, se x > c, tem-se x − c > 0, o que implica f(x) > f(c). Assim, c na˜o e´ extremo relativo de f . Supondo, agora, f ′(c) < 0, tem-se (−f)′(c) > 0. Logo, pelo caso anterior, c na˜o e´ extremo relativo de (−f) e assim,obviamente, c na˜o e´ ponto de ma´ximo nem mı´nimo relativo de f . (Por queˆ?) Observe que o teorema e´ equivalente a dizer que se f e´ deriva´vel em (a,b) e c e´ um ponto de ma´ximo ou mı´nimo local de f , enta˜o, f ′(c) = 0. Atenc¸a˜o!!! Cuidado!!! Esta condic¸a˜o e´ necessa´ria mas na˜o suficiente. Como o Exemplo 7 mostrou, nem sempre e´ verdade que se f ′(c) = 0, enta˜o f(c) e´ um extremo local. 15.3 Determinac¸a˜o dos pontos de ma´ximo e mı´nimo de uma func¸a˜o Dos exemplos, definic¸o˜es e teoremas estudados na sec¸a˜o anterior podemos concluir que: Toda func¸a˜o cont´ınua definida em um intervalo fechado [a,b] possui um ma´ximo e um mı´nimo global. O ma´ximo e o mı´nimo para estas func¸o˜es so´ podem ocorrer nas extremidades a e b do intervalo nos pontos onde a derivada f ′ se anula ou nos pontos onde a derivada f ′ na˜o existe Definic¸a˜o 3: Ponto cr´ıtico Um ponto c no domı´nio de f e´ dito um ponto cr´ıtico de f se f ′(c) = 0 ou se f ′(c) na˜o existe. Assim, para localizar os pontos extremos de uma func¸a˜o cont´ınua f definida em [a, b], proceda da seguinte maneira: 1. Determine os pontos cr´ıticos de f . 2. Calcule os valores de f em cada um dos seus pontos cr´ıticos. 3. Calcule f(a) e f(b). 4. Compare todos os valores e verifique qual o maior e qual o menor. 5. Conclua: o maior dentre estes valores sera´ o ma´ximo absoluto de f e o menor sera´ o mı´nimo absoluto de f . 15.4 Exemplos Os exemplos a seguir ilustram o procedimento descrito acima e mostram como podemos usar o Maple para efetuar os ca´lculos necessa´rios. Exemplo 1 Determine os valores ma´ximos e mı´nimos de f(x) = x3 − 3x2 − 9x+ 3, nos intervalos (a) [-4, 6] (b) [-4, 2] (c) [-2, 4] W.Bianchini, A.R.Santos 199 Soluc¸a˜o Primeiro definimos a func¸a˜o f e calculamos a sua derivada: > f:=x->x^3-3*x^2-9*x+3; f := x→ x3 − 3x2 − 9x+ 3 > Diff(f(x),x):%=diff(f(x),x); ∂ ∂x (x 3 − 3x2 − 9x+ 3) = 3x2 − 6x− 9 Observe que a func¸a˜o f e´ cont´ınua e deriva´vel em todos os pontos da reta. Assim, os candidatos a extremos desta func¸a˜o sa˜o os extremos do intervalo e os pontos onde a derivada se anula. Para determinar estes u´ltimos pontos, basta resolver a equac¸a˜o f ′(x) = 0: > solve(diff(f(x),x)=0,x); −1, 3 Nestes pontos cr´ıticos os valores de f sa˜o, respectivamente > f(-1);f(3); 8 −24 Para responder ao item (a) e´ preciso comparar os valores obtidos acima com os valores de f nas extremidades −4 e 6 do intervalo considerado. Temos > f(-4);f(6); −73 57 Comparando os valores obtidos, conclu´ımos que o maior e´ 57 e o menor e´ −73, isto e´, os pontos de ma´ximo e de mı´nimo desta func¸a˜o ocorrem nos extremos do intervalo considerado. Assim, o valor ma´ximo de f e´ 57 e ocorre em x = 6, que e´ o ponto de ma´ximo absoluto da func¸a˜o neste intervalo; o valor mı´nimo de f e´ −73 e ocorre em x = −4, que e´ o ponto de mı´nimo absoluto de f em [−4, 6]. Como o ponto cr´ıtico 3 na˜o pertence ao intervalo [−4, 2], para responder ao item (b) basta comparar os valores de f no ponto cr´ıtico −1 e nos extremos −4 e 2 do intervalo. > f(2); −19 Logo, o valor mı´nino desta func¸a˜o, em [−4, 2], e´ −73. Este valor ocorre em x = −4, que e´ o seu ponto