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Teorias e Técnicas Terapia Analítica Resumo

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Psicologia Analítica – Terapia Analítica 
Psicologia Analítica foi o nome escolhido por Jung para abarcar todo o seu 
sistema teórico. É uma obra ampla e tem raízes profundas. 
Jung foi sujeito de suas próprias experiências no que se refere à investigação do 
inconsciente. Tudo o que ocorria com ele, incluindo os sonhos, fantasias, 
intuições, etc., que para a maioria das pessoas passaria despercebido, era para 
Jung uma fonte de pesquisa e análise. 
Homem extremamente intuitivo, sempre se interessou pelos fenômenos 
psíquicos. 
Foi médico e psiquiatra; nasceu na cidade de Keswill, na Suíça em 26/07/1875 e 
viveu até 06/06/1961. 
Conviveu com Bleuler, Adler, Freud e outros grandes nomes da psiquiatria. Fora 
da área médica, Jung manteve contatos e trocou idéias com grandes gênios 
como Einstein, Pauli e outros. 
Estudou profundamente os grandes filósofos como Schopenhauer, Nitzsche e 
Kant. 
Foi buscar lastro para suas ideias na Alquimia, na Mitologia, nos povos 
primitivos da Ásia, África e Índios Pueblos da América do Norte. Visitou, entre 
tantos lugares, a Índia em busca de respostas para suas dúvidas mais íntimas. 
Filho de religiosos, seu pai era pastor luterano, desde cedo teve contato com a 
idéia de um Deus e bem cedo começou o questionamento sobre a origem e a 
finalidade da vida humana, perguntas para as quais não obteve resposta 
através de seu pai, nem tão pouco nos livros religiosos e escritos da época. 
Jung aproximou-se da filosofia e religiões orientais, conheceu e estudou o I 
Ching e encontrou ressonância nos simbolismos destas culturas na 
compreensão do desenvolvimento humano. 
Introduziu uma nova maneira de praticar a psicologia clínica, uma nova visão de 
mundo e do homem. Salientava, sempre que tinha oportunidade, que o 
homem deveria ser visto por inteiro, ou seja, como um todo; pertencente a 
uma comunidade, num determinado momento, não poderia, portanto, ser 
visto, dissociado do seu contexto social, cultural e universal. 
Quando Jung manteve contato com a obra de Freud, ficou tão entusiasmado 
com o trabalho deste outro gênio que não tardou em conhecê-lo. 
A admiração foi mútua, Freud também gostou do jovem Suíço e logo fez dele 
um dos difusores de suas ideias. O “casamento”, porém, durou pouco. 
Jung mostrava-se inquieto com algumas posições de Freud a respeito, 
principalmente, da teoria da libido. 
Freud, por sua vez, não admitia ver a sua teoria por outro ângulo, não dava 
abertura para outras interpretações diferentes das dele. 
Jung não aceitava as insistências de Freud, de que as causas dos conflitos 
psíquicos envolveriam algum trauma sempre de natureza sexual. 
Freud, por outro lado, não admitia o interesse de Jung pelos fenômenos 
espirituais como fontes válidas de estudo em si. 
O rompimento entre os dois causou profundas mágoas para ambos os lados. 
O rompimento de Jung com Freud, entretanto, acaba por trazer ao mundo um 
grande benefício. 
Jung teve que alçar vôo sozinho em busca de respostas para si mesmo e, de 
certa forma, para provar que suas ideias eram válidas e as de Freud tinham 
valores parciais, mergulhou no mais profundo de sua alma, conectou-se com 
seu inconsciente e buscou lá inspiração e coragem parar mudar a face da 
psicologia. 
O ponto crucial do desentendimento entre os dois gênios foi ponto de partida 
para Jung. Enquanto a teoria de Freud busca as causas, a de Jung busca a 
direção, a finalidade. 
Enquanto para Freud a libido é somente sexual, para Jung a libido é toda a 
energia psíquica. 
Nise da Silveira, descreve libido da seguinte maneira: 
“Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, 
sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses diversos. Tudo isso 
está compreendido no conceito de libido. 
A ideia Junguiana de libido aproxima-se bastante da concepção de vontade, 
segundo Schopenhauer. 
Entretanto Jung não chegou a essa formulação através dos caminhos da 
reflexão filosófica. Foi a ela conduzido pela observação empírica, no seu 
trabalho de médico psiquiatra. 
