Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO AULA 3. I – CONTEUDO DA AULA 1. Alteração no contrato de trabalho 2. Contrato de Trabalho por Prazo Determinado 3. Prescrição trabalhista. 4. Integração do direito do trabalho. 5. Salário e Remuneração. Conceito, Formas de Estipulação, Equiparação Salarial, Proteção ao Salário, Participação nos Lucros da Empresa II - AULA 1. Alteração no contrato de trabalho: como já dito o contrato de trabalho é um contrato de trato sucessivo ( de continuidade) de debito e credito permanente. O contrato de trabalho em seu curso pode sofrer alterações, essas alterações podem partir de um lado ou de ambos os lados, ou seja as alterações podem ser unilaterais ou bilaterais. O art 468 da CLT trás em seu corpo o principio da inalterabilidade do contratual ao dispor: Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. Portanto o ordenamento jurídico ( as leis) no caso em especial esse artigo (468 da CLT) exige 2 requisitos para que qualquer alteração contratual seja valida: 1 - mutuo consentimento ( que ambas as partes concordem com a alteração) 2 – ausência de prejuízo direitos ou indiretos ao trabalhador. Assim a regra para haver alteração contratual é que haja a concordância do empregado e também que esta alteração não traga prejuízo ao trabalhador. Os fundamentos destes requisitos são o principio da proteção e o principio da irrenunciabilidade falados na aula anterior.. IMPORTANTE ----- Exceção: possibilidade de alteração unilateral do contrato, ou seja, sema anuência do empregado. O contrato de trabalho pode ser alterado unilateralmente pelo empregador devido ao seu poder diretivo organizacional, trata-se essa possibilidade de alteração unilateral a qual a doutrina chama de jus variandi (direito de alterar). Exemplo de alteração unilateral do contrato: o empregado foi promovido a gerente que é cargo de confiança com a promoção também teve aumento salarial, depois de promovido seu rendimento não foi o esperado e o patrão resolveu voltar (remover) esse empregado para seu cargo anterior; essa alteração faz parte do jus variandi do empregador sendo uma alteração unilateral licita desde que não haja redução salarial (porque o salário jamais pode ser reduzido o que vermos mais a frente nas próximas aulas). Outra alteração unilateral licita é a transferência do empregado de localidade de prestação de serviço porém há regras próprias para isso as quais veremos detalhadamente mais a frente. 2. Contrato de Trabalho por Prazo Determinado: como já dito é exceção e apenas é celebrado nos termos em que a lei determina, isso porque a relação de trabalho, também como já estudado, é uma relação continua de trato sucessivo. Essa espécie de contrato tem regulamentação própria e direitos particulares a sua forma. o São contratos a prazo determinado previstos na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT: 1 - Contrato de Experiência; 2 - Contrato a prazo determinado em razão de serviços cuja natureza seja transitória e justifique a predeterminação do prazo; 3 - Atividades empresarias transitórias. Tudo conforme dispõe o art 443 § 2º da CLT : Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. O contrato de experiência, pode ser celebrado por 45 dias e renovado por mais 45 dias. Assim seu prazo máximo de vigência são 90 dias. Importante saber que este contrato deve ser celebrado obrigatoriamente na forma escrita. A prorrogação é admitida uma única vez ou seja, se foi celebrado por 30 dias, pode ser prorrogado por mais 60 DIAS. Assim, dentro do período pode haver uma única prorrogação. Outra coisa, o contrato de experiência termina pelo fim do prazo estipulado, se continuar a prestação do serviço depois do prazo se torna contrato a prazo indeterminado. Contratos de trabalho a prazo determinado de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo (art 443 § 2º letra “a”) e de atividades empresariais de caráter transitório (art 443 § 2º letra “b”. O primeiro fala de serviço de natureza transitória, é o caso da empresa que produz panela e precisa de um pedreiro para ampliar a fabrica fazendo com ele um contrato a prazo determinado. O segundo caso fala de atividade transitória sendo o caso da fabrica que apenas abre na época da páscoa para fabricar ovos de chocolate. PARTICULARIDADES DOS CONTRATOS A PRAZO DETERMIANDO: A) Vale ainda destacar que esses contratos se rompidos antes do seu prazo fixado quem der causa a rescisão fica sujeito a multa do art 479 da CLT: Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. B) Então se o contrato era de 90 dias e foi rescindido pelo empregador no 50 dia faz jus o trabalhador a metade da remuneração dos dias faltantes para completar 90 dias (90 dias de contrato firmado – 50 dias de contrato trabalhado = 40 dias de contrato a trabalhar / 2 = 20 dias de remuneração. Essa multa não se aplica ao empregado que resolver romper o contrato antes do prazo, podendo ser cobrado deste os prejuízos causados pelo rompimento em monta não superior ao valor que teria direito a receber. Esse valor é descontado dele, empregado, dos valores que teria a receber na rescisão. C) A rescisão desses contratos a prazo determinado na exata data programada para o seu fim, gera o direito ao recebimento