de mı´nimo. Da mesma forma, o valor ma´ximo de f , neste intervalo, e´ 8. Este valor ocorre em x = −1, que e´ o seu ponto de ma´ximo. Para responder ao item (c) vamos calcular os valores de f nas extremidades do intervalo [−2, 4] e compara´-los com os valores de f(−1) e f(3) obtidos acima. Temos > f(-2);f(4); 1 −17 Assim, conclu´ımos que −1 e´ o ponto de ma´ximo e 3 e´ o ponto de mı´nimo de f , em [−2, 4]. • Quais os valores ma´ximo e mı´nimo de f neste intervalo? Observe o gra´fico de f : > plot(x^3-3*x^2-9*x+3,x=-4..6); –60 –40 –20 0 20 40 x Exemplo 2 Determine os pontos de ma´ximo e de mı´nimo de g(x) = √|x | no intervalo [−2, 1]. Soluc¸a˜o: Como no exemplo anterior, vamos definir a func¸a˜o e achar a sua derivada com o aux´ılio do Maple. 200 Cap. 15. Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados > g:=x->sqrt(abs(x)); g := x→√|x| > diff(g(x),x); 1 2 abs(1, x)√|x| Na derivada acima, a expressa˜o abs(1,x) e´ a notac¸a˜o usada pelo Maple para a derivada de |x |, isto e´, para a func¸a˜o que vale 1 para x > 0 e −1 para x < 0. Claramente, vemos que a derivada de g na˜o existe no zero e que esta derivada na˜o se anula em nenhum ponto. Portanto, o seu u´nico ponto cr´ıtico e´ o zero. Comparando os valores de g em −2, 1 (extremos do intervalo) e 0 (ponto cr´ıtico), conclu´ımos que −2 e´ o ponto de ma´ximo de g e 0 e´ o ponto de mı´nimo. A lista de valores de g e o gra´fico da func¸a˜o comprovam estas concluso˜es. > g(-2);g(1);g(0); √ 2 1 0 > plot(g(x),x=-2..1,y=0..sqrt(2),axesfont=[TIMES,ROMAN,8]); 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 y –2 –1.8 –1.4 –1 –0.8 –0.4 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x Exemplo 3 Determine os pontos de ma´ximo e mı´nimo de h(x) = { x2 + 2 x ≤ 1 4− x2 x > 1 no intervalo [−1, 2]. Soluc¸a˜o Observando o gra´fico desta func¸a˜o, trac¸ado abaixo, conclu´ımos que o ponto x = 1 e´ um ponto cr´ıtico para a func¸a˜o h, pois neste ponto a derivada na˜o existe. > plot(piecewise(x<=1,x^2+2,x>1,4-x^2),x=-1..2); 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 –1 –0.6 0.20.40.60.8 1 1.21.41.61.8 2 x De fato, as derivadas laterais em x = 1 sa˜o diferentes. Calcule-as e comprove esta afirmac¸a˜o! Assim, para determinar os extremos desta func¸a˜o, precisamos comparar os valores de h em x = 1 com os valores que ela assume nas extremidades do intervalo, como fazemos com a ajuda do Maple: > h:=x->piecewise(x<=1,x^2+2,x>1,4-x^2): > h(-1);h(1);h(2); 3 3 0 Podemos concluir, portanto, que h tem dois pontos de ma´ximo e um de mı´nimo que sa˜o, respectivamente, −1, 1 e 2. 15.5 Problemas envolvendo ma´ximos e mı´nimos em intervalos fechados Problema 1 Um fio com 4 metros de comprimento e´ cortado em dois pedac¸os. Com um deles formaremos um c´ırculo e com o outro um quadrado. (a) Como devemos cortar o fio para que a soma das a´reas limitadas pelo c´ırculo e pelo quadrado seja ma´xima? W.Bianchini, A.R.Santos 201 (b) Como devemos cortar o fio a fim de que a soma das a´reas seja mı´nima? (Os dois casos extremos sa˜o admitidos, ou seja, e´ permitido formar com o fio apenas um quadrado ou apenas um c´ırculo.) Soluc¸a˜o: Dividimos o fio em um ponto qualquer. Seja x o comprimento de um dos pedac¸os. Obviamente, o comprimento do outro pedac¸o sera´ 4 − x. Ale´m disso, pela geometria do problema, os valores poss´ıveis para x esta˜o compreendidos no intervalo [0, 