O conceito de inconsciente também difere de Freud para Jung. Para Freud, o 
inconsciente é um depósito de rejeitos do consciente. Para Jung o 
inconsciente existe “a priori”. O ser humano nasce inconsciente e traz com ele 
muitos conteúdos herdados dos ancestrais. Assim, o inconsciente existe 
“antes”, é pré-existente ao consciente. 
Segundo Nise da Silveira, 
“Pode-se representar a psique como um vasto oceano (inconsciente) no qual 
emerge pequena ilha (consciente).” 
Para Jung, o inconsciente não é estático e rígido, formado pelos conteúdos que 
são reprimidos pelo ego. Ao contrário, o inconsciente é dinâmico, produz 
conteúdos, reagrupa os já existentes e trabalha numa relação compensatória e 
complementar com o consciente. 
No inconsciente encontram-se, em movimento, conteúdos pessoais, adquiridos 
durante a vida e mais as produções do próprio inconsciente. 
Jung classificou o inconsciente em Inconsciente Pessoal (ou Individual) e 
Inconsciente Coletivo. 
O Inconsciente Pessoal ou Individual é aquela camada mais superficial de 
conteúdos, cujo marco divisório com o consciente não é tão rígido. É uma 
camada de conteúdos que se acha contígua ao consciente. Estes conteúdos 
subjazem no inconsciente por não possuírem carga energética suficiente para 
emergir na consciência. Correspondem àqueles aspectos que em algum 
momento do desenvolvimento da personalidade não foram compatíveis com as 
tendências da consciência e foram, portanto reprimidas. 
Também estão, no inconsciente pessoal, percepções subliminares, ou seja, 
aquelas que foram captadas pelos nossos sentidos de forma subliminar, que 
nem nos demos conta de termos contato com o fato em si. Conteúdos da 
memória que não necessitam estar presentes constantemente na consciência 
estão presentes no inconsciente pessoal. 
Todos estes conteúdos formam no Inconsciente Pessoal um grande banco de 
dados que poderão surgir na consciência a qualquer momento. 
Outros importantes conteúdos estão no inconsciente pessoal; são os 
complexos. Os complexos são conteúdos de extrema importância para a vida 
psíquica e estaremos abordando-os no decorrer do trabalho. 
A grande descoberta de Jung foi o Inconsciente Coletivo. Segundo ele, o 
inconsciente coletivo é a camada mais profunda da psique e constitui-se dos 
materiais que foram herdados da humanidade. 
É nesta camada que existem os traços funcionais como se fosses imagens 
virtuais, comuns a todos os seres humanas e prontas para serem concretizadas 
através das experiências reais. É nessa camada do inconsciente que todos os 
humanos são iguais. A existência do inconsciente coletivo não depende de 
experiências individuais, como é o caso do inconsciente pessoal, porém, seu 
conteúdo precisa das experiências reais para expressar-se, já que são 
predisposições latentes. 
Jung chamou de arquétipos a estes traços funcionais do inconsciente coletivo. 
Salienta ele: 
“Existem tantos arquétipos quantas as situações típicas da vida. Uma repetição 
infinita gravou estas experiências em nossa constituição psíquica, não sob a 
forma de imagens saturadas de conteúdo, mas a princípio somente como 
formas sem conteúdo que representavam apenas a possibilidade de um certo 
tipo de percepção e de ação.” 
Os arquétipos não são observáveis em si, só podemos percebê-los através das 
imagens que ele proporciona. Tais imagens são “imagens primordiais”, uma 
vez que são peculiares à espécie, e se alguma vez foram “criadas”, a sua criação 
coincide no mínimo com o início da espécie. 
O típico específico já está contido no germe. A ideia de que ele não é herdado, 
mas criado de novo em cada ser humano, seria tão absurda quanto a 
concepção primitiva de que o Sol que nasce pela manhã é diferente daquele 
que se pôs na véspera.Jung salienta que o mérito da observação de que os arquétipos existem não 
pertence a ele e, sim, a PLATÃO, com seu pensamento “de que a ideia é 
preexistente e supra-ordenada aos fenômenos em geral.” 
