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APONTAMENTOS DE DIREITO PENAL VI art 289 a 359 H 2017

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APONTAMENTOS DIREITO PENAL VI
TÍTULO X - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Noção de fé pública:
 Fé pública é a credibilidade, a confiança, que todas as pessoas depositam nas moedas, documentos, emblemas, símbolos e sinais, aos quais o Estado atribui um valor qualquer. 
 Caracteriza crime de falso a violação da fé pública.
Requisitos para caracterizar o crime de falso:
1) Imitação da verdade: Pode ocorrer através de duas maneiras:
imuttatio veri : mudança de verdadeiro ( ex: modificar o teor do documento)
imitatio veritatis: imitação da verdadeira ( ex : criar um documento falso)
2) Dano potencial. Para configurar um crime contra a fé pública deve haver dano potencial, ou seja, o documento falsificado deve ser capaz de iludir ou enganar um número indeterminado de pessoas. 
Não há documento sem : a) Potencialidade lesiva; b) Limitação da verdade. 
 
Sem estes requisitos o fato será atípico, ou será outro crime. Se a falsificação for grosseira, reconhecível a olho nú (“ictu oculi” ) não caracterizará crime de falso. Não tipifica, não é fato típico.
3) Dolo. Todos os crimes contra a fé pública são dolosos. Nenhum admite culposa. 
4) Autor determinado.
Falso Material 
Diz respeito a forma do documento. 
Artigo 297 C.P. – Público 
Artigo 298 C.P.- Particular 
 
Falso Ideológico 
Falsidade de ideia, substancia , essência do documento 
CAPÍTULO I - DA MOEDA FALSA
Art. 289 - MOEDA FALSA: Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Objeto jurídico: O objeto jurídico tutelado é a fé pública, especificamente da moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no Brasil ou no estrangeiro
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa (física ou jurídica) lesada em seu patrimônio.
Tipo objetivo: Sempre quando se fala em tipo objetivo devemos lembrar a conduta que se pune, no delito a ser estudado. É o verbo típico. No caso do artigo 289 a conduta que se pune é falsificar (apresentar como verdadeiro algo que não é original, dar aparência enganosa a fim de passar por original). 
São previstos dois meios de execução: 
fabricação (criação de moeda falsa, e a hipótese da contrafação (o agente faz a moeda totalmente) ou
 alteração (modificação de seu valor para maior) . valor menor pode caracterizar estelionato ( acontece para enganar colecionadores)
 Se a falsificação for grosseira poderá também tipificar o delito de estelionato e não o artigo 289 do CP. ( conforme prevê a Súmula 73 do STJ)
 Para tipificar o delito, a conduta pode recair sobre moeda nacional ou estrangeira, desde que seja de curso legal ( moeda corrente). É crime a falsificação tanto da moeda nacional, quanto estrangeira.
Objeto material do crime: é tanto a moeda metálica quanto o papel moeda.
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com a efetiva falsificação, independente de outros resultados. É crime formal. Não há necessidade que o objeto da falsificação seja colocado em circulação, e nem que haja tenha danos a terceiros, basta a falsificação. 
Tentativa: admite-se. A tentativa é possível, porque o crime é plurissubsistente.
 Pena: reclusão de três a doze anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada. 
Competência: A competência para julgar o crime do artigo 289 e seus parágrafos é da JUSTIÇA FEDERAL.
Artigo 289 - § 1º Circulação da Moeda falsa
Este parágrafo prevê as mesmas penas para quem:
importa d) vende g) empresta
b) exporta e) troca h) guarda
adquire f) cede i) introduz em circulação
 O objeto material em todas as condutas é a moeda que o agente sabe ser falsa.
 O § 1º do art. 289 prevê, como crimes autônomos, ações posteriores à falsificação. 	
 Para configurar este parágrafo, o agente não falsificou as notas, mas apenas cometeu uma destas condutas já descritas acima. É tipo misto alternativo. 
 Note-se que se as condutas deste parágrafo forem praticadas pelo mesmo agente da falsificação, responderá ele por um único delito, do artigo 289, caput do CP.
Objeto jurídico, sujeito ativo e passivo: mesmo do “caput”.
Tipo objetivo: As condutas que se punem são as expostas acima: Na modalidade importa ( introduz em território nacional, por via terrestre, marítima ou aérea.
 A seguir, foi prevista a conduta inversa, de “exportar”, que é retirar do País para o estrangeiro. Previu ainda o dispositivo a ação de “adquirir”, a moeda falsificada, equivalente à aquisição, a título oneroso ou gratuito.
Vender pressupõe o recebimento de um preço.
Trocar é a permuta, a troca da moeda falsa por outro objeto, ou até mesmo por outra moeda falsa.
Ceder equivale a transferir a terceiro a moeda, a qualquer título que não aqueles anteriormente previstos (vender, trocar). 
Emprestar significa entregar na condição de haver restituição.
Guardar é uma das modalidades de conduta permanente, significa ter o agente a moeda consigo, em depósito, ou à sua disposição.
Introduzir na circulação é passar a moeda a terceiro de boa-fé, utilizando-se dela para adquirir alguma coisa, saldar um compromisso ou um outro título qualquer.
Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações, sem dependência de outras conseqüências. Na conduta “guardar” é crime permanente.
Tentativa: Admite-se
Pena e Ação penal: mesma do “caput”
ART. 289 § 2º FIGURA PRIVILEGIADA
Objeto jurídico e passivo: mesmo do “caput”.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha recebido a moeda de boa-fé
Tipo objetivo: O agente recebeu o dinheiro como se fosse verdadeiro, ignorando sua falsidade. Mas, embora recebendo a moeda de boa-fé, após estar com esta moeda o agente restitui à circulação (passa a moeda a outro terceiro de boa-fé), depois de conhecer a falsidade, ou seja, após ter certeza que é falsa. Se o agente restituir a moeda falsa à própria pessoa de quem recebera a moeda falsa a conduta é atípica.
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: Com a restituição à circulação.
Tentativa: Admite-se
Pena: detenção de seis meses a dois anos e multa.
Ação Penal: pública incondicionada.
Art. 289 § 3º - Fabricação, emissão ou autorização irregular
Objeto jurídico e sujeito passivo: mesmo do “caput”.
Sujeito ativo: só o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco emissor da moeda (crime próprio).
Tipo objetivo: Nesta conduta pune-se o funcionário público, diretor, gerente, ou fiscal de banco emissor da moeda que: a) fabrica; b) emite; c) autoriza a fabricação; d) autoriza a emissão. 
O objeto material é:
(I) Moeda com título e peso inferior ao determinado em lei
 Titulo é considerado a relação entre o metal fino e total da liga empregada na moeda. Somente tipifica se o título e o peso forem inferiores, pois se forem superioresserá apenas infração administrativa.
(II) papel-moeda em quantidade superior à determinada.
 A quantidade inferior é penalmente atípica.
Tipo subjetivo: dolo
Tentativa: admite-se
Pena: reclusão de três a quinze anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada
 Art. 289, § 4º - Desvio e Circulação indevida.
Objeto jurídico, sujeito ativo e passivo: mesmo do “caput”.
Tipo Objetivo: O objeto material, neste parágrafo não é a moeda falsa ou emitida em excesso, mas a moeda legal, cuja circulação não estava, ainda autorizada. Pune a ação de quem desvia, e faz circular esta moeda, retira de onde estava guardada e põe em circulação.. Para a maioria dos autores não se exige o proveito do agente.
Tipo Subjetivo: dolo 
Consumação: com a entrada em circulação
Tentativa: é admissível
Pena: O parágrafo diz: “nas mesmas penas”, referindo –se às do “caput”. Reclusão de três a doze anos e multa.
Ação Penal: pública incondicionada, 
Competência 
A Constituição Federal, no art. 164, diz que a competência para emitir moeda é do Banco Central – é uma autarquia federal – há interesse da União no crime da moeda falsa. Assim, a competência é da Justiça Federal. 
Obs. Vide súmula 73 do STJ.
ART. 290 – CRIMES ASSIMILADOS AO DA MOEDA FALSA
Objeto jurídico: a fé pública
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa (física ou jurídica) lesada em seu patrimônio.
Tipo objetivo: Em sua descrição o art. 290 possui três figuras a se punir:
Formação com fragmentos (1ª parte).
 Aqui a moeda é verdadeira. A conduta punível é de quem utilizando –se de fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes representativos de moedas, os justapõe, formando novas cédulas, notas ou bilhetes capazes de circular como verdadeiros. Utiliza-se dos fragmentos de cédulas rasgadas para formar outra cédula.
Supressão de sinal de utilização (2ª parte).
 O objeto material é a nota, cédula ou bilhete recolhido. A conduta punível é a supressão (eliminação ou remoção) de sinal indicativo de inutilização, com a finalidade especial de restituí-los à circulação.
Restituição à circulação.
 Significa coloca-la de novo em circulação. O objeto material é a moeda formada com fragmentos ( da 1ª parte do “caput”) ou a que teve seu sinal de inutilização suprimido (da 2ª parte), ou ainda qualquer outra já recolhida para o fim de inutilização. Tratando-se do próprio agente que formou a moeda ou suprimiu sinal, a restituição não é punível.
 Nas três figuras do art. 290 há necessidade que a moeda formada ou com sinal de inutilização suprimido seja capaz de enganar e circular como moeda.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: Com a efetiva formação da cédula capaz de enganar ou no caso da letra “b”com a devida supressão do sinal indicativo de inutilização. E na última modalidade com a efetiva volta à circulação.
Tentativa: admite-se. 
Pena: reclusão de dois a oito anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
 A competência para julgar o crime do artigo 290 e seu parágrafo único é da JUSTIÇA FEDERAL.
 Art. 290 Parágrafo único – FIGURA QUALIFICADA
Noção: Se o agente é funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se acha recolhido, ou tem fácil ingresso naquela, em razão do seu cargo.
Pena: O máximo de reclusão é elevado a doze anos, além da pena de multa.
 Em sua redação original, parágrafo único determinava que o máximo da pena de multa era elevado “a quarenta mil cruzeiros”. O art. 2º da Lei 7209/84 cancelou quaisquer referências a valores de multa, portanto aquele limite tornou-se inócuo. Não se dispensa, porém, a imposição cumulativa da pena de multa, a ser fixada pelo art. 49 do CP.
Art. 291 – PETRECHOS PARA A FALSIFICAÇÃO DA MOEDA
Objeto jurídico: a fé pública
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado
Tipo objetivo: Sempre quando se fala em tipo objetivo devemos lembrar a conduta que se pune, no delito a ser estudado. É o verbo típico. No caso do artigo 291 a conduta que se pune é fabricar ( produzir); adquirir (obter a propriedade; fornecer (ceder); possuir (ter a posse) ou guardar (dar abrigo) qualquer maquinismo, instrumento ou objeto destinado à falsificação da moeda, como prensas, matrizes, moldes etc.
 É necessário o exame pericial a propósito de ser inequívoco o destino dos objetos.
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com a efetiva prática de uma das ações. Nas modalidades possuir e guardar é crime permanente.
Tentativa: admite-se. 
 Pena: reclusão de dois a seis anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
 A competência para julgar o crime do artigo 291 é da JUSTIÇA FEDERAL.
O art. 291 do CP é ato preparatório para o art. 289 do CP. 
Se adquirir o maquinário e fabricar a moeda, o art. 291 será absorvido pelo art. 289 
do CP - é o caso do fato anterior impunível. 
Art. 292 – EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL
Objeto Jurídico: a proteção á fé pública
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a coletividade
Tipo Objetivo: A conduta punível é “emitir” , significa formar e colocar em circulação o título. Referida emissão deve ocorrer sem permissão legal. A autorização legal exclui a tipicidade do delito.
 O objeto material é bilhete, nota, vale ou outro título que contenha a promessa de pagamento em dinheiro ou portador, ou que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago. Estão excluídos aqui os “warrants”, passes, vales particulares, passagens etc. 
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: Com a entrada em circulação do título ao portador (crime formal)
Tentativa: admissível
Pena: detenção de um a seis meses, ou multa (pena alternativa)
Ação penal: pública incondicionada.
PARAGRÁFO ÚNICO DO ART. 292: RECEBIMENTO OU UTILIZAÇÃO COMO DINHEIRO
 Aqui se pune aquele que recebe ou utiliza um dos documentos referidos no “caput”, como dinheiro. Ex, o agente aceita ou usa um título ao portador como dinheiro. Pena de 15 dias a três meses de detenção. 
CAP II – DA FALSIDADE DE TÍTULOS E DE OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
ART. 293 – FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS
 Objeto Jurídico: Protege os papéis públicos concernentes a valores de responsabilidade do Estado, ou à arrecadação das rendas públicas.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa
Sujeito Passivo: qualquer pessoa
Tipo Objetivo: Este artigo é crime de ação múltipla, pois possui uma série de condutas típicas, sendo de notar, entretanto que, a figura principal, descrita no “caput”, pune quem falsifica ou altera documentos. O significado dessas condutas já foi estudado no capítulo anterior (moeda falsa), sendo que no presente tipo penal, modifica-se apenas o objeto material do crime, que pode ser qualquer dos papéis públicos descritos nos incisos.
 No parágrafo 1º a lei pune com a mesma pena quem usa qualquer documento do “caput”.
 Já no parágrafo 2º a lei descreve a conduta suprimir sinal indicativo de inutilização com a intenção de tornar novamente utilizável qualquer desses papéis. 
 O parágrafo 3º pune com a mesma pena quem os usa, desde que não se trate da mesma pessoa que efetuou a supressão do sinal de inutilização.
 O parágrafo 4º prevê a figura privilegiada, quando o agente recebe qualquer dos papéis descritos nos parágrafos anteriores de boa-fé e, posteriormente, ao tomar conhecimento da falsidade, os recoloca em circulação.
 Na parte referente a selo postal o inciso foi revogado pela lei 6538/78, art. 36.
ART. 294 - PETRECHOS DA FALSIFICAÇÃO
Objeto jurídico: a fé pública
Sujeito ativo: qualquer pessoa, se funcionário público art. 295 do CP.
Sujeito passivo: o 
Tipo objetivo: Sempre quando se fala em tipo objetivo devemos lembrar a conduta que se pune, no delito a ser estudado. É o verbo típico. No caso do artigo 294 a conduta que se pune é a mesma referenteao crime de petrechos para falsificação da moeda (art. 291), sendo diverso apenas o objeto, que visa falsificar qualquer dos papéis mencionados no artigo anterior (e não falsificação da moeda).
As ações incriminadas são:
 a) fabricar b) adquirir c) fornecer d) possuir e) guardar
 