4]. Formando um c´ırculo com o pedac¸o de comprimento x, temos que 2pi r = x, ou seja, r = x2pi . Assim, a a´rea do c´ırculo sera´ dada por C(x) = pi r2 = pi x2 4pi2 = x2 4pi e a a´rea do quadrado, por Q(x) = ( 4−x4 ) 2. A a´rea total sera´, portanto, dada por A(x) = C(x) +Q(x) = x2 4pi + (4− x)2 16 . Esta func¸a˜o e´ uma para´bola, sendo, consequ¨entemente, deriva´vel em qualquer ponto x do intervalo [0, 4]. Assim, os pontos extremos de A(x ) estara˜o entre aqueles onde sua derivada se anula ou nas extremidades do intervalo. Abaixo derivamos a func¸a˜o A(x), calculamos as ra´ızes s da equac¸a˜o A′(x) = 0 e comparamos os valores de A(s), A(0) e A(4). > A:=x->x^2/(4*Pi)+(4-x)^2/16: > diff(A(x),x); 1 2 x pi − 1 2 + 1 8 x > s:=solve(%); s := 4 pi 4 + pi > A(s);A(0);A(4); 4 pi (4 + pi)2 + 1 16 (4− 4 pi 4 + pi )2 1 4 pi > simplify(A(s)); 4 4 + pi Observando estes valores, podemos concluir que o ma´ximo ocorre no ponto x = 4 e o mı´nimo no ponto x = 4pi4+pi . Assim, para que a a´rea A(x) seja ma´xima na˜o cortamos o fio e formamos apenas um c´ırculo. Para que a a´rea A(x) seja mı´nima devemos cortar o fio no ponto x = 4pi4+pi . O c´ırculotera´ um raio r igual a 2 4+pi e o quadrado tera´ um lado de comprimento 44+pi . Problema 2 Considere as para´bolas y = x2 − 4 e y = −x2 + 4. Determine as dimenso˜es de um retaˆngulo cujos ve´rtices inferiores esta˜o sobre a para´bola y = x2 − 4 e os superiores sobre a para´bola y = −x2 + 4, de tal forma que a a´rea desse retaˆngulo seja ma´xima. Soluc¸a˜o Observe no diagrama, que o valor da a´rea depende da posic¸a˜o dos ve´rtices do retaˆngulo. 202 Cap. 15. Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados Devemos determinar as dimenso˜es que fornecera´ a a´rea ma´xima. Pela simetria da figura ao lado, temos que a a´rea A(x) e´ dada por A(x) = 4x y = −4x3+16x, para x variando no intervalo [0, 2]. Como A(x) e´ cont´ınua nesse intervalo, o teorema dos valores extremos garante que esta func¸a˜o tem um ma´ximo absoluto em [0, 2]. Ale´m disso, este ma´ximo ocorre em um dos extremos do intervalo ou num ponto cr´ıtico da func¸a˜o. Como a derivada da func¸a˜o A(x) e´ um polinoˆmio do segundo grau, os u´nicos pontos cr´ıticos de A sa˜o os pontos onde a sua derivada se anula. De- terminar estes pontos cr´ıticos, portanto, e´ equivalente a resolver a equac¸a˜o A′(x) = 0. Vamos, uma vez mais, usar o Maple para fazer as contas: y x –4 –2 0 2 4 –2 –1 1 2 x > A:=x->-4*x^3+16*x: > crt:={solve(diff(A(x),x)=0,x)}; crt := {2 3 √ 3, −2 3 √ 3} O ponto cr´ıtico que nos interessa e´ o ponto x = 2 √ 3 3 , pois o outro na˜o pertence ao intervalo [0, 2]. Comparando os valores da func¸a˜o A neste ponto e nos pontos 0 e 2 (extremidades do intervalo), obtemos: > A(0);A(2);A(2/3*sqrt(3)); 0 0 64 9 √ 3 Portanto, o ponto de ma´ximo para esta func¸a˜o ocorre em x = 2 √ 3 3 , consequ¨entemente, o retaˆngulo de a´rea ma´xima tera´ base de comprimento igual a 4 √ 3 3 e altura 16 3 . Problema 3 Encontre as dimenso˜es do cilindro circular reto de maior volume que pode ser inscrito em um cone circular reto com raio 7/2 cm e altura 6 cm. Soluc¸a˜o Veja a figura a seguir, onde representamos um corte transversal do cilindro e esquematizamos o problema proposto. 