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Terceirização: Um Estudo sobre o Processo de Auditoria Trabalhista junto às Empresas do Setor Siderúrgico da Região do Vale do Aço – Minas Gerais Ramon Gonçalves Santos 1 ramon_adm1@hotmail.com Robésio Teixeira Gomes 2 robesio@hotmail.com Resumo O presente trabalho discorre sobre a auditoria trabalhista que, por sua vez, consiste em um instrumento através do qual as empresas contratantes avaliam a adequação das empresas prestadoras de serviço às normas trabalhistas. Assim, o objetivo proposto para este artigo é descrever o processo de auditoria trabalhista que a empresa estudada realiza nas empresas que lhe prestam serviços. Para tanto, tal descrição foi feita através do acompanhamento de todos os processos e subprocessos ligados à auditoria, da discriminação de suas etapas, da participação na elaboração do cronograma correspondente e do levantamento das irregularidades com as quais foram apanhadas as empresas auditadas além das respectivas justificativas e planos de ação corretivos para sanar as práticas irregulares. No que se refere à metodologia adotada para a confecção deste estudo é de uma pesquisa descritiva-exploratória com abordagem qualitativa, o instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista não- estruturada e as técnicas as quais se recorreu foram a observação e a análise documental. Quanto aos resultados, estes são apresentados e analisados, evidenciando o fluxo de processos ligados à auditoria e à representação sistêmica do processo, de modo a atingir os objetivos propostos. Palavras-chave: auditoria trabalhista, relações trabalhistas, terceirização, gestão de recursos humanos. 1. Introdução As sensíveis mudanças verificadas no contexto trabalhista e social, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, desencadearam um fenômeno de âmbito mundial, a saber: a terceirização. Conforme explica Diniz (1999), o referido fenômeno introduziu significativas diferenças nas relações de trabalho que abrangem a flexibilidade da remuneração, da mão de obra e também no que se refere à estabilidade no tempo de duração do contrato de trabalho. Ainda segundo o mesmo autor, tais transformações deflagraram necessidades que até então inexistiam, como a de empresas tomadoras de serviço fiscalizarem as terceirizadas. 1 Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário de Minas Gerais, Unileste, 2012. 2 Professor e Orientador de Estágio do Curso de Administração do Centro Universitário de Minas Gerais, Unileste, 2012. 2 Nesse contexto, a auditoria trabalhista se sobressai como uma ferramenta preventiva e corretiva eficiente a qual as empresas contratantes recorrem. Isso se deve ao fato de se tratar de um instrumento que as auxilia contra autuações na esfera jurídico-trabalhista e contra passivos decorrentes das atividades desconformes das terceirizadas, implicações essas, que podem ocorrer em virtude da responsabilidade solidária inerente à condição de contratante (DINIZ, 1999). Dada a relevância da auditoria trabalhista no contexto das empresas que terceirizam serviços, o presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de auditoria trabalhista realizada por uma empresa do ramo siderúrgico perante as empresas contratadas, mais especificamente, através do acompanhamento dos processos e subprocessos relacionados à auditoria trabalhista, da discriminação das etapas da auditoria, da participação na elaboração do cronograma correspondente e do levantamento do número de empresas apanhadas com irregularidades bem como das suas justificativas e planos de ação corretivos acerca das práticas autuadas. Para explorar esse tema, este artigo estrutura-se em cinco seções, sendo que a primeira corresponde ao referencial teórico; a segunda, à metodologia e a terceira, ao estudo de caso; já a quarta consiste nas considerações finais e, por fim, a quinta é constituída pelas referências. 2. Referencial Teórico A gestão de recursos humanos constitui uma área multifacetada e interdisciplinar que envolve, em sua abrangência, desde conceitos como Psicologia Industrial e Organizacional, Engenharia Industrial, Direito do Trabalho, Segurança e Medicina do Trabalho até Engenharia Cibernética e Teoria dos Sistemas. O amplo escopo da Gestão de Recursos Humanos faz com que assuntos relacionados a múltiplos campos de conhecimento se interceptem e interajam (CHIAVENATO, 2009). Historicamente, as funções da área de Recursos Humanos sofreram mudanças substanciais de acordo com as etapas pelas quais passou. A princípio; até 1930, tinha-se a fase burocrático-cartorial cujas funções se traduziam basicamente em contar, fiscalizar e pagar as pessoas, nessa época, denominava-se Departamento de Pessoal. No período de 1930 a 1950, marcado pela fase jurídico-trabalhista, a área; então chamada de Relações Industrias limitava- se a exercer a função de cumpridora de leis (MARRAS, 2000). 