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APS MARIA DA PENHA

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Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS- Atividades Práticas Supervisionadas 
Lei Maria da Penha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2016 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS- Atividades Práticas Supervisionadas 
Lei Maria da Penha 
 
 
 
 
 
 
Atividades Práticas Supervisionadas 
– trabalho apresentado como 
exigência para a avaliação do 
segundo bimestre em disciplinas do 
2º semestre do curso de Direito da 
Universidade Paulista, sob 
orientação dos professores do 
semestre. 
 
 
 
 
São Paulo 
2016 
3 
 
Sumário 
 
Resumo........................................................................................................pg. 04 
Abstract........................................................................................................pg. 06 
Introdução....................................................................................................pg. 08 
História da criação da Lei Maria da Penha..................................................pg. 10 
Participação da Organização das Nações Unidas no caso de violência contra a 
Sra. Maria da Penha....................................................................................pg. 12 
Convenção para eliminar todas as formas de discriminação contra a mulher e 
seus principais pontos.................................................................................pg. 14 
Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a 
mulher e seus principais pontos..................................................................pg. 17 
Aspectos comuns que existem entre os objetivos da Lei Maria da Penha e as 
duas Convenções........................................................................................pg. 20 
Conclusão....................................................................................................pg. 25 
Bibliografia...................................................................................................pg. 31 
 
 
4 
 
 
Resumo 
 Maria da Penha Maia Fernandes se formou em farmácia e Bioquímica na 
Universidade Federal do Para (UFPA) em 1966 (mil novecentos e sessenta e 
seis), após fez pós na Universidade de São Paulo (USP) onde conheceu o 
colombiano Marco Antonio Heredia Viveros que cursava mestrado, alguns anos 
se passaram e eles se casaram. 
 Marco mudou seu comportamento de solicito e educado á violento, após o 
nascimento de sua segunda filha, com as explosões de violências cada vez mais 
frequentes com isso ele descontava em sua mulher e filhas. 
 Maria pede o divórcio mas Marco não aceita, no nascimento de sua terceira 
filha, Marco pede para que Maria assine um seguro de vida em seu nome, onde 
Maria recusa. 
 Em Maio de 1983 (mil novecentos e oitenta e três) Maria sofreu uma tentativa 
de homicídio, onde seu marido supostamente armou um assalto em sua 
residência e o mesmo atirou em sua mulher com uma espingarda onde a deixou 
paraplégica, a mesma passou quatro meses em hospitais e por diversas 
cirurgias. 
 Quando Maria retorna ao lar, viveu sobre cárcere privado, onde seus amigos e 
seus familiares eram proibidos de vê-la. Marco tenta matá-la novamente, mas 
dessa vez ele tenta eletrocuta-la, foi aberto um inquérito contra Marco, que só 
foi entregue ao promotor em 1984 (mil novecentos e oitenta e quatro), e o 
julgamento só ocorreu oito anos após a tentativa de homicídio. 
 Em 1996 (mil novecentos e noventa e seis) Marco foi considerado culpado e 
teve pena de 10 (dez) anos de reclusão, mas recorreu e somente precisou pagar 
uma cesta básica, Maria em contra partida fica extremamente decepcionada com 
a justiça brasileira e decide publicar um livro titulado "Sobrevivi...Posso contar", 
onde conta sobre todas as agressões e sobre as tentativas de homicídio sofrida. 
 Alguns anos após a publicação do livro, em 1998 (mil novecentos e noventa e 
oito) foi encaminhada um petição para a Corte Interamericana dos Direitos 
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o Estado 
Brasileiro em relação a impunidade à violência doméstica sofrida por Maria. 
5 
 
 Em 2001 (dois mil e um) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 
seu informe número 54 (cinquenta e quatro) responsabilizou o Estado Brasileiro 
por negligência, omissão e tolerância em relação a violência doméstica contra 
as mulheres. 
 Depois de um reconhecimento mundial sobre o caso de Maria, o Brasil 
reconheceu o sofrimento dela e viu a necessidade da criação de uma lei que 
punisse a violência doméstica contra as mulheres. 
 Em 07 (sete) de Agosto de 2006 (dois mil e seis) foi sancionada a lei 11.340 
(onze mil trezentos e quarenta) que recebeu o nome de Lei Maria da Penha em 
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes. 
 Após a criação da nova lei Marco recebeu novamente a sua punição 19 
(dezenove) anos após o atentado. Como punição teria que ficar 8 anos em 
reclusão mas por meio de recursos jurídicos ficou somente 2 (dois) anos. 
 E hoje com 67 (sessenta e sete) anos e 3 (três) filhas Maria é líder de 
movimentos de defesa dos direitos das mulheres vítimas de violência 
doméstica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
Abstract 
 Maria da Penha Maia Fernandes graduated in Pharmacy and Biochemistry at 
the Federal University of Para (UFPA) in 1966 (one thousand nine hundred and 
sixty-six) after a post at the University of São Paulo (USP), where he met the 
Colombian Marco Antonio Heredia Viveros that attending master, a few years 
have passed and they were married. 
 Marco changed its request behavior and educated will violent, after the birth of 
her second daughter, with the explosion of increasingly frequent violence with 
that he cashed in his wife and daughters. 
 Maria asks for divorce but Marco does not accept, the birth of his third daughter, 
Marco asks Mary umseguro sign of life in his name, where Mary refused. 
 In May 1983 (nineteen eighty-three) Maria suffered an attempted murder, where 
her husband allegedly pitched a robbery at his home and the same shot his wife 
with a shotgun which left her paraplegic, he spent four months hospitals and 
various surgeries. 
 When Maria returns home, he lived on private carcere where your friends and 
your family were forbidden to see her. Marco tries to kill her again, but this time 
he tries to electrocute it was opened an investigation against Marco, which was 
handed over to the prosecutor in 1984 (nineteen eighty-four) and the trial only 
took place eight years after the attempt of murder. 
 In 1996 (nineteen ninety-six) Marco was found guilty and pitied ten (10) years in 
prison, but appealed and need only pay a basic basket, Maria in cronta match is 
extremely disappointed with the Brazilian courts and decides to publish one 
ititulado book "I survived ... I can tell," which tells of all attacks and about attempts 
to murder suffered. 
 A few years after the book's publication in 1998 (one thousand nine hundred 
enoventa eight) was submitted one petition to the Inter-American Court of 
Disreitos Human of the Organization of American States (OAS) against the 
Brazilian State for aimpunidade domestic violence suffered by Maria. 
7 
 
