Buscar

DIREITO PENAL - APOSTILA DE DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

APOSTILA DE DIREITO PENAL 1° PARTE ESPECIAL 
 
 Prof., Me. Marcos Duarte 
 Direito Penal Parte Especial I 
 Faculdade Unesc/ Cacoal- RO 
 
 
1.CP ART. 121 – Matar alguém. 
 
I - Bem jurídico e sujeito do delito 
 
O bem jurídico se apresenta na forma da destruição da vida humana, por um 
fim. Com isto em mente o bem jurídico tutelado é a vida, sua preservação e 
integridade. A importância do estabelecimento é de vital importância e deve 
assumir preponderância, pois está assegurada pela Constituição Federal. 
Assim se refere o doutrinador: 
O bem jurídica “vida humana” pode ser compreendido 
de um ponto de vista estritamente físico-biológico ou 
sob uma perspectiva ou sob uma perspectiva 
valorativa. Para uma concepção naturalista, a presença 
de vida aferida segundo critérios científico-
naturalísticos (biológicos e fisiológicos). (PRADO; 2014, 
p. 630). 
Importa apontar que o Direito protege a vida a partir do nascimento até 
ser ceifada e com tal importância há um destaque acentuado e 
necessário atribuído pela Carta Magna e o próprio Código que trata de 
estabelecer sua proeminência. 
Não é demais citar, Bitencourt: 
O Direito Penal protege a vida desde o momento da 
concepção até que ela se extinga, sem distinção da 
capacidade física ou mental das pessoas. Dentre os 
bens jurídicos que o indivíduo é titular e para cuja 
proteção a ordem jurídica vai ao extremo de utilizar a 
própria repressão penal, a vida destaca-se como o 
mais valioso. (BITENCOURT, 2014, p. 441). 
Sem amparo para discutir a importância e valor uma vez que a lei e a 
doutrina assim a conserva, resta seguro o valor e a proteção 
demonstrada. 
 
II - Classificação 
a) Crime é comum – não demanda do sujeito ativo qualificação 
especial. 
 b) Material – Exige resultado naturalístico, consistindo na morte da 
vítima. 
c). De forma livre – Pode ser qualquer meio escolhido pelo agente. 
d). Comissivo – O ato matar implica em ação. 
e) Instantâneo – quando não há prolongação no tempo da ação 
praticada é instantânea. 
f) Dano – a efetiva lesão consuma efetiva lesão ao bem jurídico. 
g) Unissubjetivo – que pode ser praticado por um só agente. 
h). Progressivo – Por trazer em seu bojo a lesão corporal como 
elemento implícito). 
i) Plurissubsistente – via de regra, vários atos integram a conduta de 
matar. 
ADMITE TENTATIVA. 
(NUCCI, 2012, p.625). 
III - Espécies: 
a) Homicídio Simples (art. 121, caput). 
 
O tipo penal prevê como crime de homicídio o ato de suprimir a vida humana, 
não definindo o modo empregado para tanto, que estará sujeita a perícia e 
todos procedimentos que seguem tal crime. 
Há compreensão da necessidade do dolo para alcançar os efeitos e a 
realização da descrição legal. 
Para embasamento doutrinário cita-se: 
O núcleo do tipo é representado pelo verbo matar. A 
conduta incriminada consiste em matar alguém – que 
não o próprio agente – por qualquer meio (delito de 
forma livre). Admite-se a sua execução, portanto, o 
recurso a meios variados, diretos ou indiretos, físicos 
ou morais, desde que idôneos à produção do resultado 
morte. (PRADO; 2014, p. 633). 
 
b) Homicídio Privilegiado 
 
Está inserido no art.121, §1°, que preceitua “ se o agente comete o crime 
impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um 1/6 a 1/3”. 
A descrição legal carrega vários elementos que que são necessários discorrer 
para que o texto legal não cai em uso abusivo e a natureza do ato praticado 
seja o contemplado. 
Vejamos o que os doutrinadores afirmam: 
[...]o motivo de relevante valor moral é aquele 
cujo conteúdo revela-se em conformidade com 
os princípios éticos dominantes em uma 
determinada sociedade. Ou seja, são os 
motivos nobres e altruístas, havidos como 
merecedores de indulgência. Tal aferição deve 
ser balizada por critérios de natureza objetiva, 
de acordo com aquilo que a moral média reputa 
digno de condescendência. (PRADO, 2014, 
635). 
Para não flutuar em outros focos, se mantenha este até para servir de 
laboratório de apreciação da dificuldade da interpretação legal. 
[...]relevante valor é um valor importante para a 
vida em sociedade, tais como patriotismo, 
lealdade, fidelidade, inviolabilidade de 
intimidade e de domicílio entre outros. Quando 
se tratar de relevante valor social, levam-se em 
consideração interesses não exclusivamente 
individuais, mas de ordem geral, coletiva. 
(NUCCI, 2012, p.630) 
 
 Por amor ao debate, cumpre citar mais um dos bons doutrinadores: 
Relevante valor moral, por usa vez é aquele 
superior, enobrecedor de qualquer cidadão em 
circunstâncias normais. Faz-se necessário que 
se trate de valor considerável, isto é, adequado 
aos princípios éticos dominantes segundo 
aquilo que a moral média reputa nobre e 
merecedor de indulgência. 
(BITENCOURT, 2014, p. 447). 
Buscando ainda explicitar algo de relevante explicação é “sob domínio 
de violenta emoção”. Bitencourt assim conceitua: 
Não é qualquer emoção que pode assumir a 
condição de privilegiadora no homicídio, mas 
somente a emoção intensa, violenta, 
absorvente, que seja capaz de reduzir quase 
que completamente a vis electiva, em razão 
dos motivos que a eclodiram, dominando, 
segundo os termos legais, o próprio 
autocontrole do agente. 
(BITENCOURT, 2014, p. 447). 
 
c) Homicídio Qualificado § 2° 
 
É importante determinar que é a palavra tem um peso que impinge um valor ao 
crime praticado distinguindo de um homicídio simples. 
Para permitir que impulsione a atividade delituosa. 
Assim é classificado: 
Considera-se qualificado o homicídio se 
impulsionando por certos motivos se praticado 
com o recurso a determinados meios que 
denotem crueldade, insídia ou perigo comum 
ou de forma a dificultar ou tornar impossível a 
defesa da vítima; ou, por fim, se perpetrado 
com o escopo de atingir fins especialmente 
reprováveis (execução, ocultação, impunidade 
ou vantagem de outro crime). (PRADO, 2014, 
p. 639). 
O legislador foi pródigo em apresentar nos incisos correspondentes ao 
homicídio qualificado para que não houvesse dúvida ou construções 
impróprias para a causação do crime. 
d) Homicídio Culposo § 3° 
 
Vem em linha diversa do doloso e apresenta elementos nos parágrafos que 
corroboram com a construção do tipo penal não cavilando dúvidas que 
seccione possibilidades não contempladas pelo legislador. 
Cumpre analisar cada parágrafo para escavar suas circunstâncias. 
e) Feminicídio 
 
Entrou em vigor a lei 13.104/15. A nova lei alterou o código penal para incluir 
mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando crime for 
praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. 
 
O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo "razões da 
condição de sexo feminino", esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses: a) 
violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de 
mulher; A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo causas 
de aumento de pena para o crime de feminicídio. 
 
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante a 
gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 
anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença de ascendenteou 
descendente da vítima. 
 
Por fim, a lei alterou o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes hediondos) para 
incluir a alteração, deixando claro que o feminicídio é nova modalidade de 
homicídio qualificado, entrando, portanto, no rol dos crimes hediondos. 
 
f) Perdão Judicial 
É previsto que no caso de homicídio culposo, o juiz pode discricionariamente 
não aplicar a pena, “se as consequências da infração atingem o próprio agente 
de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. (PRADO, 
2014, p.646). 
Infelizmente, há casos que escapam até ao entendimento maior de justiça, um 
exemplo onde o pai esquece o filho no carro trancado num calor escaldante e a 
criança vem a falecer. Entende-se que neste caso, já houve uma penalização 
que é até maior do que a penalização que poderia ser aplicada. 
 
Observação: é inadmissível o perdão judicial em se tratando de homicídio 
culposo, se as consequências da infração atingirem o próprio de forma 
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Art. 121, §5°, CP). 
 