1 7/2 r 6-h O volume do cilindro e´ dado por V = pi r2 h. Para expressar o volume em termos de uma u´nica varia´vel, precisamos de outra equac¸a˜o envolvendo r e h. Usando a figura anterior e semelhanc¸a de triaˆngulos, temos 67 2 = 6−hr , ou seja, h = 6− 12 r7 . Logo, V (r) = pi r2 (6− 12 r 7 ) = 6pi r2 − 12pi r 3 7 . Esta func¸a˜o e´ cont´ınua em [0, 7/2], logo tem um valor ma´ximo absoluto neste intervalo. Vamos, enta˜o, derivar a func¸a˜o V para encontrar os seus pontos cr´ıticos: V := r → 6pi r2 − 12pi r 3 7 > diff(V(r),r); 12pi r − 36 7 pi r2 W.Bianchini, A.R.Santos 203 Como esta derivada esta´ definida em toda a reta, os u´nicos pontos cr´ıticos de V sa˜o os pontos onde a derivada se anula. Resolvendo a equac¸a˜o V ′(x) = 0, obtemos > pontos_criticos:={solve(diff(V(r),r)=0)}; pontos criticos := {0, 7 3 } Comparando os valores de V nos pontos cr´ıticos e nos extremos do intervalo, temos > V(0);V(7/2);V(7/3); 0 0 98 9 pi Logo, o valor ma´ximo de V sera´ V ( 73 ) = 98pi 9 , que e´ atingido em r = 7 3 . Como h = 6− 12 r7 , o cilindro de volume ma´ximo tera´ raio r = 73 e altura h = 2 cm. 15.6 Exerc´ıcios 1. Em cada um dos itens abaixo, decida se a func¸a˜o dada atinge um valor ma´ximo ou um valor mı´nimo ou ambos, no intervalo indicado. Se necessa´rio esboce um gra´fico da func¸a˜o. (a) f(x) = 1− x em [-1,1) (b) f(x) = |x | em (-1, 1) (c) f(x) = 1√ x em (0,1] (d) f(x) = x3 + 1 em [-1,1] (e) f(x) = 1x2+1 em (−∞,∞) (f) f(x) = 1x (1−x) em [2, 3] (g) f(x) = 1x (1−x) em (0, 1). 2. Em cada um dos itens abaixo, determine os valores ma´ximo e mı´nimo atingidos pela func¸a˜o dada, no intervalo fechado indicado. (a) f(x) = 3x− 2 em [−2, 3] (b) f(x) = 4− x2 em [1, 3] (c) g(x) = (x− 1)2 em [−1, 4] (d) h(x) = x3 − 3x em [−3, 5] (e) f(x) = x+ 1x em [2, 6] (f) g(x) = | 2x− 3 | em [1, 2] (g) f(x) = xx+1 em [0, 3] (h) f(x) = x √ 1− x2 em [−1, 1] 3. (a) Seja f(x) = Ax+B. Explique por que os valores ma´ximo e mı´nimo de f , em um intervalo [a, b] qualquer, devem ocorrer necessariamente nos pontos extremos do intervalo. (b) Prove que toda func¸a˜o quadra´tica f(x) = a x2 + b x+ c, onde a 6= 0, tem exatamente um ponto cr´ıtico em toda a reta. (c) Explique por que a func¸a˜o polinomial cu´bica pode ter dois, um ou nenhum ponto cr´ıtico em toda a reta. Deˆ exemplos que ilustrem cada um dos casos. (d) Se f tem um valor mı´nimo em x = c, mostre que a func¸a˜o g(x) = −f(x) tem um valor ma´ximo neste mesmo ponto. 15.7 Problemas propostos 1. Prove que o retaˆngulo de a´rea ma´xima e per´ımetro dado e´ o quadrado. 2. Um retaˆngulo de lados paralelos aos eixos coordenados e localizado no primeiro quadrante tem um ve´rtice na origem, um ve´rtice sobre o eixo x, um ve´rtice sobre o eixo y e o quarto ve´rtice sobre a reta 2x+ y = 100. Qual a a´rea ma´xima de tal retaˆngulo? 3. Um campo retangular vai ser fechado com uma cerca e depois dividido ao meio por outra cerca. Se a cerca que passa pela metade custa R$ 10,00 por metro e a outra R$ 25,00 por metro, encontre as dimenso˜es do campo de maior a´rea poss´ıvel que pode ser fechado com um custo de R$ 4800,00. 4. Os pontos A e B sa˜o opostos um ao outro nas margens de um rio que mede 3 km de largura. O ponto C esta´ na mesma margem que B, mas a 6 km de B, rio abaixo. Uma companhia telefoˆnica deseja estender um cabo de A ate´ C. Se o custo por km do cabo e´ 25% mais caro sob a a´gua do que em terra, qual o trac¸ado do cabo mais barato para a companhia? 