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Curso de Direito APS- Atividades Práticas Supervisionadas Lei Maria da Penha São Paulo 2016 2 APS- Atividades Práticas Supervisionadas Lei Maria da Penha Atividades Práticas Supervisionadas – trabalho apresentado como exigência para a avaliação do segundo bimestre em disciplinas do 2º semestre do curso de Direito da Universidade Paulista, sob orientação dos professores do semestre. São Paulo 2016 3 Sumário Resumo........................................................................................................pg. 04 Abstract........................................................................................................pg. 06 Introdução....................................................................................................pg. 08 História da criação da Lei Maria da Penha..................................................pg. 10 Participação da Organização das Nações Unidas no caso de violência contra a Sra. Maria da Penha....................................................................................pg. 12 Convenção para eliminar todas as formas de discriminação contra a mulher e seus principais pontos.................................................................................pg. 14 Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher e seus principais pontos..................................................................pg. 17 Aspectos comuns que existem entre os objetivos da Lei Maria da Penha e as duas Convenções........................................................................................pg. 20 Conclusão....................................................................................................pg. 25 Bibliografia...................................................................................................pg. 31 4 Resumo Maria da Penha Maia Fernandes se formou em farmácia e Bioquímica na Universidade Federal do Para (UFPA) em 1966 (mil novecentos e sessenta e seis), após fez pós na Universidade de São Paulo (USP) onde conheceu o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros que cursava mestrado, alguns anos se passaram e eles se casaram. Marco mudou seu comportamento de solicito e educado á violento, após o nascimento de sua segunda filha, com as explosões de violências cada vez mais frequentes com isso ele descontava em sua mulher e filhas. Maria pede o divórcio mas Marco não aceita, no nascimento de sua terceira filha, Marco pede para que Maria assine um seguro de vida em seu nome, onde Maria recusa. Em Maio de 1983 (mil novecentos e oitenta e três) Maria sofreu uma tentativa de homicídio, onde seu marido supostamente armou um assalto em sua residência e o mesmo atirou em sua mulher com uma espingarda onde a deixou paraplégica, a mesma passou quatro meses em hospitais e por diversas cirurgias. Quando Maria retorna ao lar, viveu sobre cárcere privado, onde seus amigos e seus familiares eram proibidos de vê-la. Marco tenta matá-la novamente, mas dessa vez ele tenta eletrocuta-la, foi aberto um inquérito contra Marco, que só foi entregue ao promotor em 1984 (mil novecentos e oitenta e quatro), e o julgamento só ocorreu oito anos após a tentativa de homicídio. Em 1996 (mil novecentos e noventa e seis) Marco foi considerado culpado e teve pena de 10 (dez) anos de reclusão, mas recorreu e somente precisou pagar uma cesta básica, Maria em contra partida fica extremamente decepcionada com a justiça brasileira e decide publicar um livro titulado "Sobrevivi...Posso contar", onde conta sobre todas as agressões e sobre as tentativas de homicídio sofrida. Alguns anos após a publicação do livro, em 1998 (mil novecentos e noventa e oito) foi encaminhada um petição para a Corte Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o Estado Brasileiro em relação a impunidade à violência doméstica sofrida por Maria. 5 Em 2001 (dois mil e um) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em seu informe número 54 (cinquenta e quatro) responsabilizou o Estado Brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação a violência doméstica contra as mulheres. Depois de um reconhecimento mundial sobre o caso de Maria, o Brasil reconheceu o sofrimento dela e viu a necessidade da criação de uma lei que punisse a violência doméstica contra as mulheres. Em 07 (sete) de Agosto de 2006 (dois mil e seis) foi sancionada a lei 11.340 (onze mil trezentos e quarenta) que recebeu o nome de Lei Maria da Penha em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes. Após a criação da nova lei Marco recebeu novamente a sua punição 19 (dezenove) anos após o atentado. Como punição teria que ficar 8 anos em reclusão mas por meio de recursos jurídicos ficou somente 2 (dois) anos. E hoje com 67 (sessenta e sete) anos e 3 (três) filhas Maria é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres vítimas de violência doméstica. 6 Abstract Maria da Penha Maia Fernandes graduated in Pharmacy and Biochemistry at the Federal University of Para (UFPA) in 1966 (one thousand nine hundred and sixty-six) after a post at the University of São Paulo (USP), where he met the Colombian Marco Antonio Heredia Viveros that attending master, a few years have passed and they were married. Marco changed its request behavior and educated will violent, after the birth of her second daughter, with the explosion of increasingly frequent violence with that he cashed in his wife and daughters. Maria asks for divorce but Marco does not accept, the birth of his third daughter, Marco asks Mary umseguro sign of life in his name, where Mary refused. In May 1983 (nineteen eighty-three) Maria suffered an attempted murder, where her husband allegedly pitched a robbery at his home and the same shot his wife with a shotgun which left her paraplegic, he spent four