de 13º salário proporcional, férias proporcionais e vencidas + 1/3, saldo salarial. Não tem direito o empregado ao aviso prévio nem a multa de 40% do FGTS. D) Pode haver nesses contratos a prazo determinado CLAUSULA ASSECURATORIA dando direito para ambas as partes contratantes a rescindir antecipadamente o contrato, o que gera direito nesse caso ao aviso prévio e multa do de 40% do FGTS além dos outros direitos acima relatados. O artigo que regular essa situação é o art 481 da CLT. Art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. OBS IMPORTANTE: além dos contratos a prazo determinado acima ditos e constam da CLT ainda há um contrato a prazo determinado regido pela LEI 6.019/74 que o trabalho temporário. Suas característica são: a) somente é admitido no meio urbano; b) sua relação se da por meio deuma relação triangular envolvendo o trabalhador temporário, a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora dos serviços; c) somente é admitido para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente da empresa tomadora ou na ocorrência de acréscimo extraordinário de serviço; RESUMO - QUADRO SINÓTICO – CONTRATO A PRAZO DETERMINADO. Contrato a prazo determinado previsto na CLT ART 443 § 2º letra “a” e “b” Contrato a prazo determinado - de experiência – art 443 § 2º letra “c” Contrato de trabalho temporário – contrato a prazo determinado da Lei 6.019/74 Prazo máximo de vigência do contrato 2 anos 90 dias 3 meses Prorrogação Uma única vez dentro do prazo máximo, sendo que o 2º período poderá ser igual, superior ou inferior ao primeiro desde que respeito o prazo máximo de 2 anos somando-se os dois períodos Uma única vez dentro do prazo máximo, sendo que o 2º período poderá ser igual, superior ou inferior ao primeiro desde que respeito o prazo máximo de 90 dias somando-se os dois períodos Poderá ser prorrogado mediante autorização do ministério do trabalho e emprego, sendo atualmente admitido uma única prorrogação. 3. Prescrição trabalhista: artigo 7º, XXIX da Constituição Federal e art 11 da CLT. Os direitos trabalhista para serem reivindicados na justiça do trabalho estão sujeitos a dois prazos que se não respeitados acarretam a perda do direito. Existe a prescrição bienal (2 anos) e a prescrição qüinqüenal (5 anos). LOGO, PRESCRIÇÃO É A PERDA DO EXERCICIO DO DIREITO DE SE REQUERER EM JUIZO VERBAS TRABALHISTAS OU DIREITOS TRABALHISTAS NÃO PAGOS Prescrição bienal (2 anos): o empregado tem 2 anos da data de sua demissão ou do encerramento do contrato de trabalho para ingressar com a ação na justiça para pleitear os direitos não pagos. Se fizer isso um dia após 2 anos sua ação será rejeitada. Prescrição qüinqüenal (5 anos): o empregado na justiça só pode requerer direitos dos últimos 5 anos, assim se sua relação contratual foi de 10 anos ou de 20 so pode reaver direitos dos ultimos 5 anos. E esses 5 anos retroagem da data que foi ajuizada a ação. Exemplo o empregado foi demitido em 09/2011 entrou com a ação em 09/2012, com isso so pode requerer os direitos até 09/2007. Exista ainda a prescrição diferenciada do FGTS e do INSS: se o empregador não realizou os depósitos de INSS e FGTS devidos mensalmente o prazo para se requerer esses direitos depois da demissão é de 2 anos, porém nessa situação não esta restrito a se pedir os últimos 5 anos mas os últimos 30 anos, obviamente se a relação de emprego tiver todo esse período ou período inferior. 4. Integração do direito do trabalho: significa que na ausência de leis para a definição do caso concreto, deve o juiz julgar a situação mesmo assim com apoio na jurisprudência, analogia, equidade, princípios gerais do direito, princípios do direito do trabalho, usos e costumes e direito comparado. É o que diz o artigo 8º da CLT. Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. 5. Salário e Remuneração. Conceito de Salário: salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador ao empregado como contraprestação ao serviços prestados. OBS: Entende-se por salário, o salário base pago em dinheiro + as parcelas sobre-salário ( que são as porcentagens, comissões, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador) + salário in natura. Conceito de remuneração: é o salário + as gorjetas que o empregado recebe de pessoa fora da relação de emprego. O art 457 da CLT diz o que é salário e o que é remuneração. OBS: segundo a SUMULA 354 do Tribunal Superior do Trabalho as gorjetas embora integrem a remuneração do empregado não servem de base de calculo para AVISO PREVIO, ADICIONAL NOTURNO, HORAS EXTRAS E REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei n.º 1.999 , de 01-10-53, DOU 07-10-53) § 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei n.º 1.999 , de 01-10-53, DOU 07-10-53) § 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei n.º 1.999 , de 01-10-53, DOU 07-10-53) § 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada à distribuição aos empregados. (Parágrafo incluído pelo Decreto-Lei n.