Outros pensadores como ADOLF Bastian, evidenciam a ocorrência de certas 
“idéias primordiais...” e outros, mais tarde, como DÜRKHEIM, HUBERT e MAUSS 
“que falam de “categorias” próprias da fantasia” e ainda Hermam USENER que 
reconhece “a pré-formação inconsciente 
Jung constata que há a presença, em cada psique, de disposições vivas 
inconscientes, e, nem por isso menos ativas, de formas ou ideias em sentido 
platônico que instintivamente pré-formam e influenciam seu pensar, sentir e 
agir.” 
Alguns arquétipos foram amplamente enfatizados por Jung, pois permeiam o 
desenvolvimento da personalidade e invariavelmente estão bem próximo de 
nós, no nosso dia-a-dia e são mobilizados, pela psique, tão logo surja uma 
situação típica. Com o desenvolvimento da consciência, o ser humano, que é 
gregário por natureza, necessita desenvolver algumas características básicas 
para a adaptação social em contraste com seus instintos animalescos. 
É a Persona o arquétipo desta adaptação. O nome vem da antiga máscara 
usada no teatro grego, ou seja, persona é a máscara ou fachada aparente do 
indivíduo exibida de maneira a facilitar a comunicação com o seu mundo 
externo, com a sociedade onde vive e de acordo com os papéis dele exigidos. 
O objetivo principal é o de ser aceito pelo grupo social a que pertence. 
A persona é muito importante, na medida em que dependemos dela em nossos 
relacionamentos diários, no trabalho, na roda de amigos ou na convivência com 
nosso grupo. Como qualquer outro componente psíquico, a persona possui um 
lado benéfico e outro maléfico. 
Em seus aspectos benéficos, a persona auxilia a convivência em sociedade, 
extremamente importante em nossos atuais dias. Também transmite uma certa 
sensação de segurança, na medida em que cada um desempenha exatamente o 
papel dele esperado, da melhor forma possível. Assim, espera-se de um médico 
que se comporte como tal, que atenda o paciente e que o cure dos males que o 
atingem. De um bombeiro, que seja solícito e enfrente, sem grandes medos os 
incêndios e, assim por diante. 
No sentido nefasto da persona, há o perigo de o indivíduo identificar-se com o 
papel por ele desempenhado fazendo com que a pessoa se distancie de sua 
própria natureza. Um médico, por exemplo, não é médico o tempo todo. Em 
casa é o pai, o marido, o filho e assim outras máscaras ele estará utilizando. 
Aqueles que são possuídos por sua persona, tornam-se pessoas difíceis de 
conviver, são rígidos em sua persona e exigem dos demais que se comportem 
igual a ele. A persona serve também como proteção contra nossas 
características internas as quais achamos que nos desabonam e, portanto, 
queremos esconder. 
Sendo a persona a face externa da psique, a face interna, a formar o equilíbrio 
são os arquétipos da anima e animus. 
O arquétipo da anima, constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do 
animus constitui o lado masculino na psique da mulher. 
Ambos os sexos possuem aspectos do sexo oposto, não só biologicamente, 
através dos hormônios e genes, como também, psicologicamente através de 
sentimentos e atitudes. 
O homem traz consigo, como herança, a imagem de mulher. 
Não a imagem de uma ou de outra mulher especificamente, mas, sim, uma 
imagem arquetípica, ou seja, formada ao longo da existência humana e 
sedimentada através das experiências masculinas com o sexo oposto. 
Cada mulher, por sua vez, desenvolveu seu arquétipo de animus através das 
experiências com o homem durante toda a evolução da humanidade. 
A anima, quando em estado inconsciente pode fazer com que o homem, numa 
possessão extrema, tenha comportamento tipicamente feminino, como 
alterações repentinas de humor, falta de controle emocional. 
 
Em seu aspecto positivo a anima, quando reconhecida e integrada à 
consciência, servirá como guia e despertará, no homem o desejo de união e de 
vínculo com o feminino e com a vida. 
A valorização social do comportamento viril no homem, desde criança e o 
desencorajamento do comportamento mais agressivo nas mulheres, poderá 
provocar uma anima ou animus subdesenvolvidos e potencialmente carregados 
de energia, atuando no inconsciente. 
Um animus atuando totalmente inconsciente poderá se manifestar de maneira 
também negativa, provocando alterações no comportamento e sentimentos da 
mulher. 
