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50
Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
 
 
 
Gleise Assis Ferreira
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
NA ASSOCIAÇÃO DE
 PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
:
Uma Reflexão Sobre a Síndrome de 
Down
 e
 
Dificuldades e Possibilidades desta Atuação.
.
Mercês/MG
2017
Gleise Assis Ferreira
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
NA ASSOCIAÇÃO DE
 PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
 
(APAE)
:
Uma Reflexão Sobre a Síndrome de 
Down
 e
 
Dificuldades e Possibilidades desta Atuação.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador
: Maria 
Lucimar
 Pereira.
Tutor eletrônico: 
Juliana Caetano 
Silveira
Tutor de sala:
 Claudete das Mercês Vieira
 
Mercês/MG
2017
Londrina, _____de ___________de 20___.
Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou em minha formação. Mas principalmente a m
eu esposo, que é meu exemplo de companheiro 
e que sempre acreditou em minhas conquistas, apoiando e colaborando no meu desempenho acadêmico.
agradecimentos
Primeiramente a Deus, que proporcionou esta caminhada, ajudando a superar todos os obstáculos até aqui e que nos ilumina todos os dias.
A minha família que acompanharam todo este percurso sempre incentivando a continuar.
Ao meu amor, que teve todo cuidado e paciência comigo durante esse percurso tão difícil.
Aos professores que contribuíram para a nossa formação acadêmica, com todo conteúdo disciplinar oferecido.
As minhas colegas de sala, algumas em especial, que sempre contribuíram durante esses longos períodos do curso, principalmente nas atividades em grupo.
FERREIRA, Geise Assis. A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE): Uma Reflexão Sobre a síndrome de down as Dificuldades e Possibilidades desta Atuação. 2017. 51 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Serviço Social) – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Mercês, 2017.
RESUMO
Este trabalho tem como tema central a Atuação do Assistente Social na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), porque durante a inserção no campo de estágio foi perceptível algumas práticas ainda conservadoras que muitas vezes impediam ou diminuíam a ação deste profissional, despertando a curiosidade em conhecer e refletir sobre os aspectos teóricos da prática profissional nesses espaços, e as possibilidades do mesmo como fortalecimento da categoria enquanto classe trabalhadora. Muitos aspectos influenciam o cotidiano do “fazer” profissional do Assistente Social na APAE , Veremos inicialmente uma abordagem sobre os aspectos sociais, históricos e biológicos da Síndrome de Down. Em seguida serão abordados os aspectos sociais e culturais da doença nas especificidades da realidade brasileira. A partir disto, discutiremos a noção de saúde mental, dentre eles, a existência de lacunas que deveriam ser preenchidas com clareza do papel profissional de Serviço Social dentro de instituição de terceiro setor e a necessidade de alguns profissionais de se apropriarem do conhecimento como estratégia de luta. 
 A literatura usada para a construção deste Trabalho de Conclusão de Curso levou em consideração as principais discussões sobre os aspectos sociais, históricos e biológicos da Síndrome de Down. E também a atuação do profissional da assistência social na (APAE). Para tanto foram utilizados como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica a fim de identificar através do mesmo as dificuldades encontradas por estes profissionais para materialização de sua atuação profissional. Pode-se concluir que é de suma importância a prática da assistente social dentro desta instituição para que os direitos assegurados a essas pessoas sejam cumpridos na íntegra para que as mesmas tenham uma qualidade de vida satisfatória.
Palavras-chave: Serviço Social; Síndrome de Down; Saúde Mental.
FERREIRA, Geise Assis. THE PROFESSIONAL ACTIVITY OF THE SOCIAL ASSISTANT IN THE ASSOCIATION OF PARENTS AND FRIENDS OF THE EXCEPTIONAL (APAE): A Reflection On Down Syndrome The Difficulties and Possibilities of this Practice. 2017. 51 pages. Course Completion Work (Bachelor in Social Work) - Connected Classroom Teaching System, Universidade Norte do Paraná, Mercês, 2017.
ABSTRACT
This work has as its central theme the role of the Social Worker in the Association of Parents and Friends of the Exceptional (APAE), because during the insertion in the internship field some conservative practices were observed that often prevented or diminished the work of this professional, curiosity in knowing and reflecting on the theoretical aspects of professional practice in these spaces, and the possibilities of it as a strengthening of the category as a working class. Many aspects influence the daily life of the Social Worker's professional "doing" in APAE. We will initially see an approach on the social, historical and biological aspects of Down Syndrome. Next, the social and cultural aspects of the disease will be approached in the specificities of the Brazilian reality. From this, we will discuss the notion of mental health, among them, the existence of gaps that should be filled with clarity of the professional role of Social Work within a third sector institution and the need for some professionals to appropriate knowledge as a strategy of fight.
 The literature used to construct this Course Completion Work took into account the main discussions about the social, historical and biological aspects of Down Syndrome. And also the work of the social assistance professional (APAE). For this purpose, the bibliographic research was used as methodological procedures in order to identify through it the difficulties encountered by these professionals to materialize their professional performance. It can be concluded that it is of paramount importance the practice of the social worker within this institution so that the rights assured to these people are fulfilled in full so that they have a satisfactory quality of life.
Keywords: Social Service; Down's syndrome; Mental health.
	
	
	
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso é também conhecida como trissomia 21, geralmente identificada no nascimento. Comumente está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como característica aparência facial.
Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a Síndrome de Down (SD), mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade em relação à idade materna, mais frequente a partir dos 35 anos. Paradoxalmente, o nascimento de crianças com SD é mais frequente entre mulheres com menos de 35 anos, devido ao fato de que mulheres mais jovens geram mais filhos, assim como a influência do diagnóstico pré-natal, que é oferecido sistematicamente às mulheres com mais de 35 anos.
Essa condição genética gera implicações sociais e econômicas, onde incide a atuação do assistente social, no que diz respeito à defesa dos direitos e inclusão social das pessoas com deficiência. O tratamento dessa síndrome é pertinente ao universo da saúde mental uma vez que essas pessoas têm maior probabilidade de manifestar transtornos de humor, obsessividade e demência, comparando com outras pessoas com deficiência intelectual. Muitas vezes essas características são resultado de seus relacionamentos, experiências de vida e dificuldade de assimilar o significado das situações.Dentre os profissionais que atuam nessa área está o assistente social. Diante disso, importa estudar como ocorre o trabalho desse profissional no campo em discussão. Assim, o presente trabalho objetivou compreender a atuação do assistente social junto à pessoa com SD.
Este trabalho de conclusão de curso de graduação em Serviço Social é fruto de estudo teórico sobre o trabalho do assistente social na (APAE ) instituição que volta-se ao atendimento de crianças com todos os tipos de deficiência, incluído a SD.
Para organização do material coletado, o trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro deles é abordado o histórico de como eram vistas e tratadas as pessoas com deficiência mental, em que, segundo supostas evidências históricas, tratavam-se de pessoas com Síndrome de Down (SD). Mostra-se apontamentos sobre a existência de pessoas com deficiência mental desde 1500 A.C., e todo o desenvolvimento e visão social desde aquele momento até os dias atuais. De fato é uma longa caminhada na história, e desses 3505 anos, a real evolução no conhecimento da Síndrome de Down se deu nos últimos 139 anos. São relatados os primeiros estudos científicos acerca da SD, seus aspectos e determinações biológicas, e qual o impacto que condição genética no desenvolvimento intelectual dessa pessoa. Pesquisas atuais mostram a aceleração do conhecimento humano em todos os campos e especificamente na genética; o ativo mapeamento do genoma humano abre campo para que o homem fique cada vez mais perto do seu ideal de vida com qualidade e longevidade.
Seguindo este raciocínio, analisam-se, então, os aspectos sociais que incidem nas pessoas com deficiência mental. São discorridos os dados históricos de como foi o início e desenvolvimento da maneira de lidar com deficientes no Brasil, bem como a importância da família na inserção social. Hoje, crianças com SD podem ter um desenvolvimento motor muito próximo às crianças que não tem, falam, correm e brincam. Muitas aprendem a ler, escrever; outras, a tocar instrumentos; praticam esportes, e tantas outras se dedicam a uma profissão ou às artes, conforme suas potencialidades que devem ser aproveitadas ao máximo. As pessoas com SD têm inúmeras potencialidades e revelam-nas quando bem integradas à família e à comunidade. Os direitos conquistados e assegurados pela Constituição brasileira também são discorridos neste subitem. As pessoas com deficiência têm uma série de direitos garantidos por lei. Eles incluem direito a ter acesso à educação, a escolas inclusivas, a preferência de atendimento em hospitais públicos, a aprendizagem de um ofício, a mediadores, a transporte acessível e a benefícios sociais, entre outros.
A saúde mental como área de atuação do Serviço Social é discutida no capítulo 3 (três), na análise de acontecimentos históricos da profissão e sua inserção profissional na conjuntura sócio-histórica nacional, bem como as transformações ocorridas no contexto da saúde mental.
