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Transtornos de Ansiedade 
Marcel Aureo Farias Moreira 
Referências: 1- Transtornos de ansiedade (Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22 s.2 São Paulo Dec. 2000); 2- Manual de Clinica Medica – USP: 
CAP. 58 – Transtornos de Ansiedade; 3- Medcurso 2015. 
Síndrome: é definida como um conjunto de sintomas que ocorrem em conjunto ou um conjunto bem 
determinado de sintomas que não caracterizam uma só doença, mas podem traduzir uma modalidade 
patogênica. 
 
Transtorno: este não é um termo exato, porém é utilizado para indicar a existência de um conjunto de 
sintomas ou comportamentos cujo início ocorre invariavelmente no decorrer da infância, com um 
comprometimento ou atraso no desenvolvimento de funções relacionadas à maturação biológica do 
sistema nervoso central, não envolvendo remições e recaídas. 
Origina-se de anormalidades no processo cognitivo que derivam de algum tipo de disfunção biológica. O 
termo transtorno revela desarranjo ou desordem neurológica e é usado para evitar termos como doença, 
caracterizando-se por um conjunto de sintomas sem compromisso com doença, envolvendo sofrimento 
psíquico e prejuízo do desempenho pessoal. 
Ansiedade: Definida como uma sensação de medo pelo que está por vir, um sofrimento por antecipação, 
um receio de não conseguir lidar com uma situação no futuro. 
Em crianças, o desenvolvimento emocional influi sobre as causas e a maneira como se manifestam os 
medos e as preocupações tanto normais quanto patológicos. Diferentemente dos adultos, crianças 
podem não reconhecer seus medos como exagerados ou irracionais, especialmente as menores. 
A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, 
desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como norma 
naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário 
do indivíduo. Tais reações exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em 
indivíduos com uma predisposição neurobiológica herdada. A maneira prática de se diferenciar ansiedade 
normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, 
autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não. Os transtornos ansiosos são quadros clínicos 
em que esses sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas 
(depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.). Sintomas ansiosos 
(e não os transtornos propriamente) são frequentes em outros transtornos psiquiátricos. É uma 
ansiedade que se explica pelos sintomas do transtorno primário (exemplos: a ansiedade do início do surto 
esquizofrênico; o medo da separação dos pais numa criança com depressão maior) e não constitui um 
conjunto de sintomas que determina um transtorno ansioso típico. Mas podem ocorrer casos em que 
vários transtornos estão presentes ao mesmo tempo e não se consegue identificar o que é primário e o 
que não é, sendo mais correto referir que esse paciente apresenta mais de um diagnóstico coexistente 
(comorbidade). Estima-se que cerca de metade das crianças com transtornos ansiosos tenham também 
outro transtorno ansioso. 
Epidemiologia 
 É o transtorno mais comum em emergências 
 São mais comuns em mulheres 
 Os transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em 
adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% 
respectivamente. 
 Nas crianças e adolescentes, os transtornos ansiosos mais frequentes são o transtorno de 
ansiedade de separação, com prevalência em torno de 4% TAG (2,7% a 4,6%) e as fobias 
específicas (2,4% a 3,3%). A prevalência de fobia social fica em torno de 1%10 e a do transtorno 
de pânico (TP) 0,6%.12 
 A distribuição entre os sexos é de modo geral equivalente, exceto fobias específicas, transtorno 
de estresse pós-traumático e transtorno de pânico com predominância do sexo feminino. 
Fisiopatologia 
 Oscilação de Neurotransmissores (Serotonina, Noradrenalina e GABA) 
Transtorno do Pânico 
O ataque de pânico caracteriza-se por uma crise de medo e desespero intensos, acompanhados por 
certos sintomas adrenérgicos, que surge inesperadamente e atinge um pico em até 10 minutos do início 
da crise. É um ataque de ansiedade inesperado. Com isso, gera uma reação adrenérgica de luta ou fuga. 