3 A introdução da nomenclatura Recursos Humanos (RH), segundo Marras (2000), é feita na fase tecnicista, compreendida entre 1950 e 1960, onde a função predominante do setor era ser formadora e selecionadora de profissionais. Em seguida, surge a fase comportamental sistêmica, trazendo à tona a denominação Gestão de Pessoas, caracterizada agora pelo exercício de atividades relacionadas a treinamento e a desenvolvimento, tal fase duraria até 1980. Na década de 90, inicia-se a fase estratégica e é inserida a designação Gestão de Talentos para esse setor, que passa a ter função de assessorar os gerentes, articulando as relações de trabalho, agilizando processos e aumentando a competitividade (CHIAVENATO, 1999). Atualmente, conforme aponta Tanure et al (2007), a Gestão de Recursos Humanos apresenta quatro faces que embasam a análise de seu desempenho. A face da execução, ligada ao exercício das atividades operacionais clássicas do Rh; a face da construção, que se refere à edificação da infraestrutura, do ajustamento interno, orientando-se para o interior da própria organização. A face do realinhamento tem o enfoque voltado para a reconfiguração e a mudança, visando à implementação efetiva de novas estratégias. A quarta face, chamada direção, concorre para desenvolver capacidades da organização e das pessoas num cenário dinâmico, buscando otimizar desempenhos, partindo do investimento na construção do futuro e da administração construtiva dos paradoxos e dualidades decorrentes da dinamicidade do mundo e do mercado (TANURE et al, 2007). Este artigo irá se concentrar na subárea de relações trabalhistas, mais precisamente, discorrerá sobre a auditoria trabalhista, uma ferramenta utilizada pelas empresas tomadoras de serviço para fiscalizar empresas prestadoras. 2.1. Relações Trabalhistas Como explica Chiavenato (2009), há cinco processos básicos na Gestão de Pessoas, são eles: o subsistema de provisão, que abrange pesquisa de mercado, recrutamento e seleção; o subsistema da aplicação, que diz respeito ao programa de integração, ao desenho de cargos e à avaliação de desempenho; o subsistema de manutenção, que envolve remuneração, benefícios, higiene e segurança bem como relações trabalhistas; o subsistema de desenvolvimento, que engloba o treinamento e o desenvolvimento organizacional, e; por fim, 4 o subsistema de monitoração, que compreende o sistema de informação de RH, controles e auditoria de pessoal. As Relações Trabalhistas correspondem a uma subárea de Recursos Humanos que abriga-se no subsistema de manutenção e incorpora as relações com os empregados e as relações sindicais bem como atividades relacionadas a anotações em carteira, contagemde horas trabalhadas, aplicação de medidas disciplinares, contagem de férias etc. (CHIAVENATO, 2005). Caracteriza-se por ser uma área muito sensível às profundas e rápidas transformações pelas quais o mundo do trabalho passou, sobretudo, nas últimas três décadas. Tais transformações, conforme acentua Silva (2007, p. 8), acarretaram o “aumento do desemprego, informatização das atividades, terceirização, flexibilização das leis trabalhistas, mudanças no perfil da força de trabalho e enfraquecimento dos sindicatos”. Com isso, novas formas de trabalho e emprego emergiram, configurando novos cenários e redefinindo a organização da produção e do trabalho de modo a impactar não só na materialidade do trabalho, mas também na subjetividade do trabalhador (SILVA, 2007). Desse contexto, segundo Chiavenato (2009), advém a importância das relações trabalhistas como sistema de relacionamento entre a organização, seus membros e os sindicatos para a manutenção de um clima organizacional sadio. Zarpellon (1996) entende as relações trabalhistas como sendo as interações que ocorrem entre empregadores e empregados no que se refere à formação, à vigência, ao desenvolvimento e à extinção do contrato de trabalho, com referência aos mútuos direitos e obrigações dele decorrentes. As relações com empregados − relações internas da organização − são atividades de RH associadas à movimentação e tratamento de colaboradores na organização, abrangendo transferências, promoções, afastamentos por aposentadoria, desligamentos, políticas disciplinares e administração de conflitos, onde a área de Recursos Humanos atua com a função de staff, de assessoria, delegando aos gerentes e supervisores de linha a incumbência pelas práticas cotidianas de RH (CHIAVENATO, 2009). De acordo com o autor supracitado, a movimentação de pessoal encerra transferência (movimentação lateral de funcionários), promoções (movimentação vertical de uma pessoa para posição mais elevada na organização), afastamentos por aposentadoria (movimento para fora da empresa), desligamentos (podem ser por iniciativa do empregado ou da organização); 5 estes, por sua vez, requerem políticas cuidadosas por ser a pena mais severa que uma organização pode impor a um colaborador. Um fator primordial para o entendimento das relações entre empregado e empregador é partir da premissa de que o princípio fundamental que rege tal reação é o princípio da proteção, o enraizamento sociológico do Direito do Trabalho é a proteção social dos trabalhadores. Do ponto de vista social e econômico, o princípio protetor fica evidente na obrigatoriedade na garantia de previdência social, seguro-desemprego, proteção à maternidade, salário mínimo, condições dignas de salário e respectiva proteção. Essa tratativa desigual visa compensar o poder do empregador que decorre da sua supremacia econômica (ZARPELLON, 1996). Outros aspectos críticos relevantes a ser considerados na Gestão de Recursos Humanos, na conceituação de Chiavenato (2009), são a disciplina e o conflito. Quanto à disciplina, hodiernamente, refere-se a como as pessoas harmonizam sua conduta às regras e procedimentos da empresa para resultar num comportamento aceitável para a empresa e factível para o funcionário. Diferente do que o termo disciplina suscitava em outros tempos, quando apresentava um conceito relativo à necessidade de rígido controle. No que concerne ao conflito, autores como Cardoso (2003) e Chiavenato (2009) convergem quanto ao seu caráter de inevitável e que se trata de um resultado natural da interação entre os indivíduos nas