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com a efetiva prática de qualquer das ações. É crime permanente nas modalidades possuir e guardar.
Tentativa: admite-se. 
Confronto: caso o agente use os petrechos e falsifique, o crime deste artigo 294 será absorvido pelo artigo 293. Tratando-se de selo postal, art. 38 da lei 6538/78.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
ART. 295 – Figura qualificada A pena sofrerá exasperação (aumento) de um sexto se o delito for cometido por funcionário público, que cometa o crime prevalecendo-se de alguma facilidade decorrente do exercício do cargo.
 
CAPÍTULO III - DA FALSIDADE DOCUMENTAL
O objeto jurídico deste capítulo é a fé pública que as pessoas tem nos documentos. Este capítulo abrange a falsidade material e a falsidade ideológica. O objeto material é o documento.
Documento: É toda a peça escrita elaborada por um autor determinado, contendo exposição de fatos ou declaração de vontade, dotado de uma significação ou relevância jurídica e que pode, por si só, causar um dano, por ter valor probatório. Nem todo papel escrito é documento, como nem todo papel escrito tem força probante.
Em resumo: Documento é qualquer objeto válido a provar uma verdade (um escrito, uma pedra, um osso, um fragmento de metal). É qualquer manifestação escrita, de um pensamento ou de uma vontade, juridicamente relevante
Características:
Forma escrita: Sobre coisa móvel, transportável e transmissível (papel, pergaminho etc.)
Objeto material: O objeto material, documento em sentido estrito é qualquer escrito com valor probatório. Art. 232 do CPP. 
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. 
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original. 
A doutrina classifica os documentos públicos em : 
 
a) Documento formal e substancialmente público 
O Documento , na hipótese, é formado , criado e emitido por funcionário público no exercício de suas atribuições legais, além do que seu conteúdo é relativo a questões de natureza pública. Consideram-se como tais, todos os documentos emanados de atos do executivo, legislativo e judiciário , bem como qualquer outro expedido por funcionário público e desde que represente interesse do Estado. Exemplo: R.G., C.N.H., Título de Eleitor, Passaporte, etc. 
 