months hospitals and various surgeries. When Maria returns home, he lived on private carcere where your friends and your family were forbidden to see her. Marco tries to kill her again, but this time he tries to electrocute it was opened an investigation against Marco, which was handed over to the prosecutor in 1984 (nineteen eighty-four) and the trial only took place eight years after the attempt of murder. In 1996 (nineteen ninety-six) Marco was found guilty and pitied ten (10) years in prison, but appealed and need only pay a basic basket, Maria in cronta match is extremely disappointed with the Brazilian courts and decides to publish one ititulado book "I survived ... I can tell," which tells of all attacks and about attempts to murder suffered. A few years after the book's publication in 1998 (one thousand nine hundred enoventa eight) was submitted one petition to the Inter-American Court of Disreitos Human of the Organization of American States (OAS) against the Brazilian State for aimpunidade domestic violence suffered by Maria. 7 In 2001 (two thousand and one) the Inter-American Commission on Human Rights in its report number 54 (fifty-four) blamed the Brazilian State for negligânica, omission and tolerance for domestic violence against women. After a worldwide recognition on the case of Maria, Brazil acknowledged her suffering and saw the need to create a law thatwould punish domestic violence against women. In 07 (seven) August 2006 (two thousand and six) was enacted Law 11,340 (eleven thousand three hundred and forty) who received the name of Maria da Penha Law in honor of Maria da Penha Maia Fernandes. After the creation of the new law Marco noavamente received his punishment 19 (nineteen) years after the attack. As punishment would have to be 8 years in prison but through juridical resources was only 2 (two) years. And today with sixty seven (67) years and 3 (three) daughters Maria is a leading defense movements of the rights of women victims of domestic violence. 8 Introdução A violência contra a mulher é um tema bastante discutindo em todo o mundo, decorrente da desigualdade por causa das relações de poderes e discriminação entre os gêneros (homens e mulheres). No século XIX, essa violência passou a ser estudada com mais profundidade esperando por respostas que solucionassem esse caso, com isso sendo apontada como um problema central para a humanidade. O Ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, aprovou a Lei 11.340, também conhecida como “Lei Maria da Penha”, no dia 7 de Agosto de 2006. Essa lei põe de acordo sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. Com o início do vigor da Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para impedir e prevenir a violência contra as mulheres para que essa realidade mude, fazendo com que a mulher passe a ter instrumentos para que não seja vítima de discriminação, violência e ofensas. A Lei 11.340 inovou o sistema dos direitos humanos que diz respeito ao sexo feminino, tendo como principais objetivos direito ao trabalho, direito à segurança, direito à vida e entre outros. A lei foi elaborada por causa do caso da Maria da Penha Maia Fernandes, que foi agredida seriamente por seu marido durante anos de seu casamento. Quando Maria da Penha buscou a justiça, seu agressor não foi punido pois os advogados de defesa conseguiram que a sentença fosse anulada. Por comentários falsos da mídia, criaram-se expectativas falsas de que a partir da criação de uma lei fosse reverter os casos de violência doméstica, mas por se tratar de uma cultura machista e discriminatória, este problema não se resolve de imediato, levando um período grande para ser desenvolvido. Infelizmente, a violência doméstica e familiar é uma questão que faz parte da realidade de muitas mulheres, sendo marcadas por uma ampla variedade de violências, como física, psicológica, sexuais, moral, entre outras. 9 O Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e o Instituto Patrícia Galvão fizeram uma pesquisa em 2006, revelando que 51% dos 2.002 brasileiros entrevistados conhecem uma vítima de violência doméstica. Outra pesquisa feita em 2002, esta sendo da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirma que praticamente metade das mulheres que morrem por homicídio é assassinada por seus maridos ou parceiros, atuais ou anteriores. Este assunto tomou dimensão ainda maior, tendo que a Organização dos Estados Americanos (OEA) pronunciou um parecer na Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 1998 recomendado ao Brasil. Dito isto, nesse trabalho desenvolverá sobre os direitos humanos das mulheres, se atendo quais as medidas adotadas pelas Convenções e projetos que protegem e asseguram as mulheres. 10 História da criação da Lei Maria da Penha A Lei 11.340/06, conhecida com Lei Maria da Penha, ganhou este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso. Maria da Penha é biofarmacêutica cearense, e foi casada com o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Em 1983 ela sofreu a primeira tentativa de assassinato, quando levou um tiro nas costas enquanto dormia. Viveros foi encontrado na cozinha, gritando por socorro, alegando que tinham sido atacados por assaltantes. Desta primeira tentativa, Maria da Penha saiu paraplégica A segunda tentativa de homicídio aconteceu meses depois, quando Viveros empurrou Maria da Penha da cadeira de rodas e tentou eletrocuta-la no chuveiro. Apesar da investigação ter começado em junho do mesmo ano, a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro do ano seguinte e o primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após os crimes. Em 1991, os advogados de Viveros conseguiram anular o julgamento. Já em 1996, Viveros foi julgado culpado e condenado há dez anos de reclusão mas conseguiu recorrer. Mesmo após 15 