Não há um fator desencadeante específico. São ataques súbitos, recorrentes e inesperados, recorrentes 
seguidos por período de preocupação persistente sobre a possibilidade de vir a ter outros ataques ou 
suas consequências. Geralmente, são ataques curtam, que duram de 20 a 30 minutos. O paciente que 
sofre de transtorno pânico apresenta, além da sensação de medo, sintomas adrenérgicos (Palpitação, 
Sudorese, Pele Fria, Tremor, Fraqueza). Pode apresentar, também, dispneia ou engasgamento, dor ou 
desconforto torácico, náuseas, tonturas, diaforese, parestesias, despersonalização. Ademais, ele possui 
um medo de perder o controle da situação e morrer. Pode ser que tenha apenas um único ataque, assim 
é importante a orientação desde o início. Em pacientes mais jovens com várias consultas médicas e 
avaliações negativas para sintomas inespecíficos, os ataques de pânico estão no topo da lista de 
diagnósticos. Normalmente, o paciente possui uma sensação de desmaio iminente; medo de perder o 
controle ou morrer, preocupação persistente sobre ataques futuros. Há a alteração comportamental em 
função de ansiedade por estar em lugares onde os ataques podem ocorrer (agorafobia). A comorbidade 
entre transtorno do pânico e agorafobia é comum, com prevalência ao longo da vida naqueles com 
transtorno do pânico de 22-58%. Ataques de pânico também ocorrem em outros transtornos ansiosos e 
geralmente durante a exposição ao evento temido, não sendo, portanto, exclusivos do transtorno do 
pânico. É frequente, também, a comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, em especial 
transtornos do humor e abuso e dependência de álcool. 
Diagnóstico: 
É caracterizado por: Um episódio distinto de medo ou desconforto intenso, começa abruptamente, 
alcança um pico em poucos minutos e dura pelo menos alguns minutos. 
Pelo menos 4 dos sintomas a seguir devem estar presentes, e um dos quais deve estar entre os sintomas 
de excitação autonómica 
1) sintomas de excitação autonômica: 
 a. palpitações, batimentos cardíacos fortes ou aumento da frequência cardíaca; 
 b. sudorese; 
c. tremor ou estremecimento; 
d. boca seca (não decorrente de medicação ou desidratação); 
2) sintomas envolvendo tórax e abdome: 
a. dificuldade de respirar; 
b. sensação de sufocamento; 
c. dor ou desconforto torácico; 
d. náusea ou desconforto abdominal (p. ex., estômago revirando); 
3) sintomas envolvendo o estado mental: 
a. sensação de atordoamento, desequilíbrio, desfalecimento ou estonteamento; 
b. sensação de que os objetos são irreais (desrealização) ou que o eu está distante ou não realmente aqui 
(despersonalização); 
c. medo de perder o controle, ficar louco ou desmaiar; 
d. medo de morrer; 
4) sintomas gerais: 
a. ondas de calor ou calafrios; 
b. sensações de entorpecimento ou formigamento 
Os ataques de pânico não são decorrentes de um transtorno físico, transtorno mental orgânico ou outros 
transtornos mentais como psicoses, transtornos do humor ou transtornos somatoformes. 
Epidemiologia 
Nos EUA, encontra uma prevalência de 2,7-4,7%. Já dados brasileiros apresentam prevalência de 1,1% de 
TP e 1,6% de Agorafobia no ano anterior aos estudos. Relacionado ao gênero, mulheres apresentam uma 
prevalência maior - Mulheres 3:1 Homens (Pacientes com agorafobia) e Mulheres 2:1 Homens (Pacientes 
sem agorafobia).E o início da apresentação clínica do transtorno ocorre geralmente durante a 3' década 
de vida. 
