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COMUNICAÇÃO INTERCELULAR – SINALIZAÇÃO CELULAR Os organismos pluricelulares dependem de uma rede elaborada de comunicação intercelular que coordena todos os mecanismos da célula (diferenciação, crescimento, metabolismo, etc) Importância da Comunicação Celular: diversas doenças crônicas são causadas por erros na comunicação entre as células Diabetes - Insulina Câncer: mutações podem inativar a atividade GTPásica das RAS, de forma que a proteína não pode se autoinativar = proliferação celular descontrolada Doenças autoimunes (miastemia grave; esclerose múltipla) Parkinson Esquizofrenia Etapas: Síntese do sinal (glândula unicelular ou pluricelular) Liberação do sinal = fusão de membrana Transporte do sinal pela célula alvo Detecção do sinal pelo receptor (célula-alvo) Mudança metabolismo da célula-alvo após a ligação receptor x ligante Promoção do sinal Término da resposta celular (alteração no metabolismo, na forma ou no movimento celular ou ainda na expressão gênica) Comunicação Celular – Principais mecanismos para comunicação entre células Transferência citoplasmática direta de sinais elétricos e químicos pelas junções comunicantes/GAP Comunicação local por moléculas de sinalização: substâncias que se difundem na MEC ou que são secretadas imediatamente próximo a seus receptores o As células precisam estar próximas umas das outras o Geralmente esse tipo de ligante possui vida curta, uma vez que a MEC possui enzimas que os degradam Comunicação a longa distância: sinais elétricos transportados pelas células nervosas, sinais químicos transportados pelo sangue íons, AMPc, hormônios Comunicação pelo sistema neuroendócrino = comunicação a longa distância Sinalização neuronal/sináptica: sinais elétricos são gerados e conduzidos, e então neurotransmissores são liberados o rápido e específico o alta concentração de ligante o Formação de canais iônicos por proteínas transmembrana Sistema endócrino: hormônios são secretados na corrente sanguínea por glândulas e levados ao tecido alvo o lento e baixa concentração Transporte de sinais entre as células Fluxo sanguíneo = maioria Sistema nervoso Difusão simples por pequenas distâncias (ex: NO) Distância de ação das moléculas sinalizadoras Endócrina: células-alvo distantes ligante transportado via sangue o Ex.: hormônios Parácrina/Neurócrina: células-alvo próximas o Liberação de sinais na MEC = mediadores locais o Sinais parácrinos têm difusão restrita: meia-vida curta, são captados rapidamente pelas células da vizinhança, degradados por enzimas da matriz extracelular para garantir que afetem somente células- alvo adequadas (ex: mediadores inflamatórios) o Ex.: neurotransmissores Autócrina: célula-alvo é a própria célula o Ex.: fatores de crescimento dos blastômeros + células cancerosas (secretam sinais que atuam nos seus próprios receptores, estimulando a sua própria proliferação e sobrevivência) Sinalização por proteínas ligadas a MP (contato-dependente) o Ligante como parte exoplasmática da proteína transmembrana o Importante especialmente durante o desenvolvimento e na resposta imune o Ex.: sinalização de superfície interação macrófago-linfócito; especialização de células no desenvolvimento embrionário Moléculas Sinalizadoras: Receptores Ligantes = fatores de crescimento, neurotransmissores, morfógenos, matriz extracelular, moléculas sinalizadoras na membrana de outras células, hormônios, citocinas Receptores reconhecem, selecionam e interagem especificamente, sendo por meio deles que os sinais químicos atuam Desencadeiam a produção de moléculas diversas responsáveis pelas alterações celulares Sua expressão é comumente afetada pela disponibilidade do ligante São renovados constantemente na célula Um mesmo sinal pode gerar respostas diferentes dependendo da célula na qual atua. Ex: neurotransmissor acetilcolina o Na célula muscular = contração o No músculo cardíaco = redução dos batimentos o Na glândula salivar = secreção de saliva o No glândula pancreática acinosa = secreção de suco pancreático Da mesma forma, sinais diferentes podem gerar uma mesma resposta 1500 genes no genoma humano