º 229 , de 28-02-67, DOU 28-02-67 ) Princípios que regem o salário: PRINCIPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL e PRINCIPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL PRINCIPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL – art 7º inciso VI da CF. Apregou que o salário não pode ser reduzido salvo mediante acordo ou convenção coletiva. O que caracteriza mais uma manifestação do principio da proteção dito na primeira aula. PRINCIPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL – encontra-se plasmado no artigo 462 da CLT. Esse principio veda descontos salariais, salvo os adiantamentos salariais, descontos previstos em Lei ou previstos em acordo ou convenção coletiva. Esse principio ainda apregoa que o salário deve ser pago integralmente (daí o porque do principio ter o nome intangibilidade). Alguns descontos possíveis: alimentação em forma de abono, vale; contribuição sindical, possibilidade de descontos em caso de dano causado pelo empregado a empresa desde que tenha sido acordado isso entre as partes. LER SUMULA 342 DO TST sobre o tema. --------------- DEMAIS PROTEÇÃO AO SALARIO: 1 - o salário é impenhorável salvo para pagamento de prestação alimentícia; 2 - na hipótese de falência do empregador, deverão ser observados os art 449 da CLT e 84 da Lei 11.101/2005 sendo o credito do salário privilegiado; 3 - é licito ao menor dar recibo pelo pagamento do salário, porém tratando-se de rescisão contratual é vedado ao menor de 18 anos dar quitação sem assistência de seus pais ou responsáveis; 4 – o salário dever ser pago de forma periódica não podendo passar de 1 mês, salvo no que concerne as comissões, percentagens, gratificações. O pagamento estipulado por mês deve ser pago até no 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido; 5 - o salário deve ser pago em moeda corrente do pais se feito de forma contraria será tido como não pago; 6 - o pagamento do salário deverá ser pago mediante contra recibo assinadopelo empregador se for analfabeto mediante impressão digital ou não sendo possível a seu rogo.7 – pagamento deve ser feito em dia útil e no local de trabalho dentro do horário Estipulação doe salário: o salário pode ser estipulado de varias formas, porém nunca abaixo no mínimo legal previsto na CF no art 7º inciso IV, ou havendo salário base para determinada categoria, não pode ser estipulado abaixo deste. Então há um limite mínimo, mas não máximo, podendo as partes (empregado e empregado) respeitando o piso estipular o salário para a função. Quando se fala em salário mínimo, esse valor mínimo tolerado é proporcional sempre a jornada de trabalho. Parcelas sobre salário: o artigo 457 § 1º determina que as parcelas sobre salários integram o salário. Porém há regras: - Integram o salário as comissões, porcentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem que não excedam 50% do salário percebido pelo empregado e abonos (adiantamento salariais) pagos pelo empregador. - não integram o salário ajudas de curso e diárias para viagens que não excedam 50% do salário percebido pelo empregado. Salário base (salário básico): salário básico ou base pode ser PURO (que é aquele pago totalmente em dinheiro) ou COMPOSTO ( pago parte em dinheiro e parte em utilidades, neste caso a parte em dinheiro deve ser de no mínimo 30%). Essa regulamentação essa no art 82 e 83 da CLT e ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 358. Salário IN NATURA: é a parte paga do salário em utilidades. Acima não dissemos que o salário pode ser PURO ou COMPOSTO o puro é somente pago em dinheiro e o COMPOSTO pago no mínimo 30% em dinheiro e o restante em utilidades, portanto, utilidades é o que a doutrina chama de SALÁRIO IN NATURA OU SALARIO UTILIDADE. O SALARIO IN NATURA / UTILIDADE está previsto no artigo 458 da CLT: é o salário pago através de alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa por força do contrato ou costume forneça habitualmente. OBS: pontos importantes do salário in natura: 1 - vedado o pagamento em bebidas alcoólicas ou drogas nocivas; 2 - deve ser pago, para ser caracterizado como salário utilidade, com HABITUALIDADE e GRATUIDADE. 3 – Se houver qualquer desconto pelo fornecimento da utilidade não se caracteriza salário; 4 – O salário in natura que envolver habitação não pode ser superior a 25% do salário contratual; 5 - O salário in natura que envolver alimentação, não pode ser superior a 20% do salário contratual; 6 – NÃO SÃO considerados SALARIO IN NATURA, vestuários fornecido para o trabalho; educação em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, transporte destinado ao deslocamento para o trabalho, assistência medica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde, seguro de vida e de acidente de trabalho, previdência privada. -------------REGRA PARA MEMORIZAR O QUE É SALARIO IN NATURA E O QUE NÃO É ----------------------- tudo o que for parcela PARA o trabalho não tem natureza salarial, portanto, não é salário in natura, Exemplo, equipamento de proteção individual e uniforme fornecido pela empresa indispensável para o trabalho. ------------------------ tudo que for parcela PELO trabalho tem natureza salarial sendo considerado salário in natura. Salário complessivo: significa o pagamento global de todas as parcelas que integram o salário sem discriminação em holerite. Com base no principio da proteção esse tipo de salário é vedado no Brasil, pois, é obrigatória a discriminação das verbas que estão sendo pagas – SUMULA 91 DO TST.
Compartilhar