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Universidade Federal do Cariri – UFCA Engenharia de Materiais Juazeiro do Norte/CE Estrutura dos Sólidos Cristalinos Profa. Laédna Neiva Disciplina: Ciência dos Materiais I Conceitos Fundamentais Estruturas Cristalinas Um material cristalino é aquele no qual existe ordem de longo alcance na sua estrutura atômica. Durante a solidificação os átomos se posicionam em um padrão repetitivo indefinidamente. Sob condições normais de solidificação diferentes tipos de materiais podem apresentar estruturas cristalinas (metais, cerâmicas e polímeros). Conceitos Fundamentais Estruturas Cristalinas Algumas propriedades dependem do tipo de estrutura cristalina do material. Existe um número consideravelmente grande de estruturas cristalinas diferentes. Os materiais que não se cristalizam são classificados como não- cristalinos ou amorfos. Os tipos de estruturas cristalinas variam desde estruturas relativamente simples até estruturas excessivamente complexas. Conceitos Fundamentais Estruturas Cristalinas No estudo das estruturas cristalinas é comum considerar os átomos como se fossem esferas sólidas com diâmetros definidos. Modelo da Esfera Rígida Atômica É o menor agrupamento de átomos que se repete no espaço tridimensional com uma dada periodicidade. Estruturas Cristalinas Célula Unitária Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC) Estruturas Cristalinas Célula Unitária Estrutura Cúbica de Faces Centradas (CFC) Estruturas Cristalinas Célula Unitária Estrutura Hexagonal Compacta (HC) Consiste na unidade estrutural básica da estrutura cristalina. A forma geométrica, bem como a posição dos átomos no interior da mesma define o tipo da estrutura cristalina. Os vértices da figura geométrica devem coincidir com os centros das esferas que representam os átomos. Na maioria dos casos, as células unitárias possuem formas geométricas de paralelepípedos ou primas que possuem três conjuntos de faces paralelas. Estruturas Cristalinas Célula Unitária Formadas unicamente por ligações atômicas do tipo metálica. Ligações metálicas são do tipo não-direcional. Quatro tipos de estruturas cristalinas, relativamente simples, podem ser encontradas nos materiais metálicos, são elas: cúbica simples (CS), cúbica de corpo centrado (CCC), cúbica de faces centradas (CFC) e hexagonal compacta (HC). Estruturas Cristalinas Estruturas Cristalinas dos Metais É um tipo de estrutura ideal ou hipotética considerada para metais puros. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica Simples (CS) Apenas 1/8 de cada átomo está dentro da célula unitária, isto é, cada célula unitária contém 1 átomo. Devido ao baixo empacotamento atômico, os metais não se cristalizam nesse tipo de estrutura. Na estrutura CS os átomos de tocam na aresta do cubo. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica Simples (CS) a = 2R É a capacidade de agrupar átomos dentro da célula unitária. Estruturas Cristalinas dos Metais Fator de Empacotamento Atômico (FEA) Para a Estrutura CS FEA = 0,52 A célula unitária possui um átomo em cada um dos vértices do cubo e um átomo inteiro localizado bem no centro do cubo. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC) a = ? Cada célula unitária conta com 2 átomos. Os átomos se tocam por meio de uma linha imaginária que atravessa o cubo de forma diagonal, interceptando dois de seus vértices. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC) a = 4R/√3 O FEA para a estrutura CCC = 0,68 Exemplos de metais que se cristalizam em estrutura CCC: • Cromo • Ferro • Tungstênio • Outros. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC) Estruturas Cristalinas dos Metais Construção de um Retículo CCC Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Faces Centradas (CFC) O cubo que representa a célula unitária conta com um átomo em cada um de seus vértices, além de contar com um átomo em cada uma das seis faces do cubo. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Faces Centradas (CFC) Na prática, os átomos se tocam! O FEA para a estrutura CFC = 0,74 Exemplos de metais que se cristalizam em estrutura CFC: • Cobre • Alumínio • Chumbo • Prata • Ouro. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cúbica de Faces Centradas (CFC) Estruturas Cristalinas dos Metais Construção de um Retículo CFC A célula unitária possui dois planos paralelos, separados por um plano de átomos intermediário. As faces superior e inferior da célula unitária são representadas pelos planos de átomos com formas de hexágonos. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) A célula unitária para este tipo de estrutura possui seis átomos. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) Na prática, os átomos de tocam! O FEA para a estrutura HC = 0,74 Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) Exemplos de metais que se cristalizam em estrutura HC: • Cádmio • Magnésio • Titânio • Zinco. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) Estruturas Cristalinas dos Metais Construção de um Retículo HC Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta (HC) Demonstração da Relação c/a A única diferença da estrutura HC é a ausência do plano intermediário de átomos. Estruturas Cristalinas dos Metais Estrutura Cristalina Hexagonal Simples (HS) Na prática, normalmente, os metais não se cristalizam com a estrutura HS porque o fator de empacotamento é baixo (FEA = 0,60). No entanto, estruturas metálicas que contam com mais de um tipo de átomo podem apresentar estrutura HS. Estruturas Cristalinas dos Metais Considerações Finais É importante registrar que as estruturas cristalinas mais comuns encontradas nos metais são: CCC, CFC e HC. Estruturas Cristalinas dos Metais Considerações Finais Resumo das Estruturas Cristalinas dos Metais Estruturas Possíveis para o Sistema Cristalino Cúbico 7 Sistemas Cristalinos e 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Detalhes das 14 Redes de Bravais Cálculo da densidade do metal por meio do tipo da sua estrutura cristalina Cálculo da densidade do metal por meio do tipo da sua estrutura cristalina Exercício de Fixação O cobre possui um raio atômico de 0,128 nm, estrutura cristalina CFC e um peso atômico de 63,5 g/mol. Calcule a sua densidade e compare com a sua densidade média dada na literatura. Valor médio dado na literatura = 8,94 g/cm³ Cálculo da densidade do metal por meio do tipo da sua estrutura cristalina Exercício Proposto Sabendo-se que o ferro apresenta estrutura CCC à temperatura ambiente, determine a densidade do mesmo, considerando as seguintes informações: raio atômico de 0,123 nm e peso atômico de 56 g/mol. Resposta = 2,7 g/cm³ Polimorfismo e Alotropia É um fenômeno que acontece em alguns metais, e também em alguns não metais, quando estes apresentam diferentes tipos de estruturas cristalinas. Quando esse fenômeno é detectado em sólidos elementares, o mesmo é comumente conhecido por alotropia. Definição: Polimorfismo e Alotropia Exemplo do Ferro Puro sob Aquecimento Outros fatores como mudança na densidade ou mudança em outras propriedadesfísicas podem levar à ocorrência do polimorfismo. O termo polimorfismo é originário do grego e significa muitas formas (poli = muitas; morphos = formas). Polimorfismo e Alotropia Exemplo do Titânio Da T ambiente até 883°C o Ti apresenta- se HC (fase α). A partir disso ele apresenta-se CCC (fase β). Essa transformação alotrópica altera propriedades mecânicas do Ti) Polimorfismo e Alotropia Exemplo do Carbono Polimorfismo e Alotropia Exemplo do ZrO2_ Polimorfismo e Alotropia Resumo Fenômeno que ocorre no material em ESTADO SÓLIDO. É possível em elementos químicos metálicos ou não-metálicos. Outros exemplos de elementos que sofrem alotropia: - Enxofre - Urânio - Estanho - Estrôncio - Fósforo Direções e Planos Cristalográficos Direções Cristalográficas Uma direção cristalográfica é definida como uma linha entre dois pontos, ou um vetor, com seu ponto inicial na origem de um sistema cartesiano de referência e seu ponto final em uma posição qualquer, dependendo da direção considerada. Definição: Frequentemente é necessário identificar direções e planos específicos em estruturas cristalinas para o conhecimento de propriedades mecânicas, tais como: módulo de elasticidade e deformação plástica. Foram estabelecidas convenções de identificação onde três números inteiros são utilizados para identificar direções e planos. As coordenadas da direção (vetor) são expressas em termos dos parâmetros de rede da célula unitária. Não são utilizadas unidades (cm, nm ou Å). Direções Cristalográficas Conceitos Fundamentais Os 3 índices, não separados por vírgula, são contidos entre colchetes, da seguinte maneira: [uvw]. Os números inteiros u, v e w correspondem às projeções do vetor ao longo dos eixos x, y e z, respectivamente. Os 3 números (índices) são multiplicados ou divididos por um fator comum a fim de