anos de luta e pressões internacionais, a justiça brasileira ainda não havia dado decisão ao caso, nem justificativa para a demora. Com a ajuda de ONGs, Maria da Penha conseguiu enviar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica. Viveiro só foi preso em 2002, para cumprir apenas dois anos de prisão. O processo da OEA também condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica. Uma das punições foi a recomendações para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. E esta foi a sementinha para a criação da lei. Um conjunto de entidades então reuniu-se para definir um anteprojeto de lei definindo formas de violência doméstica e familiar 11 contra as mulheres e estabelecendo mecanismos para prevenir e reduzir este tipo de violência, como também prestar assistência às vítimas. Em setembro de 2006 a lei 11.340/06 finalmente entra em vigor, fazendo com que a violência contra a mulher deixe de ser tratada com um crime de menor potencial ofensivo. A lei também acaba com as penas pagas em cestas básicas ou multas, além de englobar, além da violência física e sexual, também a violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral. 12 Participação da Organização das Nações Unidas no caso de violência contra a Sra. Maria da Penha A Organização das Nações Unidas (ONU) foi oficialmente criada em 24 (vinte e quatro) de Outubro de 1945 (mil novecentos e quarenta e cinco) é uma organização mundial formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalharem juntos pela paz e desenvolvimento mundial. A ONU tem como estrutura principal, necessária para este trabalho, a Corte Internacional de Justiça e o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral que tem como pauta os direitos humanos e buscam a melhoria das condições de vida de crianças, jovens e mulheres. A ONU não teve uma participação direta com a criação da Lei 11.340 (onze mil trezentos e quarenta) batizada como Lei Maria da Penha, mas de forma indireta sim, pois se não fosse pela criação da ONU não existiria a OEA (Organização dos Estados Americanos) que tem uma estrutura parecida com a ONU. A OEA (Organização dos Estados Americanos) é um órgão responsável por 35 (trinta e cinco) e tem por finalidade, as mesmas da ONU porém de forma mais concentrada nos Estados membros e a resolução de quebra de acordos internacionais. Tanto a OEA quanto a ONU tem interesses na paz e nos Direitos Humanos, os dois têm Convenções para que sejam julgados e resolvidos os problemas de Direitos Humanos dos seus países membros. A Diferença entre a ONU e a OEA é que a OEA somente responsável pelos países membros dela e a ONU é responsável pelo mundo, digamos assim. Tudo que ocorre na OEA, a ONU fica sabendo, porém não se intromete exceto quando há casos graves ou que podem tomarproporções mundiais ou que possam acabar com a paz mundial, e também quando a OEA não conseguir resolver, ai sim a ONU entrara no caso. Com isso, vimos que após a publicação do livro "Sobrevivi...posso contar" de Maria da Penha, as convenções criadas pela OEA, que são o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM) formalizaram uma denúncia a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização Americana 13 dos Direitos Humanos, pois somente Países e as convenções podem solicitar o parecer destes para solução de problemas. 14 Convenção para eliminar todas as formas de discriminação contra a mulher e seus principais pontos Em Fevereiro de 1984, o direito brasileiro teve a iniciação da ratificação da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a mulher. O Brasil apresentou reservas dos artigos 15 e 16 da Convenção. O ato de discriminação contra mulher quer dizer toda forma de exclusão ou restrição por causa do sexo e que tenha a finalidade de prejudicar o reconhecimento do papel da mulher na sociedade. A condenação da discriminação contra a mulher é imposta por os Estados-partes com o objetivo de: • Assegurar pelas leis a realização prática do princípio da igualdade; • proteção jurídica dos direitos da mulher; • estabelecer sanções cabíveis para quem discriminar; • zelar para que as autoridades atuem com a obrigação das leis; • modificar leis que tenham a discriminação contra mulher. Os Estados-partes asseguram a participação da mulher na sociedade com a finalidade de garantir os direitos humanos, nas esferas política, social, econômica e cultural. Na esfera da educação: • Mesmas condições de orientação em matérias de carreiras profissionais e educação pré-escolar, geral, técnica e profissional; • oportunidade de bolsas de estudo; • acesso aos mesmos currículos e exames; • exclusão de conceito estereotipado dos papeis de masculinos e femininos em formas de ensino; • redução da taxa de abandono feminino dos estudos; • oportunidades de participação nos esportes e educação física. Na esfera do emprego: • direito ao trabalho; 15 • Mesmas oportunidades de emprego; • Livre direito de escolha de profissão e emprego; • Direito à promoção; • Direito à seguridade social (aposentadoria, desemprego, doença, entre outros.); • Proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho. A discriminação contra a mulher por razões de casamento ou maternidade no ambiente de trabalho tem que ser: implantado a licença-maternidade, proibir a demissão por motivo de gravidez ou de licença-maternidade, dar proteção às mulheres durante a gravidez e estimular o fornecimento de serviços sociais. Na esfera da vida econômica e social: • Direito a benefícios familiares; • direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e outras formas de crédito financeiro; • direito de participação de atividades de aspecto da vida cultural. Nas zonas rurais: • Participar do desenvolvimento e execução dos planos; • direito a serviços médicos; • programas de seguridade social; • serviços médicos adequados; • organizar grupos de autoajuda; • participação de atividades comunitárias; • ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas; • direito de condições de vida adequada. Relativos ao casamento e às relações familiares: • Direito de contrair o matrimônio; • direito de escolher livremente o cônjuge; • direitos e responsabilidades como pais; • mesmos direitos pessoais como marido e mulher; • direitos à tutela, guarda e adoção de filhos. 