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Reconceituação do serviço social

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Explicite o que foi o processo de Reconceituação do Serviço social latino americano e o processo de renovação do serviço social brasileiro.
O Movimento de Reconceituação é um importante momento do Serviço Social, que representa uma grande mudança, devido a busca de desvinculação do conservadorismo e das técnicas importadas do Serviço Social Norte Americano. É partir desse momento que surge uma outra visão acerca da prática profissional, construindo novos métodos e técnicas a partir das necessidades populares voltada a uma análise crítica da realidade social, buscando assim um melhor desempenho no agir profissional ao atender as demandas da questão social, pautado em bases teórico-metodológicas que buscam superar as práticas tradicionais do Serviço Social.
Esse momento de Renovação do Serviço Social teve início no contexto histórico da ditadura militar que aconteceu no Brasil em 1964 a 1985, fomentada por interesses imperialistas que buscavam a disseminação do modelo econômico capitalista, ou mesmo para reter uma expansão do comunismo na América Latina.
O período da ditadura militar começou com o golpe de 64 feito por militares, a partir do golpe o governo passou a ser regido pelos militares e se apresentava sob duas faces: a ideológica e a repressiva, reproduziam uma ideia em que tudo que o poder governamental fazia era para o bem da população, era para o desenvolvimento do país, assim faziam com que um grande contingente populacional reproduzisse essa ideia. Aqueles que iam de encontro com ideal burguês sofriam grande repressão e violência, física e moral, que fez com muitas pessoas fossem mortas, ou outros exilados (NETTO, 2005).
	Neste contexto da autocracia burguesa surgem novas demandas e o Serviço Social sente a necessidade de responder a essas novas expressões da questão social de um forma que não seja a que a priori, estava respondendo: práticas paliativas, filantrópicas e assistencialista. O espaço do profissional Assistente Social acabam por se limitarem à meros executores de políticas sociais nas comunidades como ponto de atuação contrário aos obstáculos do novo regime, até então ditatorial.
O acúmulo do capital no atual contexto globalizado, especificamente o brasileiro, gera na conjuntura uma enorme motivação em torno das discussões da nova teorização do Serviço social, que diante do avanço do capitalismo, requer posturas condizentes com as especificidades de cada realidade social. Portanto, a reconceituação do Serviço Social, visa construir no bojo da profissão, uma revisão crítica a partir das propostas necessárias e urgentes aos problemas sociais que cada sociedade tem que enfrentar.
Assim, as políticas sociais até então enfatizadas como trabalho para os Assistente sociais, tornaram estratégias para diminuir a visão capitalista marcada pela grande exploração do capitalismo até então amplamente forte neste período, motivados pela grande concentração da renda. Com o Movimento de Reconceituação do Serviço social, compreende-se um conjunto de mecanismos ideológicos que a partir da história conservadora, concebe-se como profundo questionamento sobre a profissão. Nesse sentido, o processo de reconceituação, o Serviço Social, desenvolveu uma profunda base teórica, com renovações altamente voltadas para o trabalho direcionado às camadas extremamente excluídas da sociedade.
Com as modificações ocorridas na prática, a formação do Serviço Social também passou por mudanças, ocorreu a inserção do ensino do Serviço Social nas universidades, pois antes havia apenas escolas isoladas, carentes de recursos, muito ligadas a valores morais, com as mudanças na sociedade as unidades se tornaram complexos universitários. O Serviço Social passou a interagir com disciplinas das ciências sociais como psicologia, antropologia e sociologia, contando também com disciplinas do viés da ditadura militar. Esta formação era demandada das exigências que se faziam no mercado de trabalho posto na esfera da ditadura militar. Com a entrada das ciências sociais no âmbito da universidade, o Serviço Social começou a mudar tendo com isso uma postura crítica para seus fundamentos (NETTO, 2005).