codificam receptores + splicing alternativo/edição de RNA + modificações pós traducionais Tipos de receptores: o Receptores intracelulares = citoplasma / núcleo o Receptores de superfície = membrana plasmática Natureza Química do Ligante Lipossolúveis: atravessam a membrana por difusão receptores intracelulares (ficam no citoplasma) o ex.: cortisol, progesterona, testosterona, tiroxina Hidrossolúveis: se ligam a proteínas da membrana receptores de superfície o ex.: insulina, glucagon, epinefrina, histamina Prostaglandina = ligante lipossolúvel que exige contato o Na MEC existem proteases que destroem as suas ligações com os receptores de superfície liberação da proteína , que vai para o sangue comunicação endócrina Curso temporal da sinalização Respostas que dependem de transcrição = comunicação mais lenta Respostas que não dependem de transcrição = mais rápidas Mensageiros 1º mensageiro = ligante que ativa o receptor 2º mensageiro = moléculas sinalizadoras intracelulares que não são ativadas de maneira direta pelo ligante o Ex: Cálcio, AMPc, GMPc, DAG, IP3 o Receptor + ligante resposta = produção de mensageiro secundário o Os mensageiros secundários geralmente não ocorrem nos receptores intracelulares, que podem se movimentar livremente no citoplasma por meio do citoesqueleto RECEPTORES INTRACELULARES/NUCLEARES A maioria deles se dirige ao núcleo e atua como reguladores transcricionais Entrada do ligante ligação ligante x receptor mudança conformacional ativação do receptor complexo ligante-receptor vai para o núcleo, onde induz a transcrição de um gene produção de proteína específica o Sem o ligante o receptor fica inativo, seja por estar ligado a uma proteína inibitória ou por possuir uma conformação diferente o Receptor possui sítio de ligação para o DNA Ligantes que utilizam receptores intracelulares: cortisol, estradiol, testosterona, vitamina D3, tiroxina, ácido retinóico Família dedos de zinco C4: Esteróides + Ácido retinóico + Tiroxina Óxido Nítrico (ON) É um ligante lipossolúvel produzido em grande quantidade por células endoteliais Comunicação parácrina ON liga-se ao sistema da guanilato ciclase solúvel no citoplasma produção de mensageiro secundário = GMPcíclico (produzido a partir de GTP) o Guanilato ciclase = 2 cadeias mantidas por ligações de ferro Entrada de ON ligação ao ferro = ativação de enzima O ON é rapidamente degradado, mas parte vai para as células do tecido muscular liso (células-alvo), causando relaxamento muscular e vasodilatação o Princípio do Viagra: inibe a fosfodiesterase de GMPc (responsável pela destruição do ON), mantendo níveis elevados deste 2º mensageiro = fluxo sanguíneo e manutenção da ereção RECEPTORES DE SUPERFÍCIE Localizam-se na membrana plasmática (superfície celular) são proteínas transmembrana, geralmente glicoproteínas o Glicocálix = reconhecimento 500 a 100.000 receptores na membrana de uma célula Seus ligantes são moléculas hidrofílicas, que não atravessam a membrana o Neurotransmissores – acetilcolina, dopamina, adrenalina, serotonina, histamina, etc. o Hormônios peptídicos – insulina, glucagon, FSH, prolactina, hormônio de crescimento, etc. o Neuropeptídeos – oxitocina, vasopressina, encefalinas, endorfinas o Fatores de crescimento – EGF, FGF, PDGF, interleucinas, etc. o Eicosanóides– prostaglandinas, tromboxane, prostaciclina, leucotrienos Possuem dois sítios de ligação, um intracelular e o outro extracelular, apresentando especificidade de ligação e de operação O ligante em si não reage/interage com a célula, apenas com o receptor Mecanismo geral: ligação ligante x receptor mudança conformacional no receptor resposta celular = ligações com proteínas do citosol (ativação de efetor com ou sem produção de mensageiro secundário) Os componentes das vias de sinalização intracelular (proteínas citosolicas ativadas) podem: o Transmitir o sinal adiante, auxiliando na propagação por toda a célula o Amplificar o sinal recebido, tornando-o mais forte o Integrar sinais recebidos de diferentes vias o Distribuir o sinal para mais de uma via de sinalização ou proteína efetora É necessário lembrar que tão importante quanto a ativação de um