 In 2001 (two thousand and one) the Inter-American Commission on Human 
Rights in its report number 54 (fifty-four) blamed the Brazilian State for 
negligânica, omission and tolerance for domestic violence against women. 
After a worldwide recognition on the case of Maria, Brazil acknowledged her 
suffering and saw the need to create a law thatwould punish domestic violence 
against women. 
 In 07 (seven) August 2006 (two thousand and six) was enacted Law 11,340 
(eleven thousand three hundred and forty) who received the name of Maria da 
Penha Law in honor of Maria da Penha Maia Fernandes. 
 After the creation of the new law Marco noavamente received his punishment 
19 (nineteen) years after the attack. As punishment would have to be 8 years in 
prison but through juridical resources was only 2 (two) years. 
 And today with sixty seven (67) years and 3 (three) daughters Maria is a leading 
defense movements of the rights of women victims of domestic violence. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
Introdução 
 A violência contra a mulher é um tema bastante discutindo em todo o mundo, 
decorrente da desigualdade por causa das relações de poderes e discriminação 
entre os gêneros (homens e mulheres). 
 No século XIX, essa violência passou a ser estudada com mais profundidade 
esperando por respostas que solucionassem esse caso, com isso sendo apontada 
como um problema central para a humanidade. 
 O Ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, aprovou a Lei 11.340, também 
conhecida como “Lei Maria da Penha”, no dia 7 de Agosto de 2006. Essa lei põe de 
acordo sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 Com o início do vigor da Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para impedir 
e prevenir a violência contra as mulheres para que essa realidade mude, fazendo 
com que a mulher passe a ter instrumentos para que não seja vítima de 
discriminação, violência e ofensas. 
 A Lei 11.340 inovou o sistema dos direitos humanos que diz respeito ao sexo 
feminino, tendo como principais objetivos direito ao trabalho, direito à segurança, 
direito à vida e entre outros. 
 A lei foi elaborada por causa do caso da Maria da Penha Maia Fernandes, que 
foi agredida seriamente por seu marido durante anos de seu casamento. Quando 
Maria da Penha buscou a justiça, seu agressor não foi punido pois os advogados 
de defesa conseguiram que a sentença fosse anulada. 
 Por comentários falsos da mídia, criaram-se expectativas falsas de que a partir 
da criação de uma lei fosse reverter os casos de violência doméstica, mas por se 
tratar de uma cultura machista e discriminatória, este problema não se resolve de 
imediato, levando um período grande para ser desenvolvido. 
 Infelizmente, a violência doméstica e familiar é uma questão que faz parte da 
realidade de muitas mulheres, sendo marcadas por uma ampla variedade de 
violências, como física, psicológica, sexuais, moral, entre outras. 
9 
 
 O Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e o Instituto Patrícia 
Galvão fizeram uma pesquisa em 2006, revelando que 51% dos 2.002 brasileiros 
entrevistados conhecem uma vítima de violência doméstica. 
 Outra pesquisa feita em 2002, esta sendo da OMS (Organização Mundial da 
Saúde), afirma que praticamente metade das mulheres que morrem por homicídio 
é assassinada por seus maridos ou parceiros, atuais ou anteriores. 
 Este assunto tomou dimensão ainda maior, tendo que a Organização dos 
Estados Americanos (OEA) pronunciou um parecer na Comissão Interamericana 
de Direitos Humanos em 1998 recomendado ao Brasil. 
 Dito isto, nesse trabalho desenvolverá sobre os direitos humanos das mulheres, 
se atendo quais as medidas adotadas pelas Convenções e projetos que protegem 
e asseguram as mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
História da criação da Lei Maria da Penha 
 A Lei 11.340/06, conhecida com Lei Maria da Penha, ganhou este nome em 
homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para 
ver seu agressor preso. 
 
 Maria da Penha é biofarmacêutica cearense, e foi casada com o professor 
universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Em 1983 ela sofreu a primeira 
tentativa de assassinato, quando levou um tiro nas costas enquanto 
dormia. Viveros foi encontrado na cozinha, gritando por socorro, alegando que 
tinham sido atacados por assaltantes. Desta primeira tentativa, Maria da Penha 
saiu paraplégica A segunda tentativa de homicídio aconteceu meses depois, 
quando Viveros empurrou Maria da Penha da cadeira de rodas e tentou 
eletrocuta-la no chuveiro. 
 
 Apesar da investigação ter começado em junho do mesmo ano, a denúncia só 
foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro do ano seguinte e 
o primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após os crimes. Em 1991, os 
advogados de Viveros conseguiram anular o julgamento. Já em 
1996, Viveros foi julgado culpado e condenado há dez anos de reclusão mas 
conseguiu recorrer. 
 
 Mesmo após 15 anos de luta e pressões internacionais, a justiça brasileira 
ainda não havia dado decisão ao caso, nem justificativa para a demora. Com a 
ajuda de ONGs, Maria da Penha conseguiu enviar o caso para a Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma 
denúncia de violência doméstica. Viveiro só foi preso em 2002, para cumprir 
apenas dois anos de prisão. 
 