16 Para conferir os progressos na aplicação desta Convenção sobre a violência contra mulher, foi criado o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher. O Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher terá seu próprio regulamento, se reunindo todos os anos na sede das Nações Unidas ou em outro lugar que o Comitê determine. 17 Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher e seus principais pontos Desde o seu primeiro artigo, a exaltação ao direito de liberdade e a não discriminação por sexo é explícita no texto da Convenção Interamericana de Direitos humanos, deixando claro no artigo seguinte que, caso não haja disposições legislativas para que este princípio seja efetivamente vivenciado, o país se comprometerá em criar tais disposições para a aplicação efetiva dos direitos. Data de 9 de junho de 1994 o texto da Convenção Interamericana Para Prevenir Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, conhecido como Convenção de Belém do Pará, onde documenta-se à afirmação, preocupação, persuasão e convencimento da necessidade de equipar o Sistema Interamericano com um instrumento que torne fortalecido o combate à violência contra a mulher. Salienta ainda, antes de iniciar a disposição dos vinte e cinco artigos que a eliminação da violência contra mulher é fator determinante para a consolidação da igualdade entre homens e mulheres na obtenção de seus direitos da vida social e que uma convenção que previne, pune e erradica é uma contribuição positiva ao combate de tais práticas para proteger as mulheres da violência que às afeta. Em seu primeiro e segundo artigos trata da definição e o âmbito de aplicação. Versa sobre o que é considerado violência contra a mulher colocando entre os agressores entes familiares como o próprio cônjuge, descontruindo a ideia antiquada e retrógada de objetificação da mulher. Coloca em termos claros e explícitos que a agressão pode ser tanto física e sexual quanto psicológica, pontuando o abuso sexual, tortura, maus tratos, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual para enquadrar qualquer espécie de agressão. No segundo capitulo cuida dos direitos assegurados, direitos que são protegidos pelo Estado, como direito à liberdade, segurança, direito à vida, 18 respeito à integridade física, psíquica e moral, direito a não tortura, direito à proteção igualitária perante a lei, entre outros. Essas citações mesmo demostrando certa obviedade são para que de forma nenhuma permeie oportunidade de infringir agressões sobre qualquer mulher sob alegação de permissividade por se tratar de uma mulher. Ainda em seu quinto capitulo declara que toda mulher poderá exercer livre e plenamente seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais e em seu sexto artigo demonstra que mulheres livres não podem ser descriminadas bem como não podem ser estereotipadas em seu modelo educacional baseados em conceitos de inferioridade e subordinação. O capitulo sete trata dos inúmeros deveres dos Estados que adotam o tratado e cita as medidas que deverão tomar para assegurar o que a Convenção diz, como já é recomendado na Convenção Interamericana de Direitos humanos. Expressa que sem demora as atitudes cabíveis devem ser tomadas e que o empenho deve ser em: Abster-se de qualquer pratica de violência contra a mulher, atuar na prevenção, investigação e punição de forma efetiva, incluir na legislação normas penais, civis e administrativas, revogar leis que possam fomentar o comportamento de inferiorizarão da mulher, proteção jurídica a vítimas, entre outros. Seu artigo oitavo sela o compromisso que os Estados partes devem na adoção de medidas progressivas para o fim desta condição. Motiva que sejam tomadas medidas nos campos sociais e educativos,demonstrando a importância para sociedade que determinado comportamento seja erradicado para evolução da sociedade. Coloca ainda a importância de se usar os meios de comunicação na contribuição do reconhecimento da dignidade da mulher O capitulo é encerrado com a recomendação que os Estados partes observem as condições de violência quando motivadas pela religião, etnia, migratória, anciã, situação socioeconômica desfavorável e quando submetida a conflitos armados. 19 O capitulo quatro coloca à disposição em seus capítulos dez, onze e doze a Corte Interamericana de Direitos Humanos, para interpretação da Convenção e apresentação de petição que contenha queixas a respeito do sétimo artigo. Em suas disposições gerais deixa claro desde o primeiro bloco que a Convenção não poderá ser interpretada como restrição a leis que já vigorem nos Estados que versem de forma igual ou maior a respeito da violência contra a mulher. Também não pode ser interpretada como limitação a matéria tratada na Convenção Interamericana de Direitos Humanos Deixa em seu artigo quinze a Convenção a aberta para assinatura de todos os Estados americanos e a adesão fica também aberta a qualquer Estado deixando a disposição reservas quanto aos termos desde que não se perca o ideal da matéria tratada. Coloca a possibilidade de emenda submetendo a Assembleia Geral por meio da Comissão Interamericana de Mulheres. O Secretário Geral Fica responsável pelo envio de informes e relatórios anuais aos Estados participantes desta Convenção membros da Organização, sobre a situação de assinatura, ratificação, adesão ou declaração, assim como as reservas apresentadas por cada Estado. A Convenção, mesmo deixando claro a sua necessidade e importância para a erradicação da violência contra a mulher e sua vital significância para a evolução da sociedade, deixa um dispositivo para que os Estados que não quiserem mais fazer parte do grupo. Este Estado deverá depositar um instrumento tratando desta desistência junto à Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos. Os efeitos da Convenção cessarão um ano depois desta apresentação. Os demais Estados partes não sofrerão qualquer alteração em suas políticas e condutas que continuarão vigentes independente do Estado que agora não faz parte dos Estados membros. 