Documento formalmente público, mas substancialmente privado. 
Nesta hipótese, o documento é formado, criado e emitido por funcionário público, mas seu conteúdo é relativo à interesses particulares. Ex: escritura pública de transferência de propriedade imóvel. 
OBSERVAÇÃO: Não configuram documento:
- O escrito efetuados a lápis; 
- A pichação efetuada em paredes. 
- Também as fotografias, os quadros, as pinturas não são considerados documentos. 
A jurisprudência tem entendido que a troca de fotografia feita em documento de identidade configura o crime de falsidade “documental’, uma vez que, nesse caso, a fotografia é parte integrante de um documento que, no todo possui a forma escrita. Há, todavia, entendimento minoritário de que seria apenas crime de falsa ‘identidade”(art. 307)
- Lembre-se, a xerox não autenticada não tem valor probatório, por isso não é documento. Se for autenticada, sim. (art. 322, parágrafo único CPP).
 
Cópias autenticadas e certidões de servidores públicos são documentos públicos também. 
Autor determinado: Deve estar identificado por assinatura ou nome. Quando a lei não faz essa exigência, pelo próprio conteúdo.
 A autoria certa que se exige para que algo seja considerado documento é daquele de quem o documento deveria ter emanado, e não o autor da falsidade. A autoria da falsidade é necessária para a condenação do falsário, mas nada tem a ver com o conceito de documento.
O conteúdo deve expressar uma manifestação de vontade ou a exposição de um fato.
 A assinatura em um papel em branco não constitui documento, uma vez que não há qualquer conteúdo. O mesmo se diga um relação, um receita, um recado etc.
Relevância jurídica 
 Para que seja considerado documento, o escrito deve ter o potencial de gerar conseqüências no plano jurídico, ou, em outras palavras, deve ter o valor probatório, por, si, só. Assim, apresentado a alguém, deve ter o condão de fazer prova de seu conteúdo.
Dano potencial
 
Conforme já mencionado, a falsificação não pode ser grosseira.
ARTIGO 296: FALSIFICAÇÃO DE SÊLO OU SINAL PÚBLICO
Objeto jurídico : a fé pública
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Tipo objetivo: O artigo 296 do Código Penal incrimina a falsificação, de sêlo ou sinal público, quando apostos ou imprimidos (os sinais) em documentos oficiais, com fim de autenticá-los. O que se objetiva proteger é a fé pública relacionada com os tais selos e sinais, que integram os documentos quando neles apostos ou imprimidos. 
A ação é a fiscalizar (fabricando ou alterando) como já se mencionou em relação aos dispositivos anteriores. Essa ação recai sobre o selo público ou sinal (objeto material); são os sinais destinados a garantir autencidade de documentos ou de firmas que neles constem. Diferem dos anteriormente considerados (Artigo 293, I ) e podem ser de metal, lacre, cera, etc. Também é objetos materiais (conforme o Inciso II do artigo) os selos ou sinais atribuídos a entidades de direito público ou autoridade, e ainda, sinal público de tabelião.
Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo genérico. 
Pena: A pena é de reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
Figura equiparadas: O parágrafo 1º do Artigo 296 informa que incorrem nas mesmas sanções quem: 
a) Usa sêlo ou sinal falsificado e 
b) Usa indevidamente sêlo ou sinal verdadeiro. 
Na primeira hipótese é pressuposto que o usuário não tenha realizado a falsificação e a utilização é a normal, ou seja conforme a destinação do sêlo ou sinal. 
Na outra modalidade, os selos e sinais são verdadeiros, mas usados indevidamente, em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. Se não houver o prejuízo de outrem ou o proveito próprio ou alheio, com a utilização indevida, não ocorre o crime. 
Forma qualificada: O Artigo 296, parágrafo 2º descreve forma qualificada se o agente for funcionário público e cometer o crime prevalecendo-se do cargo que exerce, a pena será agravada (aumento de uma sexta parte). Tanto o uso como a falsificação, são qualificados em razão da condição do agente.
ART. 297 - FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a autenticidade dos documentos.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa (física ou jurídica) .
Tipo objetivo No caso do artigo 297, a falsidade é material, diz respeito à forma de documento. São duas as condutas previstas:
 A) falsificar no todo ou em parte o documento público. (falsificação total ou parcial). É a contrafação, formação do documento. No todo, é a contrafação integral; ou em parte, quando acrescentam mais dizeres ao documento verdadeiro. 
B) ou alterar documento público verdadeiro. Aqui há alteração (modificação) do teor formal do documento. A falsificação deve ser apta a enganar indeterminado número de pessoas, pois o falso grosseiro não traz perigo à fé pública. E que a falsificação seja capaz de causar prejuízo para outrem, pois o falso inócuo não configura o delito.
Objeto material; É o documento público, considerando-se como tal o elaborado, de acordo com as formalidades legais, por funcionário públicono desempenho de suas atribuições.
Conceito de documento público: É aquele elaborado por funcionário público, de acordo com as formalidades legais no desempenho de suas funções. Ex: RG, CIC, CNH, Carteira Funcional, Certificado de Reservista, Título de Eleitor, escritura pública etc.
Espécies de documento público
A) Formal e substancialmente público : É aquele elaborado por funcionário público, com conteúdo e relevância jurídica de direito público ( atos legislativos, executivos e judiciários.
b) Formalmente público e substancialmente privado: É o elaborado por funcionário público, mas com conteúdo de interesse privado. Ex: escritura pública de compra e venda de bem particular, reconhecimento de firma pelo tabelião em uma escritura particular etc.
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com o “editio falsi.” Consuma-se com a efetiva falsificação ou alteração, independentemente do uso ou de qualquer outra conseqüência posterior. 
Tentativa: admite-se, pois, apesar de ser crime formal, é possível que o agente seja surpreendido no momento em que está iniciando a falsificação.
Comprovação: Necessita de exame de corpo de delito.
No crime de falsidade material, que é infração que deixa vestígios, torna-se indispensável o exame de corpo de delito para a prova de materialidade. Esse exame pericial, feito com a finalidade de verificar a autenticidade do documento, chama-se exame documentoscópico. 
Sempre que possível deverá ser elaborado também exame grafotécnico, com a finalidade de constatar a autoria da assinatura e dos dizeres do documento, mediante comparação com o material fornecido durante o inquérito policial pelo indiciado.
Pena: reclusão de dois a seis anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
Art. 297 - parágrafo 1º - Figura Qualificada
 Se o agente é funcionário público (ver art. 327 do CP), e comete crime prevalecendo-se (valendo-se) do cargo.
Pena: “Caput”, aumentada da sexta parte
Art. 297 - parágrafo 2º - Documentos públicos por equiparação
 O artigo 297, em seu § 2º equipara alguns documentos particulares a documento público, permitindo, assim, a punição de quem os falsifica como incurso em crime mais grave. Os documentos públicos por equiparação são os seguintes:
o emanado de entidade paraestatal (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações instituídas pelo Poder Público);
o título ao portador ou transmissível por endosso (cheque, nota promissória, duplicata, etc.
as ações de sociedade comercial ( sociedades mercantis – sociedades anônimas ou em comandita por ações)
os livros mercantis: utilizados pelos comerciantes para registro dos atos do comércio
testamento particular (hológrafo): aquele escrito pessoalmente pelo testador.
 A Súmula 17 soluciona o impasse sobre a prevalência do crime de estelionato, quando o falso for meio para praticá-lo. Também é pacífico que o crime de falso fica absorvido pelo de sonegação fiscal. 
FALSIFICAÇÃO – PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 297 § 3o  Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000, prevê falsificação de documentos que possam fazer provas junto ao INSS. Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
 I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
 § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