g) Pena e ação penal 
Comina-se ao homicídio simples pena de reclusão, de seis a vinte anos (art. 
121, caput, CP), e a cada classificação do homicídio há a cominação da pena, 
levando em conta agravantes, atenuantes e todas as circunstâncias. 
2. Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio 
para que o faça. (Art. 31, CP) 
I - Bem jurídico tutelado e sujeito do delito 
O bem tutelado juridicamente é a vida humana, nas palavras de Bitencourt “ a 
vida é um bem jurídico indisponível! ” (BITENCOURT, 2014, 466). O sujeito 
ativo do delito pode ser qualquer agente, não necessitando ter qualidade 
específica, a não ser a capacidade de induzir, instigar ou auxiliar. 
II – Tipo objetivo 
Induzir, Instigar e auxiliar. 
III – Lesões corporais 
O doutrinador assim trata este tema: 
A produção de lesões corporais graves não consuma o 
tipo penal descrito no preceito primário, que a ela não 
se refere. Aliás, lesões corporais de natureza grave, 
como caracterizadoras da tentativa perfeita, aparecem 
somente no preceito secundário. (BITENCOURT, 2014, 
p.122). 
Não há exaurimento do tipo penal, uma vez que para que ocorra há a 
necessidade de consumação do suicídio. 
IV – Causas de aumento de pena 
No dispositivo legal, em seu parágrafo único, do art.122 estabelece duas 
causas especiais de aumento de pena: 
a) A prática do crime por motivo egoístico; 
b) A prática do crime contra vítima menor ou com capacidade de resistência 
diminuída, por qualquer causa. 
V – Pena e ação penal 
O doutrinador Luiz Regis Prado assim preleciona: 
O delito em tela só é punível quando sobrevém a morte 
ou, na tentativa, a lesão corporal de natureza grave ao 
suicida. Estas operam como condições objetivas de 
punibilidade. Se o suicídio se consuma, a pena é de 
reclusão, de dois a seis anos. Se há tentativa e desta 
resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 
um a três anos. Quando da tentativa resultam apenas 
lesões corporais leves, a instigação, o induzimento ou o 
auxílio prestado são impuníveis. (PRADO, 2014, p. 
654). 
Desta forma atendida as caracterizações impostas pela legislação penal, o 
atendimento fica objetivo e satisfatório. 
3. INFANTICÍDIO 
Art. 123, CP- Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após; (ver art. 30, CP). 
A exemplo do crime de homicídio, o infanticídio tem a pretensão de proteger a 
vida humana, o que se distingue aqui é ser a vida da nascente e do recém-
nascido. “É indiferente a existência de capacidade de vida autônoma, sendo 
suficiente a presença de vida biológica”. (BITERNCOURT, 2014, p.474). 
Tipo objetivo 
A conduta resultante deste delito é matar o próprio filho, sendo necessário para 
tipificação ser “durante” ou, “logo após” o parto, e se torna indispensável 
apontar que esta condição é sine qua non, pois se for horas e dias depois o 
crime praticado é ou abandono de incapaz (art. 134, CP) ou homicídio. 
A base fundamental e psicológica para o Infanticídio 
É de suma necessidade existir uma perturbação psíquica e essa característica 
patológica existe neste estado puerperal. Se faz necessário se produzir laudo 
psiquiátrico para que a constatação de tal ato se comprove. 
O prof. Luiz Regis Prado traz ao centro da discussão um tema que merece 
atenção: 
Assim, por um lado, tem-se o motivo da honra, nas 
hipóteses em que a gravidez resulta de relações 
extramatrimoniais. A culpabilidade é atenuada pelo 
temor da própria desonra. O delito é motivado pelo 
ímpeto de resguardar o pudor ante a inevitável 
reprovação social que seria endereçada à mulher. A 
angústia resultante dessa situação e o conflito íntimo 
que aflige a mãe nessas circunstâncias contribuiria 
para a eclosão – durante o parto ou logo após – de um 
processo perturbador da consciência, que culminaria 
na morte dada ao filho. O privilégio é consequência do 
desespero da parturiente que concebeu fora do 
casamento. (PRADO, 2014, p. 655 e 656). 
Nexo Causal 
Assim se comenta o doutrinador: “É indispensável uma relação de causalidade 
entre o estado puerperal e a ação delituosa praticada; esta tem de ser 
consequência da influência daquele, que tem nem sempre produz perturbações 
psíquicas na mulher”. (BITENCOURT, 2014, p. 475). 
Os efeitos do Estado Puerperal 
A doutrina assim preleciona: 
a) O puerpério não produz nenhuma alteração na 
mulher; b). Acarreta-lhe perturbações 
psicossomáticas que são a causa da violência 
contra o próprio filho; c). Provoca-lhe doença 
mental; d). Produz –lhe perturbação da saúde 
mental diminuindo-lhe a capacidade de 
entendimento ou de determinação. Na primeira 
hipótese, haverá homicídio; na segunda, 
infanticídio; na terceira, a parturiente é isenta de 
pena em razão de sua inimputabilidade (art. 26, 
CP); na quarta, terá redução de pena, em razão de 
sua semi-imputabilidade. (BITERNCOURT, 2014, 
p.475). 
Crime próprio privilegiado 
O crime é próprio, pois exige a mãe em estado puerperal expõe privilégio, pois 
há uma condição necessária e indispensável para que tal ato aconteça. 
Diferença entre infanticídio e aborto 
Aborto é a interrupção da gravidez com 
consequente morte do feto (produto da 
concepção). Consiste na eliminação da vida 
intrauterina. A lei não faz distinção entre o 
óvulo fecundado (3 primeiras semanas de 
gestação), embrião (3 primeiros meses) ou feto 
(a partir dos 3 meses), pois qualquer fase da 
gravidez estará configurada o delito de aborto, 
quer dizer, entre a concepção e o início do 
parto. A principal característica do infanticídio é 
que nele o feto é morto enquanto nasce ou logo 
após o nascimento. O aborto, ao contrário, 
somente se tipificará se o feto morto antes de 
iniciado o trabalho do parto haja ou não a 
expulsão. Antes de iniciado o parto existe 
aborto e não infanticídio. É necessário precisar 
em que momento tem início o parto, uma vez 
que o fato se classifica como um ou outro crime 
de acordo com a ocasião da prática delituosa: 
antes do início do parto existe aborto; a partir 
do seu início, infanticídio. 
 
(http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,difer
enciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-
infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-
homicidio,38211.html ). 
Crime impossível 
Ocorre no caso da mãe sem saber que a criança em seu ventre está morta 
pratica os atos característicos do infanticídio. 
Classificação Doutrinária 
Crime próprio, de dano, material, comissivo ou omissivo, instantâneo, 
doloso. 
4. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentirque outrem lho 
provoque 
Bem jurídico protegido 
A análise juridicamente deste bem jurídico “consiste em dar morte ao 
embrião ou feto humanos, seja no claustro materno, seja provocando sua 
expulsão prematura”. (PRADO, 2014, p.664). 
O bem jurídico protegido é a vida do ser humano em 
formação. Cumpre dizer que para o Direito Penal, o 
produto da concepção – feto ou embrião – não é uma 
pessoa, embora tampouco, seja mera esperança de 
vida ou simples. [...] (Bitencourt, 2014, p. 480). 
Só após a concepção com vida que para efeito de Direito Penal, passa a ser 
pessoa humana constituída de direitos. 
 
Tipo Penal 
Consiste basicamente em provocar, dando causa da morte do feto, 
originando desta forma a condição sine qua non ao tipo que imperiosamente 
exige para que o ato seja tratado na seara do aborto. 
Segundo alguns, o aborto consiste na “morte 
dolosa do feto dentro do útero” ou “na violenta 
expulsão do feto do ventre materno, da qual 
resulte a morte”. De fato, a mera interrupção da 
gestação, por si só, não implica aborto, dado 
que o feto pode ser expulso do ventre materno 
e sobreviver ou, embora com vida, ser morto 
por outra conduta punível (infanticídio ou 
homicídio). 
(PRADO, 2014, 665, 666). 
Se faz necessário deter no entendimento ainda sobre a forma e 
instrumentalização para a prática deste crime. Para se alcançar a plenitude 
do delito se faz necessário adentrar no ambiente biológico. 
Do ponto de vista biológico, o início da gravidez 
é marcado pela fecundação. Todavia, pelo 
prisma jurídico, a gestação tem início com a 
implantação do óvulo fecundado no 
endométrio, ou seja, com a sua fixação no 
útero materno (nidação). Destarte, o aborto tem 
como limite mínimo necessário para sua 
existência a nidação, que ocorre cerca de 
quatorze dias após a concepção. (PRADO, 
2014, p. 666, 667). 
Aborto e homicídio: distinção 
Torna-se fundamental se distinguir as duas práticas que tem resultados 
semelhantes, porém, como aponta Bitencourt, há diferenças fundamentais e 
características: 
[...]uma em relação ao objeto da proteção legal 
e outra em relação ao estágio da vida que se 
protege: relativamente ao objeto não é a 
pessoa humana que se protege, mas a sua 
formação embrionária; em relação ao aspecto 
temporal, somente a vida intrauterina, ou seja, 
desde a concepção até momentos antes do 
início do parto[...] (Bitencourt, 2014, p.480). 
Desta feita não se pode falar que houve homicídio no aborto por considerar que 
não houve vida fora do útero, na concepção aceita pela doutrina majoritária, há 
um embrião em formação e na aceitação do direito, como não houve a 
expulsão deste feto fora do útero com vida, não há de se falar de homicídio e 
sim de aborto, pois houve um rompimento do ciclo natural que o classificaria 
como uma pessoa humana com vida. 
Figuras típicas de aborto 
“O CP de 1940 tipifica 3 figuras: aborto provocado (124); aborto sofrido (125); 
aborto consentido (126) ”. (Bitencourt, 2014,480). Nestes três típicos 
caracterizado pelo código cumpre apontar quais são especificamente 
excludentes e qual é o criminoso, lembrando que o STF no julgamento da 
ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, 
por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a 
inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da 
gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). Com 
esta decisão do STF, hoje na doutrina brasileira, existe 3 excludentes a saber: 
1) Aborto no caso de estupro; 2) Aborto no caso quando a vida da gestante 
esteja em risco e 3) Aborto anencéfalo. 
Análise do art. 124 do CP 
O sujeito ativo no caso chamado “autoaborto”, ou “aborto consentido figura a 
própria mulher, pois ela mesma pode provocar aborto em si mesma ou 
consentir que alguém, uma segunda pessoa o faça. Trata-se nesta autoaborto, 
a qualificação é de crime de mão própria “só pode ser autor quem esteja em 
situação de realizar pessoalmente e de forma direta o fato punível”. 
(Luiz Flávio Gomes, http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924054/o-
que-se-entende-por-crimes-comum-proprio-de-mao-propria-e-vago) 
E cumpre lembrar que como qualquer crime de mão 
própria admite a participação, como atividade 
acessória, quando o partícipe se limita a instigar, 
induzir ou auxiliar a gestante. (Bitencourt, 2014, p481). 
É de suma importância lembrar que neste caso em comento, haverá autoria por 
participação ativa no ato de aborto, como afirma o art. 126, D.P. 
Definição de Aborto 
Para melhor clareza e compreensão se torna necessário que o conceito de 
aborto seja assim dividido. 
1) A destruição da vida até o início do parto, que pode ou 
não ser criminoso. Após iniciado o parto, a supressão 
da vida constitui homicídio, salvo se ocorrem as 
especiais circunstâncias que caracterizam o 
infanticídio, que é figura privilegiada do homicídio 
(art.122, DP) 
2) Aborto é a interrupção da gravidez antes de atingir o 
limite fisiológico, isto é, durante o período 
compreendido do processo de gestão, mas é 
indispensável que ocorram as duas coisas, acrescidas 
da morte do feto, pois somente com ocorrência desta o 
crime se consuma. 
(Bitencourt, 2014, 481). 
 