20 Aspectos comuns que existem entre os objetivos da Lei Maria da Penha e as duas Convenções No ano de 1983 a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes sofreu dupla tentativa de homicídio por parte do seu marido dentro de sua própria casa, que ficava em Fortaleza, no Ceará. Marco Antonio Heredia Viveiros, o agressor, era colombiano mas naturalizado brasileiro, atuava como economista e também era professor universitário. Ele atirou contra suas costas enquanto ela dormia, e acabou por sofrer paraplegia irreversível. Posteriormente esse caso ele ainda tentou eletrocutá-la durante o banho. Passaram- se mais 15 anos depois que Maria Da Penha sofreu esta terrível agressão e o caso ainda não tinha tido uma decisão judicial definida e seu agressor ainda estava gozando de liberdade. Por essa razão o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) enviaram o caso à CIDH/OEA (Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos). A denúncia ocorreu baseada na violão de cumprimento de determinados artigos constitucionais: 1° (Obrigação de respeitar os direitos), 8° (Garantias judiciais), 24 (Igualdade perante a lei) e 25 (Proteção judicial) da Convenção Americana de Direitos Humanos; dos artigos II e XVIII da Declaração Americana dos Direitos e Deveres dos Homens bem como os artigos 3°, 4°, “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “g”, 5° e 7° da Convenção Interamericana para Prevenir, Prevenir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. No caso de Maria Da Penha os recursos ainda não estavam esgotados e o caso não era, ainda, considerado como coisa julgada por não ter uma decisão definitiva e final. Pela Convenção Americana pelo inciso II, “c”, do artigo 46 não pode haver atraso injustificado em decisões de recursos internos, fato que ocorreu em tal caso. Pode- se citar também que o Estado brasileiro não deu atenção alguma à denúncia perante a Comissão Internacional de Direitos Humanos, e por essa 21 razão a CIDH em seu informe n. 54[10] disse que Estado brasileiro por irresponsável e acusado de negligenciar e tolerar de forma indevida os casos de violência contra as mulheres. A Comissão usou as seguintes palavras ara se manifestar: “En el presente caso no se ha llegado a producir una sentencia definitiva por los tribunales brasileños después de diecisiete años, y ese retardo está acercando la posibilidad de impunidad definitiva por prescripción, con la consiguiente imposibilidad de resarcimiento que de todas maneras sería tardía. La Comisión considera que las decisiones judiciales internas en este caso presentan una ineficacia, negligencia u omisión por parte de las autoridades judiciales brasileñas y una demora injustificada en el juzgamiento de un acusado e impiden y ponen en definitivo riesgo la posibilidad de penar al acusado e indemnizar a la víctima por la posible prescripción del delito. Demuestran que el Estado no ha sido capaz de organizar su estructura para garantizar esos derechos. Todo ello es una violación independiente de los artículos 8 y 25 de la Convención Americanasobre Derechos Humanos en relación con el artículo 1(1) de la misma, y los correspondientes de la Declaración.” Atualmente, por conta da expansão das ideias dos Direitos Humanos, as pessoas tem plena consciência do quão é importante é discutir a respeito da questão da violência doméstica contra a mulher. Há alguns anos atrás essa consciência não se fazia presente na sociedade como se faz hoje. Os crimes domésticos contra mulheres são um dos grandes problemas a ser enfrentado pelo Poder Público há muito tempo, embora fossem negligenciados pelo mesmo, fato que mudou devido ao amadurecimento do pensamento da sociedade sobe questões de gênero. O papel da mulher foi mudando ao longo das 3 últimas décadas, já que antes ela era quase completamente associada a família, como se o único dever dela na esfera social fosse de se casar com um homem e reproduzir, nada além disso. A realidade da violência doméstica passou a ser realmente discutida a partir da década de 70, quando as mulheres começaram a sair do núcleo familiar e a entrar no mercado de trabalho e ocupar cargos importantes. Então a presença 22 feminina nas empresas foi primordial para dar visibilidade a esse tipo de problema. No ano de 1993 a Organização das Nações unidas (ONU) expediu a “Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres”, na qual conceituou a violência contra as mulheres como "toda forma de “manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres” (ONU, 1993). Foi por conta da árdua luta das feministas, que acontece há muitos anos, que a desigualdade entre homens e mulheres diminuiu drasticamente. Vive- se em uma sociedade patriarcal e machista mesmo depois dessas lutas, mas a importância delas nunca poderá ser apagada da história da sociedade. As mulheres buscaram seus direitos e pressionaram insistentemente as autoridades e isso foi de extrema importânciapara a que houvesse a criação da Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340 que atende ao que diz o art. 226, § 8º, da Constituição da República de 1988, a “Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres" e