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CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR As recentes mudanças no mercado de trabalho e nas relações de consumo, como consequência da explosão do ambiente online e das ferramentas e plataformas sociais digitais, despertam interesse de diferentes áreas do conhecimento. É importante, para o profissional moderno, reconhecer a exposição dos fenômenos sociais nos negócios, com identificação das características do comportamento do consumidor na era digital. Você já refletiu sobre as questões do mundo contemporâneo que afetam as práticas de consumo? Nas próximas aulas, entenderemos os desafios que o profissional de marketing e gestor de mídias digitais deve enfrentar para aumentar a competitividade no mercado de trabalho. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Identificar o significado do consumo na sociedade contemporânea; 2. Descrever as novas práticas de consumo diante do atual cenário digital; 3. Definir o novo perfil das empresas produtoras de bens e serviços e de seus consumidores; 4. Apontar impactos nas relações de consumo em curto e médio prazos. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Introdução Atualmente, a experiência de consumir está cada vez mais individualizada, autônoma e cercada de interatividade. Esse consumo ocorre em um cenário digital, em que os consumidores compram e vendem serviços, objetos e valores, com grande comodidade e rapidez. Atrair a atenção dos consumidores nesse novo contexto requer, portanto, mais estratégias. As agências de publicidade criam experiências virtuais por intermédio de games e storytelling para seduzir os consumidores que, por sua vez, usam a web para vender tudo, de livros a apartamentos, muitas vezes sem intermediários. As distâncias entre vendedores e consumidores diminuíram. O ambiente que impulsiona o consumo favorece a autonomia do cidadão- consumidor e potencializa o trabalho da publicidade também estabelece a constituição de um consumidor mais exigente em relação ao que consome e que tem, nas redes sociais, uma poderosa ferramenta para expressar tanto seus desejos quanto suas insatisfações. Observa-se, ainda, o crescimento de um perfil de consumidor preocupado e responsável no que diz respeito ao impacto do seu consumo na preservação ambiental e na exploração do trabalho infantil. Nesta aula, entenderemos como o consumo surgiu e se transformou de uma necessidade a um prazer humano. Descreveremos como eram desenvolvidas as práticas de consumo antes da chegada do cenário digital. Analisaremos como o consumo, no último século, tornou-se peça-chave para a engrenagem do mundo e para entender as relações humanas. Objetivo: 1. Definir os cenários da história do consumo até a chamada sociedade do consumo; 2. Identificar as características e o contexto da constituição da sociedade do consumo. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Conteúdo História do consumo Para entendermos melhor como o consumo surgiu, vamos conhecer os diversos cenários da história do consumo, fazendo uma viagem que vai do surgimento do homem até os dias de hoje. Do surgimento do homem às primeiras civilizações Das primeiras civilizações à Idade Média Do surgimento do capitalismo à indústria de massa Da 2ª Guerra Mundial à década de 1980 CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Da década de 1980 ao século XXI Consumo no cenário digital: O mundo de hoje Do surgimento do homem às primeiras civilizações De acordo com a história das civilizações, o ser humano teve origem na África há cerca de 200 mil anos. Pode ser difícil imaginar como era viver naquela época, mas é possível entender que nossos antepassados precisavam produzir e consumir para sobreviver. Homens e mulheres tinham de se defender da fome e das mudanças climáticas. Era necessário caçar para se alimentar e vestir alguma coisa para se proteger do frio, da chuva ou até mesmo do sol forte. Para suprir essas duas necessidades, o homem criou, produziu e consumiu objetos a partir de elementos da própria natureza, como casacos, lanças, recipientes, materiais cortantes. Nossos antepassados produziam para si e para os que conviviam com eles. O consumo, em sua origem, estava diretamente ligado a uma necessidade básica humana: a sobrevivência. Nesse cenário, o ato de consumir não tinha nenhuma relação com dinheiro, pagamento, compra ou venda. No máximo, os indivíduos ou grupos trocavam CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR (o que chamamos de escambo) objetos, materiais e ou produtos. Durante séculos, as possibilidades de consumo foram bastante homogêneas. O que se verificava, em