Provocar o aborto e consentir 
Neste caso de forma particular não há distinção entre a mulher que consente o 
aborto e o autoaborto, para efeito doutrinário é como se a própria gestante 
tivesse realizado o autoaborto (art.124, DP). O que claramente ocorre é que o 
consentimento encerra dois crimes, um para gestante que consente (art.124, 
D.P) e, outro para o sujeito que provoca (art. Art.126, DP). 
5. Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 – Provocar aborto, sem consentimento da gestante; 
Esta ação descrita no art. 125, do DP, conduz a punição mais gravosa, pois 
trata-se de aborto sofrido, onde houve ausência de consentimento real da 
gestante “ou ausência de consentimento presumido (menor de 14 anos, 
alienada ou débil mental) ” (Bitencourt, 2014, p. 482). 
O doutrinador ainda explorando o tema o estende de forma a não deixar 
dúvidas: 
Para provocar aborto sem consentimento da gestante 
não é necessário que seja mediante violência, fraude 
ou grave ameaça; basta simulação ou mesmo 
dissimulação, ardil ou qualquer outra forma de burlar a 
atenção ou vigilância da gestante. Em outros termos, é 
suficiente que a gestante desconheça que nela está 
sendo praticado o aborto. (Bitencourt, 2014, 483). 
Nesta esteira é importante a análise de “morte de mulher grávida: concurso”, 
como preleciona “Matar mulher que sabe estar grávida configura também crime 
de aborto, verificando-se, o concurso formal, pelo crime de homicídio e aborto”. 
(Bitencourt, 2014, p. 483). 
Consumação e tentativa 
O crime de aborto é consumido com a morte do feto ou do embrião, não 
importando que a morte ocorra dentro do ventre ou fora dele, assim, consuma-
se o crime com “o perecimento do feto ou a destruição do óvulo”. (Bitencourt, 
2014, p.484). 
Sendo este crime material, admite-se a tentativa , desde que já esteja 
ocorrendo todas as manobras para que se efetue o aborto e por motivo alheio a 
vontade do agente, não consiga chegar ao fim da prática iniciada. 
Classificação Doutrinária 
Crime de mão própria (no autoaborto e no consentido), crime comum, de dano, 
material, instantâneo e doloso. 
Forma qualificada 
Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são 
aumentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios 
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza 
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a 
morte. 
Este artigo provê duas formas deaumento de pena: a) lesão corporal de 
natureza grave – a pena é elevada em um terço; b) pela segunda – morte da 
gestante – a pena é duplicada. 
Aborto agravado: preterdoloso 
Assim leciona o doutrinador: 
Para que se configure o crime qualificado pelo 
resultado, é indispensável que o evento morte ou lesão 
grave decorra, pelo menos, de culpa (art.19, do CP). 
No entanto, se o dolo do agente abranger os resultados 
lesão grave ou morte da gestante, excluirá a aplicação 
do art.127, que prevê espécie sui generis de crime 
preterdoloso (dolo em relação ao aborto e culpa em 
relação ao resultado agravador). Nesse caso, o agente 
responderá pelos dois crimes, em concurso formal. 
(Bitencourt, 2014, p.486). 
Crime preterdoloso: O crime preterdoloso caracteriza-se quando o agente 
pratica uma conduta dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso 
mais grave do que o pretendido, na forma culposa. Ou seja, o sujeito pretendia 
praticar um assalto, porém, por erro ao manusear a arma, acaba atirando e 
matando a vítima. 
 Crime em concurso formal: ocorre quando o autor da infração, mediante 
uma única conduta ou omissão, pratica dois ou mais delitos, iguais ou não. 
EXCLUDENTES ESPECIAIS DA ILICITUDE 
No art. 128 do CP, expõe: “ Não se pune o aborto praticado por médico: I - se 
não há outro meio de salvar a vida da gestante; se II – se a gravidez resulta de 
estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal”. 
Relembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento 
de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou 
precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação 
segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta 
tipificada neste inciso (art.128, II). 
6. Lesão Corporal 
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem; 
I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito 
A doutrina dominante é plural em afirmar que “o bem jurídico tutelado é a 
incolumidade humana”, ou seja, diretamente a proteção da integridade física, 
psíquica da pessoa humana, bem como “ a normalidade anatômica”. (PRADO, 
2014, p.685). 
O professor Luiz Regis Prado avança nesta tese destacando o porquê desta 
proteção: 
Ao proteger a incolumidade pessoal, atende-se 
também ao interesse social na conservação de 
cidadãos aptos e eficientes, capazes de impulsionar o 
crescimento da sociedade e do Estado. Cumpre notar 
que no artigo 129, §9°, protege-se ainda o respeito 
devido à pessoa no âmbito familiar. Isso vale dizer: o 
bem-estar pessoal de cada integrante do círculo íntimo 
de convivência, como decorrência do princípio da 
humanidade, que veda o tratamento degradante. 
(PRADO, 2014, 685). 
Ao tratar o dispositivo legal no art. 129, caput §§1°, 2°, 3° e 6°, do Código 
Penal pode ser qualquer pessoa, desta forma trata-se de delito comum. 
Cumpre a análise de que a lei não penaliza a autolesão, e excetuando-se 
“quando caracteriza os delitos de fraude para recebimento de indenização ou 
valor de seguro (art. 171, §2°, V, CP) ou da criação ou simulação de 
incapacidade física para furtar-se para incorporação militar. (Art.184, COM). 
(PRADO, 214, p.685). 
 