reduzi-los aos menores valores inteiros. Direções Cristalográficas Conceitos Fundamentais Direções Cristalográficas Exemplos: Esboce as direções [110], [110], [111] e [0 1 2] em uma célula unitária de simetria cúbica. Considere as células unitárias das estruturas cristalinas CCC e CFC e esboce em cada uma a direção cristalográfica de maior empacotamento atômico, identifique os índices da referida direção em cada caso. Direções Cristalográficas Exercícios de Fixação Planos Cristalográficos Três números inteiros são utilizados para identificar os planos, os mesmos são conhecidos por índices de Miller. Os índices de Miller são apresentados dentro de parênteses da seguinte forma: (hkl), onde h, k e l devem ser números inteiros e não separados por vírgulas quando dentro dos parêntesis. Basicamente, um plano cristalográfico intercepta ou é paralelo a cada um dos eixos do sistema coordenado. Conceitos Fundamentais Planos Cristalográficos O comprimento da intercessão do plano é de acordo com a medida dos parâmetros de rede a, b e c. Um plano paralelo a um eixo é, então, considerado como interceptando o mesmo no infinito. Sendo assim, essa coordenada é representada pelo índice 0 (zero). Conceitos Fundamentais Exemplos: Exercícios de Fixação Determine os índices de Miller para os seguintes planos cristalográficos. Planos Cristalográficos Exercícios de Fixação Determine os índices de Miller para os seguintes planos cristalográficos. Planos Cristalográficos Exercícios de Fixação Esboce os planos cristalográficos correspondentes aos seguintes índices de Miller. Planos Cristalográficos Planos Cristalográficos Cristal Hexagonal As coordenadas do plano são indicadas por quatro índices: (hkil). O sistema de referência possui quatro eixos: a1, a2, a3 e c. Os índices h, k e i estão associados aos eixos a1, a2 e a3. O índice l refere-se ao eixo c. A seguinte condição sempre será satisfeita: h + k = -i Planos Cristalográficos Cristal Hexagonal Exercícios de Fixação Planos Cristalográficos Exercícios de Fixação Identifique os índices de Miller para os planos cristalográficos A e B ilustrados a seguir: Planos Cristalográficos Solução: Para o PLANO A: a1 = 1; a2 = 1; a3 = -½ e c = 1. Invertendo-se esses valores, obtém-se os índices: Para o PLANO B: a1 = 1; a2 = -1; a3 = ∞ e c = ∞. Invertendo-se esses valores, obtém-se os índices: Planos Cristalográficos Calcule a densidade atômica linear para a direção [100] em uma célula unitária pertecente a uma estrutura CCC. Densidade Atômica Linear e Planar DL = 0,86 Exercícios de Fixação Calcule a densidade atômica linear para a direção [110] em uma célula unitária pertencente a uma estrutura CCC. Densidade Atômica Linear e Planar Exercícios de Fixação Compare o resultado obtido com a questão anterior e explique o que essa diferença representa em termos de propensão à deformação plástica do material. Densidade Atômica Linear e Planar Considere a célula unitária a seguir, de uma estrutura CFC, determine os índices das coordenadas das direções cristalográficas marcadas na figura. Calcule também as densidades atômicas lineares para as mesmas direções. Compare os valores obtidos e correlacione-os com o comportamento mecânico do material. Exercícios de Fixação Exercícios de Fixação Densidade Atômica Linear e Planar CFC CCC Exercícios de Fixação Densidade Atômica Linear e Planar 1. Calcule a densidade atômica planar para o plano (100) esboçado em uma célula unitária pertencente a uma estrutura CFC. Em seguida, esboce o mesmo plano em uma célula CCC e calcule a densidade planar do mesmo. 2. Calcule a densidade atômica planar para o plano (-100) esboçado em uma célula unitária pertencente a uma estrutura CFC. Em seguida, esboce o mesmo plano em célula CCC e calcule a densidade planar do mesmo. RESUMO: Densidade Linear = concentração de átomos / cm Corresponde ao fator de empacotamento em uma dimensão. Densidade Planar = concentração de átomos / unidade de área Corresponde ao fator de empacotamento em duas dimensões. Planos Cristalográficos Número de Coordenação Considerações: Estrutura CS: Número que varia com a concentração de átomos (FEA) na célula unitária. Tomando-se um átomo qualquer da rede como referência, o número de vizinhos mais próximos deste é NC. NC = 6 Estrutura CCC: NC = 8 Número de Coordenação Estrutura CFC: NC = 12 Número de Coordenação Estrutura HC: NC = 12 Número de Coordenação Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos Combinação entre o plano de maior densidade atômica e a direção de maior densidade atômica. Essa combinação favorece muito a ocorrência da deformação plástica. Quanto maior o número de sistemas maior a capacidade de deformação do material. Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos para CFC Associação do plano de maior densidade atômica com as direções de maior densidade atômica linear. Resulta em 12 sistemas de escorregamento para CFC. Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos para CCC Associação do plano de maior densidade atômica com as direções de maior densidade atômica linear. Resulta em 12 sistemas de escorregamento para CCC. Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos para HC Associação do plano de maior densidade atômica com as direções de maior densidade atômica linear. Resulta em 3 sistemas de escorregamento para HC. Possibilidade de planos supercompactos: 1 Possibilidade de direções supercompactas: 3 Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos Resumo: Combinação de planos e direções cristalográficas de maior densidade atômica, por meio das quaisa deformação plástica acontece mais facilmente. A estrutura CFC possui 12 sistemas. A estrutura CCC possui 12 sistemas. A estrutura HC possui apenas 3 sistemas. Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos Resumo: Metais com estrutura CFC e CCC possuem um número maior de sistemas de escorregamentos, isto é, um maior número de combinações que facilita a sua deformação. Isso, em geral, lhes confere alta ductilidade. Exemplos de metais CFC: Al, Cu, Au, Ag, Pb etc. Exemplos de metais CCC: Fe, Mo, W, Na etc. Exemplos de metais HC: Zn, Ti, Mg, Cd etc. Estruturas Cristalinas dos Metais Sistemas de Escorregamentos Exercícios de Fixação: Responda as questões a seguir: a) Defina sistema de escorregamento. b) Todos os metais possuem os mesmos sistemas de escorregamento? Explique. c) Qual a influência dos sistemas de escorregamento sobre a deformabilidade dos metais? d) Sucintamente, explique porque os metais HC são mais frágeis do que os metais CCC e CFC. Materiais Cristalinos 1. Monocristais 2. Materiais Policristalinos A estrutura atômica é constituída por uma coleção de muitos cristais pequenos, ou grãos. A região que marca o encontro das extremidades de dois grãos é chamada de contorno de grão. Material com mais de uma orientação cristalina, ou seja, contém vários grãos. A estrutura atômica periódica e repetida é perfeita e se estende ao longo de toda totalidade da amostra, sem interrupções. Nos monocristais, todas as células unitárias se ligam umas às outras da mesma maneira e possuem a mesma orientação. Material com apenas uma orientação cristalina, ou seja, contém apenas um grão. Materiais Cristalinos Materiais Policristalinos Imagens de materiais inorgânicos monocristalinos. Monocristal de Quartzo – SiO2Monocristal de Granada – A3B2(SiO2)3 Materiais Cristalinos Materiais Policristalinos Imagens obtidas por microscopia óptica para materiais metálicos. Materiais Cristalinos Materiais Policristalinos Imagem obtida por microscopia óptica para um lingote de alumínio policristalino. Anisotropia É uma característica apresentada por alguns materiais cristalinos. Tal característica está relacionada à medida de certas propriedades físicas em função da direção cristalográfica considerada. A diferença nas propriedades em função da direção cristalográfica está relacionada ao espaçamento iônico que pode existir para as diferentes direções possíveis. De um modo geral, os monocristais são anisotrópicos. De um modo geral, os materiais policristalinos são isotrópicos. Sólidos Não-Cristalinos Ao contrário dos sólidos cristalinos, estes materiais são carentes de um arranjo atômico regular e periódico. São conhecidos como amorfos. Também são conhecidos como líquidos super-resfriados. O principal fator a induzir uma estrutura a se solidificar de forma amorfa é o resfriamento rápido, partindo de um estado fluido. Disposição dos Átomos nos Materiais Estrutura do Vidro / Sólido Amorfo Todos os metais se solidificam de forma cristalina. Alguns materiais cerâmicos se solidificam de forma cristalina; outros porém, são sólidos amorfos (vidros). Os polímeros podem se solidificar de forma completamente cristalina, de forma completamente não cristalina ou em uma mistura de ambos. Os Materiais e sua Capacidade de Cristalização Resumo:
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