É exposto como se deu o surgimento e a ampliação das instituições que prestam serviços de atendimento e acolhimento às pessoas com deficiência.
Por fim, se tem as considerações finais, que demonstram que nas últimas décadas, a experiência com pessoas com síndrome de Down mostra que o ambiente em que elas crescem faz toda a diferença na realização de seu potencial. Inúmeros estudos confirmam que a inclusão, área de atuação do Serviço Social, além de um direito, é muito mais benéfica para o desenvolvimento da pessoa do que a segregação em ambientes especiais. A criança com síndrome de Down é, antes de tudo, uma pessoa, uma criança, com direitos, como todas as outras. Tem sua personalidade e características próprias, que não é e nem deve ser definida apenas pela sua ocorrência genética. Se esta criança crescer em um ambiente de estímulos físicos e intelectuais propiciados pela inclusão, - vai se desenvolver melhor e ter mais condições de alcançar toda sua potencialidade.
49
2.0.	SÍNDROME	DE DOWN: ASPECTOS	SOCIAIS, HISTÓRICOS	E BIOLÓGICOS.
2.1.Síndrome de Down: aspectos históricos e biológicos
Há indicativos de que a Síndrome de Down exista a milhares de anos. As evidências históricas indicam que é provável que sempre tenha havido pessoas com esta síndrome na humanidade. Com o conhecimento dos dias de hoje em relação a sua frequência e seu fenótipo, não é fácil acreditar que ela só tenha sido identificada em 1866. É provável que a ausência de evidências concretas se deva às altas taxas de mortalidade infantil da época.
Esculturas dos Olmecas, que viveram no México, entre 1500 A.C. e 300 D.C., são as primeiras evidências do conhecimento da Síndrome de Down (SD). Acreditavam que os as pessoas que nasciam com essa síndrome fossem resultado de um cruzamento entre mulheres de idade avançada com Jaguar, considerado objeto de culto religioso. Em uma parte da América Central existiam estatuetas de pessoas, supostamente, com SD e representações de relações sexuais entre mulheres e onça, que ajudaria a esclarecer o nascimento das crianças portadoras da síndrome, já que o totem dos olmecas era representado por uma onça.
Durante a Idade Média, a humanidade começou a pensar de outra maneira; os indivíduos com alguma deficiência eram discriminados e abandonados, pois se acreditava que eles não eram humanos, mas um monstro pertencente à outra espécie. Havia a ideia de que os deficientes eram resultado da união entre o demônio e a mulher. Martinho Lutero foi um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia germânico; Figura central da Reforma Protestante, posicionando-se contra os conceitos da Igreja Católica veementemente ao contestar a alegação de que a liberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada. E por esse motivo,Lutero, que viveu no século XVI, ordenava que a criança e sua mãe fossem sacrificadas.
De forma, diferente, Santo Agostinho que foi um importante bispo cristão e teólogo. afirmava que o fato de as crianças nascerem com algum tipo de deficiência não tinha relação alguma com a vingança divina e, portanto, considerava inocentes aquelas crianças.
Antigos registros mostram pessoas com características físicas da síndrome em um altar na cidade de Aachen, na Alemanha, de 1505. Conforme alguns pesquisadores, vários artistas da Idade Média e do Renascimento usaram pessoas traços físicos da SD, ao pintarem figuras angelicais e o menino Jesus.
No entanto, a existência de uma síndrome com fácies característico foi oficialmente apresentada à comunidade científica pela primeira vez por Edouard Onesimus Seguin, em 1846, mas não havia um estudo publicado caracterizando uma pesquisa.
O primeiro relato feito pelo médico inglês John Langdon Haydon Down, em 1866, que trabalhava em uma clínica inglesa especializada em crianças com atraso neuropsicomotor. Listou com clareza as características físicas similares que observou em alguns filhos de mães acima de 35 anos de idade, descrevendo-os como crianças médico explicou essa síndrome como uma teoria étnica, sugerindo que essa, era um estado regressivo da evolução, por degeneração, a uma primitiva raça, os mongóis, devido aos semelhantes traços característicos das pessoas com a síndrome. 
Foi À época, a raça caucasiana6 era tida como raça superior, seguida pela mongólica e por último, a negra. Esse título foi facilmente aceito no universo científico, acabou por influenciar de modo negativo a imagem do portador da síndrome, criando vários preconceitos que os seguem até os tempos de hoje. (Disponível em www.portalsaofrancisco.com.br, acesso em 15 de setembro de 2017).
Após a descrição de Down, os estudos sobre a causa da síndrome atribuíram-na à tuberculose, à sífilis e ao hipotireoidismo, sendo os pacientes considerados como Durante o período que antecedeu a identificação da alteração
cromossômica, os pacientes foram rejeitados e mantidos sob regime hospitalar, em condições precárias. O fim desse primeiro período da história da SD é marcado por uma intolerânciade raízes religiosas e culturais e coincide com o Holocausto Judeu, um dos ícones do preconceito humano.
Em 1959, quase cem anos após a descrição do Dr. Down, os cientistas franceses Jerome Lejeune e Patricia Jacobs, trabalhando de forma independente, descobriram aspectos genéticos desta condição, e determinara como sendo a trissomia do cromossomo. Esses cientistas deram-lhe o nome desyndromé = reunião, concurso), e traduz-se na medicina por um aglomerado de sintomas e sinais clínicos, que podem ser resultado de mais de uma causa; e Down em homenagem ao doutor que anos atrás pesquisara sobre a síndrome. Esta foi a primeira alteração cromossômica detectada na espécie humana, que marca o segundo período da história da SD, trazendo consigo uma fase repaginada de interesse científico.
Em 1960, Polani descreveu casos de translocação, ou seja, partes do cromossomo 21 colado em outro cromossomo qualquer; em 1961, descreveu o primeiro caso de mosaicismo, duas linhagens celulares possuindo diferentes padrões cromossômicos. No caso da SD, uma linhagem celular com 46 (normal) cromossomos e outra com 47 (com a trissomia 21). 
A partir das últimas décadas do século XX se inicia o reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente. Essa importância passou a ganhar destaque em vários países do mundo, e definia que toda criança, independente de sexo, raça, cor, religião ou capacidade mental teria direito a cuidados médicos e educação.
Começou dessa maneira a fase do interesse científico aliado ao interesse educacional; e hoje, a institucionalização, a marginalização e a ignorância cedem, gradualmente, lugar ao segmento interdisciplinar humanizado e especializado.
A SD é a causa genética mais frequente de deficiência intelectual e sua incidência é estimada em 01 (um) a cada 600 (seiscentos) nascidos vivos. O erro genético presente nessa Síndrome é a trissomia do cromossomo 21 e o exame laboratorial que comprova a presença desse erro é o cariótipo. O cariótipo humano normal apresenta 46 cromossomos autossômicos, semelhantes dois a dois, formando 23 pares e dois cromossomos sexuais. Neles estão situados os genes responsáveis pelas características da pessoa. Os cromossomos autossômicos determinam a cor dos olhos, estatura, por exemplo. Os sexuais determinam o gênero. (CRUZ, 19097)
Diferentemente dos 23 pares de cromossomos que constituem o nosso genótipo, o cariótipo de um portador apresenta 47 cromossomos autossômicos, estando o material cromossômico excedente ligado ao par de número 21, o menor dos autossomos, que contém aproximadamente 1,7% do genoma humano, conforme 
Os cromossomos são formados por duas partes que observados a partir do estrangulamento central formam dois braços superiores e dois inferiores, podendo ser curtos ou longos. O cromossomo 21 é acrocêntrico, ou seja, tem dois braços longos e dois curtos. Os genes contidos no braço longo são os que têm maior influência no fenótipo da Síndrome de Down, ligados às alterações como cardiopatia, leucemia, branquicefalia e deficiência intelectual grave. Essa formação pode ocorrer no óvulo, no espermatozoide ou após a união dos dois (ovo) ou até por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez, apesar de não se saber ainda o que causa a síndrome.
Não existem graus de Síndrome de Down, o que existe é uma leitura deste padrão genético por cada indivíduo, como ocorre com todos os seres humanos. Assim, como existem diferenças entre a população em geral, também existem diferenças entre as pessoas com Síndrome de Down.
Há três tipos de Síndrome de Down:
Trissomia livre (92% dos casos): quando a constituição genética destes indivíduos é caracterizada pela presença de um cromossomo 21 extra em todas as suas células. Nestes casos, o cromossomo extra tem origem no desenvolvimento anormal do óvulo ou do espermatozoide onde ocorre uma não disjunção durante a meiose, na gametogênese, sem razões conhecidas. Em consequência, quando os mesmos se encontram para formar o óvulo fecundado estão presentes, em um dos gametas, três cromossomos 21 no lugar de dois. Ao longo do desenvolvimento embrionário o cromossomo adicional permanece acoplado a todas as células do indivíduo em função da divisão celular.