A Seguridade Social é um amplo sistema de proteção social, de interesse maior da comunidade. Por esta razão, a sua proteção e tutela merecem uma atenção destacada, de tal forma que seus recursos sejam distribuídos com justiça e igualdade.
- Omissão nos documentos acima do nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
Note-se que o artigo 297 do Código Penal trata de falsidade material, mas no que tange aos documentos previdenciários (que não são necessariamente públicos) está se falando de falsidade ideológica, haja vista o nascedouro do documento.
Na prática, o que ocorre, a título de exemplo, é que quem anota salário ou período de trabalho que não corresponde aos fatos incorre no ilícito penal. 
Do mesmo modo incide nas penas do crime aquele que insere informação em relação de pagamento a autônomo, quando a hipótese é de vínculo de emprego, tendo em conta que os reflexos previdenciários são distintos. 
A ideia fundamental é todos os dados tutelados pela norma são relevantes, pois podem provocar danos tanto à previdência como ao segurado. Não se vislumbra a forma culposa, mas a tentativa é admissível. Crime material de ação penal pública incondicionada e que pode ser praticado por qualquer pessoa, ou seja, o agente não precisa ser funcionário público.
 Na falsidade material o falso diz respeito à forma do documento, não ao conteúdo. 
 No art. 299 do CP- falsidade ideológica - o falso diz respeito ao conteúdo. 
 O legislador cometeu o erro no artigo quando ao inserir os §§3º e 4º no art. 297 do CP. 
Os incisos I, II e III do §3º a declaração falsa é problema de conteúdo, não de forma, está errado, ou seja, o §3º diz respeito à falsidade ideológica, deveria estar no art. 299 do CP, e não no art. 297 do CP. 
O §4º do art. 297 do CP é crime omissivo próprio ou puro, e por tal razão, não admite a tentativa. 
Competência 
A Súmula 73 STJ (já mencionada), e súmula 104 do STJ: as duas trazem competência da Justiça Estadual. 
“STJ Súmula nº 104 
Competência - Falsificação e Uso de Documento Falso - Estabelecimento Particular de Ensino - 
Processo e Julgamento: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.” 
Falso x estelionato 
É o caso do cidadão que falsifica documento qualquer, e com este objeto falsificado pratica estelionato. 
Para solucionar isso, há 04 posições: 
1º) Concurso material: soma as penas. 
2º) Concurso formal: pega pena mais grave e aumenta de 1/6 até a metade. 
3º) só o falso (estelionato restará absorvido): aplica-se o princípio da consunção. 
Essa posição justifica em face da gravidade em abstrato dos crimes. 
4º) só o estelionato (restará falso): aplica-se o princípio da consunção. 
É a posição que prevalece, mas não há unanimidade. Prevalece porque há entendimento sumulado do STJ. Súmula 17 do STJ. 
“STJ Súmula nº 17 - Estelionato - Potencialidade Lesiva. “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.” 
O fundamento é que o crime meio é absorvido pelo crime fim, ou seja, se há mais potencialidade o falso não é absorvido pelo estelionato, e neste caso, trabalharemos com o concurso de crimes.
Art. 298 – Falsificação de Documento Particular
Falsificação de documento particular    (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012)    
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Falsificação de cartão       (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)  
Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.      (Incluído pela Leinº 12.737, de 2012)  
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a autenticidade dos documentos.
Diferença entre a falsidade material e ideológica.
Na falsidade material, o que se frauda é a própria forma do documento, que é alterada, no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente, que cria um documento novo.
Na falsidade ideológica, ao contrário, a forma do documento é verdadeira, mas o seu conteúdo é falso, isto é, a idéia ou declaração que o documento contém não corresponde à verdade.
Efeitos da distinção:
 1- Quanto à capitulação penal. Se a falsidade de documento público é material, incide no art. 297, mas se é ideológica, enquadra-se no art. 299. Se o falso em documento particular é material, insere-se neste art. 298; e, se for ideológico, no art. 299 do CP.
2- Exame de corpo de delito – Só é indispensável nas falsidades materiais, nas ideológicas não.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pela falsidade.
Tipo objetivo: No caso do artigo 298, as condutas são iguais ao do artigo 297 do CP, à exceção do objeto material que é o documento particular.
Objeto material: É o documento particular. É aquele que não é público em si mesmo ou por equiparação. Os requisitos do documento particular são os mesmos do documento público, sendo que, entretanto, não são elaborados por funcionário público no desempenho de suas funções. Ex: contratos de compra e venda, de locação, nota fiscal, etc.
 O documento registrado em cartório continua sendo documento particular. O registro é apenas para dar publicidade ao documento, mas não altera sua natureza.
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com a efetiva falsificação ou alteração
Tentativa: admite-se. 
 Pena: reclusão de um a cinco anos e multa.
Ação penal: pública incondicionada. Necessita exame de corpo de delito. A competência é da Justiça Estadual, salvo se a falsificação tiver a finalidade de prejudicar interesse da União, suas Autarquias ou empresas públicas.
Falsificação de documento particular
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
FIGURA EQUIPARADA: 
Falsificação de cartão       
Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.
A Lei nº 12.737/2012 inseriu o parágrafo único ao art. 298 do Código Penal.
A alteração no art. 298, com o acréscimo do parágrafo único, teve como objetivo fazer com que o cartão de crédito ou débito, para fins penais, seja considerado como “documento particular”.
Se o agente faz a clonagem do cartão e, com ele, realiza saques na conta bancária do titular, pratica apenas furto mediante fraude, ficando, em princípio, absorvida a falsidade.
De igual sorte, se o sujeito faz a clonagem do cartão e, com ele, realiza compras em estabelecimentos comerciais incorre em estelionato, sendo absorvida a falsidade, se não houver mais potencialidade lesiva (Súmula 17 do STJ).
Legislação especial: 
A lei 8.137/90 – Crimes contra a ordem tributária, art. 1º, III e IV. 
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição 
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) 
(...) 
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro 
documento relativo à operação tributável; 
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso 
ou inexato;
São tipos especiais do art. 298 do CP. 
A Ação penal é publica incondicionada. 
Art. 299 – Falsidade ideológica
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a genuidade ou veracidade do documento.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, não precisando ser necessariamente quem redige o documento. Se o agente for funcionário público, vide ‘parágrafo único”
Sujeito passivo: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada pela falsidade.
Definição: Na falsidade ideológica, o documento é autêntico em seus requisitos extrínsecos e emana realmente da pessoa que nele figura como seu autor, mas seu conteúdo é falso. É também chamada falsidade intelectual, falso ideal ou falso moral.
Tipo objetivo: : As condutas puníveis são:
A) Omitir declaração que devia constar: Conduta omissiva. O agente elabora um documento deixando de inserir informações que nele deveria constar.
B) Inserir declaração falsa ou diversa da que devia constar. Conduta comissiva.
 -Declaração falsa é aquela inverídica
 -Declaração diversa da que devia constar: é uma declaração verdadeira colocada no local de outra que deveria efetivamente constar do documento.
C) Fazer inserir. O agente vale-se de terceira pessoa para incluir no documento a informação falsa ou diversa da que deveria constar.
Tipo subjetivo: dolo. A finalidade do agente deve ser de querer prejudicar direitos, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Ausência destas finalidades, o fato será atípico.
Consumação: Com a efetiva omissão ou inserção. É crime formal.
Tentativa: admite-se., salvo na modalidade omitir declaração.
Só cabe tentativa nas formas comissivas, que fazem referência à ação, em inserir ou 
fazer inserir, porque são condutas plurissubsistentes. 
 O verbo omitir é unisubsistente e não aceita tentativa. 
 