 O processo da OEA também condenou o Brasil por negligência e omissão em 
relação à violência doméstica. Uma das punições foi a recomendações para que 
fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. E esta foi a 
sementinha para a criação da lei. Um conjunto de entidades então reuniu-se para 
definir um anteprojeto de lei definindo formas de violência doméstica e familiar 
11 
 
contra as mulheres e estabelecendo mecanismos para prevenir e reduzir este 
tipo de violência, como também prestar assistência às vítimas. 
 Em setembro de 2006 a lei 11.340/06 finalmente entra em vigor, fazendo com 
que a violência contra a mulher deixe de ser tratada com um crime de menor 
potencial ofensivo. A lei também acaba com as penas pagas em cestas básicas 
ou multas, além de englobar, além da violência física e sexual, também a 
violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral. 
12 
 
Participação da Organização das Nações Unidas no caso de violência contra a 
Sra. Maria da Penha 
 A Organização das Nações Unidas (ONU) foi oficialmente criada em 24 (vinte 
e quatro) de Outubro de 1945 (mil novecentos e quarenta e cinco) é uma 
organização mundial formada por países que se reuniram voluntariamente para 
trabalharem juntos pela paz e desenvolvimento mundial. 
 A ONU tem como estrutura principal, necessária para este trabalho, a Corte 
Internacional de Justiça e o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral que 
tem como pauta os direitos humanos e buscam a melhoria das condições de 
vida de crianças, jovens e mulheres. 
 A ONU não teve uma participação direta com a criação da Lei 11.340 (onze 
mil trezentos e quarenta) batizada como Lei Maria da Penha, mas de forma 
indireta sim, pois se não fosse pela criação da ONU não existiria a OEA 
(Organização dos Estados Americanos) que tem uma estrutura parecida com a 
ONU. 
 A OEA (Organização dos Estados Americanos) é um órgão responsável por 
35 (trinta e cinco) e tem por finalidade, as mesmas da ONU porém de forma 
mais concentrada nos Estados membros e a resolução de quebra de acordos 
internacionais. 
 Tanto a OEA quanto a ONU tem interesses na paz e nos Direitos Humanos, 
os dois têm Convenções para que sejam julgados e resolvidos os problemas de 
Direitos Humanos dos seus países membros. 
 A Diferença entre a ONU e a OEA é que a OEA somente responsável pelos 
países membros dela e a ONU é responsável pelo mundo, digamos assim. 
Tudo que ocorre na OEA, a ONU fica sabendo, porém não se intromete exceto 
quando há casos graves ou que podem tomarproporções mundiais ou que 
possam acabar com a paz mundial, e também quando a OEA não conseguir 
resolver, ai sim a ONU entrara no caso. 
 Com isso, vimos que após a publicação do livro "Sobrevivi...posso contar" de 
Maria da Penha, as convenções criadas pela OEA, que são o Centro pela 
Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de 
Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM) formalizaram uma denúncia a 
Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização Americana 
13 
 
dos Direitos Humanos, pois somente Países e as convenções podem solicitar o 
parecer destes para solução de problemas. 
 
 
 
 
14 
 
Convenção para eliminar todas as formas de discriminação contra a mulher e 
seus principais pontos 
 Em Fevereiro de 1984, o direito brasileiro teve a iniciação da ratificação da 
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a 
mulher. O Brasil apresentou reservas dos artigos 15 e 16 da Convenção. 
 O ato de discriminação contra mulher quer dizer toda forma de exclusão ou 
restrição por causa do sexo e que tenha a finalidade de prejudicar o 
reconhecimento do papel da mulher na sociedade. 
 A condenação da discriminação contra a mulher é imposta por os Estados-partes 
com o objetivo de: 
• Assegurar pelas leis a realização prática do princípio da igualdade; 
• proteção jurídica dos direitos da mulher; 
• estabelecer sanções cabíveis para quem discriminar; 
• zelar para que as autoridades atuem com a obrigação das leis; 
• modificar leis que tenham a discriminação contra mulher. 
 Os Estados-partes asseguram a participação da mulher na sociedade com a 
finalidade de garantir os direitos humanos, nas esferas política, social, econômica 
e cultural. 
 Na esfera da educação: 
• Mesmas condições de orientação em matérias de carreiras profissionais e 
educação pré-escolar, geral, técnica e profissional; 
• oportunidade de bolsas de estudo; 
• acesso aos mesmos currículos e exames; 
• exclusão de conceito estereotipado dos papeis de masculinos e femininos 
em formas de ensino; 
• redução da taxa de abandono feminino dos estudos; 
• oportunidades de participação nos esportes e educação física. 
 Na esfera do emprego: 
• direito ao trabalho; 
15 
 
• Mesmas oportunidades de emprego; 
• Livre direito de escolha de profissão e emprego; 
• Direito à promoção; 
• Direito à seguridade social (aposentadoria, desemprego, doença, entre 
outros.); 
• Proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho. 
A discriminação contra a mulher por razões de casamento ou maternidade 
no ambiente de trabalho tem que ser: implantado a licença-maternidade, proibir a 
demissão por motivo de gravidez ou de licença-maternidade, dar proteção às 
mulheres durante a gravidez e estimular o fornecimento de serviços sociais. 
Na esfera da vida econômica e social: 
• Direito a benefícios familiares; 
• direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras formas 
de crédito financeiro; 
• direito de participação de atividades de aspecto da vida cultural. 
Nas zonas rurais: 
• Participar do desenvolvimento e execução dos planos; 
• direito a serviços médicos; 
• programas de seguridade social; 
• serviços médicos adequados; 
• organizar grupos de autoajuda; 
• participação de atividades comunitárias; 
• ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas; 
• direito de condições de vida adequada. 
Relativos ao casamento e às relações familiares: 
• Direito de contrair o matrimônio; 
• direito de escolher livremente o cônjuge; 
• direitos e responsabilidades como pais; 
• mesmos direitos pessoais como marido e mulher; 
• direitos à tutela, guarda e adoção de filhos. 
16 
 