receptor é a sua inativação posterior → para que as proteínas fiquem aptas a transmitir sinais novamente elas precisam voltar para o seu estado desligado Classificação dos receptores: o Receptores ionotrópicos: ligação = íon canal iônico o Receptores metabotrópicos: sem canal iônico, geralmente corresponde a ligação de um hormônio Tipos de receptores de superfície o Receptores Associados a Canais Iônicos: permitem o fluxo de íons na membrana plasmática, que altera o potencial de membrana e produz energia elétrica o Receptores Acoplados a Proteína G (GPCR): ativam a proteína G, que ativa outra molécula, gerando uma cascata de efeitos ex: Glucagon o Receptores Enzimáticos: possuem atividade enzimática no citosol ou se associam a enzimas → ex: Tyr quinase; Tyr fosfatase; Ser/Thr quinase; Guanilato ciclase o Receptores Tirosina Quinase (RTK) ex: Insulina Proteínas modeladoras de GTPase: o São ativadas pela ligação com o GTP e se autoinativam por meio de sua hidrólise = atuação como interruptor molecular o Geram cascatas de quinase que ativam ou desativam o substrato o Exemplos: Proteína G + RAS 1. Receptores Acoplados a Proteína G Proteína G Trimérica: cadeias α, β, γ É uma proteína periférica (e não transmembrana) Quando está ligada a GDP está inativa, e quando está ligada a GTP está ativa Faz ligação direta com um receptor (Receptor Ligado a Proteína G) para ativar um efetor (enzima amplificadora/enzima-alvo), o qual sintetiza um mensageiro secundário (moléculas sinalizadoras intracelulares) o Efetor ativado = Adenilato Ciclase produção de AMPc o Efetor ativado = Fosfolipase C produção de Diacilglicerol (DAG) + IP3 (1, 4, 5 trifosfatoinositol) Mecanismo de ativação dos efetores: a molécula de GDP da proteína G é trocada por uma de GTP, fazendo com que a cadeia α da proteína se desprenda e ative o efetor Existem vários tipos de proteína G, dependendo da subunidade α → as moléculas efetoras possuem sítios de ligação para cada um desses tipos, o que significa que elas poderão ser tanto estimuladas quanto inibidas o Gs: ativa → associada a ligantes estimuladores (epinefrina, glucagon, ACTH) o Gi: inibe → associada a ligantes inibitórios (PGE1, adenosina) Sinalização via Receptor Ligado a Proteína G Receptor: possui 7 domínios transmembrana (7 alças) Processo: o Ligante liga-se no Receptor Ligado a Proteína G GDP da proteína G é trocado por GTP = mudança conformacional = proteína G ativa o Ativação da proteína G = ativação da molécula efetora → produção de 2º mensageiro = Resposta Celular Molécula Efetora = Fosfolipase C → propaga o sinal pela degradação de um fosfolipídeo de initol (componente da membrana plasmática), que gera inositol 1, 4, 5 trifosfato (IP3) e Diacilglicerol (DAG) = mensageiros secundários o IP3 como mensageiro secundário: IP3 vai na mitocôndria/REL e abre canais de cálcio, aumentando sua concentração no citoplasma = cascata de quinase = resposta celular dependendo do ligante Vasopressina → degradação de glicogênio no fígado Acetilcolina → secreção de amilase no pâncreas / contração de células musculares lisas Antígeno → secreção de histamina nos mastócitos Trombina → agregação de plaquetas ... o DAG como mensageiro secundário: auxilia no recrutamento e na ativação da PKC (proteína-cinase C), que também precisa ligar-se ao Ca2+ para se tornar ativa = fosforilação de proteínas = resposta ceular Molécula Efetora = Adenilato Ciclase → AMPc como mensageiro secundário o O AMPc é produzido a partir do ATP em uma reação de ciclização o O AMPc é um dos principais mensageiros celulares, entrando em muitas rotas do metabolismo → faz amplificação do sinal por meio de uma cascata de quinase o Atuação do AMPc: o AMPc se liga na parte regulatória da PKA (proteína-quinase dependente de AMPc), ativando-a = fosforilação de proteínas = resposta celular Epinefrina, ACTH, glucagon → aumento da hidrólise de triglicerídeos e decréscimo na utilização de aminoácido no tecido adiposo FSH, LH → aumento da síntese de estrogênio e progesterona no folículo ovariano Epinefrina → conversão de glicogênio em glicose no músculo esquelético TSH → secreção de tiroxina na tireóide ... o O AMPc induz a