a "Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”. Ainda existe a chamada Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada na cidade de Viena que reconhece a violência de gênero como violação dos direitos humanos a dá ao Estado de garantir a segurança pública tendo também o dever de garantir a igualdade e a segurança das pessoas, independentemente da cor, do sexo, do gênero, do credo e da nacionalidade. A convenção emanada da Conferência acima citada, em seu artigo 7º, alínea “b” diz que os Estados signatários possuem a responsabilidade de agir com o máximo de cautela com o objetivo de prevenir, investigar e punir a violência contra o sexo feminino dizendo que a violência contra a mulher é uma ofensa à dignidade humana e uma manifestação de relações desiguais entre os sexos. Em 1994 a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher foi ratificada pelo Brasil e aprovada pelo Congresso Nacional sendo descrita no decreto legislativo número 26/1994, e 23 promulgada pelo Presidente da República como Decreto sob o número 4.377/2002. A aprovação da Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher é considerada como um dos primeiros meios internacionais de deixar claro os direitos das mulheres, repreender quem discriminasse qualquer mulher e ir busca dos direitos das mesmas depois de tantos problemas. No ano de 1995 a denominada Convenção de Belém do Pará teve sua aprovação efetivada no Brasil, e nela constava que quaisquer tipos de violência praticados contra uma mulher seriam considerados como violação de direitos humanos. Essa convenção também é chamada de Convenção Interamericana para prevenir, sancionar e erradicar a Violência contra a Mulher criada pela OEA, a Organização dos Estados Americanos. Atualmente a Lei Maria da Penha está sendo continuamente discutida e, obviamente, esse tipo de caso ganhou grande visibilidade e agressores estão sendo denunciados como nunca eram há alguns anos atrás. As mulheres perceberam como era importante denunciar o agressor para que tivessem a possibilidade de ter uma vida digna. Apesar de ter acontecido tudo isso os problemas estão longe de acabar, porque a ineficiência do poder público ficou clara tendo em vista que o Estado não torna eficaz a medida protetiva. Antes da Lei nº 11.340/2006 a figura da mulher não tinha uma garantia específica que objetivasse a proteção contra a violência praticada em âmbito doméstico, e isso ocorria por que anteriormente a sociedade e o Estado não denunciavam problemas que aconteciam dentro de lares, alegando que esse tipo de problema era exclusivo do casal e outras pessoas não deveriam interferir de maneira alguma, pois o casal se resolveria sozinho por ser uma situação extremamente pessoal. Mesmo que o Brasil fosse signatário das Convenções internacionais, ele não era competente, por não regulamentar oficialmente o problema da violência contra a mulher. E esse situação só mudou porque os países estrangeiros 24 fizeram pressão para que o Brasil regulamentasse essa situação já que era um país signatário. No brasil os responsáveis pelos crimes contra as mulheres podiam responder pelos seus crimes no Juizado Especial de Crimes, alegando esses delitos como de menor potencial ofensivo. Apesar de ser extremamente boa a Lei número 11.340/2006, que contribuiu para o aumento de denúncias, e permitiu a maior visibilidade da discussão acerca da violência doméstica, em outros aspectos precisa de efetividade e políticas públicas são necessárias para garantir à mulher uma real proteção e que os agressores sejam punidos de maneira efetiva, levando em conta as medidas de prevenção, como garante a Convenção de Belém do Pará. Pois só dessa maneira os direitos humanos da mulher estarão sendo resguardados e os fins judiciais realmente alcançados. Tanto a lei Maria da Penha quanto a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher tratam de meios para proteger as mulheres de agressões sofridas todos os dias pelos seus companheiros. A violência contra a mulher precisa ser erradicada, e esse é um desafio que toda sociedade enfrenta dia a dia. 25 Conclusão Durante todo o século 20, convivemos com o Código Civil elaborado por Dom Pedro II e pelo jurista Augusto Teixeira de Freitas, ainda no século 19, e que entrou em vigor em 1917. Entre outras coisas, o documento considerava o homem como o chefe de família e os escravos como bens móveis; o adultério feminino era entendido como crime e as filhas poderiam ser deserdadas, caso fossem “ingratas” com o pai – um instrumento para cercear a liberdade e a sexualidade femininas. Apenas em 2002 esse Código Civil foi revogado e substituído por outro, em conformidade com a Constituição do país, de 1988, que, em seu artigo 226, no parágrafo 8º, prima pela não violência familiar, sem fazer distinção entre direitos de homens e mulheres. No entanto, normalmente, são as mulheres as vítimas da violência em casa. Por isso, em 2005, um projeto de lei que visava à proteção das mulheres no âmbito doméstico foi aprovado na Câmara dos Deputados e, em julho do ano seguinte, no Senado. Surgia assim, a lei 11.340/06, batizada de Maria da Penha, em homenagem à farmacêutica bioquímica que ficou paraplégica por causa de um tiro nas costas dado pelo próprio marido e se tornou um ícone da luta contra a violência doméstica e a impunidade dos agressores. Atualmente, sua constitucionalidade vem sendo questionada por alguns juristas que são contra a distinção de tratamento entre homens e mulheres em relação à violência. A advogada e professora da USP, Eunice Prudente, defensora da lei Maria da Penha, diz que as estatísticas são claras ao demonstrar que é a mulher quem deve ser protegida. Foram muitos os avanços legais trazidos pela Lei Maria da Penha, entre eles: - a definição do que é violência doméstica, incluindo