Para conferir os progressos na aplicação desta Convenção sobre a 
violência contra mulher, foi criado o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação 
contra a Mulher. 
O Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher terá seu 
próprio regulamento, se reunindo todos os anos na sede das Nações Unidas ou em 
outro lugar que o Comitê determine. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a 
mulher e seus principais pontos 
 Desde o seu primeiro artigo, a exaltação ao direito de liberdade e a não 
discriminação por sexo é explícita no texto da Convenção Interamericana de 
Direitos humanos, deixando claro no artigo seguinte que, caso não haja 
disposições legislativas para que este princípio seja efetivamente vivenciado, o 
país se comprometerá em criar tais disposições para a aplicação efetiva dos 
direitos. 
 Data de 9 de junho de 1994 o texto da Convenção Interamericana Para 
Prevenir Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, conhecido como 
Convenção de Belém do Pará, onde documenta-se à afirmação, preocupação, 
persuasão e convencimento da necessidade de equipar o Sistema 
Interamericano com um instrumento que torne fortalecido o combate à violência 
contra a mulher. 
 Salienta ainda, antes de iniciar a disposição dos vinte e cinco artigos que a 
eliminação da violência contra mulher é fator determinante para a consolidação 
da igualdade entre homens e mulheres na obtenção de seus direitos da vida 
social e que uma convenção que previne, pune e erradica é uma contribuição 
positiva ao combate de tais práticas para proteger as mulheres da violência que 
às afeta. 
 Em seu primeiro e segundo artigos trata da definição e o âmbito de aplicação. 
Versa sobre o que é considerado violência contra a mulher colocando entre os 
agressores entes familiares como o próprio cônjuge, descontruindo a ideia 
antiquada e retrógada de objetificação da mulher. Coloca em termos claros e 
explícitos que a agressão pode ser tanto física e sexual quanto psicológica, 
pontuando o abuso sexual, tortura, maus tratos, tráfico de mulheres, 
prostituição forçada, sequestro e assédio sexual para enquadrar qualquer 
espécie de agressão. 
 No segundo capitulo cuida dos direitos assegurados, direitos que são 
protegidos pelo Estado, como direito à liberdade, segurança, direito à vida, 
18 
 
respeito à integridade física, psíquica e moral, direito a não tortura, direito à 
proteção igualitária perante a lei, entre outros. Essas citações mesmo 
demostrando certa obviedade são para que de forma nenhuma permeie 
oportunidade de infringir agressões sobre qualquer mulher sob alegação de 
permissividade por se tratar de uma mulher. 
 Ainda em seu quinto capitulo declara que toda mulher poderá exercer livre e 
plenamente seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais e em 
seu sexto artigo demonstra que mulheres livres não podem ser descriminadas 
bem como não podem ser estereotipadas em seu modelo educacional 
baseados em conceitos de inferioridade e subordinação. 
 O capitulo sete trata dos inúmeros deveres dos Estados que adotam o tratado 
e cita as medidas que deverão tomar para assegurar o que a Convenção diz, 
como já é recomendado na Convenção Interamericana de Direitos humanos. 
Expressa que sem demora as atitudes cabíveis devem ser tomadas e que o 
empenho deve ser em: Abster-se de qualquer pratica de violência contra a 
mulher, atuar na prevenção, investigação e punição de forma efetiva, incluir na 
legislação normas penais, civis e administrativas, revogar leis que possam 
fomentar o comportamento de inferiorizarão da mulher, proteção jurídica a 
vítimas, entre outros. 
 Seu artigo oitavo sela o compromisso que os Estados partes devem na 
adoção de medidas progressivas para o fim desta condição. Motiva que sejam 
tomadas medidas nos campos sociais e educativos,demonstrando a 
importância para sociedade que determinado comportamento seja erradicado 
para evolução da sociedade. Coloca ainda a importância de se usar os meios 
de comunicação na contribuição do reconhecimento da dignidade da mulher 
 O capitulo é encerrado com a recomendação que os Estados partes 
observem as condições de violência quando motivadas pela religião, etnia, 
migratória, anciã, situação socioeconômica desfavorável e quando submetida a 
conflitos armados. 
19 
 
 O capitulo quatro coloca à disposição em seus capítulos dez, onze e doze a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos, para interpretação da Convenção e 
apresentação de petição que contenha queixas a respeito do sétimo artigo. 
 Em suas disposições gerais deixa claro desde o primeiro bloco que a 
Convenção não poderá ser interpretada como restrição a leis que já vigorem 
nos Estados que versem de forma igual ou maior a respeito da violência contra 
a mulher. Também não pode ser interpretada como limitação a matéria tratada 
na Convenção Interamericana de Direitos Humanos 
 Deixa em seu artigo quinze a Convenção a aberta para assinatura de todos os 
Estados americanos e a adesão fica também aberta a qualquer Estado 
deixando a disposição reservas quanto aos termos desde que não se perca o 
ideal da matéria tratada. Coloca a possibilidade de emenda submetendo a 
Assembleia Geral por meio da Comissão Interamericana de Mulheres. 
 O Secretário Geral Fica responsável pelo envio de informes e relatórios 
anuais aos Estados participantes desta Convenção membros da Organização, 
sobre a situação de assinatura, ratificação, adesão ou declaração, assim como 
as reservas apresentadas por cada Estado. 
 A Convenção, mesmo deixando claro a sua necessidade e importância para a 
erradicação da violência contra a mulher e sua vital significância para a 
evolução da sociedade, deixa um dispositivo para que os Estados que não 
quiserem mais fazer parte do grupo. Este Estado deverá depositar um 
instrumento tratando desta desistência junto à Secretaria Geral da Organização 
dos Estados Americanos. Os efeitos da Convenção cessarão um ano depois 
desta apresentação. Os demais Estados partes não sofrerão qualquer 
alteração em suas políticas e condutas que continuarão vigentes independente 
do Estado que agora não faz parte dos Estados membros. 
 