Segundo Jung: “em sua primeira forma inconsciente o animus é uma instância 
que engendra opiniões espontâneas, não premeditadas; exerce influência 
dominante sobre a vida emocional da mulher”. 
O animus e a anima devidamente reconhecidos e integrados ao ego, 
contribuirão para a maturidade do psiquismo. 
O homem, quando se apaixona por uma mulher, está projetando a imagem da 
mulher que ele tem internalizada. É fato que a pessoa que recebe a projeção é 
portadora, como dizia Jung, de um “gancho” que a aceita perfeitamente. O ato 
de apaixonar-se e decepcionar-se, nada mais é do que projeção e retirada da 
projeção do objeto externo. Geralmente, o que se ouve é que a pessoa amada 
deixou de ser aquela por quem ele se apaixonou, quando na verdade ela nunca 
foi, só serviu como suporte da projeção de seus próprios conteúdos internos. 
Para o homem a mãe é o primeiro “gancho” a receber a projeção da anima, 
ainda quando menino, o que se dá inconscientemente. 
Depois, com o crescimento e sua saída do ninho, o filho vai, aos poucos, 
retirando esta projeção e lançando-a a outras mulheres que continua sendo um 
processo inconsciente. 
A qualidade, do relacionamento mãe-filho, será essencial e determinará a 
qualidade dos próximos relacionamentos, com outras mulheres. 
Jung define projeção da seguinte forma: 
“a projeção é um processo inconsciente automático, através do qual um 
conteúdo inconsciente para o sujeito é transferido para um objeto, fazendo com 
que este conteúdo pareça pertencer ao objeto”. 
A projeção cessa no momento em que se torna consciente, isto é, ao ser 
constatado que o conteúdo pertence ao sujeito”. 
Enquanto a anima ou animus, projeta-se no sexo oposto, determinando a 
qualidade das relações entre os sexos, a sombra influirá nas relações com 
pessoas do mesmo sexo. 
A sombra apresenta-se como o mais poderoso de todos os arquétipos, já que é 
a fonte de tudo o que existe de melhor e de pior no ser humano. 
Como todo e qualquer elemento psíquico, a sombra possui aspectos positivos e 
negativos para o desenvolvimento da personalidade. Se a persona é 
desenvolvida com o objetivo de facilitar a convivência do homem na sociedade 
onde vive, onde, então, se apresentarão aqueles conteúdos não compatíveis 
com esta adaptação? A sombra é o arquétipo receptáculo dos aspectos que 
foram suprimidos no desenvolvimento da persona e, mais que isto, ela 
contém conteúdos que nem chegaram a passar pelo crivo do consciente. 
Estes conteúdos podem, potencialmente, emergir a qualquer momento na 
consciência, se considerados do ponto de vista energético. 
Quanto mais unilateral se torna o consciente, tanto mais a persona é banhada 
de purpurina e mais acentuados são os elementos que compõem a sombra. 
Importante salientar, no entanto, que a sombra não é o lado oposto da 
consciência, mas representa o que falta a cada personalidade consciente. 
Um dos maiores trabalhos no processo de individuação, que consiste no 
desenvolvimento da personalidade total, é sem dúvida a integração da sombra 
na consciência. 
Uma vez reconhecida, a sombra, como parte de si mesmo, o ser humano irá 
fazê-lo constantemente, pois os conteúdos sombrios não se esgotam, porque 
sempre que houver processo de escolha, consciente, haverá também, o lado 
que ficou negligenciado ou não escolhido, aqueleque poderia ter sido vivido e 
não foi. 
Neste sentido, a sombra estará sempre ao lado do indivíduo e focaliza o 
resultado de suas escolhas. 
Normalmente, reconhecer a sombra implica em “arrumar encrenca” e colocar 
em questionamento toda a consciência de si: os hábitos, crenças, valores, 
afetividade, etc. 
Sendo o confronto com a sombra um dos primeiros aspectos do processo de 
individuação, é necessário um ego bem estruturado para reconhecer que tudo 
aquilo que projetamos nos outros, principalmente as coisas que menos 
gostamos, são nossas e de mais ninguém. 
 
A sombra não possui, porém, somente aspectos negativos e rejeitados. 
Possui também aspectos que impulsionam o ser humano para a criatividade e 
busca de soluções, quando os recursos conscientes se esgotaram. 