organizações, tendo em vista que as pessoas nunca têm interesses idênticos e tais disparidades, invariavelmente, levam ao conflito. Portanto, faz-se necessário lidar com ele e administrá-lo para a consecução de resultados construtivos. No âmbito das relações trabalhistas, um exemplo pertinente de resolução construtiva de conflitos coletivos é a celebração de convenções e acordos coletivos de trabalho, que, por serem geralmente bilaterais, evitam greves e mantém um ambiente pacífico pelo acerto consensual entre as partes (CHIAVENATO, 1999). Outra faceta das relações trabalhistas são as relações sindicais, isto é, a política de relacionamento que a empresa adota nas tratativas com os sindicatos. Tal política “espelha diretamente a ideologia, a cultura e os valores assumidos pela alta administração da organização” (CHIAVENATO, 2009, p.369). Na definição do mesmo autor, há um quarteto de abordagens que podem orientar as políticas de relações sindicais nas organizações. Nessa classificação, a política pode ser paternalista, autocrática, de reciprocidade e participativa. 6 A política paternalista, como explica Chiavenato (2009), caracteriza-se pela facilidade e rapidez com que a empresa acata as reivindicações dos trabalhadores, em geral pela inaptidão nas negociações com as lideranças sindicais. A política autocrática, ao contrário da paternalista, tem como característica a rigidez implacável com a qual age, conduzindo-se pela arbitrariedade e legalidade, na medida em que faz concessões dentro da lei e pautadas em interesses próprios. A política de reciprocidade fundamenta-se no fato de as reivindicações serem resolvidas exclusiva e diretamente entre a direção da empresa e a direção sindical, com participação paliativa dos trabalhadores e supervisores. Essa política vem sempre acompanhada da responsabilização do sindicato quanto ao impedimento de eventuais transgressões de cláusulas. Já a política participativa distingue-se por considerar as relações trabalhistas como um sistema cujos componentes são, de um lado, os sindicatos e a classe representada; e de outro, a organização. Tal concepção leva a avaliações e discussões com amplitude adequada na apreciação de cada reivindicação (CHIAVENATO, 2009). 2.2. Terceirização Para que o tema auditoria trabalhista em terceirizadas seja compreendido a contento, é necessário que se reporte aos conceitos ligados à terceirização. O surgimento desse fenômeno remonta aos Estados Unidos, no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, entretanto, como técnica empresarial, consolidou-se a partir da década de 1950 com a aceleração do desenvolvimento industrial (LEIRIA e SARATT, 1995). No contexto brasileiro, a implantação da terceirização se deu de forma gradativa no início dos anos oitenta, como acentua Queiróz (1998), sobretudo com a chegada das empresas multinacionais do setor automobilístico, que se reservavam a execução da atividade fundamental e terceirizavam outros serviços de caráter acessório. Conforme explica Giosa (1997), a finalidade da terceirização, até o fim da década de 1990, era a obtenção de economias que conferiam a empresa ganhos no quesito qualidade, tornando-a eficiente, eficaz, especializada e produtiva. Com o acirramento da concorrência, a transferência da execução de atividades secundárias para terceiros passou a ser a vista de forma estratégica. A contratação de serviço terceirizado deve observar a determinação de dispositivos legais que, entre outras coisas, postulam que a terceirização é válida para as atividades-meio, 7 ou seja, atividades não-essenciais da tomadora de serviços. Sendo que a contratação com vistas ao exercício de atividades essenciais será possível apenas em caráter temporário, obedecendo aos prazos e condições estabelecidas pela lei 6019/74 (YOSHIDA apud DINIZ, 1999, p. 71). O fenômeno da terceirização é um assunto sobre o qual muitos autores se debruçam, nem sempre com confluência de opiniões. Yoshida apud Diniz (1999) afirma ser “incontroverso que a terceirização consubstancia a mais legítima eracional concentração da força de trabalho e do know how das empresas em suas respectivas especialidades”, ou seja, uma forma de otimização da produção. No mesmo sentido da assertiva de Yoshida, têm-se as proposições de Martins (2001), segundo o qual, sob o aspecto administrativo, a principal vantagem da terceirização é conferir uma alternativa de melhorar a qualidade do produto ou serviço, gerando ainda, um aumento na produtividade. Outra colocação favorável à terceirização, num contexto mais abrangente, encontra-se em Imhoff e Matari (2005), ao salientar que: a terceirização; ao gerar novas empresas, gera também novos empregos e, consequentemente, promove um aumento na arrecadação de impostos, sobremaneira, na área de serviços. Em contrapartida, há autores que ressaltam a face obscura da terceirização. Diniz (1999) adentra a questão da identificação com o trabalho ao evidenciar que a terceirização é uma forma de dissociação do homem face ao seu labor, uma vez que o local de trabalho não apresenta nenhuma vinculação com o trabalhador. Já Catharino (1997) defende que a terceirização abre caminho para a exploração do trabalho humano, sendo ainda uma sequela do neoliberalismo, onde o trabalho passa a ser visto como uma mercadoria negociável no mercado autorregulado. O autor ainda lança luz ao fato de que esse fenômeno incide preponderantemente sobre o trabalho físico, manual e não- qualificado, consistindo na utilização de mão de obra barata para favorecer exclusivamente à lucratividade das empresas envolvidas. 