 Mosaicismo (2 a 4 % dos casos): onde células de 46 e de 47 cromossomos estão mescladas no mesmo indivíduo. Este tipo de alteração deve-se a uma situação semelhante a da trissomia livre, sendo que neste caso, o cromossomo 21 extra não está presente em todas as células do indivíduo. Acredita-se, então, que o óvulo pode ter sido fecundado com o número habitual de cromossomos, mas, devido a um erro na divisão celular no princípio do desenvolvimento do embrião, algumas células adquirem um cromossomo 21 adicional. Desta forma, a pessoa com Síndrome de Down por mosaicismo terá 46 cromossomos em algumas células e 47 em outras (número ocasionado pelo cromossomo 21 adicional). Nesta situação a proporção dos problemas físicos ocasionados pela trissomia pode variar em conseqüência da proporção de células com 47 cromossomos. Crianças com síndrome de Down por mosaicismo podem alcançar um ritmo mais rápido em determinadas áreas de desenvolvimento, mas parecem apresentar um perfil de pontos fortes e fracos semelhantes.
 Translocação (3 a 4% dos casos): quando o material genético sobressalente pode estar associado à herança genética. Neste caso, todas as células possuem 46 cromossomos, porém, parte do material de um cromossomo 21 adere ou transloca-se para algum outro cromossomo. Este fato pode acontecer antes ou durante o momento da concepção. Nestas situações, as células dos indivíduos com Síndrome de Down têm dois cromossomos 21 normais, no entanto, encontramos também material adicional proveniente do cromossomo 21 aderido a algum outro cromossomo, o que dá ao indivíduo as características da Síndrome de Down. A translocação se produz quando uma porção do cromossomo 21 se adere a outro cromossomo durante a divisão celular.
Apenas o exame do cariótipo é que realmente comprova o cromossoma extra com um número total de 47, como resultante da trissomia do cromossomo 21. Os traços fenotípicos característicos também podem auxiliar na identificação, mas somente acompanhados do exame, podem comprovar essa condição. É possível realizar um diagnóstico pré- natal utilizando diversos exames clínicos como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do líquido amniótico entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta). Ambos os exames diagnosticam a SD e outras cromossopatias.
Os sinais físicos e orgânicos são característicos como: olhos puxados, língua parecendo ser demasiadamente grande para a boca, orelhas pequenas e por vezes têm uma parte um pouco dobrada, nariz pequeno, achatado e largo, má formação cardíaca, distúrbios visuais incluindo estrabismo e catarata, dentre outros sinais que necessariamente não precisam se manifestar ao mesmo tempo no mesmo indivíduo.
As pessoas com a síndrome apresentam, em consequência, retardo mental (de leve a moderado) e alguns problemas clínicos associados. O atraso no desenvolvimento na pessoa com a síndrome pode ainda estar associado a outros problemas clínicos com: cardiopatia congênita (40%), hipotonia (100%), problemas auditivos (50 70%), de
visão (15 50%), distúrbios da tireoide (15%), problemas neurológicos (5 10%) e obesidade e envelhecimento precoce. Alguns problemas sérios e menos comuns incluem leucemia, deficiências do sistema imunológico e epilepsia. Outros, como más formações no coração, estão presentes no nascimento, enquanto outros, como epilepsia, tornam-se aparentes com o tempo. Por outro lado, pessoas com síndrome de Down têm menores chances de desenvolver algumas doenças, dentre elas, vários tipos de câncer.
Outro problema que merece atenção especial no adulto com síndrome de Down é a doença de Alzheimer, à medida que ele envelhece. Muitos relatos falam do aumento da ocorrência desta condição em adultos com a trissomia, mas apesar de os cérebros daspessoas com síndrome de Down com 40 anos ou acima apresentarem anormalidades normalmente encontradas em pessoas com Alzheimer, não se pode afirmar definitivamente que todas elas desenvolvam a doença. Estima-se que entre 15% e 25% de pessoas mais velhas com síndrome de Down apresentam sinais precoces de Alzheimer. Fonte: www.movimentodown.org.br.
A amamentação é muito importante para os bebês, mas para os que têm síndrome de Down ela pode significar muito mais. A sucção no peito da mãe fortalecerá a musculatura do bebê na boca, aparelhos digestivo e respiratório e até mesmo do sistema auditivo, evitando refluxos, infecções de ouvido e preparando o bebê para a fala.
Os aspectos médicos compreendem antecipar e prevenir efeitos da condição, ao reconhecer complicações, administrar os sintomas individuais, e dar assistência ao indivíduo e sua família para que se desenvolvam com as deficiências e as doenças relacionadas.
Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a SD, mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna, e isto é mais frequente a partir dos 35 anos, quando os riscos de se gestar um bebê com SD aumentam de forma progressiva.
A síndrome de Down é uma ocorrência genética natural e universal, estando presente em todas as raças e classes sociais. É a alteração genética mais comum, sendo registrados aproximadamente em 01 de cada 700 nascimentos. Não é uma doença e, portanto, as pessoas com síndrome de Down não são doentes. Não é correto dizer que uma pessoa sofre de, é vítima de, padece ou é acometida por síndrome de Down. O correto seria dizer que a pessoa tem ou nasceu com a síndrome de Down. A síndrome de Down também não é contagiosa. (ADIRON, sd, Fábio Adiron, membro da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Educação Inclusiva).
Sobre a sua sexualidade, adolescentes com SD que vivem num ambiente sem tantos estímulos parecem tender a construir relações de amizade e a não se interessarem tanto por relacionamentos sexuais propriamente ditos. O comportamento sexual habitual do indivíduo essa condição genética é o de passividade. O interesse pelo sexo oposto é ingênuo na grande maioria dos adolescentes, o que explica a educação sexual global direcionada a grupos em particular, quando há realmente uma justificativa àqueles que desenvolvem vida sexual ativa. Apesar de toda a peculiaridade que o tema oferece,assim como em todas as famílias com jovens e adultos, deve ser conversado sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e os métodos contraceptivos.
Estudos apontam que os meninos adolescentes são inférteis, havendo uma série de fatores associados, como oligoespermia ou azoospermia (redução ou ausência de espermatozoides), muitos relatos de hipogenitalismo (genitália menor) e hipogonadismo. Já as adolescentes, habitualmente, possuem maturação e funcionamento sexual sem grandes alterações, havendo relato de frequência aumentada de ciclos anovulatórios. Teoricamente, uma mulher portadora de Síndrome de Down tem 50% de chance de gerar um bebê com SD. Considerando que muitos fetos com trissomias e outras alterações genéticas sofrem abortamento, estima-se que mais de 50% dos nascidos vivos não sejam bebês com síndrome de Down.
Assim, como ocorre com mulheres sem a síndrome, a gravidez só é considerada de risco se a gestante apresentar algum problema de saúde que justifique cuidados extras, como cardiopatia, pressão alta, diabetes ou obesidade. Além disso, é importante ter atenção aos cuidados do pré-natal pela falta de informação da gestante e da família, pode ocorrer que mães nessas condições só se consultem com um médico quando a gestação já estiver adiantada. Os cuidados durante a gravidez são os mesmos que todas as outras mulheres devem tomar. O tipo de parto é definido de acordo com o estado geral da mulher e do bebê caso a mãe tenha um problema de saúde para a qual não seja indicado o parto normal e/ou o bebê apresente alguma malformação, a cesárea será o método escolhido. A vontade da paciente também é levada em consideração: se ela e sua família se sentirem mais seguras com a cesárea, o médico provavelmente fará esta opção. (Fonte: www.movimentodown.org.br)
Assim como os pais que já tem filhos com a síndrome, devem fazer acompanhamento genético com especialistas se desejarem ter outros filhos. O Brasil tem 300 mil pessoas com a Síndrome de Down, cerca de cinco mil crianças nascem com a síndrome a cada ano, segundo dados estatísticos do IBGE, no ano de 2000. As informações são do pediatra e geneticista Zan Mustacchi, chefe do Departamento de Genética do Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas e responsável pelo tratamento de 20% da população com a síndrome no país. Na América do Sul, um bebê com Down nasce entre 600 crianças nascidas vivas.
Nos atuais dias as pessoas com Síndrome de Down têm apresentado avanços impressionantes e rompido muitas barreiras. Em todo o mundo há pessoas com essa alteração que estudam, trabalham, vivem sozinhas e constituem uma família. A melhor forma de combater o preconceito é através da informação e inclusão de todas as pessoas, na família, na escola, no mercado de trabalho e na comunidade. Segundo o Censo IBGE (2007), cerca de 14,5% da população brasileira, 24,5 milhões de pessoas, apresenta algum tipo de deficiência física ou intelectual. Desse total, 10% apresentam limitações intelectuais, como é o caso da Síndrome de Down.