 Pena: Se o documento é público,reclusão de um a cinco anos e multa. Se o documento é particular, reclusão de um a três anos, e multa.
Ação penal: pública incondicionada.
ART. 299 – FIGURAS QUALIFICADAS
Duas são as hipóteses:
se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se ( valendo-se) do cargo.
Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil. São assentamentos os indicados na Lei 6015/73. Todavia, a inscrição de nascimento inexistente configura só o crime do art. 241 do CP; e a falsidade posterior ao parto suposto ou à supressão ou alteração de direito do estado de recém-nascido, o delito do art. 242 do CP.
Pena: A do “caput”, aumentada de sua sexta parte.
Princípio da especialidade 
 
- Lei 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária), art. 1o, inciso II é um tipo especial de falsidade ideológica. 
“Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição 
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) 
 
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de 
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;;” 
 
- Lei 7.492/86 (Crimes contra o sistema financeiro nacional), art. 9º traz tipo especial de falsidade ideológica. 
 
“Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento 
comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar: 
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.” 
 
- Art. 241 do CP - registro de nascimento inexistente. É tipo especial de falsidade ideológica. 
“Registro de nascimento inexistente 
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: 
 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos.”
FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA. Art. 300.
Objeto jurídico: a fé pública. 
Sujeito ativo: somente o funcionário público que tenha fé pública para reconhecer firma. Sujeito passivo: o Estado, secundariamente a pessoa prejudicada com o falso reconhecimento. 
Tipo objetivo: A conduta que se pune é “reconhecer” firma ou letra. Firma é a assinatura. Letra é o manuscrito da pessoa (normalmente se reconhece em testamento escrito de próprio punho).Tipo subjetivo; o dolo. 
Consumação: com o reconhecimento
 Pena: se o documento reconhecido é público, reclusão de um a cinco anos; se o documento é particular, reclusão de um a três anos.
 Ação penal: pública incondicionada.
 CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO.Art. 301 
Objeto jurídico: a fé pública, em especial das certidões e atestados. 
Sujeito ativo: somente o funcionário público em razão do seu ofício. 
Sujeito passivo: o Estado. 
Tipo objetivo: As condutas que se punem são: atestar ou “certificar” Pune a conduta do funcionário público que atesta ou certifica falsamente, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus de serviço de caráter público ou qualquer outra vantagem. 
Tipo subjetivo; o dolo. 
Consumação: com a atestação ou certificação
 Tentativa: é possível, mas difícil de ocorrer 
Pena: detenção de dois meses a um ano. 
Ação penal: pública incondicionada.
Falsidade Material de Atestado ou certidão (§ 1º). Neste caso a falsidade não é ideológica, como no “caput” , mas sim falsidade material. Aqui o agente falsifica, no todo ou em parte, ou altera o teor da certidão ou atestado verdadeiro. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: igual ao do caput. 
Consumação: com a efetiva falsificação ou alteração.
 Tentativa: admite-se.
 Pena: detenção de três meses a dois anos. 
Ação penal: pública incondicionada. 
Figura qualificada. Fim de lucro. § 2º. Aplicada tanto no “caput ou mesmo o parágrafo 1º. Se o agente atestou ou certificou com o fim de lucro, a pena será, além da pena privativa de liberdade, aplicada a pena de multa.
Art. 302- FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO
Transação: Cabe no “caput” e na sua combinação com o parágrafo único (art. 76 da Lei 9099/95)
Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente com relação aos atestados médicos.
Sujeito ativo: somente o médico (crime próprio quanto ao sujeito)
Sujeito passivo: o Estado, secundariamente quem sofre o dano.
Tipo objetivo: A conduta punível é dar (fornecer, entregar) atestado médico falso. Não só o agente precisa ser médico, com ao conduta, deve ser praticada no exercício da sua profissão.
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: Com a efetiva entrega do atestado médico ao beneficiário ou a outrem.
Tentativa: admite-se.
 Pena: Detenção de um mês a um ano.
Ação penal: pública incondicionada.
ART. 302 – PARÁGRAFO ÚNICO - Figura qualificada
Noção: Se o crime é cometido com o fim de lucro. Há especial finalidade de agir, que é elemento subjetivo do tipo .
Pena: Além da pena privativa de liberdade (do caput”) aplica-se a pena pecuniária.
7.1. REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA. Art. 303. 
REVOGADO e substituído pelo artigo 39 da lei 6538/78.
ART. 304 – USO DE DOCUMENTO FALSO.
Transação e Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado, secundariamente a pessoa prejudicada com o uso.
Tipo objetivo: A conduta punível é “fazer uso”, que tem a significação de empregar utilizar. Incrimina-se assim, quem faz uso do documento materialmente falsificado, como se fora autêntico; ou emprega documento que é ideologicamente falso , como se verdadeiro fora. Exige-se o uso efetivo, e não a mera alusão ao documento. Trata-se de crime remetido e seu objeto material é o documento falso ou alterado, referidos pelos ar. 297 a 302. Requer que o agente conheça a falsidade do documento que ele usa.
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: Com o efetivo uso.
Tentativa: considera-se inadmissível , pois ou o agente usa o documento falso, e está consumado o delito, ou não o utiliza, hipótese em que o fato é atípico.
Pena: à cominada à falsificação ou alteração (vide penas dos arts 297 a 302)
Ação penal: pública incondicionada.
ART. 305 – SUPRESSÃO DE DOCUMENTO
Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente a segurança do documento como prova.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, incluindo o proprietário do documento que não possa dele dispor.
Sujeito passivo: o Estado, secundariamente, a pessoa prejudicada com a supressão.
Tipo objetivo: : As condutas puníveis são:
destruir: queimar, rasgar, eliminar, estragar, dilacerar etc;
suprimir: fazer desaparecer o documento, sem que tenha havido sua destruição ou ocultação;
ocultar: esconder, colocar o documento em local que não possa ser encontrado.
Objeto material: é documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor . 
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: Com a efetiva destruição, supressão ou ocultação, sem dependência da superveniência do benefício ou proveito. Na modalidade de ocultar é crime permanente.
Tentativa: admite-se.
 Pena: Se o documento é público, reclusão de dois a seis anos e multa; se o documento é particular , reclusão de um a cinco anos e multa..
Ação penal: pública incondicionada.
CAPÍTULO IV - DE OUTRAS FALSIDADES
FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS. Art. 306
Objeto jurídico: a fé pública, em especial a autenticidade das marcas. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: o Estado. 
Tipo objetivo: : As conduta puníveis são: “fabricar” ou alterar. Pune-se ainda a conduta de “usar”. 
 Objeto material: marca ( selo de garantia utilizado para autenticar determinados objetos ou indicar a qualidade do produto) ou sinal empregado pelo poder público. ( impressão simbólica do Poder Pública com finalidade de legitimar o metal precioso. 
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: Com a efetiva fabricação, alteração ou uso da marca ou sinal indicativo . 
 Tentativa: admite-se. 
 Pena: reclusão de dois a seis anos e multa. 
Ação penal: pública incondicionada.
Outros sinais ou marcas (parágrafo único). Prevê a falsificação de outras marcas utilizadas pelo Poder Público.
CAP. IV – DE OUTRAS FALSIDADES
ART. 307 - FALSA IDENTIDADE
Transação: Cabe (art. 76 da Lei 9099/95)
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: a fé pública, especialmente em relação à identidade pessoal.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado, secundariamente, a pessoa prejudicada..
Tipo objetivo: A conduta punível é atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade, incrimina-se assim, a ação de quem, verbalmente ou por escrito, 
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: Com a efetiva atribuição da falsa identidade.
Tentativa: admite-se.
Pena: Detenção de um mês a um ano.
Ação penal: pública incondicionada.
ART. 308 SUBSPÉCIE DA FALSA IDENTIDADE
 USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIO
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei Nº 9.099/95)
Objeto jurídico: A fé pública, no que concerne à identidade pessoal.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: O Estado ( principal ) 
Tipo objetivo: Como objeto material a lei fala em passaporte, título de leitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade, de forma a compreender todo documento admitido como prova de identidade. São duas as condutas previstas:
Usar, como próprio, qualquer documento de identidade alheia. É o emprego ou utilização, pelo agente, de documento de terceira pessoa, como se fosse seu;
Ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro. Aqui, o documento pode ser do agente ou de outrem. E ele o cede (entrega, fornece) a outra pessoa, para que esta dele se utilize. A cessão pode ser gratuita ou onerosa e não é necessário que a pessoa que recebe o documento o use efetivamente.
Tipo subjetivo: É o dolo, que consiste na vontade de usar, como próprio, o documento, ou na vontade de cedê-lo a outrem, com consciência de que este pretende utilizá-lo, como se fosse próprio.Na doutrina tradicional é o “dolo genérico”. Inexiste forma culposa.
Consumação: Com o uso efetivo para prova de identidade, na primeira conduta; na segunda, com efetiva entrega (em ambos os casos, sem dependência de outro resultado).
Tentativa: Admite-se apenas na forma de ceder.
Concurso de crimes: É delito expressamente subsidiário e será absorvido por outro mais grave, quando constituir elemento deste.
Confronto: Se o crime é praticado para realização de operação de câmbio, vejka Lei Nº 7.492/86, art. 21.
Concurso de pessoas: Se o beneficiado pela cessão realmente usar o documento incidirá na primeira modalidade (uso).
Pena: Detenção, de quatro meses a dois anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIROS. Art. 309
Objeto jurídico: A fé pública, em especial a política de estrangeiros. 
Sujeito ativo: é o estrangeiro. 
Sujeito passivo: a coletividade 
Tipo objetivo: Pune-se a conduta do estrangeiro que, para entrar ou permanecer no país, usa no território nacional, nome que não é o seu. 
Tipo subjetivo: É o dolo. 
Consumação: com a entrada no país ou permanência no país,. 
Tentativa: Não se admite 
Pena: detenção, de um a três anos, e multa. 
Ação penal: Pública incondicionada.
Atribuição de falsa qualidade a estrangeiro. Parágrafo único: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) A conduta que se pune é atribuir a estrangeiro falsa qualidade, ou seja um atributo ou predicado que o estrangeiro não possui, sendo esta condição para ingresso no território. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Art. 310 - FALSIDADE EM PREJUÍZO DA NACIONALIZAÇÃO DE SOCIEDADE: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996).
Objeto jurídico: A fé pública, em especial a regularidade na nacionalização das sociedades 
Sujeito ativo: qualquer pessoa brasileira 
Sujeito passivo: a coletividade 
Tipo objetivo: Pune-se a conduta de “prestar”, que significa que o agente figura como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens Tipo subjetivo: É o dolo. 
Consumação: quando o agente passa, aparentemente a ser proprietário ou possuidor 
Tentativa: Admite-se. 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
Ação penal: pública incondicionada
ART. 311 - ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR
Alteração: Artigo introduzido pela Lei nº 9.426/96.
Objeto jurídico: A fé pública, especialmente em relação à propriedade e ao licenciamento ou registro dos veículos automotores.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum quanto ao sujeito).
Sujeito passivo: Primeiramente, o estado; secundariamente, o terceiro prejudicado pela adulteração ou remarcação.
Tipo objetivo: A conduta punida é adulterar (falsificar, contrafazer) ou remarcar (marcar de novo) número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor (carro, motocicleta, ônibus, caminhão, etc.), de seu componente (portas, motor, vidros, etc.) ou equipamento (tudo aquilo que serve para equipar, prover). Obviamente, o sinal ou número resultante da adulteração ou remarcação há de ser diverso do número original.
Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de adulterar ou remarcar, sabendo da falsidade do novo número ou sinal. NA doutrina tradicional é o “dolo genérico”. Não há modalidade culposa.
Consumação: Com a adulteração ou remarcação idônea a enganar.
Tentativa: Admite-se.
Pena: Reclusão, de três a seis anos, e multa
Ação penal: Pública incondicionada
Aumento de pena (ART. 311 §§ 1º e 2º)
Duas são as hipóteses:
se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela (§ 1º).
Se o funcionário público contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado. Fornecendo indevidamente material ou informação oficial. A primeira hipótese é de autoria; a segunda, de co-autoria ou participação. Nesta última, o fornecimento de material ou informação oficial deve ser indevido.
Pena: A do caput, aumentada de um terço.
Título X
Dos Crimes Contra a Fé Pública
Capítulo V
Das Fraudes em Certames de Interesse Público
(Acrescentado pela Lei 12.550-2011)
Fraudes em Certames de Interesse Público
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.
Objeto jurídico Tutela a confiabilidade, boa-fé, transparência, legalidade, moralidade e segurança dos certames de interesse público, ou seja, a confiabilidade dos certames públicos. 
Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: é o Estado e Instituições Públicas e Privadas de Ensino Superior, secundariamente, também são vítimas:
a) o ente público ou privado que deflagrou o certame (exs: União, Estado, Município, a entidade privada, como o Sebrae, Sesi, a universidade privada, entre outros);
b) os demais candidatos prejudicados pela conduta do agente.
Tipo Objetivo: Pune-se a conduta de quem utiliza (emprega, aplica) ou divulga (efeito de tornar público, propagar), indevidamente (sem justo motivo), com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso (abrangendo não apenas as perguntas e respostas, mas também outros dados secretos que, se utilizados indevidamente, geram desigualdade na disputa) de:
I – concurso público (instrumento de acesso a cargos e empregos públicos);
II – avaliação ou exame públicos (abrangendo, por exemplo, os exames psicotécnicos);
III – processo seletivo para ingresso no ensino superior (englobando vestibulares e demais formas de avaliação seletiva para ingresso no ensino superior, como, por exemplo, a prova do ENEM);
IV – exame ou processo seletivo previstos em lei (compreendendo, por exemplo, o exame da OAB, previsto na Lei 8.906/94).
 