2.3. Auditoria Trabalhista Certamente, para que a terceirização ocorra de forma exitosa é preciso procurar parceiros e não apenas prestadores de serviço, nesse ponto convergem autores como Diniz 8 (1999) e Imhoff e Matari (2005). A seleção das empresas que irão prestar serviços secundários deve ser criteriosa e é indispensável conhecer a estrutura da terceirizada, o seu porte e sua fidedignidade, sob pena de responder pela incorreta e descurada eleição. Como afirma Gomes (2007), a auditoria tem como aspecto inerente a si o exercício de uma ação moralizadora, preventiva e saneadora, podendo ser interna e externa. A interna tem caráter facultativo e se presta a assessorar a administração, avaliando a eficiência e adequação das questões relativas às normas trabalhistas. A externa é independente e reveste-se de obrigatoriedade, geralmente realizada por auditorias independentes, pelo poder público ou empresas com vínculo comercial. Na conceituação de Holmes (1960 apud Teixeira, 2003) a auditoria corresponde ao exame de demonstrações e registros administrativos. O auditor observa o quão exatos, íntegros e autênticos são o conjunto de demonstrações, registros e documentos da organização, pautado sempre em princípios éticos essenciais. O processo de auditoria requer atenção às minúcias no exame em profundidade da matéria auditada, que pode ser um documento, uma análise, uma informação obtida, entre outras. Tendo sempre em mente o objetivo de se certificar de que o objeto auditado é de fato fidedigno, para tanto, o auditor deve ter os conhecimentos necessários para detectar quaisquer anomalias (ATTIE, 1998). A execução de tal processo exige acentuado esforço na elaboração de um planejamento que, por sua vez, pressupõe um nível adequado de conhecimento sobre as atividades auditadas, bem como de fatores econômicos, legislação aplicável, práticas operacionais da entidade e uma série de características tais como comportamento ético, capacidade analítica, profissionalismo etc. (TEIXEIRA, 2003). 3. Metodologia Os aspectos metodológicos são de suma importância para a consecução dos objetivos traçados em uma pesquisa. O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais para alcançar, de forma segura e econômica, conhecimentos válidos e verdadeiros, delineando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões. (LAKATOS e MARCONI, 1995). O presente trabalho, quanto ao tipo de pesquisa, caracteriza-se por ser descritivo- exploratório, ou seja, conjuga aspectos comuns a esses dois tipos. Os estudos descritivos 9 consistem na descrição das características, propriedades ou relações existentes na realidade pesquisada. Por sua vez, os estudos exploratórios têm o propósito de familiarizar-se com o fenômeno, obtendo novas percepções a seu respeito e descobrindo novas ideias (CERVO e BERVIAN, 2002). A abordagem adotada neste artigo corresponde à qualitativa. Nessa abordagem, a necessidade de aprender os significados inerentes à natureza dos eventos e comportamentos estudados consome tempo e faz com que a observação de fatos e cenários seja muito valorizada pelo pesquisador (ALVES-MAZZOTI e GEWANDSZANJDER, 1999). O instrumento utilizado para a coleta de dados e elaboração deste trabalho foi a entrevista. Esse é um instrumento, segundo Cervo e Bervian (2002), ao qual se recorre sempre que há necessidade de obtenção de dados que não são encontrados em registros e fontes documentais e podem ser fornecidos pelas pessoas que possuem conhecimento sobre o tema explorado. No que se refere às técnicas de pesquisa empregadas, foram utilizadas a análise documental e a observação. Cervo e Bervian (2002) definem a análise documental como um levantamento junto à literatura especializada, anotações, registros, inventários e arquivos documentais, magnéticos ou digitais em geral. Os mesmos autores acentuam também que a observação é de extrema relevância uma vez que dela depende o valor de todos os outros processos. Defendem ainda que, sem ela, o estudo da realidade seria reduzido à mera adivinhação e conjectura. A observação se deu no desenvolvimento prático da auditoria, que incluiu a participação no processo. A análise documental se processou através do estudo dos arquivos mantidos pela empresa, manuais e procedimentos seguidos. Quanto à entrevista, esta foi realizada durante as reuniões de apresentação dos resultados de auditoria e em conversas pontuais com os auditores no período de fevereiro a dezembro de 2012, de acordo com a respectiva disponibilidade de tempo, onde foram colhidas anotações concomitantes às explanações. Os dados coletados foram analisados à luz do tipo de estudo selecionado, a saber: descritivo-exploratório, com uma análise qualitativa que visa à ampliação da compreensão sobre o tema pesquisado (auditoria trabalhista), inferindo e interpretando suas relações com base nos dados, técnicas e instrumentos supracitados. 10 3. Estudo de Caso Nesta parte do trabalho será apresentado o conjunto de dados e informações coletado na realização da pesquisa exploratória, serão contemplados nessa etapa; além do histórico da empresa, a apresentação dos dados coletados, análise referente a esses dados e as considerações finais, onde se verifica as recomendações gerenciais. 