Embora não haja cura para a Síndrome de Down, as estatísticas têm demonstrado um grande progresso na longevidade e na qualidade de vida dos indivíduos afetados pela doença. Quando a caracterização genética foi descoberta, em 1959, a expectativa de vida da criança era de apenas 15 anos, na década de 1920, de 9 a 10 anos, e hoje, a mesma pessoa poderia chegar aos 50 ou 60 anos de idade. Intelectuais podem chegar a 70 anos.
Ainda assim, esses indivíduos tem uma menor expectativa devido à maior presença de anomalias orgânicas e ao incremento de doenças infecciosas no grupo (SIMILA et al., 1986). No que se refere ao intelecto, também os ganhos foram notáveis: aumento de 20 pontos percentuais no QI (quociente de inteligência). Essa melhora na sobrevida e na qualidade de vida foi possível graças ao avanço dos diagnósticos e tratamentos. Até hoje, apenas 20 pessoas com a síndrome, classificada como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ingressaram no ensino superior no país, segundo levantamento da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (Febasd). Os cursos mais procurados foram educação física (quatro estudantes) e pedagogia (três). O Rio Grande do Sul é o estado campeão em número de universitários (quatro), seguido por São Paulo (três). (Disponível em: http://www.movimentodown.org.br - Acesso em: 02 de setembro de 2017)
Sabendo-se quais são as enfermidades às quais esses indivíduos estão propensos, é possível desenvolver um trabalho preventivo, de modo a evitar outras enfermidades, e tratando-as precocemente, quando necessário. No que se refere à inteligência e escolaridade, as condutas terapêuticas fizeram, também, grandes progressos. Hoje, muitos indivíduos com Síndrome de Down são alfabetizados e estão inseridos no mercado de trabalho. Não podemos perder de vista, entretanto, que essas conquistas não estão ao alcance de todos os pacientes. Elas dependem, principalmente, de condições familiares propícias, do tratamento precoce e adequado e das oportunidades oferecidas pelas comunidades em que vivem. (Disponível em www.g1.globo.com - Acesso: 14 de agosto de 2017).
Ao nascer, uma criança com Síndrome de Down, além do acompanhamento pediátrico normal, é necessário que lhe ofereça orientação de geneticista e de outros especialistas. Além disso, a criança deve ser submetida a tratamentos através de estímulos (terapia ocupacional) entre outros, que irão minimizar os efeitos das alterações neuromotorase fonoarticulatórias (eles compreendem acima do que são capazes de emitir). Este tratamento deve ser iniciado tão logo seja diagnosticada a síndrome e precisa ser desenvolvido por equipe integrada de fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, psicólogo, e quaisquer profissionais que estimulem a criança para um melhor desenvolvimento motor e intelectual. É importante não se perder de vista a família e as dificuldades que enfrentam desde o nascimento de seu filho com Síndrome de Down.
A infância é a fase determinante para que a pessoa atinja sua potencialidade. O primeiro ano de vida é de vital importância e a prevenção, detecção e tratamento imediato das diversas afecções podem evitar ou amenizar inúmeras complicações limitantes para a vida. Muitas medidas devem ser tomadas como o controle de infecções, cirurgias cardíacas, tratamentos auditivos entre outras. O importante é se esclarecido que qualquer problema com a pessoa com Síndrome de Down deve ter tratamento imediato e o mais precoce possível, pois os primeiros anos de vida são os que determinarão como será o caminho de sua vida. No primeiro ano, é quando a criança apresenta maior velocidade em seu crescimento e desenvolvimento e também é a fase onde apresenta as melhores respostas a qualquer estímulo do seu desenvolvimento, além de ser também a etapa da vida com maior risco de vida, principalmente no que diz respeito às cardiopatias, que é a principal causa de óbito.
Diante do alto número de pessoas que possuem Síndrome de Down e das questões apresentadas, pesquisas e estudos são realizados em número crescente. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, EUA, descobriram o mecanismo que evita a formação de óvulos e espermatozóides com cromossomos duplicados. A pesquisa pode ser a chave para explicar várias doenças que envolvem excesso de material cromossômico, como a síndrome de Down. No Brasil também há importante pesquisa sendo feita pelo Centro de Biotecnologia Molecular e Estrutural da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) que está desenvolvendo uma pesquisa que visa minimizar as consequências da SD. O objetivo é descobrir um medicamento que iniba o processo e, portanto, elimine algumas sequelas da doença. (Fonte:http://www.euniverso.com.br)
É importante que se trate os diversos aspectos da síndrome de modo natural, que não haja exclusão social, e que o estímulo à qualidade de vida, principalmente por parte da família, seja feito desde os primeiros dias de vida. Nos últimos anos, pais e profissionais formaram grupos de discussão que têm contribuído muito para informar e disseminar o conhecimento sobre a síndrome em todo o país. Existem grupos regionais com quase 1000 participantes em todo o Brasil, entre pais e profissionais.
 O Brasil conta com o maior grupo de discussão na internet sobre síndrome de Down no mundo, com mais de 1300 participantes. Criado em 2002, tem integrantes de todo país, entre familiares, profissionais, as próprias pessoas com síndrome de Down, e até do exterior há brasileiros que moram no Japão e nos Estados Unidos. Funciona como psicólogo, conselheiro, confessor, orientador, tira-dúvidas e, principalmente, consultor para a inclusão das pessoas com SD em todas as instâncias da sociedade. 
2.2.	Aspectos sociais e culturais da SD: algumas especificidades da realidade brasileira.
Nos anos de 1970, na Europa e nos Estados Unidos da América, a inclusão social das pessoas com deficiência figurava entre os direitos sociais básicos expressos em importantes documentos legais e normativos. Mas o ideário da inclusão social das pessoas com deficiência realmente se consagrou no mundo ocidental, especialmente a partir da década de 1980, como lema impulsionador de importantes movimentos sociais e ações políticas. Gradativamente as sociedades democráticas divulgam, discutem e defendem a inclusão como direito de todos em relação aos diversos espaços sociais.
O avanço da medicina ao longo do século XX trouxe consigo uma maior atenção em relação aos deficientes. A criação dos hospitais-escolas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, na década de 1940, significou a produção de novos estudos e pesquisas no campo da reabilitação. Nesse contexto, havia uma clara associação entre a deficiência e a área médica. O fato é que, assim como ocorreu em outros países, a deficiência foi tratada em ambientes hospitalares e assistenciais. Ao estudar o assunto, os médicos tornavam-se os grandes especialistas nessa questão e passavam a influenciar, por exemplo, a questão educacional das pessoas com deficiência, tendo atuação direta como diretores ou mesmo professores das primeiras instituições brasileiras voltadas para a população em questão.
Contudo, o grau de desconhecimento sobre as deficiências e suas potencialidades seguiu na primeira metade do século XX, tendo em vista o número considerável de pessoas com deficiência mental, tratadas como doentes mentais. A falta de exames ou diagnósticos mais precisos resultou numa história de vida trágica para milhares de pessoas nesta condição, internadas em instituições e completamente separadas do convívio social.
Felizmente, percebeu-se com o tempo que, assim como acontecia em outros países, as pessoas com deficiência poderiam estar nos ambientes escolares e de trabalho comuns a toda população, frequentando todos os lugares sociais como comércio, bares, restaurantes ou prédios públicos, enfim, não precisariam estar sempre restritas ao espaço familiar ou das instituições especializadas. Esta percepção está refletida na expansão de leis e decretos sobre os mais variados temas a partir da década de 1980.
Portanto, o percurso histórico das pessoas com deficiência no Brasil, assim como ocorreu em outras culturas e países, foi marcado por uma fase inicial de eliminação e exclusão, passando-se por um período de integração parcial através do atendimento especializado. Estas fases deixaram marcas e rótulos associados às pessoas com
 
deficiência, muitas vezes tidas como incapazes e/ou doentes crônicas. Romper com esta visão, que implica numa política meramente assistencialista para as pessoas com deficiência, não é uma tarefa fácil. Mas isso foi e ainda está sendo feito com o avanço da legislação nacional sobre este tema, contando agora com a contribuição direta das próprias pessoas com deficiência.
Durante muito tempo a pessoa com Síndrome de Down foi vista na sociedade como uma pessoa doente ou, ainda, como uma eterna criança, o que dificultava o desenvolvimento de suas potencialidades pela maneira como eram tratados nas relações sociais. A segregação social sofrida por elas dificultava o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Essa situação refletia a ênfase na deficiência e nos aspectos orgânicos, deixando-se em segundo plano a própria pessoa, seus desejos, interesses, possibilidades e direitos.
Com o advento da ciência cognitiva e da neurociência houve uma contribuição para o desenvolvimento de teorias que ajudaram a desenvolver as particularidades e especificidades da cognição das pessoas com Síndrome de Down. O estudo das
para a área e mostrando a importância deste tipo de intervenção em famílias de crianças com riscos de atraso no desenvolvimento, que inclui a Síndrome de Down.