204 Cap. 15. Ma´ximos e Mı´nimos em Intervalos Fechados 5. Uma companhia de aviac¸a˜o freta um avia˜o de 50 lugares de acordo com as seguintes condic¸o˜es especificadas no contrato de afretamento: (a) Cada passageiro pagara´ 600 reais se todos os 50 lugares forem vendidos. (b) Cada passageiro pagara´ um adicional de 30 reais por lugar na˜o vendido. Quantos lugares a companhia deve vender para obter renda ma´xima? 6. Seja f(x) = x2, para x pertencente ao intervalo [0, 1]. Determine a reta r tangente ao gra´fico de f(x), tal que o triaˆngulo determinado por r, a reta x = 1 e a reta y = 0 tenha a maior a´rea poss´ıvel. 7. Num certo pa´ıs, endividado ate´ o pescoc¸o, descobriu-se que a soluc¸a˜o de todos os problemas estava na criac¸a˜o de um combust´ıvel para substituir as importac¸o˜es de petro´leo. Apo´s muitas pesquisas foi criado o Tomato´leo, uma mistura de extrato de tomate e gasolina. O litro de extrato de tomate (ET) custa R$ 0,30 e o de gasolina (GS) custa R$ 0,50. Pore´m, um litro de Tomato´leo, com x litros de ET, da´ para um carro me´dio percorrer 101+x quiloˆmetros. Determine a quantidade de ET que minimiza o custo por quiloˆmetro. 8. Dada a func¸a˜o f(x) = 1 + √ 18− 2x2, para x ∈ [−3, 3] e o ponto P = (2, 1). Determine a maior e a menor distaˆncias de P aos pontos do gra´fico de f . 9. Com a finalidade de evitar a construc¸a˜o de pre´dios muito altos em terrenos pequenos, foi criada na cidade do Sonho Dourado a seguinte lei: “E´ obrigato´ria a existeˆncia de uma a´rea livre em torno da a´rea constru´ıda, com largura mı´nima de 50cm por metro de altura da construc¸a˜o, medidos a partir dos limites do terreno”. Assim, em Sonho Dourado, um pre´dio de 20 m de altura devera´ ser constru´ıdo em centro de terreno a uma distaˆncia de, pelo menos, 0, 5x20 = 10 m dos limites do terreno. Supondo que voceˆ: (a) More em Sonho Dourado. (b) Tenha um terreno de 30 m por 30 m. (c) Deseja construir um pre´dio em forma de paralelep´ıpedo que tenha volume ma´ximo. (d) Seja um cidada˜o respeitador das leis. Pergunta-se: Quais deveriam ser as dimenso˜es do pre´dio a ser constru´ıdo? 10. Determine as dimenso˜es do cilindro de a´rea ma´xima inscritoem um cone circular reto dado. 11. Determine o retaˆngulo de maior a´rea inscrito na regia˜o acima da para´bola y = x2 e abaixo da para´bola y = −2x2 + 3, cujos lados sa˜o paralelos aos eixos coordenados. 12. Em um terreno com a forma de um semic´ırculo de 25 m de raio, deseja-se construir uma piscina com a forma de um triaˆngulo retaˆngulo com hipotenusa igual ao diaˆmetro do c´ırculo e um ve´rtice no semi-c´ırculo. Calcule as dimenso˜es da piscina de a´rea ma´xima. 13. Uma janela normanda tem a forma de um retaˆngulo encimado por um semic´ırculo. Se o per´ımetro da janela e´ 2 m, encontre as dimenso˜es da janela para que penetre o ma´ximo de luz poss´ıvel. 14. Sabendo que a resisteˆncia de uma viga retangular e´ proporcional ao produto da largura pelo quadrado da altura de sua sec¸a˜o transversal, quais sera˜o as dimenso˜es da viga a ser cortada de um toro cil´ındrico de raio r para assegurar a maior resisteˆncia poss´ıvel? 15. Um segmento de reta, de comprimento fixo L, une o ve´rtice de um retaˆngulo ao ponto me´dio do lado oposto. Qual a maior a´rea poss´ıvel de tal retaˆngulo? 