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1.1 – UMA BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR NO BRASIL
O ponto de partida para a defesa dos direitos consumeristas em nosso País remonta a vários marcos importantes, dentre os quais, o mais importante é a inclusão do referido tema dentro da Constituição Cidadã de 1988 e posteriormente, com a edição do Código de Defesa do Consumidor.
No entanto, cabe ressaltar que essa proteção ao consumidor transcende outros horizontes além de seus marcos normativos, como seus aspectos sociais, políticos e econômicos, e é salutar que abordemos alguns acontecimentos prévios a Constituição de 1988, de forma a entender o contexto em que se insere essa defesa do consumidor.
Os altos índices inflacionários, somado a consequente elevação do custo de vida no Brasil desencadearam importantes mobilizações sociais nos anos 1970. Foi nessa década que surgiram os primeiros órgãos de defesa do consumidor como podemos citar: Associação de Proteção ao Consumidor de Porto Alegre (1976), Associação de Defesa e Orientação do Consumidor de Curitiba (1976) e o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, atualmente Fundação Procon São Paulo (1976).
Na década de 1980, caracterizada pela forte recessão econômica e pelo processo de redemocratização do Brasil, após décadas de regime ditatorial militar, observamos um crescimento do movimento consumerista, o qual tinha o interesse da inclusão do tema da defesa do consumidor nas discussões pela elaboração da nova Constituição, pela Assembleia Nacional Constituinte.
Sendo resultado do engajamento de vários setores da sociedade nacional, foi estabelecido pelo Decreto nº 91.469 de 24 de julho de 1985 o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, que teve como integrantes associações de consumidores, Procons, OAB, Confederação da Indústria, Comércio e Agricultura, o Conselho de Auto-Regulação Publicitária, Ministério Público e representações do Ministério da Justiça, Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde, Ministério da Indústria e Comércio e Ministério da Fazenda. A função deste Conselho seria de assessorar o Presidente da República na elaboração de políticas de defesa do consumidor.
O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor teve grande atuação na elaboração de propostas à Assembleia Constituinte e, precipuamente pela difusão da importância da defesa do consumidor no Brasil, tendo participado, inclusive, da elaboração do Código de Defesa do Consumidor, a Lei nº 8.078/90.
Acrescenta-se que, no mesmo período, a Organização das Nações Unidas, através da Resolução nº 39.248/1985, estabeleceu as diretrizes das Nações Unidas para a proteção do consumidor, ressaltando a imensa importância da participação dos governos na implantação das políticas de defesa do consumidor.
Com a Constituição de 1988, restou consagrada a proteção do consumidor como direito fundamental e também como princípio de ordem econômica, de acordo com os arts.5º, XXXII e 170,V, cabendo ao Estado a proteção do consumidor, na forma da lei. Observamos os dispositivos supra citados como se observa abaixo:
Art.5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXII- O Estado, promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
V- defesa do consumidor.
Em 11 de setembro de 1990, por meio da Lei nº 8.078/90, surgiu o Código de Defesa do Consumidor, que assegura o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor e estabelece o princípio da boa-fé como basilares da relação de consumo.
O referido Código trata-se de norma de ordem pública e de relevante interesse social, que tem sua origem feita de modo especial e diferente de outras leis vigentes no ordenamento jurídico pátrio, tendo em vista que foi elaborado por meio de um comando contido dentro dos Atos de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988, que assim determinou:
Art. 48 – O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará o Código de Defesa do Consumidor.
Urge ressaltar que também ficou estabelecida na Constituição Federal que é dever do Estado (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e direito fundamental dos cidadãos a promoção da defesa dos consumidores em adequação com as leis.
A Constituição de 1988, ressalta ainda que as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil devem se organizar de modo a respeitarem a fragilidade do consumidor, seja de comércio, distribuição, fabricação, prestação de serviços, dentre outras, em respeito ao princípio da ordem econômica constitucional, conforme preceitua o art. 170, inc. V da CF.
A preocupação do texto constitucional em referência a esse ponto deve-se a uma série de fatores econômicos, históricos e culturais, dentre os quais citamos as expressivas transformações na forma de produção e circulação de riqueza, após a Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mundial, afetando o modo de comercialização dos produtos e serviços, que deixa de ser pessoal e passa a ser massificado, eliminando a vontade e as condições de livre-escolha dos consumidores.