Quando uma criança nasce, os pais entram num processo de acostumar-se com o bebê, deixando para trás toda idealização; ele chora, sente fome, sono, cólicas, e, portanto, este período se caracteriza pela adaptação dos pais a essa nova fase. No entanto, quando o bebê nasce com a Síndrome de Down, os pais criam, ainda, um fardo de	período de adaptação.
O processo de adaptação é ainda mais difícil. A família passa para um mundo cheio de novas informações e que cada pessoa em sua particularidade, com suas próprias ideias e princípios, tem mais facilidade ou dificuldade em lidar com a questão. Essa sobrecarga pode estar relacionada aos sentimentos de ansiedade e incerteza quanto à sobrevivência e desenvolvimento da criança, ao cuidado em longoprazo e ao próprio impacto desse cuidado sobre a vida pessoal da mãe.
Estes fatores podem causar um senso de limitação e restrição, resultante de um compromisso prolongado e crônico de cuidado. Para os pais, a situação não parece ser diferente das mães. Estes, em um estudo com famílias de crianças com SD, relataram sentir mais sobrecarga que os pais de crianças com desenvolvimento considerado normal (Rodrigue, Morgan & Geffken, 1992). A sobrecarga parece tornar-se mais um aspecto desencadeante do estresse e/ou de sentimentos vivenciados pelos genitores de crianças com deficiência mental. Os pais, por diversas vezes, têm um preconceito prévio ao nascimento do filho e raramente se dão conta disso. Muitas vezes se sentem culpados por estes sentimentos e acabam disfarçando essa questão. Isso é natural e a maioria das pessoas que se sentem assim, depois se dá conta de que rejeitou não propriamente a criança, mas a síndrome de Down. A representação formada do modo imaginário pelos pais e familiares do bebê com Síndrome de Down vai variar muito em função dos seus próprios (pré) conceitos acerca da síndrome e da sua experiência de como lidar com as diferenças. A falta de informação é o que leva a angústia do desconhecido e provoca medos desnecessários.
A criança precisa primeiramente ser inserida na sua própria família, caso contrário, fica muito difícil pensar em sua inclusão na sociedade. O bebê pode e deve ser inseridos na sociedade desde pequeno, em seus passeios de carrinho, eventos da família, ou seja, os mesmos lugares que os outros bebês que não possuem SD. A maior parte das crianças com síndrome de Down, gosta e aprende na interação social com família e amigos. Com o passar do tempo, elas alcançam bom entendimento social e emocional e a maioria se comporta de acordo com sua idade, desde que sejam encorajadas e que delas se espere isso.
Através da escola haverá uma inclusão incisiva, que colocará em questão o preconceito de cada educador e dos pais de crianças que frequentem a mesma escola, no caso de escolas regulares. Independente do grau de deficiência mental da criança, esta pode frequentar uma escola comum como qualquer outro aluno, pois tem o direito de ser escolarizada da infância à idade adulta, sendo complementada pelos acompanhamentos adicionais.
Na fase da pré-escola, pode haver adaptação das crianças em uma escola regular, que utiliza brincadeiras e exercícios físicos para ensiná-las. As crianças com síndrome de Down costumam aprender mais facilmente por observação; aprendem melhor olhando e copiando outras pessoas e podem achar mais fácil entender informações com a ajuda de ilustrações, gestos ou objetos que elas possam ver. Isso pode ser entendido pelo fato de muitas terem deficiências auditivas, ou porque a linguagem e o entendimento se desenvolvem mais lentamente. No ensino fundamental, as limitações intelectuais geram dificuldades para a criança acompanhar uma sala regular. Apesar disso, a tendência atual é de praticar a inclusão, que significa mantê-la no ensino regular, procurando suprir suas necessidades especiais sem afastá-la do convívio com crianças sem dificuldade.
 A leitura é, normalmente, um ponto forte, possivelmente porque é aprendida com ajuda visual. Por conta disso, a leitura é algo que pode ajudar essas crianças no desenvolvimento da linguagem. À medida que a pessoa se desenvolve, pode haver necessidade de adaptação e apoio na escolarização. A priori, não devem ser limitados os campos de atividade como habilitação profissional e ocupações artísticas. Elas costumam gostar de teatro, dança e movimento quando ficam mais velhas. De acordo com as palavras de Werneck (2011, s.p.):
A maior limitação para que os portadores de Síndrome de Down se tornem adultos integrados, produtivos, felizes e independentes não é imposta pela genética, mas sim pela sociedade. Werneck (2011, s.p.):
Atualmente, boa parte da sociedade já os vê como indivíduos capazes de realizar inúmeras tarefas apesar de suas limitações, e que eles também fazem parte da sociedade e têm direitos como qualquer cidadão. Muito se deve tais conquistas às organizações,filantrópicas ou não, voltadas para o pronto atendimento e educação desses indivíduos como Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
A Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (ABADS), antiga Sociedade Pestalozzi - homenagem ao suíço Johann Heinrich Pestalozzi, defensor dos direitos de igualdade e contra a opressão aos deficientes no século XVIII- dentre outras, como também as pessoas que por possuírem parentes com a síndrome ou por sentirem necessidade de auxiliar na educação dessas pessoas, ajudam sem qualquer recompensa, apenas a certeza de estarem contribuindo e cumprindo seu papel de cidadão.
A constatação de que a sociedade tem criado caminhos alternativos para a abertura de espaços para o as pessoas que possuem SD é evidente, principalmente no campo educacional e esportivo. Todavia, é necessário que alguns conceitos sejam modificados, sobretudo no que se refere às potencialidades do deficiente. Deve-se levar em conta o papel fundamental que os meios de comunicação desempenham como divulgadoras de mensagens que cooperam para a transformação do imaginário e estigma social para com esses indivíduos.
Há pouco tempo, a única ação que se realizava em favor do deficiente era o seu atendimento em instituições especializadas, tratados com médicos, educadores e terapeutas. Esse tipo de abordagem sempre confirmou uma tendência presente na sociedade, onde as pessoas com SD ou outras deficiências é visto tão somente como alguém que necessita de programas de assistência social, valendo-se dos recursos destinados aos programas específicos dessa política pública. Esta prática tem efeito contrário, ao contribuir para a segregação, uma vez que trata o indivíduo não na perspectiva de direito ao acesso de benefícios, como qualquer outro cidadão. São oferecidos educação e treinamento especiais na maioria das comunidades para crianças com atrasos no desenvolvimento mental.
A APAE é uma associação em que, além de pais e amigos dos excepcionais, toda a comunidade se une para promover o bem estar e desenvolvimento da pessoa com Síndrome de Down. É um movimento que se destaca no país pelo seu pioneirismo. Nascida no Rio de Janeiro, em 1954, por Beatrice Bemis,na ocasião da chegada ao Brasil, procedente dos Estados Unidos, membro do corpo diplomático norte-americano e mãe de uma portadora de Síndrome de Down.
 A ABADS é uma Instituição Beneficente, de utilidade pública, que há 58 anos dá assistência, atua no bairro de Vila Maria, São Paulo, nas áreas: da saúde, educação e capacitação profissional para crianças e jovens, de 0 a 22 anos, com deficiência intelectual. Teve sua razão social trocada, pelo fato de estar ampliando o seu leque de atuação, atendendo também, aos autistas.
Na adolescência e vida adulta, as pessoas com síndrome de Down podem apresentar agitações psiquiátricas como depressão, distúrbios de comportamento e problemas de adaptação. Quando um adolescente sofre algum baque ou não consegue lidar com um evento estressante, ele pode desenvolver um transtorno de adaptação. Apesar de raros, o que se percebe é que esses distúrbios ocorrem com uma frequência maior do que antes se presumia. Uma vez realizado o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico, deve ser oferecido tratamento específico e aconselhamento. Um profissional especializado na saúde mental pode ajudar os pais e a criança a lidar com problemas de humor ou de comportamento.
Segundo Lenir Santos (1997), presidente do Conselho da Fundação Síndrome de Down em Capinas, na cidade de São Paulo, os programas públicos para o desenvolvimento integral da pessoa deficiente são confundidos, em sua maioria, com programas de assistência social. Sempre que se busca apoio financeiro para atividades de educação a essas pessoas, há um encaminhamento para os serviços de assistência social. O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social BPC-LOAS, é umbenefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), pago pelo Governo Federal, cuja operacionalização do reconhecimento do direito é do Instituto Nacional do Seguro Social INSS e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna.
O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social SUAS e para acessá- lo não é necessário ter contribuído com a Previdência Social. É um benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 01 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve serinferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. Atualmente são 3,6 milhões (dados de março de 2017) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 milhões pessoas com deficiência e 1,7 milhões de idosos. (Disponível em http://www.previdencia.gov.br Acesso: 31 de agosto de 2017).
Contudo, a assistência social é a satisfação das necessidades básicas do indivíduo, sendo este excepcional ou não. Santos defende o modelo de abordagem do tema, com a adoção de uma posição de ótica às pessoas com a síndrome, como um ser humano com potencialidades, em busca de um programa educacional capaz de desenvolver todas as suas qualidades e valores. Ao invés de ser percebida a deficiência, deve ser vista a pessoa, fazendo com que haja diminuição do preconceito.