Cuida-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A conduta do caput do artigo 311-A do Código Penal é comissiva. O agente só será responsabilizado penalmente se sem justo motivo utilizou o divulgou conteúdo sigiloso em benefício próprio ou de outrem. Se o motivo for injusto e o dado divulgado ou utilizado do certame era sigiloso irá incorrer na prática do delito.
Conteúdo sigiloso abrange não apenas as questões e os gabaritos, mas todo e qualquer dado secreto que utilizado indevidamente gere desigualdade na disputa. Pretendeu o legislador resguardar o princípio da impessoalidade, tendo por escopo impedir que certos candidatos obtenham informações privilegiadas, inacessíveis à população em geral.
Deste modo, configura também o delito do artigo 311-A do Código Penal a conduta de divulgar, antes do edital do concurso, de forma não pública, vale dizer, apenas para uma ou algumas pessoas, a bibliografia do concurso, os nomes dos examinadores, a quantidade de questões que serão cobradas por disciplina, enfim, informações que beneficiem, ainda que em tese e mesmo que de forma mínima beneficiem, determinados candidatos, por gerarem tratamento diferenciado.
Certames abrangidos no delito: A fraude deve recair sobre:
I- Concurso público – é o instrumento capaz de dar acesso a cargos e instrumentos públicos; 
II - Avaliação ou exames públicos – Aqui se enquadram, porexemplo: a) exame público de qualificação de mestrados e doutorados; b) concursos para obtenção de bolsas em mestrados e doutorados; c) psicotécnicos; d) exames médicos; concursos para certificações, a exemplo da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear); e) exames para obtenção de CNH (Carteira Nacional de Habilitação); f) processos seletivos públicos para contratação de profissionais para o Sebrae; g) as seleções para ingresso nos colégios militares e nas escolas técnicas; h) o exame público de habilitação na função de agente da propriedade industrial do INPI; i) seleção de candidatos à residência médica ou odontológica. j) Processo seletivo para ingresso no ensino superior – Exemplo: vestibulares e demais formas de avaliação seletiva para ingresso no ensino superior, como ocorre com o Exame Nacional de Ensino Médio (famigerado ENEM) e nas avaliações seriadas (que abrangem provas de todos os anos do ensino médio); 
III - Exame ou processo seletivo previstos em lei - abrange exame da OAB, que tem sua previsão na lei 8.906/94 ou o processo seletivo simplificado para contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 3º, da Lei 8.745/93).
“Cola Eletrônica”“ É a utilização de aparelho transmissor e receptor, que fará a ligação entre comunicador (denominado expert nas matérias das provas) e a pessoa que está “realizando” a prova, com o fim deste último obter as respostas às perguntas de determinada prova do expert que a resolve e repassa as informações. A cola eletrônica é, uma das formas mais triviais de fraudar certames de interesse público.
 
Tipo subjetivo: Dolo específico, “com o fim de beneficiar a si ou a outrem” ou “de comprometer a credibilidade do certame”. 
Figura equiparada: “Artigo 311, § 1º - Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.” Assim responde pelas mesmas penas quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas a informações mencionadas no caput . No que tange a esta modalidade basta o dolo, vale dizer, dispensa-se a finalidade especial de beneficiar a si ou outrem ou então comprometer a credibilidade do certame. 
Conduta que gere danos à Administração : “Artigo 311-A, § 2º do CP - Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: Pena- reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa.” Quando houver dano à Administração Pública não caberá suspensão do processo e será possível preventiva para o agente primário, pois a pena mínima é de 2 (dois) anos e a máxima é de 6 (seis) anos e multa. Importante salientar que o dano à administração pública aludido no § 2º não é apenas o dano patrimonial. Está abrangido no § 2º também o dano moral. 
Causa de Aumento de pena . Art. 311 § 3ºdo CP: Se o crime for praticado por servidor público a pena é aumentada de 1/3 (um terço), conforme prevê o § 3º do artigo 311-A, Código Penal. Somente ocorrerá o aumento da pena se o funcionário público efetivamente utilizou-se das facilidades que lhe proporciona o cargo, emprego ou função para a prática do delito. 
 Artigo 325 do CP x Artigo 311-A CP- princípio da especialidade
 Outro ponto importante acerca do funcionário público diz respeito ao crime do artigo 325 do Código Penal. Antes do advento da lei 12.550/11, a conduta do funcionário público que consistisse em revelar (dar a conhecimento de algo a outra ou outras pessoas, verbalmente ou por escrito) ou facilitar revelação de fato sigiloso de certame público que tinha ciência em razão do cargo configurava o artigo 325 do Código Penal. Contudo, com o advento da lei 12.550/11, em razão do princípio da especialidade o artigo 325 do CP deixa de ser aplicado se a revelação de sigilo estiver direta ou indiretamente relacionada a certames de interesse público. O artigo 311-A do CP é especial com relação ao artigo 325 do CP.
Consumação O crime se consuma com a prática dos núcleos, dispensando o agente de conquistar benefício próprio ou de outrem, ou então comprometer a credibilidade do certame. Estamos diante de crime formal ou de consumação antecipada. 
Tentativa: A modalidade tentada em qualquer das modalidades é perfeitamente possível. 
Aplicação do artigo 47, V do Código Penal: As penas do artigo 311-A do CP é de 1 a 4 anos (mesmo que majorada de 1/3 no caso de servidor público) ou de 2 a 6 anos (se resultar dano a Administração). 
Deste modo, em princípio, dificilmente essa pena no caso concreto ultrapassará 4 anos. Assim, como no caso concreto a pena dificilmente ultrapassará 4 anos, e como se trata de crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa, será cabível na maioria dos casos penas restritivas de direitos. Nesta esteira, a lei 12.550/11 acrescentou ao artigo 47 do Código Penal mais uma pena restritiva de direitos, não aplicável somente para o artigo 311-A do CP, mas de suma importância para as condutas tipificadas no artigo 311-A do CP. 
TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAP I DOS CRIMES PARTICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO GERAL
 DOS CRIMES FUNCIONAIS
            