Nasce neste cenário o processo de renovação da profissão do Serviço Social no Brasil, assumindo novas posturas, até então consideradas modernas para o período onde estava inseridos. Sendo assim, o cenário das teorias do Assistente social passa a ser ajustado ao contexto socioeconômico da realidade brasileira, configurando mudanças estruturais na sociedade e na ideologia do Serviço social no Brasil. Tal ruptura, questiona as relações históricas que esses profissionais tiveram com os interesses do poder, e ao mesmo tempo fomenta uma nova postura ideológica a serviço das melhorias necessárias aos seus usuários. Assim, com uma nova maneira e olhar diferenciado sobre a profissão, os assistentes sociais buscam um novo perfil profissional que os torne mais próximos das camadas populares.
Assim três perspectivas são apresentadas por Netto (2005) neste processo de renovação do Serviço Social: perspectiva modernizadora, perspectiva de reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura.
A Perspectiva Modernizadora tratava-se de uma tentativa de compatibilizar o exercício profissional de Serviço Social, em sua intervenção com as demandas que lhe foram postas no pós-64, no bojo das estratégias do desenvolvimento capitalista. Tal direcionamento desenvolveu-se a partir da segunda metade da década de 1960. Sua materialização deu-se, principalmente a partir dos textos dos Seminários de Araxá e Teresópolis. Esse direcionamento possui uma forte inspiração nas matrizes teóricas: estruturalista e funcionalista
Foi no marco do seminário de Sumaré (1978) e no Seminário do Alto da Boa vista (1984) “que explicitou” a perspectiva da reatualização do conservadorismo que traduz-se na retomada dos traços característicos da gênese do Serviço Social, no que concerne ao olhar para o mundo vinculado ao pensamento católico tradicional, no entanto confere um caráter modernizador que não se fazia presente nas suas bases tradicionais. Esse caráter modernizador se expressa, por exemplo, na aproximação de sua matriz teórico-metodológica com a fenomenologia.
A intenção de ruptura tem como principal proposta ruptura romper comas práticas tradicionais do serviço social, vinculadas aos interesses da classe dominante. Essa perspectiva discute a relação entre o serviço social e a sociedade capitalista. Quem concebeu as primeiras ideias do da perspectiva de intenção de ruptura foram os assistentes sociais que fizeram opção política de trabalhar em favor os explorados e subalternos. 
José Paulo Netto (1998) dividiu três momentos dessa perspectiva: O momento da emersão da intenção de ruptura, o momento da consolidação acadêmica da intenção de ruptura e o momento do espalhamento da intenção de ruptura no âmbito da categoria profissional. A perspectiva da intenção de ruptura emergiu com um grupo da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais (1972 a1975). Mesmo coma repressão da ditadura militar foi criado nesse período, o método Belo Horizonte mais conhecido como método BH, considerado um trabalho de crítica teórico-prática ao tradicionalismo. 
O momento de consolidação aconteceu no final da década de 1970 e começo da década de 1980, foi nessa década que as universidades começaram a apresentar algumas teses de pós-graduação e trabalhos sobre a intenção de ruptura. No período entre 1982 e 1983 o debate a respeito da perspectiva de ruptura estendeu-se para os profissionais da área dando base a suas produções intelectuais atingindo as organizações representativas da assistência social. Em 1979, foi publicada a revista Serviço Social e Sociedade, que divulgou muitos textos pautados na perspectiva da intenção de ruptura. Seus registros vão desde a origem da profissão até o serviço social na contemporaneidade.
2 - Ainda de acordo com o autor, quais as diretrizes da renovação do processo de renovação do serviço social no Brasil? Que contribuiçãoos seminários de teorização do serviço social deram as duas primeiras delas, explicite relacionando ao contexto histórico da época.
As sequelas do “modelo econômico” da Ditadura Militar saturaram o espaço brasileiro com todas as refrações da questão social que são tratadas pelo Estado ditatorial através de políticas sociais crescentemente centralizadas. Para fazer frente a esta situação o Estado reformula substancialmente, a partir de 1966-1967, as estruturas das instituições sociais, tanto na organização quanto no funcionamento. 
Segundo José Paulo Netto, na erosão da base do serviço social tradicional, “a reflexão profissional se desenvolveu em três direções”: A perspectiva modernizadora; A perspectiva da reatualização do conservadorismo e a perspectiva da intenção de ruptura.
