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* O NASCIMENTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA ORGANIZAÇÃO: PROF. GUSTAVO CAVERZAN * O NASCIMENTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA OS NATURALISTAS (séc. VII-V a.C) OS SOFISTAS (séc. V-IV a.C) SÓCRATES (470-399 a.C) * Antes dos Filósofos Naturalistas a compreensão de mundo do povo grego se dava estritamente pelo discurso mítico-religioso. Cosmogonia – Discurso fantástico sobre criação do mundo, onde as referências sobre a origem e o advento dos fenômenos remetem aos feitos divinos. Aqui, as forças que surgem na composição da realidade vivida não possuem uma causa natural, mas, sim, uma alusão direta à própria intercessão dos deuses. Ex: O fenômeno do mar revolto não é compreendido através de uma lógica proveniente de uma interpretação especulativa dos fenômenos naturais, mas como sendo a própria manifestação do deus Poseidon. * OS FILÓSOFOS NATURALISTAS (Grécia: séc. VII-V a.C) * NATURALISTAS (Grécia: séc. VII-V a.C.) Historicamente, são os primeiros filósofos da tradição filosófica. São também conhecidos como Filósofos da Physis (Natureza) ou Pré-Socráticos. Buscam compreender o fundamento de todas as coisas a partir de um princípio (arché) natural. Passagem da cosmogonia para a cosmologia. Os fenômenos da realidade natural deixam de ser explicados pela imaginação mítica (religiosa) para serem explicados pelo logos (razão). * TALES DE MILETO Marco inicial da história da tradição filosófica. Buscou compreender a lógica ordenadora da realidade natural a partir de um princípio fundamental (arché), a saber, a ÁGUA. Tudo vem da ÁGUA, toda realidade natural tem como princípio vital a ÁGUA, tudo sustenta sua vida com ÁGUA e tudo acaba na ÁGUA. Tales deduziu essa sua convicção “da constatação de que a nutrição de todas as coisas é úmida”, de que as sementes e os germes de todas as coisas “têm natureza úmida” e de que, portanto, a secagem total significa a morte. * ALGUNS FILÓSOFOS NATURALISTAS Heráclito – Fogo (devir). Anaxímenes – Ar infinito. Xenófanes – Terra. Parmênides – O ser uno e imutável, imobilidade do ser. Empédocles – As quatro substâncias que permanecem iguais a si mesmas e indestrutíveis (raízes de todas as coisas): Água, Ar, Terra, Fogo. Demócrito – as coisas são compostas por agregações e desagregações de infinito número de corpos invisíveis e não divisíveis (Átomos). * OS SOFISTAS (Grécia: séc. V-IV a.C) * OS SOFISTAS (Grécia: séc. V-IV a.C.) Os sábios, os especialistas do saber. Os Sofistas operaram uma verdadeira revolução espiritual, deslocando o eixo da reflexão filosófica da physis e do cosmos para o homem e aquilo que concerne a vida do homem como membro de uma sociedade. Como vimos, o tema dos Pré-Socráticos foi a natureza. Agora, o tema dos Sofistas, no geral, foi a cultura humana. Inicia-se aqui o período humanista da filosofia. * OS SOFISTAS (Grécia: séc. V-IV a.C.) Os sábios, os especialistas do saber. Os Sofistas operaram uma verdadeira revolução espiritual, deslocando o eixo da reflexão filosófica da physis e do cosmos para o homem e aquilo que concerne a vida do homem como membro de uma sociedade. Como vimos, o tema dos Pré-Socráticos foi a natureza. Agora, o tema dos Sofistas, no geral, foi a cultura humana. Inicia-se aqui o período humanista da filosofia. * SURGIMENTO DOS SOFISTAS A Filosofia da Physis estava chegando num esgotamento, pois muito já havia se pensado e dito sobre o tema. Mudanças sociais (valores e política): a crise da aristocracia e o crescimento do poder do demos (povo). Possibilidades de aceder ao poder social pela participação nas discussões públicas. Contato com estrangeiros; difusão de conhecimentos; crescimento do comércio. Crise nos valores tradicionais. A areté (virtude) não era mais estabelecida pelo nascimento, precisava (com o advento dos Sofistas) ser conquistada, aprendida. * VIRTUDE PARA OS SOFISTAS (ARETÉ) Possuir o poder da persuasão filosófica e política: Conquistar a capacidade (o saber retórico) de levar vantagem numa disputa discursiva sobre qualquer assunto. OBS: Compromisso com a utilidade e a conveniência da situação para justificar os seus interesses. * SOFISTAS: PONTOS POSITIVOS Crítica aos valores absolutos instituídos, gerando a convicção de que aquilo que era considerado eternamente válido, na verdade, não tinha