 
20 
 
Aspectos comuns que existem entre os objetivos da Lei Maria da Penha e as 
duas Convenções 
 No ano de 1983 a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes sofreu 
dupla tentativa de homicídio por parte do seu marido dentro de sua própria casa, 
que ficava em Fortaleza, no Ceará. Marco Antonio Heredia Viveiros, o agressor, 
era colombiano mas naturalizado brasileiro, atuava como economista e também 
era professor universitário. Ele atirou contra suas costas enquanto ela dormia, e 
acabou por sofrer paraplegia irreversível. Posteriormente esse caso ele ainda 
tentou eletrocutá-la durante o banho. 
 Passaram- se mais 15 anos depois que Maria Da Penha sofreu esta terrível 
agressão e o caso ainda não tinha tido uma decisão judicial definida e seu 
agressor ainda estava gozando de liberdade. Por essa razão o CEJIL-Brasil 
(Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê 
Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) enviaram o 
caso à CIDH/OEA (Comissão Interamericana de Direitos Humanos da 
Organização dos Estados Americanos). 
 A denúncia ocorreu baseada na violão de cumprimento de determinados artigos 
constitucionais: 1° (Obrigação de respeitar os direitos), 8° (Garantias judiciais), 
24 (Igualdade perante a lei) e 25 (Proteção judicial) da Convenção Americana de 
Direitos Humanos; dos artigos II e XVIII da Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres dos Homens bem como os artigos 3°, 4°, “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “g”, 5° 
e 7° da Convenção Interamericana para Prevenir, Prevenir e Erradicar a 
Violência Contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do 
Pará. 
 No caso de Maria Da Penha os recursos ainda não estavam esgotados e o caso 
não era, ainda, considerado como coisa julgada por não ter uma decisão 
definitiva e final. Pela Convenção Americana pelo inciso II, “c”, do artigo 46 não 
pode haver atraso injustificado em decisões de recursos internos, fato que 
ocorreu em tal caso. 
 Pode- se citar também que o Estado brasileiro não deu atenção alguma à 
denúncia perante a Comissão Internacional de Direitos Humanos, e por essa 
21 
 
razão a CIDH em seu informe n. 54[10] disse que Estado brasileiro por 
irresponsável e acusado de negligenciar e tolerar de forma indevida os casos de 
violência contra as mulheres. A Comissão usou as seguintes palavras ara se 
manifestar: 
“En el presente caso no se ha llegado a producir una sentencia definitiva por los 
tribunales brasileños después de diecisiete años, y ese retardo está acercando 
la posibilidad de impunidad definitiva por prescripción, con la consiguiente 
imposibilidad de resarcimiento que de todas maneras sería tardía. La Comisión 
considera que las decisiones judiciales internas en este caso presentan una 
ineficacia, negligencia u omisión por parte de las autoridades judiciales 
brasileñas y una demora injustificada en el juzgamiento de un acusado e impiden 
y ponen en definitivo riesgo la posibilidad de penar al acusado e indemnizar a la 
víctima por la posible prescripción del delito. Demuestran que el Estado no ha 
sido capaz de organizar su estructura para garantizar esos derechos. Todo ello 
es una violación independiente de los artículos 8 y 25 de la Convención 
Americanasobre Derechos Humanos en relación con el artículo 1(1) de la misma, 
y los correspondientes de la Declaración.” 
 Atualmente, por conta da expansão das ideias dos Direitos Humanos, as 
pessoas tem plena consciência do quão é importante é discutir a respeito da 
questão da violência doméstica contra a mulher. Há alguns anos atrás essa 
consciência não se fazia presente na sociedade como se faz hoje. 
 Os crimes domésticos contra mulheres são um dos grandes problemas a ser 
enfrentado pelo Poder Público há muito tempo, embora fossem negligenciados 
pelo mesmo, fato que mudou devido ao amadurecimento do pensamento da 
sociedade sobe questões de gênero. 
 O papel da mulher foi mudando ao longo das 3 últimas décadas, já que antes 
ela era quase completamente associada a família, como se o único dever dela 
na esfera social fosse de se casar com um homem e reproduzir, nada além disso. 
 A realidade da violência doméstica passou a ser realmente discutida a partir da 
década de 70, quando as mulheres começaram a sair do núcleo familiar e a 
entrar no mercado de trabalho e ocupar cargos importantes. Então a presença 
22 
 