certos casos, era um ou outro objeto diferenciado de posse de poucos indivíduos, em virtude das funções por eles exercidas, de algum serviço prestado ao coletivo. Era uma diferenciação simbólica, atribuída pelo grupo para uma determinada pessoa. Por exemplo, uma pedra preciosa era presenteada ao líder, ao indivíduo que se destacava. Era uma diferenciação espontânea, não fruto de posição social ou status imposto. Das primeiras civilizações à Idade Média Com o surgimento das primeiras civilizações, a sociedade se organizou em classes e surgiram as primeiras noções de propriedade privada. Nesse cenário, a importância do indivíduo estava inserida no grupo a que pertencia, como a família, a Igreja, o exército e o Estado. Lembre-se das sociedades da antiguidade, como a grega e a romana e, principalmente, as que viviam no mundo da Idade Média, marcada pelo Feudalismo. Homens e mulheres continuavam consumindo para sobreviver, mas começamos a observar mudanças na estrutura da busca, produção e distribuição do consumo. Reunidos em sociedades, os indivíduos se diferenciavam por meio das funções e dos papéis sociais e simbólicos que desempenhavam. Tornstein Veblen afirma que foi o momento em que surgiu a chamada classe ociosa, composta por nobres e sacerdotes (e grande partede seus agregados) que não exerciam nenhum tipo de trabalho diário de subsistência. Suas ocupações, aceitas por todos, eram de outra ordem: governamentais, guerreiras, religiosas ou esportivas. O trabalho manual de caça e de fabricação de produtos e materiais ficava por conta dos integrantes das classes inferiores, dos artesãos, na maioria das vezes, considerados simples servos. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Houve uma mudança considerável nas relações de consumo, uma vez que as práticas das classes ociosas passaram a ser diferentes das do resto da sociedade. Reis, sacerdotes, guerreiros e chefes ligados à classe ociosa, pelo lugar e papel que ocupavam na sociedade, tinham o “direito” de consumir produtos ou serviços exclusivos. Por exemplo: usar roupa especial, ter utensílios mais bem acabados, viver em casas mais bonitas, ter empregados, consumir alimentos mais frescos e em abundância. O consumo de bens ou serviços era visto como marca de distinção, de honra e de poder e, por um grande período, inquestionável. O consumo diferenciado era imposto pelas classes ociosas, não por uma questão de serviço realizado ao coletivo, mas por uma questão de posição social e poder. No caso da realeza e do clero, pelo poder divino. O consumo, nesse cenário, marcava, delimitava e reiterava a diferenciação entre grupos e indivíduos. A classe ociosa consumia o melhor que era fabricado pelos artesãos/servos da época, enquanto as demais classes fabricavam, trocavam com vizinhos ou em feiras, a maior parte de seus utensílios domésticos e de uso pessoal. Estrutura piramidal da sociedade feudal. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Atenção Como destaca o historiador Leo Huberman, a lógica de consumo, por milênios, foi esta: uma minoria consumia, em pequena escala, produtos sofisticados em material e qualidade, enquanto a maioria consumia estritamente objetos simples. Do surgimento do capitalismo à indústria de massa Os sistemas feudais começaram a se desintegrar e as cidades a aparecer. O clímax de todo esse processo foi a Revolução Francesa, em 1789, que marcou o nascimento da sociedade capitalista na sua plenitude, por meio da defesa da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Com a mesma importância, a Revolução Industrial, na Inglaterra, estabeleceu a transição dos processos de produção de uma forma artesanal para a industrial. Com o fim do feudalismo, os artesãos/servos que produziam para si e para a classe ociosa, na Idade Média, começaram a criar empresas de propriedade individual, que fabricavam produtos manufaturados em série. Essa foi a primeira mudança visível e logo foi substituída pelo surgimento das indústrias e das máquinas que possibilitaram o avanço do processo de produção. Pouco a pouco, os artesãos foram sendo contratados pelas indústrias para auxiliar no processo mecânico e automatizado da fabricação dos produtos. Passaram a controlar as máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção – a chamada burguesia, nova classe social que surgiu. Em troca de seu trabalho, os artesãos, transformados em operários, ganhavam salário. A transformação dos produtos manufaturados em industrializados possibilitou o barateamento do custo dos objetos. Produtos que não faziam parte do dia a dia do povo entraram na lista das necessidades da população. Por meio de seus salários, os