II – Tipicidade objetiva e subjetiva 
Se faz sumamente necessário a análise da conduta incriminadora que se 
transmite através de ofender “à integridade corporal entende-se toda alteração 
nociva da estrutura do organismo, seja afetando as condições regulares de 
órgãos e tecidos internos, seja modificando o aspecto externo do indivíduo 
(fraturas, luxações, ferimentos) ”. (PRADO, 2014, 688). 
É importante salientar o “objeto material do crime de lesão corporal é o ser 
humano vivo”. (Idem). Por tanto, golpes desferidos contra um cadáver, mas em 
crimes acostados no art. 211, CP (Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte 
dele) ou art.212, CP (Vilipendiar, cadáver ou suas cinzas). 
Tratando da subjetividade, “O tipo subjetivo é composto pelo dolo, ou seja, pela 
consciência e vontade de ofender a integridade corporal ou a saúde outrem”. A 
consumação do crime ocorre quando efetivamente a ofensa atinge a 
integridade corporal ou à saúde de outrem, havendo assim delito de resultado. 
Quanto a tentativa é admissível ao verificar-se que o agente atua com 
consciência e vontade de atingir a incolumidade física ou psíquica. A afirmativa 
exposta não é o mesmo de se admitir lesão culposa (art.129, §6°) e de lesão 
corporal seguida de morte (art.129, §3°). 
III – Espécies de lesão corporal 
a) Lesão Corporal leve 
 A lesão corporal leve, mais também chamada simples é aquela que não se 
obtém resultado gravoso ou, que não apresenta resultado que a lei classifica 
como circunstâncias qualificadoras nos §§ 1°, 2° e 3° do art. 129, ou seja, pode 
ser definida “como a ofensa à integridade corporal ou a saúde de outrem (art. 
129, caput, CP – tipo básico ou fundamental) ”. (PRADO, 2014, p. 691). Por 
contraste, todas as hipóteses expostas nas lesões graves e gravíssimas. 
Cumpre dizer que não se deve entender como a lesão insignificante, “incapaz 
de ofender o bem jurídico tutelado”. (PRADO, 2014, p.691). Para que não reste 
dúvida este delito tratado, a lesão “os danos à incolumidade física, ou 
psíquica”, sendo apenas estas para o exaurimento do tipo penal. 
b) Lesão Corporal grave 
Este tipo penal apresenta por sua vez a natureza grave (lato sensu), e estão 
arroladas nos §§ 1° e 2°, do art. 129. O professor os chamam “tipos penais 
derivados (qualificados), nos quais é conferido maior relevo ao desvalor do 
resultado (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido). As 
consequências mais gravosas elencadas no mencionando dispositivo são 
imputadas ao agente a título de dolo e culpa”. (Prado, 2014, p. 691). 
Para haver a caracterizada pela doutrina e legislador há situações que 
devem ser geradas como forma de comprovação da gravidade: 
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias 
(inciso I): Estas incapacidades são aquelas rotineiras desenvolvidas pelo 
indivíduo em sua vida normal, de trabalho, estudo, passeio, e tudo o mais 
que possa se encaixar em seus afazeres. Enfim, o que se depreende do 
texto legal é que se houver uma incapacidade que impeça a vítima de dar 
prosseguimento a sua vida de forma natural, sem limitações, seja física ou 
psíquica estabelece o tipo penal de lesão corporal grave. 
II – Perigo de vida (inciso II) – para que esta condição alcance seu apogeu 
é necessário que haja concretude e iminência de um resultado letal. Não é 
aceito probabilidade ou prognóstico presumida e eventual, o perigo tem que 
ser real, efetivo, apresentando “sinais indiscutíveis de grandes proporções 
sobre a vida orgânica”. (PRADO, 2014, p.693). Nas palavras da doutrina: 
O perigo de vida deve ser atestado por laudo 
pericial, devidamente fundamentado. Demais 
disso, cabe ao perito demonstrar que a lesão 
provocada deu lugar a perigo – ainda que 
breve – para a vida da vítima. (PRADO, 2014, 
p. 693). 
III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função (inciso III) -
 Quando se trata de debilidade se aponta o enfraquecimento, até a 
possível redução, assim trata Luiz Regis Prado. 
 a diminuição da capacidade funcional. 
Membros são os quatro apêndices do tronco, 
abrangendo os membros superiores (braço, 
antebraço, mão) e os inferiores (coxa, perna, 
pé). Sentidos são as faculdades perceptivas do 
mundo exterior (olfato, audição, visão, tato e 
paladar). Função é a atuação específica ou 
própria desempenhada por cada órgão, 
aparelho ou sistema (função digestiva, 
respiratória, secretora, reprodutora, circulatória, 
locomotora,sensitiva). (PRADO, 2014, p.693). 
 Além de tudo o já descrito importa que a debilidade seja permanente, o que 
não implica perpetuidade. A redução deve ser duradoura, permanente e 
persistente, não tendo condições de proporcionar previamente quando terá fim. 
Com este quadro formado fica evidente que se trata de uma lesão gravíssima e 
com proporções a longo prazo (ou melhor ainda, sem prazo). 
IV – Aborto (inciso V) – conforme já tratado aborto é a morte imposta ao feto, 
estando a mulher em período gestacional, de forma forçosa se expele o 
embrião através de medicação ou instrumentação própria para expeli-lo. 
A lesão corporal é dolosa, e o resultado que 
agrava especialmente a pena (aborto) deve ser 
imputado ao agente a título de culpa. Todavia, 
se a vontade do agente se dirige a realização 
do resultado (morte do produto da concepção) 
como consequência direta de sua ação (dolo 
direto), ou considera como possível ou provável 
o seu advento, assumindo o risco de sua 
produção (dolo eventual), responde pelo delito 
de aborto (art. 125, CP), em concurso formal 
com a lesão à incolumidade da mulher grávida. 
(PRADO, 2014, p.696). 
Se torna necessário fazer a distinção entre o artigo 129, §2°, V, do exposto do 
artigo 127, do Código Penal. Na questão da lesão, o objetivo é causar lesão 
não o aborto que passa a ser consequência da lesão praticada, enquanto no 
art.127, do CP o objetivo é o aborto que acaba por gerar lesão. “É preciso que 
o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima. Se ignorava tal estado – 
sendo sua ignorância escusável – exclui-se a qualificadora”. (Prado, 2014, 
696). 
V – Lesão Corporal seguida de morte 
No art.129, § 3°, do CP ao se postar sobre a lesão corporal seguida de morte, 
se pode notar que não era este o resultado desejado pelo que pratica a lesão 
corporal, não queria este resultado e nem tampouco assumiu o risco. “Trata-se 
de lesão corporal qualificada pelo resultado (morte), que opera como condição 
de maior punibilidade, estabelecendo a lei uma agravação de pena para o 
resultado mais grave causado no mínimo por culpa”. (PRADO, 2014, p.696). 
Assumindo as palavras do professor Luiz Regis “Conclui-se, portanto, que a 
lesão corporal seguida de morte é um misto de dolo e culpa: conjuga o dolo no 
antecedente (lesão corporal) e a culpa no consequente (morte) ”. (PRADO, 
2014, p. 696). 
VI – Lesão Corporal Culposa 
Prevista no art.129, §6°, CP. Estando contemplada no diploma legal para 
destilar o dolo das condutas que são dolosas e, portanto, mais sérias e 
contundentes, uma boa forma de verificar isso é apresentar as formas como se 
apresentam as lesões culposas: Leves, graves e gravíssimas. É significativo 
que “da lesão advinda da inobservância do cuidado exigível na vida de relação 
social resulta, por exemplo debilidade permanente de membro [...]deve o 
magistrado avaliar a magnitude da ofensa produzida quando da aplicação 
concreta da pena”. (PRADO, 2014, 697). 
Cumpre salientar que “a lesão corporal culposa relacionada à direção de 
veículo automotor encontra previsão explicita no Código de Trânsito Brasileiro 
(Lei 9.503/1997). Com efeito no artigo 303 do referido diploma tipifica a conduta 
de ‘praticar lesão culposa na direção de veículo automotor’”. ((PRADO, 2014, p. 
697). 
VII – Causa de diminuição de pena 
O Direito Penal deve ser cioso no trato dos tipos estabelecidos para não gerar 
quebra dos princípios formadores do bastião de seus deveres. Por tanto, 
entender e examinar individualmente os casos que se apresentam, buscando 
extrair o que deu causa ao crime se faz pungente. 
No caso em tela, o caso de diminuição de pena se aplica quando “por motivo 
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo 
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 
sexto a um terço” (Art. 129, §4° CP). Trata-se de causa especial de diminuição 
de pena que determina a redução desta em virtude de menor reprovabilidade 
pessoal da conduta típica e antijurídica”. (PRADO, 2014, p.703). 
Nesta esteira pode se afirmar que a lesão corporal leve, alcança ser substituída 
pela pena de multa, ocorrendo qualquer umas das hipóteses do art. 129, §4°. 
VIII – Causas de aumento da pena 
No diploma legal em seu art. 129, §7° apresenta a pena aumentada de 1/3 se 
ocorrer o previsto no art. 121, §§ 4° e 6°, DP. Há uma nova redação que faz jus 
se valer do doutrinador Luiz Regis Prado: 
Logo, no que se refere à primeira parte, se a lesão 
decorrer de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, e deixa o agente de prestar 
imediato socorro à vítima ou não procura diminuir as 
circunstâncias do seu ato, ou, por fim, se foge para 
evitar da prisão em flagrante, sobre a pena cominada 
para a lesão corporal culposa (detenção, de dois 
meses a um ano) incide o acréscimo decorrente da 
presença da causa especial de aumento de pena. 
(PRADO, 2014, p. 704). 
Quando a lesão corporal for dolosa (art.129, caput e §§ 1°, 2° e 3°, CP, a pena 
será aumentada de 1/3 e, nesta mesma linha o crime for contra menor de 14 
anos ou pessoa com idade superior a 60 anos. (Art. 129, §7°). 
 