4.1. Histórico da empresa A empresa que é objeto do estudo constitui uma das organizações pertencentes a uma holding – forma de sociedade criada para administrar um conglomerado de empresas – da indústria pesada. A sua história remonta à época do governo de Juscelino Kubitscheck e do fomento industrial promovido pelo plano de desenvolvimento concebido em sua gestão que viabilizou a implantação da primeira usina siderúrgica em território mineiro. Nesse contexto, a empresa foi fundada no ano de 1956 no então vilarejo Horto de Nossa Senhora, que deu origem à cidade de Ipatinga. Já a partir de 1958 a empresa tornou-se uma joint venture (associação de duas empresas que forma uma terceira) com a união do capital dos acionistas japoneses ao capital estatal nacional; estabelecendo, dessa forma, umasociedade que perduraria até 24 de outubro de 1991, data em que se efetuou o leilão de privatização da companhia. Hoje, a empresa possui duas usinas de siderurgia, em Cubatão (SP) e em Ipatinga – sendo que esta última, conta com cerca de 7000 funcionários – tendo como atividade principal a produção de aços planos, sob a forma de placas e laminados a frio e a quente. Em 2011, a empresa produziu 6,7 milhões de toneladas de aço bruto, totalizando 5,7 milhões de toneladas vendidas, sendo que 4,9 milhões (82% do total) abasteceram o mercado interno e 1 milhão de (18% do total) foram para o mercado externo. A área de RH da unidade de Ipatinga é constituída pela Gerência Geral de Recursos Humanos, cuja amplitude de comando organizacional abrange a Gerência de Segurança Empresarial, Gerência de Saúde Ocupacional, Gerência de RH – Canteiros (que responde pelas atividades de RH junto aos canteiros de obras) e a Gerência de Relações Trabalhistas e Administrativas, onde se desenvolve a auditoria (vide Figura 1). As áreas de Segurança do Trabalho, Recrutamento e Seleção, Treinamento, Remuneração e Desenvolvimento Organizacional são corporativas e respondem pelas atividades das várias empresas da holding. 11 Figura 1 - Organograma de Recursos Humanos. Fonte: Próprio autor. 4.2. Apresentação e análise dos dados coletados O processo de auditoria que a empresa promove para avaliação das terceirizadas tem fundamento nas auditorias que o Ministério Público do Trabalho e Emprego sistematicamente realiza perante as empresas, tal exercício de fiscalização tem o objetivo de verificar o cumprimento, por parte das empresas, da legislação de proteção ao trabalhador, com o objetivo de combater a informalidade no mercado de trabalho e garantir a observância da legislação trabalhista. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica aliada à observação participante apontou que o processo de auditoria inicia-se com a elaboração de um cronograma anual de auditorias de modo que cada empresa contratada seja auditada duas vezes por ano ou mais, caso seja levantada alguma demanda provinda do sindicato da categoria ou haja reclamação de descumprimento da legislação trabalhista realizada por empregado ou outra fonte fidedigna que o afiance. O planejamento da auditoria, segundo Teixeira (2003), também é de suma importância, nessa etapa se define a abordagem inicial que é a definição de quem o auditor vai contactar para iniciar o trabalho de auditoria, solicitando a documentação, convocando para a conferência, informando prazos entre outras atividades pertinentes. O processo de planejamento deve primar por identificar o trabalho a ser desenvolvido, o pessoal que estará envolvido (auditores e assistentes) além do objetivo que consiste em evitar passivos trabalhistas pela responsabilização solidária das empresas às obrigações trabalhistas de suas contratadas; prevenir prejuízos ao clima organizacional na empresa; propiciar uma relação de confiança com as entidades sindicais e as autoridades do mundo trabalhista (TEIXEIRA, 2003). Gerência Geral de Recursos Humanos Gerência de Relações Trabalhistas e Administrativas Gerência de Segurança Empresarial Gerência de Saúde Ocupacional Gerência de RH - Canteiros 12 Ainda na conceituação do autor supracitado, o escopo do trabalho de auditoria busca ater-se aos pressupostos legais, para tanto o programa de trabalho seguido deve condizer com tal premissa de modo que a análise recaia sobre documentação específica referente ao ponto, cálculos da folha de pagamento, INSS, FGTS, IRRF, contribuição sindical, 13º salário, férias, controle de vale transporte; ACT / CCT. A elaboração do relatório é uma atividade crítica na atividade estudada, recomenda-se que ele vá sendo desenvolvido no ato da auditoria, na presença do auditado, para que sejam tecidas posteriormente considerações finais ou matérias de pesquisas. Ao todo, são 20 itens avaliados, onde cada um exige particularidades trabalhistas é de 100 pontos sendo que para cada ementa desrespeitada será descontada uma vez a pontuação respectiva, independente do número de empregados em relação aos quais tenha ocorrido a não conformidades. O macrofluxo a seguir é concernente à realização da auditoria trabalhista e representa esquematicamente a sua elaboração: Figura 2 – Macrofluxo de auditoria trabalhista. Fonte: Próprio autor O primeiro passo para o processo prático da auditoria é a convocação da empresa contratada, que deverá ser feita com no mínimo 5 (cinco) dias de antecedência, esclarecendo local, horário e documentos a apresentar. A empresa a ser auditada envia a lista de empregados constantes no contrato e; destes, são selecionados por amostragem aleatória aqueles cuja documentação será auditada. Em seguida, ocorre a checagem da documentação, seguindo a ordem dos itens listados no checklist próprio da empresa. A leitura do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) ou CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da empresa é imprescindível, através dela o auditor toma ciência das políticas e diretrizes a que a empresa se submete e segue no que se refere ao piso