O serviço social na perspectiva modernizadora ajustou-se ao projeto de governo para atender ao” grande capital”. “modernizou” a sua metodologia e os cursos para formar profissional moderno para atuar nas instituições burguesas remodeladas no regime militar. A perspectiva modernizadora foi discutida e proposta no seminário de Araxá, contudo as ideias dessa perspectiva emergiram do I Seminário Regional Latino Americano de Serviço Social, ocorrido em Porto Alegre, em maio de 1965.
A perspectiva modernizadora teve como principal representante José Lucena Dantas e segundo Netto, ele ofereceu ao debate uma concepção extremamente articulada da metodologia do serviço social; efetivamente a mais compatível com a perspectiva modernizadora. Netto considera Dantas um profundo teorizador, pois as suas teorias, os cursos e as conferências que ele proferiu atestam que ele foi o assistente social que mais apurou as concepções nucleares da modernização do serviço social. Dantas era da concepção funcionalista e era fortemente influenciado teses de desenvolvimentista e do bem estar social emanadas de agências internacionais.
No seminário de Araxá dentre outros assuntos publicados o documento de Araxá, publicado pelo CBCISS, trata dos níveis da micro atuação do serviço social e segundo o mesmo, o objetivo remoto do Serviço Social é o provimento de recursos indispensáveis ao desenvolvimento, à valorização e à melhoria das condições do ser humano, atendimento de valores universais e à harmonia entre estes e aos valores culturais e individuais. São valores universais consignados na “Declaração Universal dos Direitos do Homem” da ONU. Quanto aos objetivos operacionais, está colocado o de levar a população a tomar consciência dos problemas sociais e o estabelecimento de formas de integração social no desenvolvimento do país. Definem-se como funções os serviços de atendimento direto, corretivo, preventivo e promocional em casos, grupos, 
Netto diz que embora o Documento de Araxá esteja preocupado com a teorização do Serviço Social não a enfrenta explicitamente, pois é impossível encontrar em sua estrutura uma compreensão teórica objetivada pela profissão, já que o mesmo se reduz a uma abordagem técnica operacional em função do modelo básico do desenvolvimento.
No Documento de Teresópolis, o moderno triunfa sobre o tradicional não apenas na concepção profissional, mas na pauta interventiva. A realização do Encontro de Teresópolis (no período de10 a 17 de janeiro de1970, enfatizando a nova postura do Assistente Social) significou a consolidação da proposta modernizadora para a profissão, evidenciada no Documento de Araxá. A participação dos Assistentes Sociais é alimentada por sete encontros regionais. Os participantes são divididos em dois grupos de trabalho, que apresentam suas conclusões, que são discutidas e realizadas uma conclusão final. Nesse documento foram apresentados três textos debatidos: Sendo o primeiro a “Introdução à questão da metodologia. Teoria do diagnóstico e da intervenção no Serviço Social” onde a crítica é atenta para questões que não são percebidas como em pensar o Serviço Social sem remetê-lo a problemática de fundo das ciências sociais e ao questionamento histórico, debilidades teóricas e condicionamentos ideológicos. 
O segundo “Bases para a reformulação da metodologia do Serviço Social” tem formulações equivocas e errôneas. Para o autor o objeto do Serviço Social é o processo de orientação social, ou seja, o processo desenvolvido pelo homem a fim de obter soluções normais para
dificuldades sociais que se desenrola no interior do “processo social básico” e, mais, que “é um processo natural”.
Há que se ressaltar que estes dois documentos pouco contribuíram nas discussões do Seminário, o primeiro porque problematizava o documento de Araxá e estava além do horizonte modernizador e o segundo porque estava aquém do nível das discussões.
Os Documentos produzidos nos seminários têm características diferenciadas, mas são modelares na tentativa de adequar o Serviço Social como instrumento de suporte a políticas de desenvolvimento e adequar as auto representações profissionais às tendências sociopolíticos da Ditadura, que não se punham como objeto de questionamento. 