A inserção no mercado de trabalho para as pessoas com Síndrome de Down está muito aquém da desejada e esbarra no preconceito e na discriminação. A avaliação é da presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), Cláudia Grabois, em entrevista à repórter do Banco do Brasil, Lisiane Wandscheer, em 2016. A pessoa com síndrome de Down deverá ter as mesmas oportunidades para obter seu emprego, dentro de sua singularidade, e deverão ser respeitadas suas necessidades por meio dos níveis de apoio indispensáveis para sua efetiva inserção no mercado de trabalho e redes de apoio para promover sua autonomia. 
A Lei nº 8.213 de 1991 obriga empresas com mais de cem funcionários a destinar entre 2% e 5% de suas vagas a pessoas com deficiência. Outra lei vigente que beneficia os trabalhadores com síndrome de Down é a Lei Escola de Fábrica, que retira o limite de idade para aprendizes com deficiência e estabelece a avaliação por habilidades para aprendizes com deficiência intelectual. Sobre a situação específica das pessoas com SD no mercado de trabalho, a fiscalização é feita pelo Ministério do Trabalho, entretanto, não há estatísticas oficiais ou extraoficiais. Para Grabois (2009). Segundo ela, além de haver muito preconceito na contratação de pessoas com a deficiência, o problema é agravado pelo fato de boa parte dessas pessoas serem pobres e A Lei n° 11.180, de 23 de setembro de 2005, criou o Projeto Escola de Fábrica, executado pelo Ministério da Educação, e tem a finalidade de ampliar as possibilidades de formação profissional básica, favorecendo o ingresso de estudantes de baixa renda no mercado de trabalho.não terem tido acesso à educação. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, referentes a 2007, mostram que dos 37,6 milhões postos de trabalho, apenas 348,8 mil (1%) são ocupados por pessoas com necessidades especiais, e destes, 2,4% têm deficiência intelectual.
A concepção de que o deficiente deve ser tratado com igualdade e que sua relação com a sociedade deve ser marcada por um envolvimento livre de pré-conceitos não é muito simples de se vivenciar. Não faz muito tempo que a condição para ser excluído do convívio social era simplesmente a de ser um deficiente. Isso se refere às práticas de isolamento em instituições fechadas, ainda que em alguns casos, essa exclusão resultasse no extermínio do deficiente, como destacado no Manual de Mídia e Deficiência. Durante muitos séculos as pessoas deficientes eram do século XIX e aplicada até a década de 1940, impondo a internação definitiva em instituições fechadas, representou um progresso humanitário.
Dos sinais que indicam boas mudanças, precisam ser destacadas a CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS, 2001) e a Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU, 2006; Brasil, 2008), a qual expôs uma nova perspectiva conceitual ao mundo:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (Artigo 01 da Convenção da ONU).
A partir de então, a dimensão ética das relações sociais que dizem respeito às pessoas com deficiência, incorpora ações necessárias para a superação dos empecilhos que as impedem de usufruir dos direitos e deveres de uma vida plena. Para tanto, os modelos de interação, seja ela cotidiana ou profissional, devem deixar de se pautar no assistencialismo, avançando para modelos de apoio e de respeito aos direitos da pessoa.
Em novembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff lançou o plano Viver Sem limites, para pessoas com deficiências. O plano coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos engloba uma série de ministérios e prevê investimentos de até R$ 7,6 bilhões em ações de atenção à educação, atenção à saúde, acessibilidade e inclusão social até 2014. O plano ainda prevê a inserção de 378 mil pessoas de até 18 anos nas escolas até 2014, além de adaptar 42 mil escolas. O Ministério da Saúde também está organizando um Grupo de Trabalho sobre síndrome de Down. (Disponível: http://www.movimentodown.org.br Acesso em 16 de novembro de 2012). No Dia Internacional da Síndrome de Down, em março de 2012, foi celebrado, com a abertura de uma consulta pública, para definição do Manual de Atenção à Saúde da Pessoa com frente, mas neste dia podemos afirmar que finalmente uma ansiedade nossa e das conselheira nacional e representante da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Maria Thereza Antunes.
Para a conselheira nacional, trata-se de um documento muito importante, pois leva em conta complicações decorrente com síndrome de Down podem nascer com cardiopatias congênitas (sopros no coração) e elas precisam se submeter a exames específicos para que se faça uma investigação.
Garantir os direitos das pessoas com deficiência intelectual e paralisia cerebral sem privá-las de exercer os atos da vida civil, sempre que possível, ainda é um desafio no Brasil. Para tentar reverter essa situação, foi realizada em maio de 2012, uma audiência pública sobre a interdição de indivíduos com deficiência intelectual e paralisia cerebral grave pela Comissão de Seguridade Social e Família na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Segundo o secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antonio José Ferreira, na maioria dos casos de interdição total, as pessoas não têm sequer o direito de escolher o seu tutor, que, entre outras responsabilidades, administrará o Benefício de Prestação Continuada (BPC), uma espécie de pensão no valor de um salário mínimo, recebida por idosos e cidadãos com deficiência.
O objetivo último da interdição é proteger os bens e os direitos da pessoa interditada. A interdição é um instrumento judicial necessário para a obtenção da curatela10 (encargo para administrar a pessoa e seus bens).
O esclarecimento não apenas por parte da família,mas do próprio portador da SD, quando se faz possível, acerca de deus direitos perante a sociedade, é fundamental para que a população o encare como um cidadão com limitações, mas com vontades e deveres próprios, que devem ser respeitados. De acordo com Meleiro (1999), o desenvolvimento de uma pessoa com SD, assim como de qualquer outra pessoa, deve ser considerado em seus aspectos cognitivos, afetivos, linguísticos e motores, uma vez que cada um desses aspectos, em conjunto com a família, a escola e o entorno social, se inter-relacionam e se constituem mutuamente. São as determinações sociais, e não somente as biológicas ou genéticas que irão lhes permitir o desenvolvimento e constituição, enquanto sujeito.
3. A Saúde Mental como Campo de atuação do serviço social.
3.1 O Serviço Social e a Política de Saúde no Brasil: 
Os assistentes sociais no Brasil vêm participando da trajetória psiquiátrica e de suas sucessivas reformas, com maior ou menor expressão. As perspectivas teórico- metodológicas foram se adequando de acordo com as mudanças societárias e com o processo de amadurecimento da profissão, tendo em vista seu próprio desenvolvimento teórico, processo de laicização e as mudanças do Código de Ética.
Na década de 1980 ocorreu o primeiro debate da Ética do Serviço Social, que abrangia a busca pelo rompimento com a ética da neutralidade e com o tradicionalismo filosófico, que tinham seus fundamentos baseados na ética neotomista e no humanismo cristão. Houve, ainda, a afirmação de um novo perfil do profissional, que não mais seria um agente subalterno e apenas executivo, mas um profissional competente teórica, técnica e politicamente. Assume-se, de fato, em 1986, com o Código de Ética Profissional, a redimensão da inserção do Serviço Social na vida da sociedade brasileira, compromissando-o com os interesses históricos da massa da população trabalhadora.
No entanto, com o amadurecimento deste projeto profissional, e alterações ocorrentes na sociedade brasileira, passou a exigir uma melhor explicitação do código de 1986. Tratava-se de objetivar com mais rigor as implicações dos princípios constituídos naquele documento, tanto para basear de modo mais adequado seus parâmetros éticos, quanto para permitir uma melhor instrumentalização na prática cotidiana do exercício profissional.
O Serviço Social já teve diversos Códigos de Ética (1947, 1965, 1975 e 1993) que expressam os diferentes momentos vivenciados pela profissão (cf. Barroco, 2001 e Forti, 2005).
A categoria se expressou em amplas e aprofundadas discussões nos anos que antecederam a data de sua aprovação, em 1993. A revisão do texto processou-se em dois níveis; foram reafirmados os valores fundamentais da profissão - a liberdade e a justiça social -, sendo a democracia tomada como valor ético-político central, uma vez que é o único padrão de organização político-social capaz de assegurar a explicitação dos valores essenciais da liberdade e da equidade. Esta, que favorece a ultrapassagem das limitações reais que a ordem burguesa impõe ao desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos e garantias individuais e sociais e das tendências à autonomia e à autogestão social. Cuidou-se, ainda, de precisar a normatização do exercício profissional de modo a permitir que aqueles valores sejam retraduzidos no relacionamento entre assistentes sociais, instituições/organizações e população, preservando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos serviços e a responsabilidade diante do usuário. O assistente social deve se posicionar a favor dos desfavorecidos, com sua atividade política voltada em prol da justiça social frente aos direitos individuais. O propósito do projeto ético político-profissional tem se pautado na defesa das políticas públicas e da qualidade dos serviços prestados aos usuários, no intuito de garantir a efetivação dos direitos sociais, realçando assim a militância política do Serviço Social em parceria com entidades e atores da sociedade civil (Silva,1993).