IX – Perdão Judicial 
A lei 8.069/1990 – prevê hipótese de perdão judicial, com base no art. 129, §8°, 
esta previsão é encontrada nos arts 107, IX e 120, CP), quando a lesão for 
culposa, podendo promover a extinção da punibilidade, cumpre lembrar que se 
o agente que provoca a lesão corporal em outra pessoa, for atingido de forma 
tão grave ou pior, a sanção penal é de toda desnecessária. 
7. Abandono de Incapaz 
Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, porque qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos 
resultantes do abandono. 
 I – Bem Jurídico protegido e sujeito do delito 
A tutela recaí sobre a vida e saúde da pessoa humana, de forma particular 
daqueles que não podem se defender e o perigo se torne iminente, devido à 
falta de cuidado é sobressaia a necessidade do dever de guarda, assistência e 
proteção. A lei procura proteger os indivíduos considerados incapazes, e que 
não possua condições de se protegerem por si só. 
Sujeito ativo – é somente aquele que possua uma especial relação de 
assistência com a vítima, ou que esteja cuidando, ou com a guarda, vigilância 
ou imediata autoridade (delito especial próprio). 
Sujeito passivo - é aquele que está sob a guarda, ainda que provisória, não 
se limitando o legislador a figura do infante, trazendo todos aqueles que 
figurem como incapazes de serem resguardados dos perigos e riscos possíveis 
do seu abandono. O doutrinador Luiz Regis Prado aponta um quadro de quem 
pode se enquadrar (ébrio, paralítico, cego e enfermo, etc.). (PRADO, 2014, 
p.723). Urge lembrar que pessoas consideradas capazes, mas que por 
circunstâncias encontre-se temporariamente incapazes de assumirem sua vida 
sozinho, sem ajuda de outrem, mesmo que provisoriamente se encontram 
como incapazes. 
II - Tipo objetivo e subjetivo 
Como tipo objetivo trata de conduta ela passa a ser típica quando ocorre o 
abandono do incapaz, possibilitando serem exposto a perigo concreto. Cumpre 
entender que para consolidação do abandono é necessário o afastamento 
físico, proporcionando perigo iminente. 
O legislador ao tipificar esta conduta procura dispensa destila a ideia de 
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, conferindo ao incapaz todo cuidado 
possível e assistência necessária não dando espaço para ocorrência de perigo. 
O tipo subjetivo se caracteriza pelo dolo, isto é, “pela consciência e vontade do 
agente de expor a perigo concreto a vida ou saúde do sujeito passivo através 
do abandono”.(PRADO, 2014, p.275). 
Consuma-se o crime através da efetividade de abandono, uma vez havendo 
perigo concreto. Não há uma medida de tempo determinada pela lei, sendo 
importante para caracterização um perigo iminente. Lembrando que o crime é 
classificado como instantâneo, sendo necessário a situação de perigo que não 
transcorre com o tempo, mas sim de sua concretude e existência. 
III – Formas qualificadas 
Uma vez gerado o abandono houver resultante de lesão corporal de natureza 
grave, “são elevadas as margens penais”. (PRADO, 2014, p.726). (Art.133, §§ 
1°e 2°, CP). Se faz propício a indicação do que a doutrina efetivamente trata do 
tema: 
Configura-se, aqui, delito qualificado pelo resultado, 
que deve ser imputado ao agente a título de culpa 
(art.19, CP). Caso tenha atuado com consciência e 
vontade de ofender a integridade física ou a saúde da 
vítima, ou produzir a sua morte (dolo), servindo-se do 
abandono como meio para alcançar tais resultados, 
responde o sujeito por lesão corporal grave (art. 129, 
§§ 1° e 2°, CP) ou homicídio (Art.121, CP). (PRADO, 
2014, p.726). 
A legislação apresenta de forma inequívoca apresenta através dos artigos 
expostos como ocorre a forma qualificada. 
IV – Causas de aumento de pena 
Extraindo do tipo básico (Art. 133, caput, CP) e as derivações (Art. 133, §§ 
1°,2° e 3°, CP), o aumento ocorre em um 1/3. 
8. Exposição ou abandono de recém-nascido (Art.134) 
9. Omissão de Socorro 
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou abandonada ou extraviada, ou à pessoa 
inválida ou ferida, ao desemparo ou em grave e iminente perigo; ou não 
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública; 
I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito 
Resguarda-se a vida e saúde da pessoa humana. É inegável a exclusividade a 
incolumidade física de pessoa que necessitam de amparo, por estarem sem 
condições sozinhas de sair da situação de perigo, ou de acidente. Este bem 
jurídico amparado é indisponível. 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa sem restrição (delito comum), há 
apenas uma exigência no caso em tela é que o sujeito ativo esteja próximo, 
podendo prestar socorro. 
Sujeito passivo – criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou 
ferida, ao desamparo, ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo. 
(PRADO, 2014, p.736). 
Crimes omissivos próprios – Os crimes omissivos próprios ou puros 
consistem numa desobediência a norma mandamental, norma esta que 
determina a prática de uma conduta que não é realizada. Há, portanto, a 
omissão de um dever de agir imposto normativamente. (BITENCOURT, 2014, 
p.544). 
Tipo subjetivo: adequação típica – O elemento subjetivo deste crime é o dolo 
(de perigo), representado pela vontade de omitir com a consciência do perigo, 
isto é, o dolo deve abranger a consciência da concreta situação de perigo em 
que a vítima se encontra. O dolo poderá ser eventual, por exemplo, quando o 
agente, com sua conduta omissiva, assume o risco de manter de manter o 
estado de perigo preexistente. (BITENCOURT, 2014, p.548). 
Classificação doutrinária – A omissão de socorro é crime omisso próprio e 
instantâneo, crime de perigo, crime comum. (BITENCOURT, 2014, p.134, 135). 
OBSERVAÇÃO: Não há forma de omissão culposa. O erro quanto à existência 
do perigo exclui o dolo. No entanto, sobrevindo dano (lesão corporal ou morte), 
o agente responderá pelo crime culposo (Art. 20 e § 1°). 
10. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (135 
– A) – Exigir cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como 
o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para 
atendimento médico-hospitalar emergencial: 
11. Maus-tratos 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, 
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a 
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou 
disciplina: 
12. Da rixa 
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
I – Bem jurídico tutelado – A incolumidade da pessoa humana, acrescendo 
que a simples participação da rixa já opera punição. 
Sujeitos dos crimes – “Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos 
ativos e passivos uns em relação aos outros: rixa é crime plurissubjetivo (Delito 
cuja definição exige a participação de mais de uma pessoa na prática da ação 
típica. O mesmo que crime de concurso necessário. Não se confunde com a 
coautoria) recíproco, que exige a participação de, no mínimo, três contendores 
no Direito pátrio, ainda que alguns sejam menores”. (BITENCOURT, 2014, 
p.137) (acréscimos nosso) 
Tipo objetivo: adequação típica – “Rixa é uma briga entre mais de duas 
pessoas, acompanhada de vias de fato ou violência reciprocas. Para 
caracterizá-la é insuficiente a participação de dois contendores. ” [...] 
(BITENCOURT, 2014, p.137). Salta ao texto a importância de: haver vias de 
fato, haver mais do que dois contendores, e que haja generalização entre 
todos, ou seja, todos brigando contra todos. 
Classificação doutrinária – crime de concurso necessário, crime instantâneo, 
crime Plurissubsistente, crime comissivo, doloso, não havendo possibilidade de 
modalidade culposa, por só haver condições da prática por meio de ação ativa. 
Figuras qualificadas – Havendo lesão corporal de natureza grave ou 
resultando em morte, se estabelece a qualificação do delito rixa. 
13. Calúnia 
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. 
Bem jurídico protegido 
É a honra objetiva, aquela que atinge o conceito do que as pessoas de convívio 
pensam ou a imagem que criaram do caluniado, atingindo “seus atributos 
morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos ou profissionais. É, é em outros 
termos, o sentimento do outro que incide sobre as nossas qualidades ou 
nossos atributos”. (BITENCOURT, 2014, p. 567). 
Definição de honra 
“Honra é valor imaterial, insuscetível de apreciação, valoração ou mensuração 
de qualquer natureza, inerente à própria dignidade e personalidade humana”. 
(BITENCOURT, 2014, p.567). 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa “imputável”. Excetuando-se pessoa 
jurídica “por faltar-lhe capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes 
contra a honra. ” (BITENCOURT, 2014, p. 568). 
Sujeito passivo – no aspecto mais amplo qualquer pessoa pode ser sujeito 
passivo. 
Tipo objetivo – Calúnia é imputação falsa de fato tipificado como crime a 
alguém. 
Falsidade de imputação – É de suma importância que se atribui a alguém 
seja falsa, não sendo verdade. E a acusação tem que figurar na tipificação do 
Código Penal, e tão necessário quanto que a calúnia seja conhecida por 
terceiros. Caso contrário a tipicidade não tem azo. 
Consumação – Ocorre quando a calúnia chega ao conhecimento de terceira 
pessoa. É impossível a tentativa. 
Classificação doutrinária – Crime formal, crime comum, crime instantâneo, 
crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), [delito que se consuma em 
um ato só] e crime plurissubsistente (por escrito), [é o constituído de vários 
atos, que fazem parte de uma única conduta]. 
Exceção da verdade – significa haver possibilidade do sujeito ativo ter a 
possibilidade de provar o fato imputado. (Art.141, § 3°, do CP), como o próprio 
tipo aponta a falsidade da calúnia como elemento indispensável para que o 
crime seja exaurido. 
Calúnia contra Presidente da República – se faz sumamente necessário 
registrar que calúnia contra o Presidente da República motivada pelapolítica se 
perfaz em crime contra a Segurança Nacional (Art. 2°, c/c com o art. 26 da lei 
7.170/12/1983), não havendo motivação política, o crime será comum. 
Calúnia e denunciação caluniosa – Se uma pessoa se dirige a delegacia e 
anuncia um crime indicado a pessoa que o praticou, e se investigar e perceber 
tratar-se de uma calúnia, trata-se de Denunciação Caluniosa, que é de ação 
penal pública, ou seja, cabe ao Estado o responsável em fazer o que 
denunciou falsamente responder pela denunciação caluniosa. 
Crime de calúnia e exercício da advocacia: incompatibilidade - “Art. 7º 
São direitos do advogado: § 2º O advogado tem imunidade profissional, não 
constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de 
sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo 
das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide 
ADIN 1.127-8) ”. Porém cumpre lembrar que dos Crimes contra honra, não foi 
objeto deste artigo a Calúnia. 
 Excluem-se da imunidade profissional as ofensas que 
possam configurar crime de calúnia (…). A tanto não 
poderia chegar a inviolabilidade, sob pena de esmaecer 
sua justificação ética, legalizando os excessos, que, 
mesmo em situações de tensão, o advogado nunca 
deve atingir. Nestes casos, responde não apenas 
disciplinarmente, mas também no plano criminal. 
Contudo, mesmo na hipótese de calúnia, é admissível 
a exceptio veritas. [Lobo, Paulo. Comentários ao 
Estatuto da Advocacia e da OAB. 4ª ed. 2007. Saraiva. 
pg. 63] 
 
