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Aula 11 – CONTRATOs administrativos
Prof. Carlos Toledo - USJT	
11. Contratos administrativos
11.1. Noções iniciais
Contrato administrativo é o ajuste entre a Administração Pública e o particular, dotado de cláusulas que estabelecem prerrogativas à Administração, que poderá, nos termos da lei, alterar unilateralmente a vigência e a prestação do objeto contratual, garantidos os direitos patrimoniais do contratado.
Cabe esclarecer que nem todo contrato feito pela Administração é considerado contrato administrativo, pois há contratos que são regidos predominantemente pelas normas do direito comum, por exemplo, os contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário (vide art. 62, § 3º, I da Lei 8.666/93 – Lei de Licitações e Contratos). 
11. Contratos administrativos
11.1. Noções iniciais
Basicamente, são características do contrato administrativo:
Uma das partes contratantes é a Administração Pública
O regime jurídico é de direito público, com prerrogativas especiais para a Administração (cláusulas exorbitantes).
Ao contratante particular é garantido o equilíbrio econômico-financeiro do contrato
11. Contratos administrativos
11.2. Cláusulas exorbitantes
São chamadas de cláusulas exorbitantes as cláusulas do contrato administrativo que dão à Administração poderes especiais de controle sobre a execução contratual, podendo inclusive modificar unilateralmente o contrato. 
Tais cláusulas em contratos de natureza privada seriam consideradas nulas (cláusulas leoninas). Nos contratos administrativos, em vista da supremacia do interesse público, elas são válidas, nos limites estabelecidos pela lei – vide o art. 58 da Lei 8.666/93
11. Contratos administrativos
11.2. Cláusulas exorbitantes
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; 
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. 
11. Contratos administrativos
11.2. Cláusulas exorbitantes
Outro exemplo de cláusula exorbitante é a obrigação do contratado de tolerar a mora da Administração por um determinado período – 90 dias de atraso nos pagamentos ou 120 de suspensão da execução contratual (art. 78). Isso é bem diferente do que ocorre na esfera privada, onde vige um princípio chamado de “exceção do contrato não cumprido” (exceptio non adimpleti contractus), pelo qual uma parte não pode exigir a prestação de outra, sem que cumpra a sua parte no contrato. 
Como contrapartida dessas cláusulas exorbitantes, a Administração deve manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, visto que, ao apresentar sua proposta, o contratado tinha uma determinada expectativa econômica relativa à contratação. (Vide art. 58, §§ 1º e 2º) 
11. Contratos administrativos
11.3. Cláusulas exorbitantes
A mutabilidade das cláusulas do contrato administrativo é um dos aspectos mais típicos dessa figura e decorre da supremacia do interesse público.
O contratado é obrigado a aceitar essas alterações, nos termos do que dispõe a lei. 
Há dois tipos de modificação, a qualitativa e a quantitativa
11. Contratos administrativos
11. Contratos administrativos
11.3. Cláusulas exorbitantes
No que tange à alteração quantitativa a lei estabelece limites claros: 
Para acréscimos no objeto contratual:
até 25% do valor do contrato em caso de obras, serviços e compras
até 50% do valor do contrato no caso de reforma de edifício ou equipamentos
Para diminuição do objeto contratual:
até 25% do valor do contrato em todos os casos]
Há possibilidade de supressão superior a 25% se houver acordo entre as partes.
11. Contratos administrativos
11.4. Revisão do equilíbrio econômico-financeiro
A Lei 8.666/93 estabelece também possibilidade de alteração bilateral do contrato, para revisão do equilíbrio econômico-financeiro:
“Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) II - por acordo das partes:
(...) d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.” 
11. Contratos administrativos
11.4. Revisão do equilíbrio econômico-financeiro
Hipóteses que tornam necessária a revisão do equilibro econômico-financeiro do contrato
Alteração unilateral do contrato: a alteração quantitativa ou qualitativa que gere maiores encargos ao contratado obriga, obviamente, à revisão do valor a ser pago a ele;
 Fato do príncipe: situação em que a atuação da Administração fora da relação contratual acaba por interferir na economia do contrato. Por exemplo, quando a Administração proíbe a importação de insumo necessário à execução contratual, obrigando o contratado a buscar um produto mais caro que o substitua. 
