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2018.1 Sugestão de Gabarito Caso Concreto 3 e 4

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Curso de Direito-Disciplina HDB 2018.1
Sugestão de Gabarito
Caso Concreto do Plano de aula 3:
Frequentemente o apoio à pena de morte é destaque na mídia brasileira. Recentemente, mais especificamente o mês de janeiro de 2018, pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha apontou que 57% da população brasileira são favoráveis à pena de morte. Na verdade tal número representou um aumento de 10 pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada no ano de 2008, quando a quantidade de pessoas que apoiavam este tipo de punição era de 47%. Ao menos em relação ao tema pena de morte, parece que a visão da população brasileira parece estar indo de encontro com as ideias preconizadas por Cesare Beccaria, um grande iluminista italiano, contemporâneo de Tiradentes. 
Agora que você leu o texto acima, faça uma pesquisa e responda as seguintes perguntas: 
Com base em que legislação Tiradentes foi, no Século XVIII, condenado à pena de morte? 
A famosa execução de Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier), único acusado de participação na Inconfidência Mineira do final do século XVIII a ser condenado à pena de morte, sem o indulto da Coroa Portuguesa, se deu sob a égide das Ordenações Filipinas, Livro V.
A condenação e a pena aplicadas a Tiradentes foram influenciadas pelas ideias de Cesare Beccaria? Justifique. 
Não. Cesare Beccaria, jurista italiano do século XVIII, marcado por ideais iluministas, cuja principal obra Dos Delitos e das Penas escrita em 1763 e publicada em 1764 é considerada como crítica direta aos sistemas penais de sua época e demonstraram sua repulsa à forma como se aplicavam as penas, sobretudo desumanas e desproporcionais em relação aos crimes praticados e que, muitas vezes, eram fruto da arbitrariedade de juízes extremamente parciais em seus julgamentos; preconizando, portanto, a abolição tanto da pena de morte como da tortura por considerá-las inúteis, ineficazes e com dito, desumanas.
Nos dias de hoje, é possível haver condenação a pena de morte no Brasil? Justifique.
O artigo 5º da CF/1988, em seu inciso XLVII prevê a impossibilidade da aplicação da pena de morte (a não ser nas condições previstas pelo artigo 84, inciso XIX, ou seja, no caso de guerra declarada, portanto, prevê essa punição em caso de crimes cometidos somente em tempos de guerra; ressaltando que tais crimes estão, por conseguinte, descritos no Código Penal Militar de 1969) e também de penas cruéis. Além disso, o inciso XLIX, do mesmo artigo 5º, garante a integridade física e moral dos presos. Por fim, pela afirmação do PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA presente no inciso III, do artigo 1º da CF/1988, torna-se impossível a aplicação do tipo de pena imposta a Tiradentes no final do século XVIII. 
Caso Concreto do Plano de Aula 4:
Sabe-se que a Constituição Imperial foi a única da história do Brasil que adotou a "divisão" do poder por quatro Poderes. Porém, em mensagem transmitida na abertura do ano judiciário de 2018, a ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, afirmou que o Poder Judiciário precisa ser um poder suficientemente forte para enfrentar constantemente as pressões de toda ordem, além de poder fazer face a uma das suas principais características, que é a de um poder moderador, isto é, capaz de efetivar o seu controle externo sobre os atos dos demais poderes públicos, quando for necessário. 
Pergunta-se: 
a) O que caracterizou o chamado Poder Moderador no âmbito do Primeiro Império? 
Através da inserção de um 4º Poder na Organização Política do Império denominado Poder Moderador, sendo seu exercício privativo do Imperador do Brasil, por conseguinte, tornou-se um Poder Absolutista disfarçado na norma constitucional que versa sobre sua competência. Porém, apresentava-se de acordo com o art. 98 como a chave de toda a organização política do Império, cabendo a ele, Poder Moderador, velar sobre a manutenção da independência, do equilíbrio e da harmonia dos demais Poderes Políticos (Poder Executivo, Poder Legislativo e o Poder Judicial).
As atribuições do Poder Moderador estavam relacionadas aos demais Poderes da seguinte forma:
Art. 101, CI/1824
Nomeando os senadores, na forma do art. 43
Convocando a Assembleia Geral extraordinariamente nos intervalos das sessões, quando assim o pede o bem do Império
Sancionando os Decretos e Resoluções da Assembleia Geral para que tenham força de lei, art. 62
Aprovando e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciais, art. 86 e 87
Prorrogando ou adiando a Assembleia Geral e dissolvendo a Câmara dos Deputados, nos casos em que exigir a salvação do Estado, convocando imediatamente outra, que a substitua
Nomeando e demitindo livremente os Ministros de Estado
Suspendendo os magistrados, nos casos do art. 154
Perdoando e moderando as penas impostas aos réus condenados por sentença
Concedendo anistia em caso urgente e que assim aconselhem a humanidade e bem do Estado
Nesta relação quanto à competência constitucional atribuída ao Poder Moderador, é possível notar a ampla atuação do Imperador sobre os demais poderes: as cinco primeiras atribuições estavam ligadas à supremacia sobre o Poder Legislativo, tanto pela interferência direta nas leis e resoluções quanto na composição da Casa legislativa vitalícia do Senado bem como na dissolução da Câmara dos Deputados. Era também livre para nomear e demitir Ministros, que eram os agentes do Poder Executivo. Finalmente, as demais atribuições descritas definiam a sua interferência nos atos relativos ao Poder Judiciário. Suspendendo os magistrados, perdoando e moderando as penas impostas aos réus condenados por sentença ou concedendo anistia em caso urgente e que assim aconselhem a humanidade e bem do Estado.
Sendo assim, na verdade, o Poder Moderador entende-se quanto ao seu exercício ser privativo do Imperador e face às competências constitucionais atribuídas na Carta Política outorgada de 1824 como “um poder absolutista disfarçado”!
b) Relacione a fala da Ministra com a crítica de que a atuação do Poder Judiciário como um poder moderador acaba desaguando em uma “judicialização da política”.
Embora a Ministra tenha se expressado na direção de conceder ao Poder Moderador o sentido que o estadista franco suíço Benjamin Constant quis a ele oferecer, ou seja, a ideia de um “poder neutro”, hoje muito se discute que, ao arrogar para si a condição de poder moderador, não estaria o Judiciário descompensando o procurado equilíbrio entre os poderes e invadindo as esferas de competência dos demais poderes, principalmente do Poder Legislativo. Isto porque o Poder Legislativo é considerado o poder político por excelência. Não à toa, muitos considerarem estar havendo um desvirtuamento das relações institucionais, e a este fenômeno específico denominarem por “judicialização da política”.

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