Diagnósticos Diferencial 
- Endocrinopatias (Hipertireoidismo) 
- Taquicardia SV, Prolapso VM 
- Exacerbação de asma ou DPOC 
- Feocromocitoma 
- Uso ou abstinência de medicamentos ou substâncias 
- Outros transtornos de ansiedade (TAG, TH) 
 
- Tratamento: Antidepressivos (ISRS (mais usados), Tricíclicos e IMAO - inibidores da monoamina oxidase, 
que inibem a monoamina oxidade, que degrada as monoaminas)) + Benzodiazepínico (Cuidado com 
dependência) + Psicoterapia (Lidar com o dia a dia), Terapia cognitivo-comportamental 
 
Agorafobia 
É definida com medo de um certo ambiente ou transporte público e de sair de casa. Quer voltar ao 
núcleo familiar (ou até seu ambiente pessoal, por exemplo, o quarto). O paciente pode desenvolver crises 
de pânicos. Há um medo marcante e consistentemente manifestado ou evitação de pelo menos 2 das 
seguintes situações: multidões, lugares públicos, viajar sozinho, viajar para longe de casa. O medo ou as 
evitações não são resultado de sintomas psicóticos, transtornos do humor ou transtorno obsessivo-
compulsivo e não são secundários a crenças culturais. Pelo menos 2 dos sintomas de ansiedade na 
situação temida devem estar presentes juntos em pelo menos 1 ocasião desde o início do distúrbio e 
deve haver 1 dos sintomas entre os sintomas de excitação autonômica: 
- Mesmos sintomas do Transtorno do Pânico. 
O diagnóstico é eminentemente clinico. Deve-se realizar o exame físico completo e solicitar exames 
complementares com o objetivo de descartar causas clínicas. A investigação inicial deve incluir a 
solicitação de ECG de repouso, hemograma completo e função tireoidiana. 
Tratamento 
1ª linha: Antidepressivos (ISRS, IRSN e tricíclicos) + Psicoterapia + Terapia Cognitivo-Comportamental. 
Já pacientes com ansiedade grave, se prescreve um ansiolítico (Benzodiazepínico) 
São fatores de mau prognóstico: ataques de pânico mais graves, agorafobia mais grave, duração mais 
prolongada da doença, comorbidade com depressão maior, história de separação de um dos pais (morte 
ou divórcio), classe social inferior, tipo de personalidade ansiosa, resposta ruim ao tratamento inicial e 
estado civil solteiro. 
 
Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG 
É uma preocupação difícil de controlar, excessiva e persistente sobre várias coisas. Dentre os transtornos 
ansiosos, é o mais comum. Considera-se TAG, quando a preocupação excessiva dura mais de 6 meses, é 
crônica e flutuante. A preocupação não é restrita a uma situação. Fica sonhando com uma situação de 
medo. (Alguém se atrasa, o paciente acha que alguém morreu). O paciente transforma uma situação 
simples numa ‘’tempestade’’. Apresenta um curso crônico, com poucos períodos de remissão 
espontânea. Estão estão sempre muito preocupadas com o julgamento de terceiros em relação a seu 
desempenho em diferentes áreas e necessitam exageradamente que lhes renovem a confiança, que as 
tranquilizem. Tendem a ser autoritárias quando se trata de fazer com que os demais atuem em função de 
tranquilizá-las. O foco de ansiedade tende a mudar de uma preocupação para outra. A presença de 
comorbidades é muito frequente, particularmente elevadas quanto a transtorno do pânico, abuso de 
substâncias, distimia e depressão maior. O risco para apresentar comorbidades clinicas também é 
aumentado, como dor crônica, enxaqueca, úlceras digestivas e asma. 
Transtorno de ansiedade de separação: Medo principalmente em crianças e adolescente das separações 
dos pais. Medo que algo aconteça em si ou com seus cuidadores. Recusa ir à escola (gosta de frequentar, 
mas tem medo da sua ausência em casa). Sintomas como dores abdominais, cefaleia, náuseas, vômitos, 
desmaio, palpitações podem aparecer durante a ausência. O tratamento é feito pelo retorno escolar – 
caso haja evasão, além de terapias, visando aumentar a autonomia da criança. 
Clínica: Inquietação, fatigabilidade, dificuldade para concentrar, irritabilidade, tensão muscular, alteração 
do sono. 