[...] a ética deve ter como suporte uma ontologia do ser social: os valores são determinações da prática social, resultantes da atividade criadora tipificada no processo de trabalho. É mediante o processo de trabalho que o ser social se constitui, se instaura como distinto do ser natural, dispondo de capacidade teleológica, projetiva, consciente; é por esta socialização que ele se põe como ser capaz de liberdade. Esta concepção já contém, em si mesma, uma projeção de sociedade - aquela em que se propicie aos trabalhadores um pleno desenvolvimento para a invenção e vivência de novos valores, o que, evidentemente, supõe a erradicação de todos os processos de exploração, opressão e alienação. (Silva, 1993, pg. 3)
O Código de Ética se ocupa tanto da qualidade dos serviços prestados, como da defesa da categoria, numa relação dialética. O atual Código, dando continuidade conceitual ao anterior, trata dos direitos, dos deveres e do que é vedado, nas várias esferas de atuação profissional do assistente social. O Serviço Social, então, coloca-se na década de 1990, como profissão reconhecida academicamente e legitimada na sociedade. Essa dinâmica materializou-se em conquistas teóricas e práticas que se revelaram no universo profissional progressivamente. Os pressupostos do atual Código de Ética confirmam, portanto, o compromisso com as lutas sociais do país.
No papel do assistente social está o processo de socialização da informação como mecanismo de prática profissional. O assistente social deve conhecer a realidade do seu campo de atuação, compreendo o contexto no qual este se insere.
O profissional do Serviço Social é capaz de articular e buscar estratégias para a superação destas questões. A criatividade torna-se um dispositivo favorável para a superação de barreiras. O processo de ação profissional deve ser reinventado a cada demanda.
A garantia de acesso às informações necessárias e de direitos para que os usuários possam se defrontar com diferentes opções e só assim fazerem realmente escolhas a partir de seus interesses e necessidades, quando não contarem comestes direitos detalhados em cartazes, cartilhas e debates... E aqui, na democratização das informações necessárias para potencializar as escolhas pelos usuários, faz-se necessário não só o conhecimento dos textos e leis que garantem estes direitos, mas o detalhamento destes direitos no cotidiano da população a partir das demandas que colocam, das dúvidas e desinformações que revelam na utilização dos serviços [...] (Vasconcelos, 2007, p. 433).
O trabalho do assistente social deve estar direcionado a buscar estratégias além dos limites físicos da instituição, ou seja, de forma a conhecer a realidade enfrentada pelo usuário na sua plenitude (em sua comunidade, seu ambiente familiar, convívio social, bem como os serviços que são possíveis serem acessados). O conhecimento dos serviços, das formas de acesso e do funcionamento destes, são ferramentas do assistente social. O processo de socialização da informação é um mecanismo que deve ser utilizado pelo assistente social, além de ser entendido como mecanismo inicial para a construção de uma rede de cuidados.
O assistente social, através de dispositivos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos tem as ferramentas necessárias para a construção, proposição e articulação das diferentes demandas que são apresentadas pelos usuários. Nessa perspectiva, ampliam-se também os espaços sócio-ocupacionais de atuação. No campo da saúde de mental, por exemplo, é necessário trabalhar no sentido de preservar sua identidade profissional e sua autonomia técnica, sem negar a interdisciplinaridade, buscando contribuir no campo prático para a identificação dos determinantes sociais, das particularidades e como a questão social se expressa naquele âmbito. O Serviço Social situa-se no campo dos direitos e proteção social, visando à humanização da assistência, defesa dos interesses coletivos e a busca da cidadania. 
O Código de Ética da profissão apresentainstrumentos imprescindíveis para o trabalho dos assistentes sociais na área da saúde em todas as suas dimensões: na prestação de serviços diretos à população, no planejamento, na assessoria, na gestão e na mobilização e participação social.
Deste modo, exercício profissional encontra-se diretamente envolvido no processo de formulação, execução e acompanhamento de ações que visem à promoção da saúde, levando em consideração os determinantes envolvidos no processo de saúde/adoecimento, e ainda, o objeto da profissão, que é a questão social em suas expressões, apreendidas no cotidiano da prática profissional.
A profissionalização do Serviço Social pressupõe a expansão da produção e de relações sociais capitalistas, impulsionadoras da industrialização e urbanização, que trazem, no seu verso, a questão social. A luta dos trabalhadores por seus direitos invade a cena política, exigindo do Estado o seu reconhecimento público. O Estado amplia-se, nos termos de Gramsci (1978), e passa a administrar e gerir o conflito de classe não apenas via coerção, mas buscando construir um consenso favorável ao funcionamento da sociedade no enfrentamento da questão social.
A partir da segunda metade da década de 1980 do século XX ocorreu uma radical transformação na trajetória histórica do Brasil. Manifestou-se um abrangente processo de mudanças com seus devidos desdobramentos nas esferas econômicas, sociais e políticas e que atingiram a dinâmica social e suas contradições.
Na década de 1990, assiste-se ao redirecionamento do papel do Estado, influenciado pelas políticas de ajuste neoliberal, do qual o governo de Fernando Collor de Mello (1991-1994) foi o primeiro a tentar implementá-lo. Entrou em cena uma nova cartilha em que constavam lições modernas que evocavam conceitos como desestatização, reinserção no sistema internacional, abertura da economia, desregulamentação e privatização. Romper com o passado e construir um presente alinhado com as determinações da ordem econômica globalizada passaram a ser a meta maior do Estado no sentido de colocar o Brasil na corrida para o desenvolvimento nos moldes neoliberais. (Mourão, 2011, et al,)
A Reforma do Estado parte do suposto de que o Estado desviou-se de funções básicas ao ampliar sua presença no setor produtivo, colocando em cheque o modelo econômico vigente. O seu Plano Diretor considera que há o esgotamento da estratégia estatizante e a necessidade de superação de um estilo de administração pública burocrática, a favor de um modelo gerencial que tem como resultados, a redução dos custos e a produtividade. O Estado deve deixar de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social para se tornar o promotor e regulador, transferindo para o setor privado as atividades que antes eram suas. O referido Plano propôs como principal inovação a criação de uma esfera pública não estatal que, embora exercendo funções públicas, devem fazê-lo obedecendo às leis do mercado (Bresser Pereira,1995).
De acordo com Freire (1998), a dinâmica estabelecida entre a reestruturação produtiva e a política do Estado, baseada na vertente teórica neoliberal, estão ao longo inúmeros agravos mediante a efetividade das políticas públicas. Além do desemprego estrutural, precarização do trabalho, desmonte da previdência pública, sucateamento da saúde e educação.
Constata-se que nos serviços de saúde essa realidade é mais evidente, devido estar presente neste sistema uma ampla infiltração do capital e dos serviços privados dentro do setor público, o que fomenta a base para a ampliação do estado mínimo, sendo que a regulação cada vez mais se faz pelo mercado capitalista de produção, que por sua vez amplia as desigualdades sociais.
A proposta de Política de Saúde construída na década de 1980 tem sido desconstruída. A Saúde fica vinculada ao mercado, enfatizando-se as parcerias com a sociedade civil, responsabilizando a mesma para assumir os custos da crise. A refilantropização é uma de suas manifestações com a utilização de agentes comunitários e cuidadores para realizarem atividades profissionais, com o objetivo de reduzir os custos. A luta pela garantia do funcionamento do sistema público de saúde é hoje uma tarefa que se impõem ao movimento social (popular, sindical e parte do institucional), categorias profissionais, universidades públicas e instituições de serviços públicos de saúde, dentre outros, no sentido de cecear a abertura de novos mercados de saúde que impliquem a transferência da poupança pública para a iniciativa privada. Sabe-se que tal operação corresponde a uma relação custo/benefício altamente desvantajosa para o setor público que, embora detenha potencialidades de serviços de qualidade são subjugados pela iniciativa do mercado. Este, por sua vez, tem no Estado a alavanca necessária para o desenvolvimento de seus investimentos comerciais (Mourão,2011,et al).
Políticas neoliberais de investimento em políticas sociais públicas em geral induzem a processos de desospitalização, já que a manutenção das instituições psiquiátricas convencionais constitui item de custo elevado para o Estado. Nessa modalidade, a tendência é gerar processos sem garantia de assistência na comunidade, provocando negligência social e aumento da população de rua, incluindo portadores de transtorno mental. (Vasconcelos, s.a, pg.21)
As estratégias para o enfrentamento da questão social tem sido tensionadas por objetos sociais distintos, que presidem a estruturação e a implementação das políticas sociais públicas e que convivem em luta no seu interior. Vive-se uma tensão entre a defesa dos direitos sociais e a mercantilização e re-filantropização do atendimento as necessidades sociais, com claras implicações nas condições e relações de trabalho do assistente social (Oliveira e Salles, 1998; Bravo, 1996; Pereira, 1998).
