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PENAL 9° FASE

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CAPITULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
1.1	INTRODUÇÃO:
Crimes funcionais: (a) próprios: a condição de funcionário público é essencial para a configuração do crime, de forma que, sem ela, o fato será atípico (ex.: prevaricação); (b) impróprios: a ausência da condição de funcionário público desclassifica a infração para outro tipo (ex.: peculato-apropriação).[2: Crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal.]
Conceito de funcionário público (art. 327, CP): considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública (art. 327, § 1°, CP).
Concurso de Pessoas: o particular pode concorrer para o crime funcional, desde que conheça a condição de funcionário público do autor. O fundamento está no art. 30, CP (a elementar “funcionário público” se comunica, desde que conhecida).
Progressão de regime (art. 33, § 4°, CP): o condenado por crime contra a Administração Pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou á devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
1.2 	PECULATO (art. 312, CP):
Peculato próprio (caput): apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de 02 a 12 anos, e multa. No “caput” estão o peculato-apropriação e o peculato-desvio.
Peculato impróprio (§ 1°): aplica-se a mesma pena se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. No § 1°, está o peculato-furto.
Peculato de uso: não é crime, com exceção de fatos envolvendo Prefeitos (art. 1°, II, DL n. 201/67).[3: Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos;]
Peculato culposo (§ 2°): ocorre quando o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem.
Reparação do dano no peculato culposo (§ 3°): se precede sentença irrecorrível, extingue-se a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
1.3	Peculato mediante erro de outrem (art. 313, CP)
Descrição típica: apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena – reclusão, de 01 a 04 anos, e multa. Trata-se de peculato-estelionato.
1.4	Inserção de dados falsos em sistema de informações (art. 313-A, CP)
Descrição típica: inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 02 a 12 anos, e multa. Trata-se de peculato-eletrônico.
1.5	Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
(art. 313-B)
Descrição típica: modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena - detenção, de 03 meses a 02 anos, e multa.
1.6	Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314,
CP)
Descrição típica: extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de 01 a 04 anos, se o fato não constituir crime mais grave.
1.7	Emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315, CP)
Descrição típica: dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena – detenção, de 01 a 03 meses, ou multa.
Principio da insignificância ou bagatela:
Compreensão: Determinados fatos que causam ofensas irrelevantes ao bem jurídico tutelado pela norma penal não devem ser considerados crimes. Isso significa que, não obstante a conduta do agente se amolde à descrição legal (tipicidade formal), ela não será considerada materialmente típica nos casos em que a lesão ou a exposição a perigo do bem jurídico for irrelevante a ponto de não justificar a intervenção do Direito Penal.
Natureza jurídica: O princípio da Insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material.
Requisitos objetivos: O STF, desde o HC 84.412 (j. 19-10-2004), passou a exigir quatro condições objetivas para a incidência do princípio: (1) a mínima ofensividade da conduta do agente; (2) nenhuma periculosidade social da ação; (3) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e (4) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Requisito subjetivo: Discute-se, se, além das condições objetivas acima citadas, é também necessário um aspecto subjetivo, ligado ao mérito do autor. Embora existam duas posições, prevalece nos Tribunais Superiores, que o principio da insignificância não poderá ser aplicado se o agente for reincidente ou portador de maus antecedentes.
Bagatela própria versus bagatela imprópria
Na bagatela própria, o fato nasce irrelevante para o Direito Penal, incidindo o princípio da insignificância (causa de exclusão da tipicidade material). Na bagatela imprópria, o fato não nasce irrelevante para o Direito Penal, mas posteriormente se verifica que não é necessária a aplicação concreta da pena. Incidirá o princípio da desnecessidade de aplicação da pena ou da irrelevância penal do fato (causa de dispensa de pena). Por exemplo, perdão judicial. Imaginemos que, em um acidente de trânsito, o pai dê causa à morte do filho. O fato é relevante, mas, diante das circunstâncias concretas do ocorrido, o agente poderá ser beneficiado com o perdão judicial (art. 121, § 5°, CP).
Princípio da insignificância na jurisprudência dos Tribunais Superiores:
Crimes praticados com violência e grave ameaça à pessoa (ex.: roubo) não incide (STJ, HC 399.999, j. 23-2-2016)
Crimes funcionais contra a Administração Pública (ex.: peculato) prevalece que não incide (STJ, AgRg no AREsp 572.572, j. 8-3-2016), no entanto, o STF já reconheceu (HC 112.388, j. 21-8-2012)
Descaminho (art. 334, CP) incide. Discute-se, no entanto, qual o seria o limite (valor sonegado) para a aplicação do princípio: STJ (R$ 10.000,00): fundamento no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 (STJ, AgRg no AREsp 307.752, j. 2-8-2016) e STF (R$ 20.000,00): fundamento no art. 1°, II da Portaria 75/2012 do Ministério da Fazenda (STF, HC 126.746 AgR, j. 14-4-2015).
1.8		Concussão (art. 316, CP)
Descrição típica: exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena – reclusão, de 02 a 08 anos, e multa.
Mera solicitação: não há concussão, mas pode caracterizar corrupção passiva (art. 317, CP).
Crime formal: o crime se consuma no momento em que a exigência chega ao conhecimento da vítima, não havendo necessidade que o autor receba a vantagem indevida.
Excesso de exação (§ 1°): se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou , quando emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena – reclusão, de 03 a 08 anos, e multa.
1.9		Corrupção passiva (art. 317, CP)
Descrição típica: solicitar ou receber, para si ou para outrem, diretaou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 02 a 12 anos, e multa.
Crime formal: o crime se consuma no momento da prática do núcleo do tipo, ou seja, quando o agente solicita, recebe ou aceita promessa da vantagem indevida. Como o crime é formal, não há necessidade de efetivo prejuízo para a Administração Pública.
Forma majorada (§ 1°): a pena é aumentada de um terço se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
1.10	Facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318, CP)
Descrição típica: facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 03 a 08 anos, e multa.
1.11	Prevaricação (art. 319, CP)
Descrição típica: retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena – detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa.
Elemento subjetivo especial: além do dolo (dolo genérico), o crime do art. 319, CP também exige o elemento subjetivo especial (dolo específico): “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
1.12 Prevaricação imprópria (art. 319-A, CP)
Descrição típica: deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano. 
1.13 Condescendência criminosa (art. 320, CP)
Descrição típica: deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade: Pena – detenção, de 15 dias a 01 mês, ou multa.
1.14 Advocacia administrativa (art. 321, CP)
Descrição típica: patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena – detenção de 01 a 03 meses, ou multa.
Forma qualificada (parágrafo único): se o interesse é ilegítimo: Pena – detenção, de 03 meses a 01 ano, além da multa.
Interesse legítimo versus interesse ilegítimo: se o interesse é legitimo, o sujeito ativo é punido com a pena do caput; se o interesse é ilegítimo, incide a qualificadora do parágrafo único.
1.15 Violência arbitrária (art. 322, CP)
 Descrição típica: praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena – detenção, de 06 meses a 03 anos, além da pena correspondente à violência.
1.16 Abandono de função (art. 323, CP)
Descrição típica: abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena – detenção, de 15 dias a 01 mês, ou multa.
Forma qualificada (§§ 1° e 2°): se o fato resulta em prejuízo público: Pena – detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa (§ 1°), se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena – detenção, de 01 a 03 anos, e multa (§ 2°).
1.17 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (art. 324, CP)
Descrição típica: entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena – detenção, de 15 dias a 01 mês, ou multa.

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