Epidemiologia: O transtorno de ansiedade generalizada {TAG) é o transtorno ansioso mais frequente. 
Estudos internacionais revelam prevalência em 1 ano de 3% e ao longo de toda vida, de 5,7 -8%. Estudos 
nacionais apresentam prevalência de 2,3% em 1 ano. A razão do sexo feminino para o masculino é cerca 
de 2: 1. Seu início ocorre em fases precoces da vida, como infância e adolescência, e a população mais 
afetada é composta por adultos na meia-idade. 
O diagnóstico é eminentemente clínico. Devem ser considerados exames complementares direcionados 
nos casos em que se suspeita de diagnóstico diferencial com outras condições médicas gerais (p. ex., 
hipertireoidismo). 
Diagnóstico Diferencial: Endocrinopatias (hipertireoidismo), Feocromocitoma, Uso de medicamentos ou 
substâncias (cafeína, nicotina, anfetamina, pseudoefedrina), Abstinência de medicamentos ou 
substâncias, como álcool, benzodiazepínicos, Transtorno depressivo maior, Outros transtornos de 
ansiedade, Transtorno do sintoma somático, Transtornos de personalidade (evitação, dependente, 
obsessivo-compulsivo). 
São fatores de mau prognóstico: início nas 2 primeiras décadas de vida, sofrer de ansiedade grave que 
não seja precipitada por eventos estressores específicos, ambientes familiares desestruturados, maior 
desajuste social e comorbidades psiquiátricas. 
Diagnóstico 
Deve haver um período de pelo menos 6 meses com tensão proeminente, preocupação e sentimentos de 
apreensão sobre eventos e problemas cotidianos. Pelo menos 4 dos sintomas listados a seguir devem 
estar presentes, sendo que pelo menos 1 deles deve estar entre os sintomas de excitação autonómica: 
- Mesmos sintomas do TP (sintomas de excitação autonômica, sintomas envolvendo tórax e abdome, 
sintomas envolvendo o estado mental) + Sintomas de Tensão (tensão ou dores musculares, inquietação 
ou incapacidade de relaxar, sensação de estar nervoso, no limite» ou mentalmente tenso, sensação de 
um nó na garganta ou dificuldade de engolir. + Outros sintomas não específicos (resposta exagerada a 
surpresas menores ou sobressaltado, dificuldade de concentração ou com "brancos~' na mente por causa 
de preocupação ou ansiedade, irritabilidade persistente, dificuldade para adormecer por causa de 
preocupação. 
O transtorno não satisfaz os critérios para transtorno do pânico, transtornos fóbicos-ansiosos, transtorno 
obsessivo-compulsivo ou transtorno hipocondríaco, nem é decorrente de um transtorno físico ou 
relacionado a substância psicoativa. 
 
- Tratamento: Antidepressivos + Benzodiazepínico (por curto período) + Psicoterapia (principalmente a 
TCC. Cognitiva: Identificar o comportamento ansioso. Comportamental: Mudar o comportamento 
ansioso), Técnicas de relaxamento (biofeedback e mindfulness) 
Atenção: Em pacientes com ansiedade e depressão, tratar primeiramente a ansiedade pode exacerbar a 
depressão, por isso é indicado tratar primeiro o episódio depressivo. 
Farmacológico: 1ª linha (ISRS, IRSN, Pregabalina, Venlafaxina), 2ª linha (BZD, bupropiona e imipramina), 3ª 
linha (Mirtazapina, trazodona, antipsicóticos atípicos) 
- Após a remissão dos sintomas, o tratamento medicamentoso deverá ser mantido na dose de remissão 
por 6· 12 meses. Algumas evidências, entretanto, sugerem que deve ser mantido por prazo mais longo, 
em especial no caso de pacientes de longa evolução de sintomas. 