não apenas as agressões físicas e sexuais, como também as psicológicas, morais e patrimoniais; - reforça que todas as mulheres, independentemente de sua orientação sexual são protegidas pela lei, o que significa que mulheres também podem ser 26 enquadradas – e punidas – como agressoras; - não há mais a opção de os agressores pagarem a pena somente com cestas básicas ou multas. A pena é de três meses a três anos de prisão e pode ser aumentada em 1/3 se a violência for cometida contra mulheres com deficiência; - ao contrário do que acontecia antigamente, não é mais a mulher quem entrega a intimação judicial ao agressor; - a vítima é informada sobre todo o processo que envolve o agressor, especialmente sobre sua prisão e soltura; - a mulher deve estar acompanhada por advogado e tem direito a defensor público; - podem ser concedidas medidas de proteção como a suspensão do porte de armas do agressor, o afastamento do lar e uma distância mínima em relação à vítima e aos filhos; - permite prisão em flagrante; - no inquérito policial constam os depoimentos da vítima, do agressor, de testemunhas, além das provas da agressão; - a prisão preventiva pode ser decretada se houver riscos de a mulher ser novamente agredidae - o agressor é obrigado a comparecer a programas de recuperação e reeducação. Além disso, a lei prevê Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para julgarem os crimes e definirem questões relativas a divórcio, pensão e guarda dos filhos, por exemplo. A medida é importante, pois retira a competência dos juizados especiais criminais (como previa a lei 9.099, de 1995), que entendiam a violência doméstica como um crime de menor potencial ofensivo. No entanto, “as violências em família são sérias, mulheres têm perdido a vida por causa disso”, lembra Eunice Prudente. Outro ponto positivo da Lei Maria da Penha é que ela cria dificuldades para que as mulheres voltem atrás em suas denúncias, afinal é grande o número de vítimas que retiram a queixa de agressão após sofrerem ameaças do companheiro ou ouvirem mais um pedido de desculpas. Desde 2006, a mulher só pode desistir da denúncia na frente do juiz, em audiência marcada exclusivamente para esta finalidade. A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres realizou um estudo, entre outubro de 2006 e maio de 2007, para mensurar os impactos da Lei Maria da Penha na vida das brasileiras. Neste período: - abriram-se 32.630 inquéritos 27 em delegacias do país com depoimentos das vítimas, dos agressores e de testemunhas; - 10.450 processos criminais foram encaminhados nos Juizados e Varas adaptadas; - 5.247 medidas de proteção às vítimas foram autorizadas; - realizaram-se 846 prisões m flagrante e 77 em caráter preventivo e - foram feitos 73 mil atendimentos pelo Ligue 180, sendo que 11,1 mil se tratavam de pedidos de informações sobre a lei Maria da Penha; De meados de 2006 a setembro de 2007, foram criados 15 Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e 32 Varas foram adaptadas. A própria secretaria reconhece que o volume ainda é bem inferior ao necessário para combater o problema e que a dificuldade advém de uma mudança de cultura do próprio Judiciário. Ainda é difícil prever os resultados concretos da lei em relação à quantidade de casos de violência praticados contra a mulher. Se cai o número de denúncias, não é possível determinar se isso se deve a uma intimidação maior das mulheres por conta do novo instrumento legal, ou se, de fato, a lei inibe a ação dos agressores. Por outro lado, um aumento de denúncias pode revelar tanto que as mulheres estão mais corajosas para lutar por seus direitos quanto que o número de agressões, de fato, aumentou. De todo modo, a lei Maria da Penha cumpre a indiscutível função de colocar o assunto em evidência e chamar a atenção da sociedade para este antigo drama contemporâneo Graças ao empenho da biofarmacêutica Maria da Penha as mulheres dotam de um instituto jurídico capaz de equacionar as diferenças entre as pessoas do sexo feminino e do masculino. O Estatuto da Mulher adveio com a pretensão de prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e, simultaneamente, corroborar com os compromissos ratificados pelo Brasil em sede internacional, como prevê a Convenção do Belém do Pará em seu artigo 7º: Artigo 7º. Os Estados Partes condenam todas as formas de violência contra a mulher e convêm em adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar tal violência e a empenhar-se em incorporar na sua legislação interna normas penais, civis, administrativas e 28 de outra natureza, que sejam necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, bem como adotar as medidas administrativas adequadas que forem aplicáveis. Por fim, ressalta-se que é um engano pensarem que somente as mulheres de baixa renda sofrem violência doméstica e familiar, pois atrizes, advogadas, cantoras, empresárias, médicas, dentistas etc. também são vítimas. As agressões não escolhem cor, idade, profissão nem classe social; pode ser encontrada na residência de qualquer brasileira. Diante do exposto, as organizações supra estatais devem promover a adoção de leis que tenham por escopo a efetivação dos direitos humanos e fundamentais, induzindo os Estados que ainda não legislam sobre o tema a legislar, e os que já tratam a aperfeiçoá-los. O objetivo desta monografia, foi o de conferir a necessidade de uma especial proteção às vítimas de violência doméstica, ou seja, a mulher. O primeiro passo foi analisar o tema da violência, ou seja, verificar as diversas formas e tipos de violência existentes, assim como o gênero, sua origem, características, formas de manifestação, os sujeitos ativo e passivo, o perfil do agressor e o perfil das vítimas, os direitos fundamentais das mulheres e etc. Um aspecto importante que foi abordado, é que a