Os chamados delitos funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, que só podem ser praticados por determinada classe de pessoas em face de a norma incriminadora exigir uma condição ou situação particular. São os que só podem ser cometidos por pessoas que exercem funções públicas. Damásio de Jesus adota a denominação delicta in officio, isto é, crimes dos que realizam a atividade estatal, cujo exercício pode ser efetivado a qualquer título, definitivo ou precário, ainda que sem qualquer remuneração, como ocorre nas hipóteses de convocação de particulares pelo Estado, citando-se como exemplo, os jurados (3).
            Os crimes funcionais possuem uma distinção realizada pela doutrina, assim, por sua vez podem ser:
            a)delitos funcionais próprios
            b)delitos funcionais impróprios
            Julio Fabbrini Mirabete faz a seguinte distinção: os primeiros tem como elemento essencial a função pública, indispensável para que o fato constitua infração penal. Sem ela a conduta seria penalmente irrelevante. O crimes funcionais impróprios são os que se destacam apenas por ser o sujeito ativo funcionário público, então se o agente não estivesse revestido dessa qualidade o crime seria outro .
            Os delitos funcionais próprios (típicos) são aqueles que o Código Penal denomina crimes praticados por funcionários público contra a administração em geral (arts. 312 a 326). Entretanto, nem todos os delitos funcionais típicos estão definidos no Capítulo I do Título XI. Assim, o rol dos artigos 312 e seguintes não esgota o elenco. Outros há espalhados pelo diploma legal, em que a qualidade de funcionário público do sujeito ativo aparece como elementar ou circunstância qualificadora.
            Os tipos penais dos artigos 313-A(inserção de dados falsos em sistema de informações) e B (modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações), que se encontram no Capítulo I, são delitos próprios e, portanto, chamados de crimes funcionais, já que são praticados pelas pessoas físicas que se entregam à realização das atividades do Estado. Dentro da classificação geral dos delitos, os crime funcionais estão inseridos na categoria dos crimes próprios, porque a lei exige uma característica específica no sujeito ativo, ou seja, ser funcionário público.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONCEITO PENAL DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Alteração: A Lei nº 6.799/80 renumerou o antigo parágrafo único para § 1º e acrescentou o § 2º.
Cargos: São criados por lei, com denominação própria, em número certo e pagos pelos cofres públicos ( Lei nº 8.122/90,art. 3º, parágrafo único).
Emprego: para serviço temporário, com contrato em regime especial ou pela CLT. Ex.: diaristas, mensalistas, contratados.
Função pública: abrange qualquer conjunto de atribuições públicas que não correspondam a cargo ou emprego público. Ex.: jurados, mesários, etc.
São funcionários públicos o Presidente da República, os Prefeitos, os Vereadores, os Juízes, Delegados de Polícia, escreventes, oficiais de justiça, etc.
Não são funcionários públicos os concessionários de serviço público, curadores, tutores nomeados, inventariantes, síndicos de falência, etc.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO
§ 1º. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal.
Para uma corrente, chamada de ampliativa, abrange os funcionários que atuam nas:
autarquias;
sociedades dec economia mista (ex.: Banco do Brasil);
empresas públicas (ex.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos);
fundações instituídas pelo Poder Público (ex.: FUNAI);
Estas três últimas são pessoas jurídicas de direito privado, mas, para fins penais, seus agentes são considerados funcionários públicos por equiparação. Segundo essa corrente, a redação do art. 327, § 2º,do CP deixa clara essa opção do legislador pela tese ampliativa.
Para outra corrente denominada restritiva, o conceito de funcionário público por equiparação abrange tão somente os funcionários das autarquias. Para os seus seguidores, o art. 327, § 1º, do Código Penal é norma de extensão que conceitua a elementar “funcionário público” e, por isso, é também uma norma penal incriminadora, que, portanto, deve ser interpretada restritivamente.
Entende-se, ademais, que a equiparação do § 1º, em razão do local onde está prevista no Código penal, só se aplica quando se refere ao sujeito ativo do delito e nunca em relação ao sujeito passivo. Ex.: ofender funcionário de uma autarquia é injúria e não desacato. Se o mesmo funcionário, contudo, apropriar-se de um bem da autarquia, haverá peculato, não mera apropriação indébita.
AUMENTO DA PENA
§ 2º. A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Cargo em comissão é o cago para o qual o sujeito é nomeado em confiança, sem a necessidade de concurso público.
O aumento também será cabível quando o agente ocupa função de direção ou assessoramento.
PECULATO
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
PECULATO CULPOSO
§ 2º. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena: detenção, de três meses a um ano.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz da metade a pena imposta.
Suspensão condicional do processo: Idem (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Divisão: O caput do art. 312 contém duas modalidades de peculato: o peculato apropriação (1ª parte) e o peculato-desvio (2ª parte). No § 1º vem previsto o chamado peculato-furto e, no § 2º, o peculato culposo. O § 3º cuida da extinção da punibilidade pela reparação do dano, restrita à figura culposa. O artigo seguinte (CP, art.313) dispõe sobre o peculato-estelionato, também chamado peculato impróprio.
Objeto jurídico: A administração pública, em seu aspecto patrimonial e moral.
Sujeito ativo: Só o funcionário público (vide notas ao art. 327 e §§ 1º e 2º do CP). Todavia, pode haver participação de pessoas desprovidas dessa qualidade, que a elas se estenderá (CP, arts. 29 e 30).
Sujeito passivo: O Estado e a entidade de direito público; secundária e eventualmente, também o particular prejudicado.
Objeto material: A indicação é ampla: dinheiro, valor (títulos, apólices, ações, etc.) ou qualquer outro bem móvel. A cláusula final deve ser entendida, à semelhança do objeto do crime de furto, como toda coisa móvel, infungível ou não, que possa ser transportada. Assim, por exemplo, o aproveitamento do trabalho de funcionário subalterno não tipifica a infração penal, por não ser coisa móvel. É indiferente que o objeto material seja público ou particular, mas imprescindível que o agente, em razão do cargo, tenha a posse dele. Os doutrinadores dão sentido largo à posse, abrangendo tanto a detenção como a posse indireta. A posse em razão do cargo precisa ser lícita e legítima para que se enquadre no at. 312 do CP.
Tipo objetivo: Na modalidade de peculato-apropriação (1ª parte do caput), o núcleo é apropriar-se, que tem a significação de assenhorear-se, apossar-se. O funcionário age como se a coisa fosse sua, retendo, dispondo ou consumindo o objeto material. Diversamente da apropriação indébita comum (CP, art. 168), entende-se que o peculato não admite compensação nem é caracterizado pela intenção de restituir. Todavia, não configura o crime “a simples mistura dos dinheiros públicos com o próprio dinheiro” (H. Fragoso, Lições de Direito Penal, 1965, parte especial, v.IV, p 1073). Embora seja questão intranqüila, predomina o entendimento de que a infração não fica excluída pela caução ou fiança prestada anteriormente. Na modalidade de peculato-desvio (2ª parte do caput), núcleo desviar. Pune-se o funcionário que dá ao objeto material destinação diferente daquela para a qual o objeto lhe fora confiado. O desvio deve ser, porém, em proveito (patrimonial ou moral) próprio ou alheio. Se o desvio for praticado em benefício da própria administração, poderá ocorrer outro delito (CP, art. 315), mas não é peculato. O dano material é indeclinável no peculato (Hungria, Comentários ao Código Penal, 1959, v. IX, p.345).
Peculato de uso: É dominante o entendimento de que não existe peculato de uso de coisa fungível. Vide jurisprudência no final da nota.
Tipo subjetivo: Na modalidade de peculato-apropriação, é o dolo, consiste na vontade livre e consciente de apropriar-se. Na modalidade de peculato-desvio, é também o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de desviar. O elemento subjetivo do tipo vem referido pelo especial fim de agir (“e proveito próprio ou alheio”), expressamente mencionado na segunda modalidade e implicitamente contido na primeira modalidade. Na doutrina tradicional, requer-se o “dolo genérico” para a primeira e o “dolo específico”para a segunda ou para ambas. A figura culposa é prevista no § 2º.
Consumação: Na modalidade peculato-apropriação, consuma-se quando o agente, efetivamente, passa a dispor do objeto material como se fosse seu. Na de peculato-desvio, com o efetivo desvio, sem dependência de ser alcançado o fim visado.
Confronto: Se o agente é prefeito municipal, art. 1º, I e II, do Decreto-Lei nº 201/67 (vide, também, Súmula 164 do STJ). Quanto às associações ou entidades sindicais, equiparam - se ao peculato os atos que importem em malversação ou dilapidação de seus patrimônios (art. 552 da CLT, modificado pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.69).
Tentativa: admite-se, teoricamente.
Concurso de pessoas: O particular pode ser partícipe do crime (CP, arts. 29 e 30).
Pena: Reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada, predominando o entendimento de que não fica sujeita à desaprovação de contas pelo órgão competente. Defesa preliminar. Em vista da atual redação do art. 323, I, do CPP, entendemos ser necessária a apresentação da defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP, sempre queo crime denunciado preencha os requisitos da fiança (Celso Delmanto , “A defesa preliminar do funcionário público e o novo sistema processual penal”, in RDP 26/90, RF 266/115 e RT 526/115; jurisprudência STF, RTJ 114/1052).
PECULATO FURTO – ART. 312 § 1º
Objeto jurídico, sujeito ativo e sujeito passivo: Iguais aos do caput.
Objeto material: É semelhante ao do caput, até mesmo quanto à indistinção entre bem público e particular. Todavia, ao contrário do caput, o agente não tem a posse: embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem.
Tipo objetivo: Incrimina-se o funcionário público que subtrai, ou concorre para que seja subtraído. Assim, na modalidade de subtrair, é o próprio funcionário quem subtrai o bem, como no crime de furto (vide nota ao art. 155 do CP). Na outra modalidade, de concorrer para a subtração, o funcionário, voluntária e conscientemente, concorre para que terceira pessoa subtraia o objeto material. Nesta última modalidade, há concurso necessário entre o funcionário e a outra pessoa, lembrando-se que a condição funcional daquele se comunicará a esta (CP, art. 30). Em ambas as modalidades é indispensável que o funcionário atue valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Quanto à facilidade, comenta Hungria que “é qualquer circunstância de fato propícia à prática do crime, notadamente o fácil ingresso ou acesso à repartição ou local onde se achava a coisa subtraída”, sendo a condição de funcionário ocasião e não causa para o crime (Comentários ao Código Penal, 1959, v. IX, p.350). Nas duas modalidades, a conduta do agente deve ser em proveito próprio ou alheio.
Tipo subjetivo: O dolo, consiste na vontade livre e consciente de subtrair ou de concorrer para a subtração, e o elemento subjetivo que o tipo contém, referente ao especial fim de agir (visando a proveito próprio ou alheio). Na escola tradicional é o “dolo específico”. A figura culposa está prevista no § 2º.
Consumação: Com a efetiva subtração.
Tentativa: Admite-se
Concurso de pessoas, pena e ação penal: Iguais às do caput.
PECULATO CULPOSO- ART. 312 § 2º
Noção: Aplica-se tanto ao peculato-apropriação e ao peculato-desvio (caput) como ao peculato-furto (§ 1º). O funcionário, por não-observância do dever de cuidado a que estava obrigado pelas circunstâncias (vide nota ao CP, art. 18, II), concorre (facilita) para que outrem pratique aquelas condutas delituosas, em quaisquer de suas modalidades (até mesmo na de concorrer para a subtração). É imprescindível que exista nexo causal entre o comportamento culposo do funcionário e o crime cometido por outra pessoa. O outrem, a que o parágrafo se refere, pode ser particular ou também funcionário público. Exemplo: o responsável pelo cofre da coletoria que o deixa aberto ao se ausentar, propiciando, culposamente, oportunidade para que o outro funcionário subtraia o dinheiro que ficou à vista.
Pena: Detenção, de três meses a um ano.
REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO- ART. 312 § 3º
Noção: é aplicável tão só ao peculato culposo (§ 2º). Se a reparação do dano é anterior à sentença irrecorrível (antes da decisão transitada em julgado). Ela extingue a punibilidade. Se o ressarcimento é posterior, reduz da metade a pena imposta. Vide nota no final do art. 107 do CP e jurisprudência neste art. 312. Arrependimento posterior: embora este § 3º não incida nas demais modalidades de peculato, nelas é aplicável o art. 16 do CP.
Figura Qualificada
Remissão: Na hipótese de ocupantes de cargos em comissão, função de direção ou função de assessoramento.
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Suspensão condicional do processo: Cabe, se não houver combinação com o art. 327, § 2º (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
(PECULATO - ESTELIONATO OU PECULATO IMPRÓPRIO)
Objeto material: É dinheiro ou qualquer utilidade, entendendo alguns que esta deve alcançar, apenas, as coisas móveis e de valor econômico: para outros, porém compreende qualquer coisa que represente vantagem.
Tipo objetivo: O núcleo é o mesmo apropriar-se da figura principal do peculato. É necessário, porém que o funcionário se aproprie de objeto que recebeu:
Por erro de outrem. O erro deve ser da vítima que faz a entrega e não pode ser sido causado pelo agente. A pessoa que se engana na entrega tanto pode ser particular como outro funcionário público;
No exercício do cargo, isto é, em razão do cargo público que o agente exerce.
Tipo subjetivo: Igual ao da primeira modalidade do art. 312, caput.
Consumação: Quando o agente passa a dispor da coisa recebida, como se fosse sua.
Tentativa: Admite-se
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Ação Penal: Igual à do art. 312, caput, do CP.
Figura Qualificada
Aplicação: Em caso de ocupante de cargos em comissão, função de direção ou função de assessoramento, vide § 2º do art. 327 do CP.
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
            Art. 313-A "Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
            Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa"
            