Netto diz que o processo de amadurecimento de renovação do Serviço Social chegou ao seu ponto mais alto na perspectiva modernizadora a partir dessas formulações, havendo um avanço em relação ao Documento de Araxá. Essas formulações apontam para a requalificação do assistente social, definem o perfil sócio técnico da profissão e inscrevem no circuito da modernização conservadora, além de repor os vetores que deram tônica na elaboração de Araxá.
O autor distinguiu dois aspectos da perspectiva modernizadora. De um lado seu conteúdo reformista não foi incorporado pelos assistentes sociais mais tradicionais, do outro lado seu traço conservador e sua colagem à ditadura incompatibilizaram-na com os segmentos profissionais críticos e isto resultou nas outras duas direções do processo de renovação do serviço social:
A perspectiva da reatualização, segundo Netto, foi no marco do seminário de Sumaré (1978) e no Seminário do Alto da Boa vista (1984) “que explicitou” a mesma do conservadorismo. Foi bastante significativa a preocupação dos teóricos da perspectiva da reatualização do conservadorismo eles buscaram suporte metodológico na fenomenologia que antes disso não era conhecida no meio profissional. Eles não se apoiaram na teoria marxista e nem tão pouco na teoria positivista. “No que se refere à abordagem positivista, o autor faz a seguinte observação: ao “pensamento causal” quer substituir-se um pensamento não causal” o fenomenológico, cujo quadro de referência não é a explicação, mais a compreensão” (Carvalho 1987) citado por Netto.
A perspectiva de intenção de ruptura tinha como principal proposta romper com as práticas tradicionais do serviço social, vinculadas aos interesses da classe dominante. Essa perspectiva discute a relação entre o serviço social e a sociedade capitalista. Quem concebeu as primeiras ideias da perspectiva de intenção de ruptura foram os assistentes sociais que fizeram opção política de trabalhar em favor dos explorados e subalternos. Netto apreendeu três momentos dessa perspectiva: O momento da emersão da intenção de ruptura, O momento da consolidação acadêmica da intenção de ruptura e O momento do espalhamento da intenção de ruptura no âmbito da categoria profissional.
Segundo Netto essa perspectiva emergiu com o grupo da Escola se Serviço social Católica de Minas Gerais, de 1972 a 1975 Apesar da repressão militar. Nesse período sob a liderança de Leila Lima dos Santos e Ana Maria Queiroga foi criado o método Belo Horizonte conhecido como Método BH. Esse método era considerado um trabalho de crítica teórico-prática ao tradicionalismo. A importância conferida ao movimento não foi suficiente para impedir a demissão dos principais gestores do Método BH, daí foi interrompido o projeto de intenção de ruptura.
O momento da consolidação acadêmica da intenção de ruptura aconteceu no final dos anos 1970 e início de 1980. Nessa década as universidades apresentavam alguns trabalhos de conclusão de pós- graduação e de ensaios sobre a intençãode ruptura. Ainda segundo Netto, até início da década de 1980, as pesquisas da intenção de ruptura ainda não se pautavam nas fontes originais do marxismo, apesar de seu rigor intelectual. Por isso, as pesquisas realizadas com base nas fontes teórico-metodológicas originais do marxismo clássico representavam um avanço.
E por fim o momento do espalhamento da intenção de ruptura no âmbito da categoria profissional. No período de 1982 a 1983, o debate do serviço social na perspectiva da intenção de ruptura estendeu-se para o conjunto dos profissionais. O fato é que a incidência do projeto da ruptura, a partir do segundo terço da década de 1980, penetra e informa os debates da categoria profissional, dá o tom da sua produção intelectual, rebate na formação de quadros operadas nas agências acadêmicas de ponta e atinge as organizações representativas dos assistentes sociais.
O avanço dessa perspectiva é visível nas contribuições teóricas que desvelaram o serviço social brasileiro e latino-americano, pautadas em fontes originais. São produções teóricas que vão das origens da profissão até o serviço social na sua contemporaneidade, sem contar ainda, outros eventos que a ela se reportam. Mas ainda se observa uma distância entre “a intenção de romper com o passado conservador do serviço social e os indicativos práticos profissionais para consumá-la.
3- De que forma o processo de Renovação do serviço social repercute para a profissão nos dias atuais? Qual a sua importância e significado?

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