abertura de canais iônicos, incluindo aqueles que participam da transdução de sinais sensoriais (sabor, odor e luz) o Depois de atuar, o AMPc é transformado em AMP por fosfodiesterases, inativando a PKA ENZIMAS AMPLIFICADORAS Enzima amplificadora Localização celular Ativada por Converte Em Adenilil ciclase Membrana Receptor ligado a proteína G ATP AMPc Guanilil ciclase Membrana Receptor enzimático GTP GMPc Citosol Óxido Nítrico (ON) Fosfolipase C Membrana Receptor ligado a proteína G Fosfolipídeos de membrana IP3 e DAG SEGUNDO MENSAGEIROS Tipo Segundo mensageiro Ação Efeito Íon Ca2+ Liga-se à calmodulina Altera a atividade enzimática Liga-se a outras proteínas Exocitose, contração muscular, movimento citoesquelético Nucleotídeos AMPc Ativa proteínas quinases (PKA) Fosforila proteínas Liga-se a canais iônicos Altera abertura de canais GMPc Ativa proteínas quinases (PKC) Fosforila proteínas Liga-se a canais iônicos Altera abertura de canais Derivados de lipídeos IP3 Libera Ca2+ de reservas intracelulares Efeitos do Ca2+ Diacilglicerol Ativa PKC Fosforila proteínas Tipos de proteína G: 2. Receptores de Tirosina Quinase Proteína RAS Monomérica Ligada à face citoplasmática da membrana por uma cauda lipídica (proteína perfiférica) Ativada por receptor RTK, ligando-se a uma molécula de GTP nesse processo A ligação ao RTK se dá de maneira indireta por meio do GRB2 (complexo proteico formado por 2 cadeias = SRC + SH2) e do GEF → proteínas adaptadoras Precisa de ajuda de duas outras proteínas para quebrar GTP o GEF (fator de troca de nucleotídeo guanina): liga-se no GRB2 e troca GDP por GTP, ativando a RAS o GAP (proteína ativadora de GTPases): hidrolisa o GTP, inativando a RAS Não sintetiza mensageiro secundário Sinalização via Receptor Tirosina Quinase (RTK) Receptor = segmento transmembrana na forma de α hélice + segmento extracelular + segmento citosólico com um sítio quinásico Processo: o 2 monômeros de RTK estão próximos na célula em repouso → ligação do ligante = dimerização do receptor o ativação da região catalítica quinásica por autofosforilação, ou seja, cada monômero joga P no outro (há quebra de ATP nesse processo) o ativação da região quinásica = fosforilação de complexos proteicos → ativação da RAS o RAS ativa = cascata de quinase no módulo de sinalização da proteína MAP-quinase, aqual vai para o núcleo Hidrólise do GTP Dissociação da Raf (Ser/Thr quinase) e ativação Raf fosforila e ativa MEK (quinase dual) MEK fosforila e ativa MAP-quinase (Ser/Thr quinase) = Resposta Celular o MAP-quinase = fosforilação de proteínas efetoras, incluindo reguladores de transcrição = mudança na expressão gênica As fosforilações são revertidas pelas proteínas-tirosina fosfatases, que extinguem a resposta Uma via de sinalização importante ativada pelo RTK para promover o crescimento e a sobrevivência celular conta com a enzima fosfoinositídeo-3-quinase (PI-3-quinase), que fosforila fosfolipídeos de inositol na membrana plasmática, tornando-os sítios de ancoragem para proteínas sinalizadoras intracelulares específicas Exemplos de ligantes: insulina, fator de crescimento (ex: PDGF = receptor fator de crescimento derivado de plaqueta) Exemplo de RAS = Rho A: GTPase que controla o comportamento do anel contrátil em células animais, estimulando a polimerização da actina o Ela induz a ativação de Formina, que sintetiza actina, e de Rock, que sintetiza miosina II Proteínas de sinalização: proteínas quinases/fosfatases Molécula sinalizadora intracelular, cuja atividade é regulada por uma alteração pós-traducional, como fosforilação (quinase) ou desfosforilação (fosfatase) Quinases e fosfatases constituem 2-4% do genoma na maioria dos eucariotos Tirosina quinase, Serina quinase, Treonina quinase Geralmente a comunicação acaba em cascata de quinase Quinase: tetrâmero (2 cadeias regulatórias + 2 cadeias catalíticas) → quando a quinase está inativa seus monômeros estão unidos, e quando ela é ativada eles se separam o Proteína Quinase C (PKC) = quinase dependente de diacilglicerol (DAG) o Proteína Quinase A (PKA) = quinase dependente de AMPc Esquemas:
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