O projeto de Reforma Sanitária12, construído a partir de meados dos anos 1970, está perdendo a disputa para o projeto voltado para o mercado ou privatista, hegemônico a partir da década de 1990. O projeto da saúde articulado ao mercado ou reatualização do modelo médico assistencial privatista está pautado na Política de Ajuste que tem como principais tendências a contenção dos gastos com racionalização da oferta; a descentralização com isenção de responsabilidade do poder central.
A tarefa do Estado, nesse projeto, consiste em garantir um mínimo aos que não podem pagar, ficando para o setor privado o atendimento aos que têm acesso ao mercado. Suas principais propostas são: caráter focalizado para atender às populações vulneráveis por meio do pacote básico para a saúde, ampliação da privatização, estímulo ao seguro privado, descentralização dos serviços ao nível local e eliminação da vinculação de fonte com relação ao financiamento.
Os dois projetos políticos em disputa na área da saúde, o projeto privatista e o projeto da reforma sanitária apresentaram diferentes requisições para o Serviço Social. O projeto privatista vem requisitando ao assistente social, entre outras demandas: seleção socioeconômica dos usuários, atuação psicossocial por meio de aconselhamento, ação fiscalizatória aos usuários dos planos de saúde, assistencialismo por meio da ideologia do favor e predomínio de práticas individuais. Entretanto, o projeto da reforma sanitária vem apresentando como demandas que o assistente social trabalhe as seguintes questões: democratização do acesso às unidades e aos serviços de saúde, estratégias de aproximação das unidades de saúde com a realidade, trabalho interdisciplinar, ênfase nas abordagens grupais, acesso democrático às informações e estímulo à participação popular. (Pinheiro, et al, s.a)
Amaral (1998, p.39) afirma que:
O conjunto multifacetado das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação essas desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediadas por disparidades nas relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causaamplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização.
O projeto da reforma sanitária vem apresentando, como demandas, que o assistente social trabalhe as seguintes questões: busca de democratização do acesso as unidades e aos serviços de saúde, atendimento humanizado, estratégias de interação da instituição de saúde com a realidade, interdisciplinaridade, ênfase nas abordagens grupais, acesso democrático as informações e estímulo a participação cidadã. (Bravo,1998)
Está em curso uma reforma democrática não anunciada ou alardeada na área da saúde. A Reforma Sanitária brasileira nasceu na luta contra a ditadura, com o tema Saúde e Democracia, e estruturou-se nas universidades, no movimento sindical, em experiências regionais de organização de serviços. Esse movimento social consolidou-se na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, na qual, pela primeira vez, mais de cinco mil representantes de todos os seguimentos da sociedade civil discutiram um novo modelo de saúde para o Brasil. O resultado foi garantir na Constituição, por meio de emenda popular, que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado. (AROUCA, 1998, s.p.)
Com a promulgação das leis 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.142, de 28 de dezembro de 1990, é implementado no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como premissa o art. 1988 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). O SUS tem como diretrizes principais a universalidade e integralidade no atendimento aos usuários, a descentralização dos recursos e a regionalização , tendo em vista o atendimento das peculiaridades de cada região
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A definição da saúde como resultado dos modos de organização social da produção, como efeito da composição de múltiplos fatores, exige que o Estado assuma a responsabilidade por uma política de saúde integrada às mais políticas sociais e econômicas e garanta sua efetivação. Ratifica, também, o engajamento do setor saúde por condições de vida mais dignas e pelo exercício pleno da cidadania (CAMPOS et. al., 2004, p.746).
A universalidade confere a garantia do direito de acesso aos serviços de saúde, oferecidos pelo SUS, por todos os cidadãos brasileiros. Este princípio tem relação direta com a construção democrática, uma vez que não são apenas os cidadãos ligados à previdência, que podem usufruir de tais serviços. No entanto, isso não vem sendo totalmente aplicado na realidade. Um exemplo é o número reduzido de CAPs e sua distribuição desigual entre as regiões estão longe de extinguir o hospital psiquiátrico.
É necessário que se tenha uma análise crítica da política de saúde mental e sua articulação com o projeto da Reforma Sanitária e os princípios inscritos no SUS. A universalidade do direito - um dos fundamentos centrais do SUS e contido no projeto de Reforma Sanitária - é um dos aspectos que tem provocado resistência dos formuladores do projeto privatista da saúde. Os valores solidários, coletivos e universais que pautaram a formulação da Seguridade Social inscrita na Constituição de 1988, estão sendo substituídos pelos valores individualistas, corporativos, focalistas que fortalecem a consolidação do projeto voltado para o mercado que tem por suporte a consolidação do SUS para os pobres e a segmentação do sistema. (Bravo, 2010, p. 13).
Destaca-se, a partir do exposto, que há uma relação entre o projeto ético-político do Serviço Social e o de reforma sanitária, principalmente, nos seus grandes eixos: principais aportes e referências teóricas, formação profissional e princípios. Os dois projetos são construídos no processo de redemocratização da sociedade brasileira e se consolidam na década de 1980. As demandas democráticas e populares, a mobilização e organização dos trabalhadores urbanos e rurais, colocam na agenda política brasileira a exigência de transformações políticas e sociais e a necessidade de articulação dos projetos profissionais aos projetos societários que são propostos para o conjunto da sociedade.
O alcance da integralidade se dá através da intersetorialidade e interdisciplinaridade, mecanismos estes, que devem compor a atuação do assistente social, como objetivo e estratégia da ação profissional. Porém, não se ignora a fragilização e segregação do atual quadro de políticas públicas e sociais no cenário da economia neoliberal do Brasil. Existem dificuldades postas pela contradição entre direitos universais e políticas focalizadas, entre redução do gasto público e degradação das condições humanas de vida.
Embora sejam inúmeros os empecilhos vivenciados no cotidiano, como falta de recursos tanto humanos, quanto financeiros -, para a realização da ação profissional, o processo de socialização da informação é sempre uma ferramenta possível de intervenção para o incentivo à participação de usuários, familiares e trabalhadores nos espaços de discussão e nos serviços. Contudo, a socialização da informação não pode ser entendida como um repasse de informações sobre os serviços, mas como um processo de informação na lógica do direito, de cidadania e de participação. Ainda que se tenha o conhecimento de que a ação profissional do assistente social na saúde mental, como em qualquer campo, não se concretiza somente em uma ação, mas sim em inúmeras, expressas no complexo quadro em que se mostra o cotidiano profissional, todas estas devem ser permeadas pela busca da integralidade do atendimento, do desenvolvimento da autonomia dos usuários, da participação popular e, consequentemente, da melhoria da qualidade de vida do usuário e da superação de expressões da questão social (Bredow, Dravanz, 2010).
A atuação do assistente social está representada também por alguns princípios de atendimento que são as origens das emoções e atitudes. Deve desencadear um processo ação/reflexão junto às famílias a partir dos problemas apresentados, criando percepções sobre as causas, condição, meios de encaminhamentos da realidade apresentada, visando sempre o desenvolvimento de suas próprias potencialidades.
A prática do Serviço Social na área da saúde mental exige do profissional, conhecimentos específicos que o orientam na sua práxis, por assumir ações que fazem parte de realidade nessa área; em princípio, no conhecer e compreender as demandas, para posteriormente intervir tendo como parâmetro o Projeto Ético Político da profissão. Trabalhar na área da deficiência mental significa ter conhecimento que o habilite a lidar com os diferentes aspectos da problemática no que diz respeito à família e à comunidade, bem como à própria pessoa com deficiência (KRYNSKI, 1984).
Ao analisar os problemas com os quais se defrontam a pessoa com deficiência e seus familiares, num mundo em acelerada transformações, imediatamente nos reportamos aos estereótipos existentes em nossa sociedade e, que "[...] para tanto, estamos todos assistentes sociais e outros profissionais tentando nos integrar em uma mesma tarefa: melhorar o homem de amanhã" (KRYNSKI, 1984, p. 5-6).
3.3 - O SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO ÁS PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN NA APAE.
O assistente social está inserido em diferentes espaços de trabalho, e para aqueles que trabalham com pessoas portadoras de alguma necessidade especial é preciso trabalhar também em favor desses usuários formas que minimizem o preconceito, a discriminação e a exclusão dessas pessoas dentro da sociedade visando à integração dos mesmos em todos os espaços públicos.
O Serviço Social tem relativa autonomia, trabalha com atendimento e coordenação do setor clínico da instituição (reuniões, decisões, contato com a família). A dinamicidade do trabalho se dá pelo contato com a família, acolhimento, atendimento, avaliação do profissional, triagem e estudo de caso (quando necessário, a intervenção do Serviço Social para a comunicação da família com a escola, a fim de que tenham seus direitos assegurados, ou em problemas familiares que necessitem a sua intervenção).
Cabe ao profissional de Serviço Social fazer uma abordagem socioeducativa com a família, socializar

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