11. Contratos administrativos
11.4. Revisão do equilíbrio econômico-financeiro
Força maior e o caso fortuito, definidos como fatos necessários, cujos efeitos não é possível evitar ou impedir (art. 393 do Código Civil). Ex.: uma enchente que inunde o local onde está sendo realizada uma obra pelo contratado. 
Álea econômica extraordinária, que é o fato de natureza econômica igualmente imprevisível e grave, que foge do risco ordinário, a que todo o empresário está sujeito. Ex.: uma crise financeira que mude sensivelmente o câmbio internacional, afetando os insumos importados necessários para execução do contrato.
Sujeições imprevistas, que são obstáculos que não eram previstos e que são contornáveis, mas que geram maior custo para a execução do contrato. Ex: a existência de rocha não prospectada por ocasião da construção de um túnel.
11. Contratos administrativos
11.4. Revisão do equilíbrio econômico-financeiro
Cabe observar a revisão do equilíbrio econômico-financeiro não é o mesmo que reajuste periódico dos valores contratuais por índices de atualização monetária, geralmente estabelecidos no próprio contrato e que não dependem de alteração contratual, sendo automaticamente aplicados pela Administração na chamada “data-base” do contrato.
11. Contratos administrativos
11.5. Rescisão do contrato administrativo
Segundo a Lei de Licitações (art. 79), a rescisão pode ser unilateral, amigável ou judicial. 
A unilateral é sempre por iniciativa da Administração, pois só ela possui essa prerrogativa (auto-executoriedade). O particular, para liberar-se de suas obrigações contratuais precisa necessariamente ajuizar uma ação para esse fim.
As causas de rescisão, previstas no art. 78, podem ser assim classificadas:
Causas atribuíveis ao contratado – incisos I a XI e XVIII
Causas atributíveis à Administração Pública – incisos XII a XVI
Causas alheias às partes – inciso XVII
11. Contratos administrativos
11.5. Rescisão do contrato administrativo
Observe que, tanto nas situações causadas pela Administração, quanto nas decorrentes de eventos alheios às partes o contratado não teve culpa na rescisão desse contrato.
Por essa razão, a lei estabelece direitos para
o contratado, quando a rescisão não se deve à sua atitude:
ressarcimento dos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido
devolução de garantia;
pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
pagamento do custo da desmobilização.
11. Contratos administrativos
11.5. Anulação do contrato administrativo
A anulação é a sua extinção em decorrência de um vício insanável na sua formação – p. ex., por alguma irregularidade ocorrida na licitação. 
Ela pode se dar por decisão da Administração ou por decisão judicial. Ao contrário da rescisão, a anulação opera retroativamente, desconstituindo os efeitos jurídicos que o contrato já produziu (art. 59 da Lei 8.666/93). 
O contratado que de boa fé, assinou o contrato e já cumpriu suas obrigações contratuais é protegido: ele tem direito a ser indenizado por tudo o que ele executou até a data da anulação, além de outros prejuízos que ele venha a comprovar em decorrência da situação. 
TESTE SEUS CONHECIMENTOS: 
	Acerca do contrato administrativo, assinale a opção correta.
 a) Mediante acordo entre as partes, pode a supressão de um objeto contratado ser superior a 25% do valor atualizado do contrato.
 b) O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos que se fizerem nas obras, serviços, compras ou reforma de edifício, até o limite de 25% do valor inicial atualizado do contrato.
 c) Em atenção ao princípio da supremacia do interesse público, a majoração dos encargos do contratado advinda de alteração unilateral do contrato não implica o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro inicial.
 d) A responsabilidade do contratado pela reparação ou correção dos vícios encontrados no objeto contratado somente ocorrerá se houver previsão expressa nesse sentido no contrato firmado entre a administração pública e o fornecedor (OAB – 2010)
11. Contratos administrativos
Leitura recomendada:
Medauar, Odete. Direito Administrativo Moderno, Capítulo 11
Justen Filho, Marçal. Curso de Direito Administrativo Moderno, Capítulo VIII
Acesse essa aula em: http://pt.slideshare.net/CarlosToledo3

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