feminina nas empresas foi primordial para dar visibilidade a esse tipo de 
problema. 
 No ano de 1993 a Organização das Nações unidas (ONU) expediu a 
“Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres”, na qual 
conceituou a violência contra as mulheres como "toda forma de “manifestação 
de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que 
conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e 
impedem o pleno avanço das mulheres” (ONU, 1993). 
 Foi por conta da árdua luta das feministas, que acontece há muitos anos, que 
a desigualdade entre homens e mulheres diminuiu drasticamente. Vive- se em 
uma sociedade patriarcal e machista mesmo depois dessas lutas, mas a 
importância delas nunca poderá ser apagada da história da sociedade. 
 As mulheres buscaram seus direitos e pressionaram insistentemente as 
autoridades e isso foi de extrema importânciapara a que houvesse a criação da 
Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340 que atende ao que diz o art. 226, § 8º, da 
Constituição da República de 1988, a “Convenção sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação contra as Mulheres" e a "Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”. 
 Ainda existe a chamada Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada 
na cidade de Viena que reconhece a violência de gênero como violação dos 
direitos humanos a dá ao Estado de garantir a segurança pública tendo também 
o dever de garantir a igualdade e a segurança das pessoas, independentemente 
da cor, do sexo, do gênero, do credo e da nacionalidade. 
 A convenção emanada da Conferência acima citada, em seu artigo 7º, alínea 
“b” diz que os Estados signatários possuem a responsabilidade de agir com o 
máximo de cautela com o objetivo de prevenir, investigar e punir a violência 
contra o sexo feminino dizendo que a violência contra a mulher é uma ofensa à 
dignidade humana e uma manifestação de relações desiguais entre os sexos. 
 Em 1994 a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação Contra a Mulher foi ratificada pelo Brasil e aprovada pelo 
Congresso Nacional sendo descrita no decreto legislativo número 26/1994, e 
23 
 
promulgada pelo Presidente da República como Decreto sob o número 
4.377/2002. 
 A aprovação da Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação Contra a Mulher é considerada como um dos primeiros meios 
internacionais de deixar claro os direitos das mulheres, repreender quem 
discriminasse qualquer mulher e ir busca dos direitos das mesmas depois de 
tantos problemas. 
 No ano de 1995 a denominada Convenção de Belém do Pará teve sua 
aprovação efetivada no Brasil, e nela constava que quaisquer tipos de violência 
praticados contra uma mulher seriam considerados como violação de direitos 
humanos. Essa convenção também é chamada de Convenção Interamericana 
para prevenir, sancionar e erradicar a Violência contra a Mulher criada pela OEA, 
a Organização dos Estados Americanos. 
 Atualmente a Lei Maria da Penha está sendo continuamente discutida e, 
obviamente, esse tipo de caso ganhou grande visibilidade e agressores estão 
sendo denunciados como nunca eram há alguns anos atrás. As mulheres 
perceberam como era importante denunciar o agressor para que tivessem a 
possibilidade de ter uma vida digna. 
Apesar de ter acontecido tudo isso os problemas estão longe de acabar, porque 
a ineficiência do poder público ficou clara tendo em vista que o Estado não torna 
eficaz a medida protetiva. 
 Antes da Lei nº 11.340/2006 a figura da mulher não tinha uma garantia 
específica que objetivasse a proteção contra a violência praticada em âmbito 
doméstico, e isso ocorria por que anteriormente a sociedade e o Estado não 
denunciavam problemas que aconteciam dentro de lares, alegando que esse tipo 
de problema era exclusivo do casal e outras pessoas não deveriam interferir de 
maneira alguma, pois o casal se resolveria sozinho por ser uma situação 
extremamente pessoal. 
 Mesmo que o Brasil fosse signatário das Convenções internacionais, ele não 
era competente, por não regulamentar oficialmente o problema da violência 
contra a mulher. E esse situação só mudou porque os países estrangeiros 
24 
 
fizeram pressão para que o Brasil regulamentasse essa situação já que era um 
país signatário. No brasil os responsáveis pelos crimes contra as mulheres 
podiam responder pelos seus crimes no Juizado Especial de Crimes, alegando 
esses delitos como de menor potencial ofensivo. 
 Apesar de ser extremamente boa a Lei número 11.340/2006, que contribuiu 
para o aumento de denúncias, e permitiu a maior visibilidade da discussão 
acerca da violência doméstica, em outros aspectos precisa de efetividade e 
políticas públicas são necessárias para garantir à mulher uma real proteção e 
que os agressores sejam punidos de maneira efetiva, levando em conta as 
medidas de prevenção, como garante a Convenção de Belém do Pará. Pois só 
dessa maneira os direitos humanos da mulher estarão sendo resguardados e os 
fins judiciais realmente alcançados. 
 Tanto a lei Maria da Penha quanto a Convenção sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação contra as Mulheres e a Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher tratam de meios para 
proteger as mulheres de agressões sofridas todos os dias pelos seus 
companheiros. A violência contra a mulher precisa ser erradicada, e esse é um 
desafio que toda sociedade enfrenta dia a dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Conclusão 
 Durante todo o século 20, convivemos com o Código Civil elaborado por Dom 
Pedro II e pelo jurista Augusto Teixeira de Freitas, ainda no século 19, e que 
entrou em vigor em 1917. Entre outras coisas, o documento considerava o 
homem como o chefe de família e os escravos como bens móveis; o adultério 
feminino era entendido como crime e as filhas poderiam ser deserdadas, caso 
fossem “ingratas” com o pai – um instrumento para cercear a liberdade e a 
sexualidade femininas. 
 Apenas em 2002 esse Código Civil foi revogado e substituído por outro, em 
conformidade com a Constituição do país, de 1988, que, em seu artigo 226, no 
parágrafo 8º, prima pela não violência familiar, sem fazer distinção entre 
direitos de homens e mulheres. No entanto, normalmente, são as mulheres as 
vítimas da violência em casa. 
 Por isso, em 2005, um projeto de lei que visava à proteção das mulheres no 
âmbito doméstico foi aprovado na Câmara dos Deputados e, em julho do ano 
seguinte, no Senado. Surgia assim, a lei 11.340/06, batizada de Maria da 
Penha, em homenagem à farmacêutica bioquímica que ficou paraplégica por 
causa de um tiro nas costas dado pelo próprio marido e se tornou um ícone da 
luta contra a violência doméstica e a impunidade dos agressores. 
 Atualmente, sua constitucionalidade vem sendo questionada por alguns 
juristas que são contra a distinção de tratamento entre homens e mulheres em 
relação à violência. A advogada e professora da USP, Eunice Prudente, 
defensora da lei Maria da Penha, diz que as estatísticas são claras ao 
demonstrar que é a mulher quem deve ser protegida. 
 Foram muitos os avanços legais trazidos pela Lei Maria da Penha, entre eles: 
- a definição do que é violência doméstica, incluindo não apenas as agressões 
físicas e sexuais, como também as psicológicas, morais e patrimoniais; - 
reforça que todas as mulheres, independentemente de sua orientação sexual 
são protegidas pela lei, o que significa que mulheres também podem ser 
26 
 