violência de gênero, por ocorrer em regra dentro do ambiente doméstico e familiar, é o primeiro tipo de violência que o ser humano tem contado de maneira direta, situação que, certamente, influenciará nas formas de condutas externas de seus agentes, seja agressor ou vítima. Embora não sendo a raiz de todas as formas de violência, a intervenção estatal nas relações domésticas e familiares de violência é essencial, inclusive para a superação de boa parte das ocorrências exteriores no ambiente familiar e doméstico. A violência doméstica é a origem da violência que assusta a todos. Quem convive com a violência, muitas vezes, até mesmo antes de nascer e durante a infância, acha tudo muito natural, o uso da força física, visto que para essa 29 pessoa a violência é normal. Com a evidente discriminação e violência contra as mulheres o Estado interveio através da Lei 11.340/06 – Lei “Maria da Penha” para coibir os diversos tipos de violência, fazendo então, com que as mulheres se sentissem mais seguras, resgatando a cidadania e a dignidade dessas cidadãs que, na maioria das vezes, sofrem caladas. O juiz do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, tem, agora, à sua disposição, instrumentos processuais suficientes para proporcionar integral proteção às vítimas dessa violência de gênero. Era imprescindível a implementação de medidas com o fim de resgatar, em essência, a cidadania e a dignidade da mulher; marginalizada pela sociedade machista e patriarcal. Com o presente estudo observamos como a mulher foi e ainda é inferiorizada perante o homem. A violência doméstica e familiar contra a mulher é um fenômeno que começou a ser construído desde os primórdios, e que até hoje, mesmo com equiparações entre os sexos, continua sendo um fato cotidiano na vida de muitas mulheres. A Lei Maria da Penha veio para combater esse tipo de violência, tendo como base a história da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, agredida diversas vezes pelo marido, e que juntamente com movimentos feministas e Convenções Internacionais, ensejaram a iniciativa da criação de uma lei especifica que regulasse e punisse os agressores. Com o advento desta lei, muitas mudanças no processo penal brasileiro foram acontecendo, dando mais segurança à mulher agredida, e uma maior punição ao agressor. A Lei Maria da Penha foi tão bem recebida que é considerada uma das melhores legislações protetivas do mundo, o que causa uma falsa sensação de dever cumprido pelo Estado. Mas, como nem tudo é perfeito, os altos índices de violência contra a mulher ainda resistem até hoje, causando certa disparidade entre o texto legal e os altos índices de mulheres vítimas de violência doméstica. 30 A falta de denúncia por parte da mulher contra o homem é o fator que mais gera a impunidade aos autores das agressões. Na grande maioriados casos, as vítimas preferem ficar caladas a buscar uma punição pelo fato ocorrido. Verificamos que as motivações para essa falta de denúncia são diversas, sendo que a que mais prevalece é o medo do agressor, ou seja, o pavor que a vítima tem de sofrer consequências piores caso leve o caso à justiça faz com que ela continue no silêncio, fingindo que nada aconteceu. Entretanto, mesmo acreditando que esta seja a melhor solução, a mulher não percebe que deixar de procurar ajuda estatal gera consequências muito piores, tanto para ela quanto para o restante da família. Ela continuará condenada a ser submissa ao poder dominador do marido, colocada sempre num patamar de inferioridade, além de se tornar uma vítima sem fim da violência doméstica. Aos filhos do casal, as consequências aparecem tanto momentaneamente como também no futuro, pois uma criança que vê o pai agredir a mãe cria um pensamento de que este é um ato normal numa estrutura familiar, e começará a propagar esse pensamento se tornando uma criança violenta, além de poder, no futuro, procurar um companheiro ou companheira com as mesmas características dos pais, dando continuidade a um ciclo de violência iniciado pelos pais e continuado pelos filhos. Ficou claro, que essa atual sociedade violenta não é a ideal para viver em equilíbrio com um ordenamento jurídico como o nosso. E para que essa situação se inverta é necessária uma conscientização geral, e principalmente, um apoio psicológico à mulher agredida, para que ela consiga ter a coragem necessária de buscar seus direitos através de uma lei que foi criada com o objetivo de extinguir a violência doméstica. “Chegou o momento de resgatar a cidadania feminina. É urgente a adoção de mecanismos de proteção que coloquem a mulher a salvo do agressor, para que ela tenha coragem de denunciar sem temer que sua palavra não seja levada a sério. Só assim será possível dar efetividade à Lei Maria da Penha”. 31 Bibliografia http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=122009 http://violenciacontraamulher2011.blogspot.com.br/p/criacao-da-lei-maria-da-penha.html https://nacoesunidas.org/conheca/como-funciona/#verticalTab5 http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/direitos_humanos/leimariadapenha.pdf https://prezi.com/5mooqavwfje5/lei-maria-da-penha-historico-de-formacao-na-oea/ http://www.oas.org/pt/sobre/nossa_historia.asp https://tudodireito.wordpress.com/2014/02/07/onu-e-oea-semelhancas-e-diferencas/ http://www.oas.org/pt/cidh/mandato/que.asp https://jus.com.br/artigos/35965/a-lei-maria-da-penha-e-as-convencoes-de-direitos-humanos https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121938023/lei-maria-da-penha-violencia-medo- e-amor-da-denuncia-ao-perdao; http://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/violencia- domestica-familiar-contra-mulher-lei-maria-.htm; http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1628&idAreaSel=4&seeArt=
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