 
 
 
Estresse Pós-Traumático 
São ocasionados por eventos traumáticos relacionados ao indivíduo, ao ambiente que ele vive ou ao 
ambiente que ele ouviu que ocorreu algo. O paciente vive com medo. Ele possui crises de pânico, 
sintomas depressivos. Fica com pensamentos intrusivos, pesadelos,flashbacks. Por exemplo, se ocorrer 
um assalto, o indivíduo ficará revivendo a situação com medo, crise de pânico e sintoma depressivo, 
mesmo em sono ou em situação de vigília. Paciente tem sofrimento mental ou sinais ou sintomas 
fisiológicos (p. ex., taquicardia, diaforese) quando há exposição a estímulos que lembram o trauma. Ele 
começa a ter evitação de pensamentos, sentimentos ou situações associadas ao trauma. Há isolamento, 
desinteresse pelos outros, torpor emocional. Comumente acompanhado de abuso de substâncias e 
depressão. Pode haver distúrbio do sono, irritabilidade, hipervigilância, resposta de alarme, concentração 
ruim. Pelos critérios diagnósticos do DSM-IV, tais sintomas devem durar mais de um mês e levar a 
comprometimento das atividades do paciente. O paciente evita falar sobre o que aconteceu, pois isso lhe 
é muito doloroso, e essa atitude parece perpetuar os sintomas como em geral acontece com todos os 
transtornos ansiosos. 
Diagnóstico Diferencial: Transtornos de ansiedade , Transtorno depressivo maior, Transtorno de 
ajustamento, Transtornos psicóticos, Uso ou abstinência de substâncias, Transtornos dissociativo, 
Síndrome neurológica secundária a trauma craniano 
Tratamento: Antidepressivos (ISRS, ADT, Fenelzina – IMAO) + Benzodiazepínicos (curto prazo) + 
Psicoterapia individual e de grupo, Terapia cognitivo-comportamental. 
*O uso de prazosina pode estar associado a menos pesadelos e a menor perturbação do sono 
Transtorno de Fobias. 
São divididas em social - Medo de se expor em público (comer, falar); medo de humilhação ou 
constrangimento em uma perfomance ou situação social (p. ex., falar ou comer em público) e específica 
(Medo de situações ou objetos específicos (Medo de voar, de animais, de sangue.). São comuns situações 
de pânico. É um medo irracional persistente pela presença ou antecipação de um objeto ou situação. A 
exposição ao objeto ou à situação fóbica resulta em ansiedade excessiva, ou seja, o paciente tem evitação 
do objeto ou da situação fóbica. A fobia mais comum na clínica médica é o medo de falar em público; isso 
é até o conteúdo de sonhos em alguns pacientes acometidos. As fobias específicas são diferenciadas dos 
medos normais da infância por constituírem uma reação excessiva e desadaptativa, que foge do controle 
do indivíduo, leva a reações de fuga, é persistente e causa comprometimento no funcionamento da 
criança. Crianças com fobia social relatam desconforto em inúmeras situações: falar em sala de aula, 
comer na cantina próximo a outras crianças, ir a festas, escrever na frente de outros colegas, usar 
banheiros públicos, dirigir a palavra a figuras de autoridade como professores e treinadores, além de 
conversas/brincadeiras com outras crianças. Nessas situações, comumente há a presença de sintomas 
físicos como: palpitações, tremores, calafrios e calores súbitos, sudorese e náusea. A depressão é uma 
comorbidade frequente em crianças e adolescentes com fobia social. 
Epidemiologia: A prevalência de fobia social encontrada na literatura internacional varia em 2 - 3%; O 
quadro tem início na infância ou na adolescência, sendo que aproximadamente 9% dos adolescentes 
preenchem critérios para este transtorno ao longo da vida. Ocorre com maior frequência em mulheres do 
que em homens, na proporção de 3:2. 