No âmbito internacional, foi reconhecida a necessária proteção destes sujeitos, os consumidores, a exemplo da declaração do presidente norte-americano John Kennedy, em 15 de março de 1962, perante o Congresso Norte Americano, no qual enunciou a existência de direitos fundamentais do consumidor, o que levou posteriormente que esta data do ano fosse consagrada como Dia Internacional do Consumidor. 
Acrescenta-se, também, a edição pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, ocorrida em 16 de abril de 1985, da Resolução nº A/RES/39/248, chamada de Diretrizes para a Proteção do Consumidor das Nações Unidas, fixando regras gerais a serem adotadas e observadas por todos os países integrantes da organização, reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor no mercado em termos econômicos, de informação e quanto ao seu poder de negociação, merecendo então um tratamento especial.
A orientação prevista na Constituição de 1988, para a elaboração de um código específico de proteção dos consumidores foi cumprida com a colaboração inestimável de vários juristas e resultou no anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor, com 119 artigos, aprovado pelo Congresso Nacional, com vigência iniciada em 11 de março de 1991. O conteúdo da referida lei trouxe regras e princípios gerais, além de regras específicas sobre os mais variados instrumentos e institutos de proteção ao consumidor, de aspecto multidisciplinar jurídico, envolvendo diversas temas de áreas como Direito Civil, Direito Penal, Direito Administrativo, Direito Processual Civil e Direito Processual Penal.
1.2- PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
A identificação do consumidor como pessoa destinatária de atenção e cuidados especiais no mercado, tem fundamento na Constituição Federal de 1988 e no Código de Defesa do Consumidor. O art. 170 da Constituição é claro ao determinar que toda e qualquer atividade econômica desenvolvida no Brasil levará em conta a defesa do consumidor.
O mesmo entendimento tem o artigo 4º, I, do CDC, que estabelece como valor principal o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. A razão da referida proteção deve-se ao fato de que o consumidor é o elo mais fraco da economia e é relevante que uma lei especial, no caso o Código de Defesa do Consumidor, venha conferir uma tutela maior a este.
Atualmente, o ato de consumir é uma necessidade básica e vital. Gêneros alimentícios, vestuário, saúde, lazer, serviços de transporte, telefonia, energia elétrica e água são ofertados ao público mediante pagamento e sob condições pré-estabelecidas pelosfornecedores, em larga escala e de um modo que raramente permite aos consumidores um direito de escolha livre e consciente. Acrescente-se a isso a utilização, pelos fornecedores, de avançadas técnicas de marketing, que criam constantes necessidades de consumo, muitas delas nem sempre conscientes.
Dentro dessa realidade, as opções do consumidor são, basicamente, aceitar ou não aceitar; confiar no que édito pelos fornecedores ou deixar de consumir, o que não é viável, se não há como o consumidor deixar de ter acesso a bens e serviços que comumente são a base de sua sobrevivência. 
Nos últimos anos, os avanços tecnológicos e pós-industriais modificaram profundamente os meios de produção e comercialização dos produtos e serviços. Com a rede mundial de computadores (internet), há inúmeros consumidores adquirindo produtos e serviços através de um computador, em um ambiente mais complexo, que expõe a privacidade do consumidor e, muitas vezes, limita as informações necessárias para o exercício de uma escolha livre e consciente. 
A oferta de produtos e serviços em larga escala, do mesmo modo, dificulta ao fornecedor individualizar seu atendimento, desconsiderando as necessidades reais do destinatário final do processo de produção e circulação de bens e serviços. 
Sem conhecer ou ver garantidos quais direitos lhe assistem, os cidadãos não tem boas condições de avaliar, no seu dia-a-dia, em que situação está em iminência de sofrer um prejuízo ou quais medidas ele pode adotar para evitar que este aconteça. O conhecimento dos direitos do consumidor permite que o cidadão os exerça em sua plenitude na sociedade, e não conseguindo compreende-los em sua totalidade, deverá contar ainda com todo o auxílio e intervenção do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
A aplicação do Código de Defesa do Consumidor determina um certo cuidado na identificação do consumidor e de quais atividades são tratadas nas referidas leis. Cabe ressaltar que o CDC não tem aplicabilidade a todas as relações econômicas, mas fica restrita a identificação de atividades econômicas as quais estejam o consumidor e o fornecedor, e entre eles uma transação envolvendo produto e/ou serviço.