enquadradas – e punidas – como agressoras; - não há mais a opção de os 
agressores pagarem a pena somente com cestas básicas ou multas. 
 A pena é de três meses a três anos de prisão e pode ser aumentada em 1/3 
se a violência for cometida contra mulheres com deficiência; - ao contrário do 
que acontecia antigamente, não é mais a mulher quem entrega a intimação 
judicial ao agressor; - a vítima é informada sobre todo o processo que envolve 
o agressor, especialmente sobre sua prisão e soltura; - a mulher deve estar 
acompanhada por advogado e tem direito a defensor público; - podem ser 
concedidas medidas de proteção como a suspensão do porte de armas do 
agressor, o afastamento do lar e uma distância mínima em relação à vítima e 
aos filhos; - permite prisão em flagrante; - no inquérito policial constam os 
depoimentos da vítima, do agressor, de testemunhas, além das provas da 
agressão; - a prisão preventiva pode ser decretada se houver riscos de a 
mulher ser novamente agredidae - o agressor é obrigado a comparecer a 
programas de recuperação e reeducação. 
 Além disso, a lei prevê Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher para julgarem os crimes e definirem questões relativas a 
divórcio, pensão e guarda dos filhos, por exemplo. A medida é importante, pois 
retira a competência dos juizados especiais criminais (como previa a lei 9.099, 
de 1995), que entendiam a violência doméstica como um crime de menor 
potencial ofensivo. No entanto, “as violências em família são sérias, mulheres 
têm perdido a vida por causa disso”, lembra Eunice Prudente. 
 Outro ponto positivo da Lei Maria da Penha é que ela cria dificuldades para 
que as mulheres voltem atrás em suas denúncias, afinal é grande o número de 
vítimas que retiram a queixa de agressão após sofrerem ameaças do 
companheiro ou ouvirem mais um pedido de desculpas. Desde 2006, a mulher 
só pode desistir da denúncia na frente do juiz, em audiência marcada 
exclusivamente para esta finalidade. 
 A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres realizou um estudo, entre 
outubro de 2006 e maio de 2007, para mensurar os impactos da Lei Maria da 
Penha na vida das brasileiras. Neste período: - abriram-se 32.630 inquéritos 
27 
 
em delegacias do país com depoimentos das vítimas, dos agressores e de 
testemunhas; - 10.450 processos criminais foram encaminhados nos Juizados 
e Varas adaptadas; - 5.247 medidas de proteção às vítimas foram autorizadas; 
- realizaram-se 846 prisões m flagrante e 77 em caráter preventivo e - foram 
feitos 73 mil atendimentos pelo Ligue 180, sendo que 11,1 mil se tratavam de 
pedidos de informações sobre a lei Maria da Penha; De meados de 2006 a 
setembro de 2007, foram criados 15 Juizados Especiais de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher e 32 Varas foram adaptadas. 
 A própria secretaria reconhece que o volume ainda é bem inferior ao 
necessário para combater o problema e que a dificuldade advém de uma 
mudança de cultura do próprio Judiciário. Ainda é difícil prever os resultados 
concretos da lei em relação à quantidade de casos de violência praticados 
contra a mulher. Se cai o número de denúncias, não é possível determinar se 
isso se deve a uma intimidação maior das mulheres por conta do novo 
instrumento legal, ou se, de fato, a lei inibe a ação dos agressores. 
 Por outro lado, um aumento de denúncias pode revelar tanto que as mulheres 
estão mais corajosas para lutar por seus direitos quanto que o número de 
agressões, de fato, aumentou. De todo modo, a lei Maria da Penha cumpre a 
indiscutível função de colocar o assunto em evidência e chamar a atenção da 
sociedade para este antigo drama contemporâneo 
 Graças ao empenho da biofarmacêutica Maria da Penha as mulheres dotam 
de um instituto jurídico capaz de equacionar as diferenças entre as pessoas do 
sexo feminino e do masculino. O Estatuto da Mulher adveio com a pretensão 
de prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e, 
simultaneamente, corroborar com os compromissos ratificados pelo Brasil em 
sede internacional, como prevê a Convenção do Belém do Pará em seu artigo 
7º: 
 Artigo 7º. Os Estados Partes condenam todas as formas de violência contra a 
mulher e convêm em adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, 
políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar tal violência e a empenhar-se 
em incorporar na sua legislação interna normas penais, civis, administrativas e 
28 
 