Clínica: O paciente apresenta ansiedade intensa em situações nas quais é exposta a observação ou 
avaliação de outros. Teme pelo seu desempenho e apresenta preocupação excessiva a respeito do que os 
outros irão pensar sobre ela; assim, procura evitá-las 
Aproximadamente 80% dos fóbicos sociais satisfaz os critérios de diagnóstico para outra condição 
psiquiátrica, destacando-se outros transtornos ansiosos, transtornos do humor e transtornos mentais 
relacionados ao uso de substâncias. Tem início principalmente na adolescência e no início da vida adulta, 
apresentando um curso muito crônico. O princípio dos sintomas pode ser agudo (p. ex., após um evento 
de humilhação), mas o mais comum é insidioso (meses ou anos), sem um precipitante claro. 
Diagnóstico: O diagnóstico é eminentemente clínico. O uso de propedêutica armada geralmente é 
restrito à investigação de organicidade em casos atípicos. Para o diagnóstico de fobia social, qualquer 1 
dos seguintes sintomas (critérios A} deve estar presente: medo marcante de ser o foco de atenção ou 
medo de comportar-se de tal forma que seja embaraçosa ou humilhante; evitação marcante de ser o 
foco de atenção ou de situações nas quais haja medo de comportar-se de forma embaraçosa ou 
humilhante. Esses medos são manifestados cm situações sociais como comer ou falar em público, 
encontrar pessoas conhecidas em público, entrar ou permanecer em situações de pequenos grupos (p. 
ex., festas reuniões, salas de aula). Além disso, pelo menos 2 dos sintomas de ansiedade na situação 
temida devem ter se manifestado em algum tempo desde o início do transtorno, junto com pelo menos 1 
dos seguintes sintomas (critérios B): rubor ou tremor; medo de vomitar; urgência ou medo de urinar ou 
defecar. Deve estar presente angústia significativa causada pelos sintomas ou pela evitação e o indivíduo 
reconhece que isso é excessivo ou irracional. Os sintomas são restritos ou predominam nas situações 
temidas ou na contemplação dessas situações. Os sintomas listados nos critérios A e B não são resultado 
de delírios, alucinações ou transtornos mentais orgânicos, esquizofrenia e transtornos relacionados, 
transtornos do humor ou transtorno obsessivo-compulsivo, e não são secundários a crenças culturais. 
- Diagnósticos Diferenciais: Outros transtornos de ansiedade, Transtornos psicóticos, Transtornos de 
personalidade (esquiva) 
 
Tratamento: Terapia comportamental (exposição + quebra de auto diálogo negativo), Hipnose, 
Psicoterapia, Benzodiazepínicos, conforme a necessidade para situações previstas e que não podem ser 
evitadas, tais como voo, Betabloqueadores para fobia social circunscrita antecipada (ansiedade pela 
performance), paroxetina, sertralina, venlafaxina de liberação lenta para fobia social. O tratamento 
farmacológico das fobias específicas não tem sido utilizado na prática clínica e são poucos os estudos 
sobre o uso de medicações nesses transtornos. 
O tratamento é baseado no uso de antidepressivos, principalmente os com ação serotoninérgica. 
Destaca-se o uso dos ISRS e da venlafaxina (IRSN). Os benzodiazepínicos devem ser utilizados com cautela 
por causarem dependência física e serem ineficazes no tratamento. Podem ser utilizados como 
adjuvantes ao tratamento, no controle agudo da ansiedade ou em associação com os antidepressivos no 
início do tratamento, sendo retirado lentamente após contro1e dos sintomas. A terapia cognitivo-
comportamental (TCC) é uma abordagem preconizada em quadros de fobia social. Diversas técnicas 
podem ser utilizadas, como treino de habilidades sociais, terapia em grupo e exposição. 
São fatores de pior prognóstico: idade de início precoce (< 8-11 anos), presença de transtorno 
psiquiátrico comórbido, baixa escolaridade e comorbidades clínicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno de Ajustamento 
Se relaciona com a capacidade do paciente de adequar com a mudança. 
Clínica: Inicio em até 3 meses após a mudança, sintomas ansiosos e depressivos, geralmente duram até 6 
meses. O prognóstico geralmente é bom. E o tratamento se baseia em AD, BZ e Psicoterapia.

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