 
Segundo o Estatuto da OAB a calúnia proferida por advogado, que não possa 
ser provada fica considerada crime e deve ser tratada como tal. Esta é uma 
exceção a liberdade do advogado tanto na defesa escrita como defesa oral. 
RETRATAÇÃO 
O crime de calúnia aceita, admite retratação, antes da sentença (Art. 143). 
Sendo claro o que se considera como retratação: “Retratação é o ato de 
desdizer-se, de retirar o que se disse. Não se confunde com negação do fato, 
pois retratação pressupõe o reconhecimento de uma afirmação 
confessadamente errada, inverídica. A retratação é causa extintiva de 
punibilidade (Art. 107, VI). 
14. Difamação 
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Bem jurídico tutelado 
O bem protegido é a honra, a reputação. “A tutela da honra, como bem jurídico 
autônomo, não é um interesse exclusivo do indivíduo, mas da própria 
objetividade, que se interessa pela preservação desse atributo, além de outros 
bens jurídicos, indispensáveis para a boa convivência harmônica em 
sociedade”. (BITENCOURT, 2014, p.579). 
Sujeitos ativos e passivos - pode ser tanto qualquer pessoa nos dois 
sujeitos. 
Tipo Objetivo – Difamar é imputar a uma pessoa fato ofensivo à sua 
reputação. Em oposição ao delito de calúnia o fato imputado, não precisa ser 
falso e nem tampouco, ser definido como crime. 
Tipo subjetivo – A subjetividade deste delito reside no dolo de dano, “ que se 
constitui na vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática 
de fato desonroso; é irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro. [...] O dolo 
pode ser direto ou eventual”. (BITENCOURT, 2014, p. 581). 
Consumação – ao atingir o conhecimento de outras pessoas o crime está 
estabelecido. 
Classificação doutrinária – Crime comum, crime formal, crime instantâneo, 
crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), crime plurissubsistente. 
Retratação – antes da sentença, admite retratação (Art. 143, CP). 
15. Injúria 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
Bem jurídico tutelado 
Trata-se de crime contra honra, havendo diferença que esta honra é a 
subjetiva. 
Injúria Real – “ A injúria real, definida no § 2°, do Art. 140, é um dos chamados 
crimes complexos, reunindo sob sua proteção dois bens jurídicos distintos: e a 
integridade ou incolumidade física de alguém. ” (BITENCOURT, 2014, p.140). 
Tipo objetivo – O injuriar é ofender a dignidade ou o decoro da pessoa 
humana. 
Tipo subjetivo – é o dolo de dano, instituindo, constituído pela vontade livre e 
consciente de injuriar. 
Injúria preconceituosa – é determinante que a injúria seja motiva pela raça, 
cor, etnia, religião ou origem. 
Consumação – atinge a consumação quando chega ao conhecimento do 
ofendido. 
Classificação doutrinária – crime comum, crime formal, crime instantâneo, 
crime comissivo. 
Perdão judicial – é o meio adequado que legalmente possibilita o juiz deixar 
aplicar pena diante da existência “na legislação especial”. (BITENCOURT, 
2014, p.591). 
16. Constrangimento ilegal 
Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois 
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a 
não fazer o que a lei permite, ou fazer o que ela não manda: 
Bem jurídico protegido e sujeitos do delito 
A proteção é tanto a liberdade individual, bem como a liberdade de pensar 
livremente, ou como expõe Prado, “cuida-se da liberdade psíquica”. 
Sujeito ativo – qualquer pessoa pode praticar este delito, havendo senão a 
funcionário público (Art. 327, CP), que emprega violência ou grave ameaça no 
exercício de suas funções, configura-se o delito de violência arbitrária (Art. 322, 
CP). (Prado, 2014, p. 798). 
Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa física. 
Tipo objetivo – Constranger (forçar, compelir, obrigar, coagir), considerando 
que para se efetivar o delito é importante destacar o alcance de fazer “ alguém 
a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. 
Tipo subjetivo – há composição do dolo, há por assim dizer consciência e a 
vontade de constranger a vítima, “ através da violência física ou moral, para 
dela obter a conduta pretendida. Exige-se a consciência da ilegitimidade da 
pretensão. São irrelevantes os motivos determinantes e o fim visado, salvo se 
capazes de excluir a ilicitude do constrangimento”. (PRADO, 2014, p. 800,801). 
Consumação – havendo a efetiva realização, pelo constrangido da conduta 
visada pelo agente. E um dado importante: “se na cobrança de dívidas é 
utilizada ameaça, coação, constrangimento físico ou moral ou qualquer outro 
procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou 
interfira em seu trabalho, descanso ou lazer, há o delito do art. 71 do CDC”. 
(PRADO, 2014, p. 801). 
Causa de aumento de pena – “O § 1° do art. 146 determina a aplicação 
cumulativa e em dobro das penas previstas [...] – quando para execução do 
crime: a) se reúnem mais de três pessoas, ou; b) há emprego de arma. 
“A lei 10.826/2003 simplesmente veda a fabricação, a venda, a comercialização 
e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que 
com estas possam se confundir (Art. 26 da lei citada), mas não estabeleceu 
nenhuma punição para tal conduta, em evidente falta de técnica legislativa”. 
(PRADO, 2014, p.803). 
Exclusão da ilicitude –Fica estabelecido o § 3° do art. 146 que não se 
compreendem no dispositivo legal: a) a intervenção médica ou cirúrgica, sem o 
consentimento do paciente ou do seu representante legal, se justificada 
iminente perigo de vida; b) a coação exercida para impedir suicídio. 
17. Ameaça 
Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro 
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave; 
Bem jurídico tutelado e sujeitos do delito 
O bem protegido é a liberdade individual, em particular “à liberdade psíquica da 
pessoa humana”. (PRADO, 2014, p.806). É relevante dizer que esta tipificação 
pode produzir “mal injusto e grave produz efeitos na livre capacidade de 
autodeterminação da vontade [...] no delito deameaça é, portanto, a 
tranquilidade, a paz interior da vítima, cuja ofensa conduz à limitação da 
liberdade pessoal”. (PRADO, 2014, 806). 
Tipicidade 
A forma tipificada é ameaçar e causar um mal injusto. É necessário para 
confirmação do tipo penal que ameaça seja injusta. Além do descrito se faz 
necessário que a ameaça se revista de gravidade (ameaça de morte, de lesão 
corporal grave, etc.). 
O delito é subsidiário, em crimes complexos como Constrangimento ilegal (Art. 
146, CP). Roubo (Art.157, CP), extorsão (art. 158, CP), estupro (Art. 213, CP), 
pode se tornar mais gravoso se estiver em uma condição que exponha a 
perigo, como nos crimes citados. 
18. Sequestro e cárcere privado 
Art. 148 – Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere 
privado: 
Bem jurídico protegido e sujeitos do delito 
A tutela se estende a liberdade individual, de forma particular a liberdade de ir e 
vir. 
Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa (delito comum), todavia, se for o 
agente é funcionário público (Art.327, CP), pratica o crime “com abuso da 
função ou pretexto de exercê-la, configura-se o delito de violência arbitrária 
(Art. 322, CP), ou exercício arbitrário ou abuso de poder (Art. 350, CP) previsto 
também pela lei 4.898/1965 (Abuso de Autoridade). Constitui abuso de 
autoridade qualquer atentado à liberdade de locomoção (Art. 3°, “a”, Lei de 
4.898/1965). (PRADO, 2014, 812 
Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa sem distinção. 
Tipicidade – Sequestro e cárcere privado 
A tipicidade da conduta é privar a pessoa de sua liberdade, mediante o cárcere 
privado. “O sequestro e o cárcere privado são formas de supressão ou 
restrição da liberdade pessoal, sob o aspecto da liberdade de locomoção”. 
(Prado, 2014, p.813). 
Urge se destacar, “o sequestro é o gênero do qual o cárcere privado é espécie, 
ou, noutro dizer, ‘o sequestro (arbitrária privação ou compreensão da liberdade 
de movimento e espaço) toma o nome tradicional de cárcere privado quando 
exercido[...] em qualquer recinto fechado, não destinado a prisão pública’. “ 
(PRADO, 2014, p. 813). 
Tipo subjetivo – tem a necessidade de dolo, sendo ou pela consciência ou 
pela vontade de privar alguém de sua locomoção. 
Consumação – no momento onde a pessoa é posta em um lugar que não 
tenha mais liberdade de ação, esteja privada de sua locomoção. 
Tentativa – é possível pois os agentes podem ter percorrido todos os atos 
preparatórios e não logra êxito por circunstâncias alheias a sua vontade. 
Formas qualificadas – Nos parágrafos §§ 1° e 2° do artigo 148, CP, se 
encontra as qualificadoras do crime. “ As margens penais são exasperadas – 
reclusão, de dois a cinco anos – (Art. 148, §1°). ” Nesta linha a doutrina 
específica os casos ilididos, que se encaixa na tipicidade: 
a) A vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou 
maior de 60 (sessenta) anos; 
b) Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou 
hospital; (O diretor ou médico que autoriza tal internação responde como 
coautor do delito; 
c) Se a privação da liberdade dura mais de 15 dias; 
d) Se o crime é praticado contra menos de 18 (dezoito) anos; 
e) Se o crime é praticado com fins libidinosos. 
Tipo Penal 
Ao se tratar deste tema cumpre iniciar entendendo o significado do termo e sua 
extensão. 
“O termo ‘tipo’ exprime a ideia de ‘modelo’, ‘esquema’. 
É utilizado em todas as áreas do conhecimento para 
separar e agrupar em classes objetos particulares que 
apresentem algo comum. [...]. Em direito penal 
classificam-se em tipos algumas formas de 
comportamento humano. De um modo geral, o tipo é, 
pois, um conceito abstrato elaborado com material 