salarial, percentuais de horas extras e adicionais, benefícios e abonos diversos, autorização para compensação de Início Convovação da Empresa Contratada Realização da Auditoria Elaboração do Relatório Envio da Notificação de pré-pontuação Apresentação das justificativas e planos de ação pela empresa auditada Apreciação das justificativas e planos de ação Atribuição da nota final (notificação de pontuação final) Arquivamento da documentação e Conclusão da Auditoria Fim 13 horas, plano de saúde, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), reajuste salarial e data- base da categoria, jornada de trabalho, entre outras cláusulas. Tudo isso, conferirá maiores subsídios para que o auditor possa analisar com propriedade se a organização fiscalizada mantém o empregado trabalhando sob condições contrárias à legislação ou ao seu próprio ACT/CCT. No CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) se verifica o número de funcionários confrontando com o total constante na folha de pagamento, e se vem sendo informado nos prazos estipulados. Deve-se comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego, até o dia 7 (sete) do mês subsequente ou no prazo definido em regulamento (Portaria nº 2.115, de 29/12/1999 e art. 1º, da Lei nº 4.923, de 23.12.65). No Livro de Inspeção, caso haja alguma fiscalização do Ministério do Trabalho nos 5 últimos meses, deve ser demonstradas as página(s) do Livro de Inspeção com anotações do auditor com o(s) Auto(s) de Infração que porventura tenham sido expedidos e ainda as defesas apresentadas e/ou dos Documentos de Arrecadação de Receitas Federais (DARF’s). Nos processos de rescisão, são observados os seguintes fatores: cálculos de férias indenizadas e proporcionais de acordo com o período aquisitivo; aviso prévio indenizado refletindo nas férias proporcionais e no 13º salário no mínimo em 01/12 avos; o cálculo dos funcionários que percebem horas extras e outros adicionais, cumprimento do aviso prévio e se foi indenizado ou não, observância do prazo para o pagamento da rescisão de contrato de trabalho; o cálculo do desconto do IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte); o cálculo do desconto de Previdência Social, sendo que o desconto do INSS sobre o 13º Salário deve constar separadamente das demais verbas, descontos do vale-transporte e vale-refeição referentes aos dias que faltam para concluir o mês, relação com a memória de cálculo da média das variáveis (horasextras e outros adicionais), extrato com os saldos do FGTS, demonstrativo de recolhimento da multa rescisória de 40%. Na checagem dos cartões de ponto, as circunstâncias as quais a auditoria deve se ater consistem no excesso em mais de 8 (oito) horas diárias da duração normal do trabalho (art. 58, da CLT e art. 7º ,XIII, da CF), prorrogação da jornada normal de trabalho além do limite legal de 2 (duas) horas diárias, sem qualquer justificativa legal (art. 59, "caput", da CLT), não concessão ao empregado do descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas (art. 67, caput, da CLT), ponto com rasuras; ponto não assinado e marcação repetitiva (o chamado ponto simétrico ou britânico). 14 Ainda nos registros de ponto, deve-se observar se foi concedido o período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre duas jornadas de trabalho (art. 66, da CLT) ─ principalmente nos regimes de trabalho submetidos a revezamento por turnos, verificar se o descanso semanal de vinte e quatro horas é precedido do intervalo de 11 (onze) horas ─, manutenção do empregado trabalhando aos domingos em desacordo com a legislação (art. 67, parágrafo único, da CLT e Portaria Ministerial nº 417, 10.06.66, com redação da Portaria MTPS nº 509/67), manutenção do empregado trabalhando durante o período destinado ao repouso ou alimentação (art. 71, "caput", da CLT). A conferência da folha de pagamento deve ser feita através da confrontação com os cartões de ponto para ratificar se o apontamento está de acordo com o que foi creditado ou debitado do empregado a título de remuneração, o que inclui dias, faltas, horas extras, etc.; e também com a lista de empregados que recebem insalubridade; também solicitada para a auditoria. Pede-se ainda os comprovantes de depósito bancário e havendo comissões, deve-se solicitar suas origens. Assim, os cálculos na folha de pagamento que devem ser averiguados são aqueles referentes a salário, parcelas variáveis como insalubridade, periculosidade, adicional noturno; à hora extra com adicional de 50%, hora extra com adicional de 100% (domingos e feriados), à integralização das parcelas de natureza salarial às horas suplementares, conforme Enunciado nº 264 do TST, que compreende hora extra insalubre, hora extra periculosa, hora extra noturna. Além da integralização no cálculo do repouso semanal remunerado das horas extras habitualmente prestadas, (conforme Lei nº 605/49, art. 7º, alínea "b", com redação dada pela lei nº 7.415/85 e Enunciado nº 172, do TST), o que inclui DSR (Descanso Semanal Remunerado) horas extras, DSR comissões, DSR adicional noturno, DSR cálculo global, DSR insalubridade e descontos de pensão alimentícia, descontos de vale transporte, IRRF, INSS, Salário-Família e outros. Além disso, olha-se também a equiparação salarial. É auditado também o comprovante de recolhimento da contribuição sindical e/ou contribuição confederativa (contribuição para o custeio do sistema federativo do qual fazem parte os sindicatos), bem como a relação dos empregados contribuintes apurando se foi recolhida no mês de abril de cada ano (art. 583, da CLT); a