Por sorte, a sombra é insistente e não se sente acuada com a repressão 
exercida pela consciência. Sempre arranja um jeito de se manifestar, a 
inspiração é uma destas maneiras. Uma vida sem a presença da sombra torna-
se sem brilho e sem criatividade. 
Quando, para a nossa adaptação social, desenvolvemos a persona, somos 
obrigados a descartar vários aspectos que não condizem com a atitude da 
consciência naquele momento. Estes aspectos poderão ser úteis em outra 
época de nossas vidas, poderão voltar, uma vez que não serão mais prejudiciais 
à nossa adaptação e poderão mudar o rumo de nossa história. 
A sombra, quando trabalha em harmonia com o ego, deixa a vida mais 
colorida e rica. 
 
A grande busca de Jung consistia em conhecer a si mesmo e o significado da 
vida. Em suas pesquisas, percebeu que a psique trilha um único objetivo, que é 
o encontro com seu próprio centro, a unicidade, é o retorno do ego às suas 
origens. 
Deu então a esse objetivo da vida psíquica o nome de Individuação, que não é 
repentino, mas sim, se apresenta como um processo. 
A motivação para a individuação é inata, porém o processo, em si, só se dá no 
confronto do consciente com o inconsciente, o que resulta num 
amadurecimento dos componentes da personalidade e na união destes numa 
síntese, como também na realização de um indivíduo único e inteiro. 
O processo de individuação é o eixo da psicologia Junguiana. 
É através dele que a pessoa vai se conhecendo, retirando suas máscaras, 
retirando as projeções lançadas anteriormente no mundo externo e 
integrando-as a si mesmo. 
Não se trata de um processo fácil e simples, nem tampouco ocorre 
linearmente. É um processo doloroso, difícil e ocorre em um movimento 
circunvolutório direcionado a um novo centro psíquico, o Self. 
O Self é o centro de toda a personalidade. Dele emana todo o potencial 
energético de que a psique dispõe. É o ordenador dos processos psíquicos. 
Conforme Hall observa “O Self é o principal arquétipo do inconsciente 
coletivo, assim como o sol é o centro do sistema solar. 
O Self é o arquétipo da ordem, da organização e da unificação; atrai a si e 
harmoniza os demais arquétipos e suas atuações nos complexos e na 
consciência, une a personalidade, conferindo-lhe um senso de “unidade” e 
firmeza.” 
O objetivo de toda personalidade é chegar ao autoconhecimento que é 
conhecer o próprio Self. 
Jung conceituou o Self da seguinte forma: “O Self representa o objetivo do 
homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, 
com ou contra sua vontade. 
Jung buscou na Alquimia o respaldo para, de certo modo, validar sua teoria da 
individuação. Percebeu que o aspecto simbólico da alquimia representa o 
processo de individuação, onde o alquimista busca, através de etapas, 
encontrar o ouro. 
Não se trata, entretanto, do ouro enquanto metal precioso, porém de sua 
simbologia enquanto preciosidade, numinosidade. 
Jung reconhece que a individuação, embora seja um impulso inato, só é 
possível quando da participação do ego, formando o eixo ego-Self, um depende 
do outro. O ego é a maneira que a consciência tem de tomar conhecimento do 
Self e sem este conhecimento não haverá integração de conteúdos 
inconscientes, nem tão pouco individuação como uma “expansão da 
consciência”. 
Enquanto Jung trabalhava no hospital de Burgholzli, em 1900, organizou um 
laboratório experimental de psicopatologia com o objetivo de investigar 
reações psíquicas, através de um teste desenvolvido por ele; “Teste de 
Associação de Palavras”. Os resultados deste teste levaram Jung a formular, 
mais tarde, a teoria dos complexos. Para Jung os complexos são os caminhos 
que nos permitem chegar ao inconsciente. “A via regia que nos leva ao 
inconsciente, entretanto, não são os sonhos, como ele [Freud] pensava, mas os 
complexos, responsáveis pelos sonhos e sintomas”. Portadores de uma carga 
energética substancial, os complexos têm como núcleo o arquétipo e, em torno 
deste núcleo vão se concentrando ideias ou pensamentos cheios de 
afetividade. 
Estruturam-se como entidades autônomas quando uma parte da psique for 
cindida por causa de um trauma, um choque emocional ou um conflito moral. 