16. Uma tipografia dispo˜e de 8 impressoras, cada uma das quais pode imprimir 3600 co´pias por hora. Custa R$ 5,00 para preparar cada impressora para a operac¸a˜o e 10 + 6n reais para fazer funcionar n impressoras durante uma hora. Quantas impressoras devem ser utilizadas para imprimir 50000 co´pias de um cartaz de forma a obter um lucro ma´ximo? 17. Um fazendeiro deseja contratar trabalhadores para colher 900 alqueires de gra˜os. Cada trabalhador pode colher 5 alqueires por hora e recebe em pagamento R$ 1,00 por alqueire. O fazendeiro deve ainda pagar um capataz a R$ 10,00 por hora para supervisionar a colheita e tem ainda uma despesa adicional de R$ 8,00 com refeic¸o˜es por trabalhador. Quantos trabalhadores deve contratar de modo a minimizar o custo total? Quanto sera´ enta˜o o custo do alqueire colhido? W.Bianchini, A.R.Santos 205 18. Uma companhia tem fa´bricas localizadas (em um sistema de coordenadas adequadamente escolhido) nos pontos A(0, 1), B(0,−1) e C(3, 0). A companhia planeja construir uma central de distribuic¸a˜o ele´trica no ponto P (x, 0). Qual o valor de x que minimiza o custo de distribuic¸a˜o da energia ele´trica produzida? 19. Um gramado circular de 20 m de raio e´ circundado por um passeio, e uma laˆmpada e´ colocada no cimo de um poste fincado no centro do gramado. A que altura deve ser colocada a laˆmpada para que o passeio receba iluminac¸a˜o ma´xima? Observac¸a˜o: a intensidade de iluminac¸a˜o de uma superf´ıcie e´ dada por I = k sen(θ)D2 onde D e´ a distaˆncia da fonte de luz a` superf´ıcie, θ e´ o aˆngulo segundo o qual a luz atinge a superf´ıcie e k e´ uma constante positiva. 20. Cinco placas de metal retangulares medem 210 cm por 336 cm cada. Cortam-se pedac¸os quadrados iguais de cada um de seus cantos, e as abas resultantes devem ser dobradas para cima e soldadas, de modo a formar cinco caixas sem tampa. Os vinte pequenos quadrados retirados sa˜o reunidos em grupos de quatro e soldados para formar cinco quadrados maiores, que por sua vez sa˜o soldados de modo a formar uma caixa cu´bica sem tampa, de modo que nenhum material e´ desperdic¸ado. Qual o tamanho do corte para que o volume total das seis caixas assim formadas seja o maior poss´ıvel? 21. Deve-se construir uma pista de corrida em forma de dois trechos retil´ıneos, paralelos e de igual comprimento, unidos por dois semi-c´ırculos nas extremidades. O comprimento da pista (uma volta completa) deve ser de 5 km. Quais sa˜o as dimenso˜es da pista que maximizara˜o a a´rea retangular interna? 22. Um objeto e´ arrastado num plano horizontal por uma forc¸a que age ao longo de uma corda atada a ele. Se a corda faz um aˆngulo θ com o plano, enta˜o a magnitude da forc¸a e´ dada por F = µW µ sen θ + cos θ , onde µ e´ uma constante positiva chamada coeficiente de fricc¸a˜o e 0 ≤ θ ≤ pi2 . Mostre que F e´ minimizada quando tg θ = µ 15.8 Para voceˆ meditar: O feirante de Caruaru Um vendedor foi a` feira de Caruaru com sua balanc¸a de dois pratos defeituosa, pois tinha um brac¸o mais curto do que o outro. Para compensar isto, ao atender os fregueses, passou a usar, sucessivamente, os dois lados para pesar a mercadoria. Por exemplo, se algue´m desejava dois quilos de ac¸u´car, o vendedor lhe dava um quilo com excesso (pesado usando-se um dos pratos da balanc¸a) e um quilo com falta (pesado usando-se o outro lado). • Quem ganha com este processo? Sugesta˜o: Use a Lei das alavancas para obter uma relac¸a˜o entre o peso da mercadoria e o tamanho dos brac¸os da balanc¸a.
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