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A importância do pensamento iluminista e da ideologia liberal para o surgimento dos projetos de psicologia científica no século XIX.

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3. O Iluminismo do século XVIII constituiu-se, ao mesmo tempo, como uma crítica aos limites da razão pura e como uma renovação da aposta na liberdade e na subjetividade racional. Explique a importância do pensamento iluminista e da ideologia liberal para o surgimento dos projetos de psicologia científica no século XIX.
O Iluminismo do no séc. XVIII foi representado pelo filósofo empirista Hume que criticava o “eu” substancial de Descartes. Para ele, o “eu” se constrói a partir das experiencias, é como uma tábua em branco. Com isso, o conhecimento entendido como domínio dos objetos deixa de ser sustentado. Emanuel Kant, também filósofo iluminista, a partir da crítica de Hume, constrói uma nova concepção de razão que está prevista em duas vertentes:
Crítica da Razão Pura: afirma que o homem só tem acesso às coisas tais como se apresentam para ele, o que ele chama de “fenômeno”. A razão sozinha não pode conhecer a realidade. Só podemos conhecer o que as coisas parecem ser, e não as coisas em si. Tudo isso pode ser considerado uma restrição das possibilidades de conhecimento.
Crítica Moral da Felicidade: a moralidade do homem não pode está ligada unicamente a ideia de felicidade, devido a felicidade está ligada a relações que o homem estabelece com o prazer. O homem deveria se basear naquilo que é racionalmente melhor para todos. 
Para Kant, a liberdade não é fazer aquilo que o homem tem vontade, mas sim, a capacidade de não realizar aquilo que o homem deseja. Isso seria a capacidade de exercer o controle racional sobre o corpo, sobre os impulsos, sobre os desejos, sobre as paixões.
Baseado em Kant, as principais ideias da ideologia liberal iluminista manifestaram-se na Revolução Francesa, o qual falava que os homens são iguais em capacidade e devem ser iguais em direitos e que todos devem ser solidários uns com os outros, sem renunciar a essa liberdade. 
Para Kant, se o homem se guiasse pela razão todos chegaram a uma lei comum livremente assumida por cada um dos indivíduos. Assim, segundo a Ideologia Liberal, todos são iguais, mas têm interesses próprios. Nem todos os homens vão agir de acordo com aquilo que é racionalmente melhor. Com isso, a sociedade precisa construir um sistema para essa população considerada “rebelde”, um sistema de domesticação dos indivíduos, sistema que coloca em risco tanto as ideias liberais quanto as românticas. Esse sistema que envolve a elaboração e aplicação de técnicas “científicas” de controle social e individual será chamado Regime Disciplinar. Embora regime disciplinar reduzam em muito efetivamente o campo de exercício das subjetividades privatizadas, impondo padrões e controles muito fortes às condutas, à imaginação, aos sentimentos, aos desejos e às emoções individuais, faz parte de seu modo de funcionamento dissimular-se, esconder-se, deixando-nos crer que somos cada vez mais livres, profundos e singulares. Assim, a psicologia surge com o intuito de dar legitimidade científica para o sistema de domesticação das individualidades e também como uma tentativa de explicar porque que alguns indivíduos não se deixam domesticar e agem impulsivamente.
4. De acordo com Figueiredo & De Santi (2008), “nas práticas científicas modernas, a posição do sujeito que produz conhecimento é bastante contraditória”. Explique o isso significa?
A ciência moderna está baseada na suposição de que tudo está à disposição do homem e isto está associado a experiencia subjetiva individualizada, porém, os procedimentos científicos exigem que os cientistas sejam capazes de "objetividade", para que se tenha um conhecimento "verdadeiro" deixando, assim, de lado sentimentos e desejos. 
Para obedecer a natureza, a metodologia busca esforços para reconhecerem a força e a profundidade dos fatores subjetivos. Além disso, ao realizar uma pesquisa, o objetivo nem sempre está de acordo com o resultado encontrado.
A própria liberdade dos sujeitos e suas buscam sempre ser objetivas, é isso nos mostra que sempre há fatores subjetivos e individuais permanentemente em ação. Diante uma experiência subjetiva individualizada, privada, acessível apenas a quem a vive, a ciência para progredir seria necessário conhecer e controlar essa subjetividade e essas diferenças individuai. Deste modo, o homem, o sujeito individual, deixa de ser apenas um possível pesquisador para vir a se tornar um possível objeto da ciência. 
Se por um lado a ciência moderna pressupõe sujeitos livres e diferenciados, por outro, procura conhecer e dominar essa própria subjetividade, reduzir ou mesmo eliminar as diferenças individuais, de forma a garantir a "objetividade", ou seja, a validade intersubjetiva dos achados.

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