Quando totalmente inconscientes atuam livremente e podem tomar o ego. 
Geralmente, aquelas situações em que ocorrem alterações da consciência e 
também comportamentais, sem motivo aparente, são manifestações da 
possessão do complexo sobre o ego. 
Jung salienta que pode se dizer dos complexos em termos científicos, o 
seguinte: 
 “...o complexo emocionalmente carregado é a imagem de uma determinada 
situação psíquica com uma carga emocional intensa que se mostra, assim, 
incompatível com a habitual disposição ou atitude da consciência. Essa imagem 
é dotada de certa coesão interna, possui sua própria totalidade e dispõe, ainda, 
de um grau relativamente alto de autonomia. Isto é, está muito pouco sujeita às 
disposições da consciência e, por isso, comporta-se na esfera da consciência 
como um corpus alienum (corpo alheio) cheio de vida...” 
 
Os complexos não são em si negativos, seus efeitos, no entanto, poderão ser. 
Porém como são nós de energia que possibilitam a movimentação da psique 
acabam por se tornarem grandes aliados que impulsionam o ser humano para o 
desenvolvimento psíquico. Podemos superar um complexo vivendo-o 
intensamente e compreendendo o papel que exercem nos padrões de 
comportamento e nas reações emocionais. 
Não existe um número fechado de complexos sobre os quais poderíamos 
discorrer, porém existem aqueles que, pela sua constelação mais frequente, 
são mais fáceis de serem analisados, como o complexo materno, o complexo 
paterno, o complexo de poder, o complexo de inferioridade, o de 
superioridade, etc. 
Para Jung, o Ego é um complexo; o “complexo do ego”. Diz ele, sobre o Ego: 
“É um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral de 
nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registros de nossa memória. Esses 
dois fatores são os principais componentes do ego, que nos possibilitam 
considerá-lo como um complexo de fatos psíquicos”. 
As tensões oriundas dos conflitos entre as instâncias da psique são inevitáveis e 
imprescindíveis, pois, são elas que constituem a própria essência da vida. 
Os conflitos existem porque existem oposições em qualquer parte da 
personalidade e o ego deve atender às exigências externas da sociedade e as 
exigências internas do inconsciente coletivo. 
Jung achava que sempre era possível haver uma união dos contrários e com 
isso surgir um terceiro elemento da síntese dos dois numa função que ele 
chamou de função transcendente. 
Segundo Hall, “Essa função é dotada da capacidade de unir todas as tendências 
contrárias da personalidade e de trabalhar para que se atinja a meta da 
totalidade”. 
Para Jung, o desenvolvimento humano se dá através do conhecimento de si 
mesmo, de sua Persona e sua Sombra, de suas habilidades e potencialidades, 
buscando o processo de individuação e expressão de sua totalidade. 
Individuação é arealização de algo único, próprio e exclusivo de cada indivíduo, 
que irá salientar a sua autonomia e responsabilidade no mundo com seu jeito 
particular de sentir, expressar e lidar com as diferentes influências ambientais, 
biológicas e psíquicas. 
Jung acreditava que a única coisa capaz de dar significado à vida é o 
desenvolvimento do potencial inerente ao espírito humano. 
Que métodos são utilizados na terapia analítica de Jung? E quais são seus 
objetivos? 
Jung, em seu livro “A Prática da Psicoterapia”, define a psicoterapia da seguinte 
forma: 
“[...] trata-se de um tipo de procedimento dialético, isto é, de um diálogo ou 
discussão entre duas pessoas.[...] A pessoa é um sistema psíquico, que, 
atuando, sobre outra pessoa, entra em interação com outro sistema 
psíquico.[...] a interação psíquica nada mais é do que a relação de troca entre 
dois sistemas psíquicos.” 
A análise junguiana propõe a análise dos sonhos, a imaginação ativa e técnicas 
expressivas. Não como técnicas vazias, sendo utilizadas somente pelo analista 
e, sim, favorecendo a relação analítica e necessitando da participação do 
paciente. Inclusive lida-se com algo já produzido pelo paciente: seu sonho, sua 
fantasia e suas imagens. 
O grande objetivo analítico é conduzir o paciente à sua individuação, a ser 
aquilo que se é, através da relação que se estabelece entre analista e paciente 
e entre o paciente e sua psique.

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