solicitação e comprovante de entrega de vale-transporte de todos os empregados que façam uso do benefício, assinados de próprio punho, tendo verificado na folha se os descontos procedidos se adéquam aos termos do Programa de Alimentação do Trabalhador (art. 4º, da Portaria SIT nº 3, de 01.03.02 – 15 PAT) a cláusula de Seguro de Vida, onde deve ser verificada a vigência e a forma de rateio bem como a cláusula de convênio médico. O pagamento do 13º (décimo terceiro) salário também é auditado no período devido, ou seja, na primeira auditoria pela qual passa a empresa contratada. Nesse quesito, averigua- se se a empresa computou a parcela variável da remuneração para o seu cálculo (conforme art. 1º da Lei nº 4.090, de 13.7.62, combinado com o art. 2º parágrafo único, do Decreto nº 57.155, de 3.11.65), se o pagamento foi efetuado até o dia 20 de dezembro de cada ano, no valor legal e se houve adiantamento entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, da metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior como prega o art. 1º, da Lei 4.090, de 13.7.62, com alterações introduzidas pelo art. 1º, da Lei 4.749, de 12.08.65. Ao analisar o contrato de trabalho, vê-se se houve alteração das condições ou cláusulas que ocasionaram prejuízo ao empregado, se houve transferência por necessidade de serviço, para localidade diversa da que resultar do contrato, sem o pagamento suplementar de, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) do salário; se está devidamente preenchido; se consta cláusula de horário de trabalho e se há cláusula de autorização de descontos. Verifica-se ainda a existência de um Acordo para Compensação de Horas ocasionada pela supressão ou diminuição relativa à jornada do sábado. Na ficha de registro, observa-se a correção quanto ao fato de contar os seguintes dados obrigatórios: nome, número da CTPS e série, número da RG e do CPF, número do PIS, data de admissão, horário e local de trabalho, endereço do funcionário e filiação e se há atualização referente a salário, férias gozadas, contribuição sindical; alteração do horário de trabalho; anotação da Comunicação de Acidentes de Trabalho – CAT e anotação de interrupção do Contrato de Trabalho. Também é solicitada à empresa auditada a documentação concernente às duas últimas férias dos empregados selecionados, com o aviso e recibo correspondentes, o registro de ponto do período do gozo de férias, o demonstrativo das médias de horas extras e adicionais, ficha financeira do período aquisitivo ou os holerites do mesmo período além do comprovante de pagamento para levantar possíveis irregularidades como manter empregado trabalhando no período de gozo de férias, deixar de conceder férias nos doze meses seguintes ao período aquisitivo, conceder férias em mais de um período, venda de férias, pagamento fora do prazo de dois dias antecedentes ao gozo, etc. 16 Finda a conferência com o(s) representante(s) da empresa, é feito um relatório da Auditoria Trabalhista com as anotações das irregularidades encontradas, ementa, capitulação e elementos de convicção. Ao lançar as irregularidades da empresa no sistema próprio, é atribuída uma pontuação provisória, que poderá ser alterada com a resposta da empresa. A empresa auditada é notificada sobre as NCs (não conformidades) apuradas. O gestor do contrato também é informado da notificação. Se a empresa discordar da NC notificada, pode apresentar recurso no prazo de dez dias que será avaliado pela área de Relações Trabalhistas com assessoria do setor Jurídico. Se concordar com a NC notificada, deve formalizar no prazo de dez dias o plano de ação e prazos para solução das irregularidades com o aval do gestor do contrato. A conclusão da Auditoria Trabalhista se dá com o fechamento das NCs efetivamente identificadas de modo que aquelas comprovadamente solucionadas serão desconsideradas, assim atribui-se a pontuação final empresa com o registro das NCs e da pontuação no sistema e a emissão do relatório conclusivo da Auditoria Trabalhista. Ao fim dos prazos previstos no plano de ação, a empresa poderá solicitar á área de Relações Trabalhistas uma nova Auditoria Trabalhista, que será realizada conforme agenda de auditoria disponível nos dois meses subsequentes. Concluído esse processo, os resultados a curto e médio prazo se evidenciam através do cumprimento dos objetos propostos quando da implantação do programa de auditoria na empresa. Dessa forma, evitam-se passivos trabalhistas pela responsabilização solidária das empresas às obrigações de suascontratadas; previnem-se prejuízos ao clima organizacional na empresa; propicia-se uma relação de confiança com as entidades sindicais e autoridades do mundo trabalhista e subsidia-se a construção de argumentos para eventuais processos judiciais, demonstrando a ferramenta de Auditoria Trabalhista da empresa para evidenciar a retidão com que lida com terceiros. Percebe-se assim, conforme acentuam autores como Diniz (1999) e Imhoff e Matari (2005), a importância de conhecer a estrutura das empresas terceirizadas. Assim, todo o processo de auditoria remete a recomendação desses autores quanto à análise cuidadosa da tomadora na escolha das empresas que lhe prestarão serviços. Dessa forma a sistemática da auditoria visa à avaliação da sua capacidade financeira, do seu porte, da lisura com que trata questões trabalhistas e confiabilidade. 