 A Lei n. 9.983/2000 criou esse novo tipo penal com essa rubrica. 
 Também chamado de peculato previdenciário ou peculato eletrônico.
Guilherme de Souza Nucci, entende que o novo tipo do artigo 313-A deve ser comparado com o peculato impróprio ou o peculato-estelionato. 
            Esse tipo penal, com relação ao seu modus operandi, é novo, já que se utiliza dos sistemas informatizados ou bancos de dados. Vale ressaltar, que ainda não existe leis específicas que criminalizem condutas praticadas por meio da informática, então o Código Penal é aplicado para puni-las. No âmbito penal, está em vigor a Lei n. 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, que protege apenas o direito autoral ligado a software, prevendo até crime de sonegação fiscal para todo aquele que vier a piratear ou usar programas não autorizados.
OBJETIVIDADE JURÍDICA A Administração Pública, particularmente a segurança do seu conjunto de informações, inclusive no meio informatizado, que, para a segurança de toda a coletividade, devem ser modificadas somente nos limites legais.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
            O sujeito ativo é o funcionário público autorizado. O legislador não inseriu o termo público, e sim autorizado, após a palavra funcionário, em face da abrangência atual da equiparação dada pela nova redação ao §1º do art. 327.
            Por ser crime funcional próprio, só pode ser praticado por funcionário público no exercício do cargo e devidamente autorizado a operar com os sistemas informatizados ou com bancos de dados da Administração Pública.
            O novo preceito particularizou ainda mais o sujeito do crime, pois estabeleceu não ser qualquer funcionário que o pode cometer, mas penas o funcionário autorizado, ou seja, somente aquele que estiver lotado na repartição encarregada de manter os sistemas informatizados ou banco de dados da Administração Pública. Assim, aquele que não estiver autorizado a operar o sistema, ainda que sua conduta se subsuma ao preceito, não incidirá na sanção, livrando-se da incidência da lei.
Sujeito passivo: Estado, pois trata-se de crime contra a Administração Pública. Indiretamente também o particular que tenha sofrido o eventual dano causado 
 
TIPOS OBJETIVO 
            No tipo penal em estudo a prática da conduta típica reveste-se de quatro modalidades:
            a)inserir (introduzir, implantar, intercalar, incluir) dados falsos;
            b)facilitar( auxiliar, tornar fácil,

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