A Lei nº 8.078/90 pressupõe que o consumidor é um sujeito vulnerável ao adquirir produtos e serviços ou simplesmente expor as práticas do mercado. A vulnerabilidade é ponto fundamental do CDC e traduz-se na insuficiência, na fragilidade de o consumidor se manter imune a práticas lesivas sem a intervenção auxiliadora de órgãos ou instrumentos para a sua proteção. A vulnerabilidade permeia todos os aspectos de proteção do consumidor. 
Uma vez caracterizada a vulnerabilidade do consumidor, o Estado é obrigado a intervir no mercado a partir da Lei para garantir aos consumidores o restabelecimento da igualdade e respeito à sua existência digna.
No entanto é importante ressaltar que o CDC não é uma lei que protege o consumidor a todo e qualquer custo. Esta lei veio para restabelecer uma situação de equilíbrio entre consumidor e fornecedor, devendo o consumidor pagar um preço justo e agir de boa-fé, se estabelecendo a meta de harmonização das relações de consumo.
O Código de Defesa do Consumidor é um microssistema jurídico que determina a prevalência do princípio da boa-fé e transparência nas relações de consumo, com o intuito de garantir a harmonização dos interesses das partes, restabelecendo uma situação de igualdade onde há uma desigualdade de fato. O mesmo Código instituiu o princípio da proteção da confiança do consumidor, tendo como um de seus aspectos a proteção da confiança na prestação contratual, que dará origem as normas cogentes do CDC, que procuram garantir ao consumidor a adequação do produto ou serviço adquirido, assim como evitar riscos e prejuízos oriundos destes produtos e serviços.
A transparência, confiança, harmonia nas relações de consumo, reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, bem como a harmonização dos interesses, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores são princípios expressamente previstos no art . 4º da legislação consumerista em comento.
A Política Nacional das Relações de Consumo tem como objetivos o respeito à dignidade, o atendimento à saúde e segurança dos consumidores, a proteção dos interesses econômicos e a transparência e harmonia nas relações de consumo, por intermédio do reconhecimento do princípio da vulnerabilidade.
1.3- CONSUMIDOR
O consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo. O Código de Defesa do Consumidor o define como “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (art.2º, caput, CDC). 
No tocante às empresas e pessoas físicas que exercem atividades profissionais, existe divergência na doutrina e jurisprudência, quando o assunto é definir qual o sentido e alcance da expressão destinatário final.
Há aqueles que interpretam essa expressão permitindo que o simples ato de retirar o produto ou serviço do mercado (destinatário fático) já caracteriza uma relação de consumo, pouco importando a destinação que será dada ao mesmo (teoria maximalista). De outro lado, há parte da doutrina que não entende correta a aplicação da lei de consumo quando a aquisição de produtos ou serviços for feita por pessoa física ou jurídica que emprega os mesmos para dar-lhes novas finalidades econômicas (teoria finalista). 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ tem adotado uma solução interessante, ou uma linha segura de interpretação, para concluir pela aplicação ou não do CDC às empresas ou profissionais que empregam os produtos ou serviços para incremento de suas atividades: examinar, em cada caso específico, se estes empresários estão em situação de vulnerabilidade, ou seja, se contratam em situação notoriamente fragilizada com fornecedores que detenha conhecimentos mais específicos do produto. No entendimento do STJ, pessoa jurídica só pode ser classificada como consumidora se provar sua vulnerabilidade in concreto. Essa interpretação do Tribunal é conhecida como interpretação finalista aprofundadam por concentrar-se nos conceitos de consumidor final imediato e de vulnerabilidade. Essa concepção, além de ser condizente com o art. 2º do CDC, propicia adequada proteção ao consumidor, tendo em vista que, ao mesmo tempo em que limita o campo de aplicação do CDC àqueles que realmente necessitam de proteção, também logra proteger pessoas jurídicas que comprovem a sua vulnerabilidade no caso concreto.
Afora o conceito padrão de consumidor contido no art. 2º, caput, do CDC, podem também ser consumidores, “ a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo” (parágrafo único do CDC); as vítimas do evento de que cuida o art. 17 do CDC; além de “todas as pessoas, determináveis ou não, expostas as práticas abusivas”.

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