de outra natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a 
violência contra a mulher, bem como adotar as medidas administrativas 
adequadas que forem aplicáveis. 
 Por fim, ressalta-se que é um engano pensarem que somente as mulheres de 
baixa renda sofrem violência doméstica e familiar, pois atrizes, advogadas, 
cantoras, empresárias, médicas, dentistas etc. também são vítimas. As 
agressões não escolhem cor, idade, profissão nem classe social; pode ser 
encontrada na residência de qualquer brasileira. 
 Diante do exposto, as organizações supra estatais devem promover a adoção 
de leis que tenham por escopo a efetivação dos direitos humanos e 
fundamentais, induzindo os Estados que ainda não legislam sobre o tema a 
legislar, e os que já tratam a aperfeiçoá-los. 
 O objetivo desta monografia, foi o de conferir a necessidade de uma especial 
proteção às vítimas de violência doméstica, ou seja, a mulher. O primeiro 
passo foi analisar o tema da violência, ou seja, verificar as diversas formas e 
tipos de violência existentes, assim como o gênero, sua origem, características, 
formas de manifestação, os sujeitos ativo e passivo, o perfil do agressor e o 
perfil das vítimas, os direitos fundamentais das mulheres e etc. 
 Um aspecto importante que foi abordado, é que a violência de gênero, por 
ocorrer em regra dentro do ambiente doméstico e familiar, é o primeiro tipo de 
violência que o ser humano tem contado de maneira direta, situação que, 
certamente, influenciará nas formas de condutas externas de seus agentes, 
seja agressor ou vítima. 
 Embora não sendo a raiz de todas as formas de violência, a intervenção 
estatal nas relações domésticas e familiares de violência é essencial, inclusive 
para a superação de boa parte das ocorrências exteriores no ambiente familiar 
e doméstico. 
 A violência doméstica é a origem da violência que assusta a todos. Quem 
convive com a violência, muitas vezes, até mesmo antes de nascer e durante a 
infância, acha tudo muito natural, o uso da força física, visto que para essa 
29 
 
pessoa a violência é normal. Com a evidente discriminação e violência contra 
as mulheres o Estado interveio através da Lei 11.340/06 – Lei “Maria da 
Penha” para coibir os diversos tipos de violência, fazendo então, com que as 
mulheres se sentissem mais seguras, resgatando a cidadania e a dignidade 
dessas cidadãs que, na maioria das vezes, sofrem caladas. 
 O juiz do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, tem, 
agora, à sua disposição, instrumentos processuais suficientes para 
proporcionar integral proteção às vítimas dessa violência de gênero. Era 
imprescindível a implementação de medidas com o fim de resgatar, em 
essência, a cidadania e a dignidade da mulher; marginalizada pela sociedade 
machista e patriarcal. 
 Com o presente estudo observamos como a mulher foi e ainda é inferiorizada 
perante o homem. A violência doméstica e familiar contra a mulher é um 
fenômeno que começou a ser construído desde os primórdios, e que até hoje, 
mesmo com equiparações entre os sexos, continua sendo um fato cotidiano na 
vida de muitas mulheres. 
 A Lei Maria da Penha veio para combater esse tipo de violência, tendo como 
base a história da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, agredida 
diversas vezes pelo marido, e que juntamente com movimentos feministas e 
Convenções Internacionais, ensejaram a iniciativa da criação de uma lei 
especifica que regulasse e punisse os agressores. 
Com o advento desta lei, muitas mudanças no processo penal brasileiro foram 
acontecendo, dando mais segurança à mulher agredida, e uma maior punição 
ao agressor. A Lei Maria da Penha foi tão bem recebida que é considerada 
uma das melhores legislações protetivas do mundo, o que causa uma falsa 
sensação de dever cumprido pelo Estado. Mas, como nem tudo é perfeito, os 
altos índices de violência contra a mulher ainda resistem até hoje, causando 
certa disparidade entre o texto legal e os altos índices de mulheres vítimas de 
violência doméstica. 
30 
 
 A falta de denúncia por parte da mulher contra o homem é o fator que mais 
gera a impunidade aos autores das agressões. Na grande maioriados casos, 
as vítimas preferem ficar caladas a buscar uma punição pelo fato ocorrido. 
Verificamos que as motivações para essa falta de denúncia são diversas, 
sendo que a que mais prevalece é o medo do agressor, ou seja, o pavor que a 
vítima tem de sofrer consequências piores caso leve o caso à justiça faz com 
que ela continue no silêncio, fingindo que nada aconteceu. 
 Entretanto, mesmo acreditando que esta seja a melhor solução, a mulher não 
percebe que deixar de procurar ajuda estatal gera consequências muito piores, 
tanto para ela quanto para o restante da família. Ela continuará condenada a 
ser submissa ao poder dominador do marido, colocada sempre num patamar 
de inferioridade, além de se tornar uma vítima sem fim da violência doméstica. 
Aos filhos do casal, as consequências aparecem tanto momentaneamente 
como também no futuro, pois uma criança que vê o pai agredir a mãe cria um 
pensamento de que este é um ato normal numa estrutura familiar, e começará 
a propagar esse pensamento se tornando uma criança violenta, além de poder, 
no futuro, procurar um companheiro ou companheira com as mesmas 
características dos pais, dando continuidade a um ciclo de violência iniciado 
pelos pais e continuado pelos filhos. 
 Ficou claro, que essa atual sociedade violenta não é a ideal para viver em 
equilíbrio com um ordenamento jurídico como o nosso. E para que essa 
situação se inverta é necessária uma conscientização geral, e principalmente, 
um apoio psicológico à mulher agredida, para que ela consiga ter a coragem 
necessária de buscar seus direitos através de uma lei que foi criada com o 
objetivo de extinguir a violência doméstica. 
 “Chegou o momento de resgatar a cidadania feminina. É urgente a adoção de 
mecanismos de proteção que coloquem a mulher a salvo do agressor, para que 
ela tenha coragem de denunciar sem temer que sua palavra não seja levada a 
sério. Só assim será possível dar efetividade à Lei Maria da Penha”. 
 
31 
 
Bibliografia 
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http://violenciacontraamulher2011.blogspot.com.br/p/criacao-da-lei-maria-da-penha.html 
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http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/direitos_humanos/leimariadapenha.pdf 
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http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/que.asp 
https://jus.com.br/artigos/35965/a-lei-maria-da-penha-e-as-convencoes-de-direitos-humanos 
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121938023/lei-maria-da-penha-violencia-medo-
e-amor-da-denuncia-ao-perdao; http://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/violencia-
domestica-familiar-contra-mulher-lei-maria-.htm; 
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1628&idAreaSel=4&seeArt=

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