obtido daquele ‘algo de comum’ que retiramos de uma 
variedade de entes particulares. ” (TOLEDO, 2002, 
p.126). 
Há um outro conceito, que é menos complexo é que se põe a esclarecer: 
Quando a consciência jurídica impôs ao Direito Penal, 
com o fim de segurança, a exigência de uma definição 
clara e precisa dos fatos em razão dos quais a sanção 
se aplicaria, o meio criado pelos juristas para resolver 
este problema capital foi o tipo, isto é, a descrição 
exata das circunstâncias elementares do fato punível. A 
lei penal não se limita a dizer, por exemplo, não 
furtarás, ou se furtares, se te aplicará tal pena, 
deixando ao julgamento do juiz determinar o que se 
deve entender por essa expressão demasiadamente 
vaga furtar, mas define precisamente pelas suas 
circunstâncias elementares o fato que se deve 
entender por furto. [...]. Constrói, desse modo, um 
grupo de figuras penais, uma das quais tem de ser 
realizada em concreto pelo fato para que este possa 
ser considerado crime. (BRUNO, 2005, p. 213,214). 
Então não se está errado se dizer que o tipo penal é verbo, que distingue no 
texto legal a ação a ser penalizada, a figura abstrata, que alcançando a 
condição de concreto entra em confronto com o ordenamento jurídico tendo 
que ser penalizada a conduta praticada para o retorno da chamada ordem 
jurídica. 
1. Dos crimes contra o patrimônio (Título II) 
a) Proteção Constitucional – no art. 5°, caput, da CF aponta que todos são 
iguais perante a lei, garantia esta não franqueada só a brasileiros, estendidas 
aos estrangeiros residentes (ou de passagem) no país a inviolabilidade do 
Direito à propriedade, considerado, pois, um dos um dos direitos humanos 
fundamentais. Esta é a base jurídica constitucional para inserir no Código 
Penal a tutela e proteção ao direito de propriedade. 
1.1 Furto (Art. 155, CP). 
Tipo penal do furto – Subtrair. Nas palavras de Nucci, analisando o núcleo do 
tipo, “subtrair” significa tirar, fazer desaparecer ou retirar e, somente, em última 
análise, furtar (apoderar-se). É verdade que o verbo ‘furtar” tem um alcance 
mais amplo do que ‘subtrair’, e justamente por isso o tipo penal preferiu 
identificar o crime como sendo furto e a conduta que o concretiza como 
subtrair, seguida lógico, de outros importantes elementos descritivos e 
normativos. Assim, o simples fato de alguém tirar coisa pertencente a outra 
pessoa não quer dizer, automaticamente, ter havido um furto, já que se exige, 
ainda, o ânimo fundamental componente de conduta de furtar, que é 
assenhorar-se do que não lhe pertence”. (NUCCI, 2015, p.864). 
Diante do exposto o que vem a ser furto? Se faz necessário lembrar o art. 18, 
do CP que ao tratar do dolo afirma: “o agente quis o resultado ou assumiu o 
risco de produzi-lo”. Por tema recorrente no direito penal é bom analisar, a 
cada artigo estudado a questão do dolo, como primeiro fator a determinar a 
conduta do agente, para assumir a postura (querer o resultado, assumir o 
risco e pôr fim a produção). 
Há a ideia corrente para caracterização do furto que a vítima não consentiu, 
não é avisada, e foi iludida por alguma manobra destra de quem tem a 
pretensão de furtar, que engana o agente distraindo, ou usando de habilidade 
para subtrair coisa alheia móvel. Este pode ser estabelecido como o furto 
simples, por não dispor de manobras especiais, ou de meios elaborados que 
leve ao engano da vítima que não percebe o intuito a ser praticado. 
Conceito de furto – “furtar significa apoderar-se ou assenhorar-se de coisa 
pertencente a outrem, ou seja, tornar-se senhor ou dono daquilo que 
juridicamente, não lhe pertence. O nomem juris do crime, por si só, dá uma 
bem definida noção do que vem a ser a conduta descrita no tipo penal”. 
(NUCCI, 2015, p.864). 
Sujeito ativo e passivo: Como não dependem de qualidades especiais, 
qualquer pessoa pode ser tanto o sujeito ativo ou passivo. 
Bem jurídico tutelado: proteção ao direito de propriedade. 
Consumação do furto:Nucci inicia o trato do tema afirmando “tratar-se de 
tema polêmico e de difícil visualização na prática”. (IBIDEM). E continua sua 
explanação: 
Há, basicamente, quatro teorias para fundamentar a 
consumação do furto: a) o furto se consuma apenas 
com o toque na coisa alheia móvel alheia móvel 
apoderar-se dela (teoria do contato); b) concretiza-se 
no momento da remoção, ou mudança de lugar, vale 
dizer, o furto se consuma apenas quando a coisa é 
removida do local onde fora colocada pelo proprietário; 
c) distingue a remoção em dois momentos: a 
apreensão e o traslado de um lugar a outro; para 
consumação, requer-se que a coisa seja trasladada do 
lugar onde estava outro local; somente assim se 
completa a subtração. Há de sair da esfera de 
vigilância do dono; d) o furto se consuma quando a 
coisa é transportada pelo agente ao lugar por ele 
pretendido para colocá-lo a salvo. Segundo nos parece 
o furto está consumado tão logo a coisa subtraída saia 
da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, 
ingressando na do agente. (NUCCI, 2015, p. 864). 
A caracterização do furto se encontra em o objeto subtraído sair da esfera do 
alcance e do controle da vítima, lembrando que por tratar-se de crime material, 
que só se consuma com o resultado naturalístico, assim o bem tem que de 
alguma forma deixar a posse da vítima e passar ao controle do agente. 
Elemento subjetivo do tipo: é exigido o dolo, enquanto “o elemento subjetivo 
do tipo específico, que é a vontade de apossamento do que não lhe pertence, 
consubstanciada na expressão ‘para si ou para outrem’. Essa intenção deve 
espelhar um desejo do agente de apoderar-se definitivamente, da coisa alheia. 
É o que se chama tradicionalmente de dolo específico. Não existe a forma 
culposa. ” (Ibidem, p. 866). 
Furto de coisa puramente de estimação: Entende o doutrinador “não ser 
objeto do crime de furto, pois o objeto sem qualquer valor econômico”. Há uma 
lógica imprescindível não ter como aferir um objeto de estimação que em 
muitos casos não tem nem valor de mercado. 
Furto de Cadáver: A doutrina majoritária só considera crime quando há valor 
econômico o exemplo colhido do doutrinador é (Ex: subtrair o corpo 
pertencente a um museu, que o exibe por motivos científicos ou didáticos). 
Caso não haja valor econômico envolvido, o crime de “subtração de cadáver 
pode constituir crime contra o respeito os mortos” (art.211, CP). (Op. Cit. 
p.867). 
Furto de coisas abandonadas (res derelicta) não pertencentes a ninguém 
(res nullius) ou perdidas (res deperdita): Nas duas condutas não se pode 
considerar crime de furto, pois, “não integram o patrimônio de outrem; e a 
terceira hipótese também não se encaixa como objeto de furto, pois há tipo 
especifico para tal caso, cuidando-se de apropriação indébita (art.169, P.U, 
CP).” (Op. Cit. p. 868). 
Furto de coisa de ínfimo valor e princípio da insignificância: Importa 
estabelecer o que vem a ser “coisa de ínfimo valor”. Para estender esta 
discussão cumpre lembrar, e usar de cautela do princípio da insignificância 
(crimes de bagatela). “o Direito Penal não se ocupa de insignificâncias (aquilo 
que a própria sociedade concebe ser de somenos importância), deixando de 
considerar fato típico a subtração de pequeninas coisas de valor nitidamente 
irrelevante. Ex: o sujeito que leva, sem autorização, do banco, onde vai sacar 
uma determinada quantia em dinheiro, o clipe que está sob o guichê do caixa, 
embora não lhe pertença. Não se deve se exagerar, no entanto, na aplicação 
do princípio da bagatela, pois o que é irrelevante para uns pode ser 
extremamente importante para outros. Ex. Subtrair uma galinha, de quem só 
possui um galinheiro com quatro, representa um valor significativo, que 
necessitará ser recomposto”. O caso em concreto pode e deve servir de 
parâmetro para análise do crime em espécie. Hipoteticamente, vários exemplos 
podem ser dados, mas, só quando o crime sai da esfera da abstração e passa 
a concretude é que se pode ter um conceito acertado do significado da “coisa 
de ínfimo valor”. (NUCCI, 2015, p.868). 
Ainda, para servir de argumento o STF, expõe jurisprudência: “A pertinência do 
princípio da insignificância deve ser avaliada, em casos de pequenos furtos, 
considerando não só o valor do bem subtraído, mas igualmente outros 
aspectos relevantes da conduta imputada. Não tem pertinência o princípio da 
insignificância se o crime de furto é praticado mediante ingresso sub-reptício do 
estabelecimento comercial da vítima, com violação da privacidade e da 
tranquilidade pessoal desta. (HC 112.748/DF, 1° T.J, 18.09.2012, Rel. Rosa 
Weber) ”. (Op. Cit. p. 868). 
Furto de talão de cheque: em tese qualquer coisa que possua valor, ou possa 
se transformar e valor monetário pode ser passivo de furto. Nas palavras de 
Nucci, “visto possuir nítido valor econômico, tanto para quem subtraí, que 
vende e estelionatários, quanto a vítima, que é obrigada a sustar os cheques e 
retirar outro talão, pagando ao estabelecimento bancário taxas elevadas e 
sofrendo prejuízo material. [...] O talão de cheques, incluindo as folhas de 
cheques avulsas ou em branco, pode ser objeto material do crime de furto, pois 
representam valor econômico considerável, pelo prejuízo que a subtração 
causa ao proprietário”. (TACRIM/SP atual TJSP) Ap. 617.021, 1.° C., rel. Silva 
Franco, 07.11.1991)”. (Ibidem, p. 869). 
Furto de uso: ao se analisar “o núcleo do tipo e o elemento subjetivo, há 
necessidade do ânimo de assenhoreamento”. (Op. Cit. p. 870). O que significa 
dizer que o agente tem que estar com a intenção de furtar, que é subtrair. 
Imagine que o autor apenas pegue o carro e dê uma volta no quarteirão e 