17 Por seu nível de detalhamento e por sua extensão, a execução do processo de auditoria corrobora com que Teixeira (2003) afirma ser uma prerrogativa indispensável para seu exercício, a saber: o nível adequado de conhecimento. Sendo que, os saberes requeridos abrangem o campo econômico, legal, trabalhista e até operacional da empresa auditada. Além da dimensão técnica, a questão comportamental do auditor também se sobressai como fator primordial para o exitoso da auditoria. Autores como Attie (1992) e Teixeira (2003) comungam da ideia de que além do nível necessário de conhecimento é preciso que o auditor reúna qualidades que lhe confiram maior aptidão para auditar, tais qualidades passam pela acuidade perceptiva, comportamento ético em face da confidencialidade das informações, mente analítica, integridade, atualização contínua em relação às normas nas quais se baseia para auditar, estabilidade emocional, entre outras. Desse modo, a ferramenta auditoria através do seu caráter essencialmente preventivo faz com que a empresa fique respaldada e essa função de staff permite que o fenômeno da terceirização em dada organização se dê de modo a cumprir com seu objetivo principal; que, segundo Diniz (1999) e Martins (2001), é promover a concentração e a especialização da empresa contratante na sua atividade-fim, aumentando assim, a qualidade de seus processos produtivos e consequentemente a sua produtividade. 5. Considerações finais O processo de auditoria se resume no planejamento, convocação das empresas, realização da auditoria através da checagem de documentos, elaboração do relatório, envio da notificação de pré-pontuação, recebimento dos planos de ação e análise das justificativas, atribuição da nota final através da elaboração do relatório de notificação de pontuação final e, para concluir, arquivamento da documentação pertinente. Mediante o que foi posto, considerando-se os objetivos proposto para o presente trabalho, qual seja, descrever o processo de auditoria trabalhista que a empresa estudada realiza nas empresas que lhe prestam serviços, através do acompanhamento de todos os processos e subprocessos ligados à auditoria, da discriminação de suas etapas, da participação na elaboração do cronograma correspondente e do levantamento das irregularidades e itens avaliados, considera-se que os objetivos foram alcançados, uma vez que as vantagens da implementação da ferramenta Auditoria Trabalhista foram evidenciadas através da análise 18 descritiva aqui realizada, da qual resultou o detalhamento do processo de auditoria, como é demonstrado nas figuras 2 e 3. Figura 3 - Representação sistêmica do processo de Auditoria Trabalhista. Fonte: Próprio autor. Por fim, a figura 3; que representa a Auditoria Trabalhista enquanto ferramenta com interconexões sistêmicas, visa concluir e reiterar o que foi exposto analiticamente no decorrer do trabalho, o que incluiu a tratativa de temáticas relacionadas ao fenômeno da terceirização e suas implicações, às relações trabalhistas, aos processos de Administração de Pessoal, à legislação trabalhista e; sobretudo, aos processos de execução e implementação da ferramenta auditoria trabalhista e seus resultados. 5.1. Recomendações gerenciais Diante das informações extraídas do estudo, que indica a exitosa implantação e implementação da ferramenta auditoria trabalhista, não se vislumbraram muitas Planejamento de Auditoria; Informações das empresas; Documentos a ser analisados; Recursos materiais e humanos; Nível de conhecimento para a tarefa Entradas Relatórios; Estímulo ao empenho em manter a conformidade com as normas trabalhistas; Melhoria no clima interno; Fortalecimento da relação com os Sindicatos; Credibilidade junto ao Ministério do Trabalho e Emprego Saídas Retroalimentação: Redução da gravidade das não conformidades apuradas; redução efetiva dos passivos trabalhistas; novos quadros normativos de terceirização, nova legislação trabalhista etc. Conferência da documentação sob o prisma das normas que regem as relações trabalhistas. Tranformações 19 recomendações gerenciais a ser feitas, a não ser aquelas que dizem respeito à seleção dos auditores (para que estes tenham características compatíveis com o perfil que a atividade requer) e a prezar pelo seguimento do fluxo analítico do processo de auditoria, isto é, auditar com a devida cautela, sem açodamento, para que a checagem da documentação seja feita de forma criteriosa. Abstract This paper discusses the labor audit which, in turn, consists of an instrument through the contracting companies assess the adequacy of the companies providing service to labor standards. Thus, the proposed objective for this article is to describe the process of labor audit that the company performs studied in businesses providing services. Therefore, such a description was made by monitoring all processes and subprocesses related to audit, discrimination of its stages, participation in the preparation of the schedule and the corresponding lifting of irregularities with which the companies audited were caught beyond their justifications and corrective action plans to address the malpractice. With regard to the methodology for making this study is a descriptive, exploratory qualitative approach, the research instrument used was unstructured interview techniques and which are resorted were observation and document analysis. As for the results, they are presented and analyzed, showing the flow of processes related to audit and systemic representation of the process in order to achieve the proposed goals. Keywords: labor audit, labor relations, outsourcing, human resource management. REFERÊNCIAS ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. GEWANDSZNAJDER, Fernando. 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