valor em outros meios e em outras circunstâncias. Mostram uma confiança nas possibilidades especulativas da razão. Assim, mantinham uma notável liberdade de espírito em relação à tradição. Desenvolveram o gosto pela crítica: o exercício do pensar resultante da circulação de ideias diferentes. Elaboraram o ideal teórico da democracia. * SOFISTAS: PONTOS POSITIVOS Com os Sofistas, o problema educacional e o compromisso pedagógico emergem para o primeiro plano. A ideia de difusão do conhecimento, que se torna mais acessível ao povo. Contribuíram para a sistematização do ensino (formação de currículo de estudos). Desenvolvimento da retórica, instruindo os alunos a defender e bem articular seus pensamentos diante de discussões filosóficas e políticas. * SOFISTAS: PONTOS NEGATIVOS Relativização da verdade a partir de interesses políticos, sociais e financeiros. É então que Sócrates sustentará que o saber dos Sofistas é “aparente”, pois desenvolviam um saber com finalidades persuasivas, utilitárias e que não se comprometiam com a verdade. Assim, Platão observará que a pedagogia dos Sofistas possui uma inconsistência teorética (precisavam se aprofundar na verdade conceitual dos temas que abordavam). A retórica, arte de falar bem, é instrumentalizada somente para impressionar os ouvintes e promover a aprovação dos interesses do orador. Platão também observa aí uma periculosidade do ponto de vista moral. * SÓCRATES (Atenas: c.470-399 a.C) * SÓCRATES Os Filósofos Naturalistas procuraram responder à seguinte questão: “O que é a natureza ou a realidade última das coisas?” Sócrates, porém, procura responder à questão: “O que é a natureza ou a realidade última do homem ?” Ou seja: “O que é a essência do homem?” * SÓCRATES O homem é a sua ALMA (Psyché). ALMA – Razão – Faculdade intelectual e moral, aplicada ao conhecimento, ao filosofar. “Conheça-te a ti mesmo”. “Só sei que nada sei” Sendo o homem a alma e a alma toda a compreensão de mundo que a pessoa conquistou racionalmente (ou seja, sou aquilo que sei). Conhecer a mim mesmo é investigar melhor aquilo que penso conhecer. Eis o caminho para o conhecimento da própria identidade. * SÓCRATES Os Sofistas colocavam-se na soberba atitude de quem sabe tudo. Sócrates colocava-se na atitude de que não sabe, tendo tudo para aprender. Dialética socrática: ironia, refutação e a maiêutica: Pela ironia Sócrates “vestia” as máscaras do não saber e da ignorância. Pela refutação Sócrates desenvolvia novas perguntas que forçavam o seu interlocutor a tentar uma nova definição. Assim, continuava, dialeticamente, até o momento em que o seu interlocutor reconhece que precisa conhecer melhor aquilo que ele acreditava saber (reconhecimento da própria ignorância). * SÓCRATES O desenvolvimento da dialética socrática, no ato da discussão, provocava ira em alguns interlocutores (Sofistas). Porém, em outros a refutação provocava um efeito de purificação das falsas certezas (da ignorância). O processo de educação da alma deve manter-se sempre aberto às experiências de refutação. Pois, para Sócrates, a alma só pode alcançar a verdade “se ela estiver grávida”. Pela maiêutica Sócrates levava o seu interlocutor “dar à luz” um novo conhecimento sobre o assunto pensado. * SÓCRATES “Sócrates negava firmemente estar em condições de transmitir um saber aos outros. Mas, da mesma forma que a mulher que está grávida no corpo tem necessidade da parteira para dar à luz, também o discípulo que tem a alma grávida de verdade tem necessidade de uma espécie de obstétrica espiritual que ajude essa verdade a vir à luz – e nisso consiste exatamente a “maiêutica” socrática” (Reale, p. 99). * Organização do material: Prof. Gustavo Caverzan Referências Bibliográficas. Comentários e trechos extraídos dos livros: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda / Maria Helena Pires Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1993. REALE, Giovanni / Dario Antiseri. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média (Volume I). 3 ed. São Paulo, Paulus, 1990. * 1- Por que Tales é considerado o primeiro Filósofo (Naturalista)? O que podemos compreender com a sua sentença “Tudo é água” ? 2 - Explique “quem foram os Sofistas” e descreva algumas características de suas práticas. 3 - Explique como Sócrates desenvolvia sua dialética.
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