devolva o carro intacto, isso é chamado furto de uso, e não há de se falar de 
crime, se o carro for entregue sem nenhum tipo de problema, sem batida ou 
algo do gênero. Agora, segundo Nucci, se houver “para-lama batido, 
entendemos haver furto, pois houve perda patrimonial para a vítima”. (Ibidem, 
p. 870). 
Furto em túmulo e sepulturas: O crime nestes casos se encontra tipificado no 
art. 210, do CP, ou ainda, dependendo do caso “destruição, subtração ou 
ocultação de cadáver”. (Art. 211, CP). A doutrina majoritária indica que todos 
os objetos matérias que ali se encontram, “dentro da cova não pertencem a 
ninguém. Foram ali abandonados pela família. Entretanto, se o agente subtrai 
adornos ou bens que guarnecem o próprio túmulo, como castiçais ou estatuas 
de bronze, naturalmente há furto”. (Ibidem, p. 871). 
Furto sob vigilância: No Art. 17, do CP (Não se pune a tentativa quando, por 
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto é 
impossível consumar-se o crime). O caso exemplo exposto é: “Se um indivíduo 
é vigiado num supermercado o tempo todo por seguranças e câmeras internas, 
de modo a tornar, naquela situação concreta, impossível consumação do delito 
de furto, trata-se da hipótese do art.17. Mas se a vigilância é falha ou 
incompleta, cremos ser cabível falar em tentativa”. (Ibidem, p.872) 
A questão da trombada: Para entender é o famoso batedor de carteira, dá 
uma trombada, um encontrão com outra pessoa e toma-lhe a carteira. Para 
Nucci, este crime não é furto e sim roubo, pois “A violência utilizada na 
trombada, por menor que seja, é voltada contra a pessoa para arrancar-lhe a 
bolsa, corrente, o relógio ou qualquer outro bem que possua, de forma 
configurada está a figura do art.157”. (Ibidem, p.872). 
Furto de cartão de crédito e bancário: Para doutrina maior, a subtração pode 
ser considerada “crime de bagatela”, fato atípico, pois o cartão em si não 
possui valor algum “ e a administradora ou estabelecimento bancário, 
comunicado o furto, repõeo mesmo ao cliente sem nenhum custo, como 
regra”. (Ibidem, p.873). 
Furto de imagem: no texto legal ao se referir sobre “coisa”, está apresentado 
algo que seja palpável, que possa ser manejada. Por conta disso, fotos, ou 
filmagens não pode ser objeto de furto, sendo no máximo violação de direito 
autoral. “O furto deve ser furto de coisa ou recair em uma coisa: a coisa mesma 
deve ser subtraída”. (Ibidem, p. 873). 
Furto famélico: Em tese pode ser considerado estado de necessidade (Art.23, 
I e Art. 24, caput, CP). Encontrasse nestes dois artigos a conceituação e o que 
significa estado de necessidade, sendo claro que para utilizar-se deste meio 
jurídico há elementos indispensáveis que devem se apresentar: “a pratica do 
fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia 
de outro modo evitar, [...] cujo sacrifício nas circunstâncias, não era razoável 
exigir”. Para Nucci, estes são os bens a ser protegido nesta excludente (vida, 
integridade física ou saúde humana). “Atualmente, não é qualquer situação que 
pode configurar o furto famélico, tendo em vista o estado de pobreza que 
prevalece em muitas regiões de nosso país. Fosse admitido sempre e jamais 
se teria proteção segura ao patrimônio. Portanto, reserva-se tal hipótese a 
casos excepcionais, como, por exemplo a mãe que, tendo o filho pequeno 
adoentado, subtraí um litro de leite ou um remédio, visto não ter condições 
materiais para adquirir o bem desejado e imprescindível para o momento”. (Op. 
Cit. p. 873). 
Conceito de móvel: qualquer coisa que possa se deslocar de um lugar para o 
outro sem grandes dificuldades. 
Classificação: Crimes: comum (aquele que não demanda sujeito ativo 
qualificado ou especial); material (delito que exige resultado naturalístico, 
consistente na diminuição do patrimônio da vítima); de forma livre (podendo ser 
cometido por qualquer meio eleito pelo agente); comissivo ( implica em ação); 
instantâneo (cujo resultado se dá de maneira instantânea, não se prolongando 
no tempo; de dano (consuma-se apenas com efetiva lesão a um bem jurídico 
tutelado); Unissubjetivo (que pode ser praticado por um só agente); 
plurissubsistente (em regra, vários atos integram a conduta); admite-se 
tentativa. (Ibidem, p. 874). 
Causa de aumento de pena: é o furto praticado cometido no período do 
repouso noturno, isto por tornar mais difícil a vigilância, por estarem as pessoas 
em seu repouso, o que é um facilitador para quem deseja furtar. 
Repouso Noturno: doutrinariamente entende-se por repouso noturno, “ a fim 
de dar segurança à interpretação do tipo penal, uma vez que as pessoas 
podem dar início ao repouso noturno em variados horários, mormente em 
grandes cidades, o período que medeia entre o início da noite, com o pôr do 
sol, e o surgimento do dia, com o alvorecer. A vigilância tende a ser 
naturalmente dificultada quando a luz do dia é substituída pelas luzes artificiais 
[...], de modo que o objetivo do legislador foi justamente agravar a pena 
daquele que se utiliza desse período para praticar o delito contra o patrimônio”. 
(NUCCI, 2015, p.875). 
Condições para aplicação do aumento: “há duas posições a respeito do 
tema: a) é indispensável que o furto ocorra em casa habitada, com moradores 
nela repousando. [...] b) a causa de aumento está presente desde que a 
subtração ocorra durante o repouso noturno, ou seja, quando as pessoas de 
um modo geral estão menos atentas, com menor chance de vigilância dos seus 
e dos bens alheios”. (Op. Cit. p. 876). 
Furto privilegiado: §2°, Art. 155, há uma discussão de se tratar ou não de 
furto privilegiado. Para Nucci trata-se de apenas uma diminuição da pena. Mas, 
admite, de forma quase implícita “poder-se-ia falar em privilégio em sentido 
amplo”. Para compreender a questão, há de se buscar o significado do que 
vem a ser privilégio que para o supracitado autor é “representar uma nova faixa 
da pena, diminuindo-se o mínimo e o máximo em abstrato, estabelecidos pelo 
legislador no preceito sancionador do tipo penal”. (Ibidem, p.877). 
Furto de Sinal de TV a Cabo: “é válido para encaixar-se na figura prevista 
neste parágrafo, pois é uma forma de energia. Nesta ótica o: STJ: Indícios 
apontando o uso irregular de sinais de TV a cabo por um período de cerca de 1 
ano e 9 meses, sem o pagamento da taxa de assinatura ou das mensalidades 
pelo uso, apesar da cientificarão pela empresa vítima da irregularidade da 
forma como recebiam o sinal, tendo sido refeita, inclusive, a ligação clandestina 
após a primeira desativação”. (HC 17.867-SP, 5ª T. rel. Gilson Dipp, 
17.12.2002, DJ 17.03.2003) ”. (Ibidem, p.881). 
Conceito de qualificadora: “Convém relembrar que o crime é qualificado 
quando o tipo penal faz prever circunstâncias acrescentadas ao tipo básico, 
tornando-o mais grave. O gravame é exposto na forma da alteração do mínimo 
e do máximo em abstrato das penas previstas para o delito”. (Ibidem, p. 881). 
Abuso de confiança: esta situação é prevista como qualificadora pois, trata-se 
de possuir a confiança de alguém, tendo credibilidade, e usando desta 
confiança para a prática do delito. “Ex. Uma empregada doméstica que há anos 
goza da mais absoluta confiança dos patrões, que lhe entregam a chave da 
casa e várias outras atividades pessoais (como pagamentos de contas), caso 
pratique furto, incidirá na figura qualificada”. (Ibidem, p. 884). 
Furto como fraude versus estelionato: “eis a polêmica estabelecida no caso 
concreto, provocando variadas posições na jurisprudência. O cerne da questão 
diz respeito ao modo de atuação da vítima, diante do engodo programado pelo 
agente. Se este consegue convencer o ofendido, fazendo-o incidir em erro, a 
entregar, voluntariamente o que lhe pertence, trata-se de estelionato; porém, se 
o autor, em razão do quadro enganoso, ludibria a vigilância da vítima, 
retirando-lhe o bem, trata-se de furto com fraude. No estelionato, a vítima 
entrega o bem ao agente, acreditando fazer o melhor para si; no furto fraude, o 
ofendido não dispõe de seu bem, podendo até entregá-lo, momentaneamente, 
ao autor do delito, mas pensando em tê-lo de volta”. (Ibidem, p. 885). 
Chave falsa: “é o instrumento destinado a abrir fechadura ou fazer funcionar 
aparelhos. A chave original, subtraída sub-repticiamente, não provoca a 
configuração da qualificadora. Pode haver, nessa hipótese, conforme o caso 
concreto, abuso de confiança ou fraude. A mixa – ferro curvo destinado a abrir 
fechaduras -, segundo nos parece, pode configurar a qualificadora. Afinal, 
deve-se notar que se chave falsa não é de possuir o mesmo aspecto ou a 
mesma forma da chave original”. (Ibidem, p. 887). 
Concurso de duas ou mais pessoas: ocorre na participação de mais de um 
agente se reúnem para praticar o crime, facilitando assim o intento criminoso. 
Configura-se qualificadora, “o apoio prestado, seja como coautor, seja como 
partícipe, segundo entendemos, pode servir para configurar a figura do inciso 
IV”. (Ibidem, p.887). 
Nova qualificadora: é uma segunda figura de crime qualificado, sendo a pena 
aumentada ainda mais, “para reclusão de 3 a 8 anos, quando o veículo 
automotor for transportado para outro Estado da Federação ou para o exterior”. 
(Ibidem, p. 887) verificar Lei 9.426/96, esta é a lei que acrescentou uma pena 
mais alta quando há este transporte para outro Estado e outro país. 
1.2 Roubo (art. 157) 
1.2.1 Crime Complexo – Ao se tratar do tema há de buscar a figura típica o 
que obrigatoriamente o transforma em corolário do furto, não se equivalendo 
por conta da obrigatoriedade do uso da violência real ou apenas imaginada. 
Como confirma o doutrinador “ o roubo nada mais é do que um furto associado 
a outras

Outros materiais