trabalhadores podiam consumir. Ao comprar os produtos que eles CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR próprios ajudavam a produzir, os assalariados alimentavam o sistema capitalista, davam força e razão para o fortalecimento e o surgimento de novas indústrias. A posse de um determinado objeto não dependia mais da posição social do indivíduo, mas sim do poder de compra – o consumo – que ele tinha para levar para casa o produto. Os que conseguiam comprar adquiriam, portanto, status e poder frente aos que não tinham condições de comprar. Com os avanços tecnológicos, as indústrias começaram a produzir mais do que a procura. A oferta era maior que a demanda. Os produtos precisavam sair dos estoques. Era preciso produzir mais e vender mais. Urgia que os trabalhadores comprassem e consumissem mais para que o sistema, a engrenagem do mundo capitalista ocidental, continuasse em expansão. Dele já dependiam a economia e a política das cidades, dos estados, dos países. Com a Revolução Industrial e a necessidade de aumentar o consumo dos bens produzidos, observamos o crescimento e desenvolvimento da publicidade e do marketing, que já existiam apenas com o objetivo de informar. A publicidade se tornou mais convincente, no sentido de persuadir o consumidor a comprar. A partir da década de 1920, verificou-se uma crescente associação do discurso do consumo com o da modernização. A publicidade e o marketing da época incentivavam os indivíduos a modernizar seus lares e suas vidas. Era a era dos eletrodomésticos: máquinas de lavar roupas, aspiradores de pó e geladeiras invadiram as casas. Os anúncios informavam que o mundo chegara e estava ao alcance de todos por meio de objetos, criações e inovações. O consumo era o símbolo do progresso. Era necessário possuir determinados produtos e objetos para estar em consonância com os tempos modernos. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Propaganda do Almanaque Eu Sei Tudo de 1928. Propaganda revista O Cruzeiro, em 1930. Vamos ver um exemplo! O automóvel é o exemplo mais emblemático do discurso do progresso, da modernização da sociedade. Tornou-se (e podemos dizer que ainda é) o objeto de consumo de todos os indivíduos do mundo ocidental. Ter um automóvel era viver o futuro no presente. As vendas cresceram em virtude do processo de industrialização. Foi o norte-americano Henry Ford, nos primeiros anos do século XX, quem teve a ideia de criar a primeira linha de montagem automatizada que se tem notícia, na qual cada grupo de operários era responsável por uma parte da produção automobilística. Com a estratégia – que ficou conhecida como fordismo e aplicada em outros processos de produção – o custo do carro caiu bastante e, consequentemente, as vendas aumentaram. Na década de 1920, foram produzidos pela empresa mais de dois milhões de carro por ano. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Linha de montagem da Ford em River Rouge – dezembro de 1927. Da 2ª Guerra Mundial à década de 1980 A Revolução Industrial, iniciada no final do século XIX, trilhou o caminho do mundo para a consolidação da industrialização. Um caminho sem volta que, ao longo do século XX, promoveu um abrupto crescimento do consumo. Foi no pós-guerra que se verificou um grande avanço na industrialização dos países, dividindo-os em dois grandes grupos: os desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Os países desenvolvidos, ao contrário dos subdesenvolvidos, eram dotados de um sistema capitalista em pleno funcionamento graças ao consumo. Isso intensificou o comércio internacional e uma crescente e acirrada competição entre os países e suas indústrias por novos mercados e consumidores. O avanço industrial aliado a tecnologias e inovações, que impulsionam, na prática, o consumo, são marcas e características do progresso econômico. Os Estados Unidos despontaram no cenário internacional. O American way of life (o jeito de viver norte-americano), disseminado pela indústria do entretenimento, CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR avançou e promoveu uma exportação da prática do consumocomo nunca se viu. A publicidade e o marketing passaram a ter uma função mais agressiva e um papel fundamental graças aos meios de comunicação de massa, em especial com a popularização da televisão. Houve o barateamento dos custos e consequente aumento da produção, permitindo atender uma variedade de consumidores de todas as classes e condições sociais. O crédito, já existente, foi ampliado e incentivado. A chamada obsolescência planejada – na fábrica, o produto é planejado para parar de funcionar ou se tornar obsoleto em um curto período de tempo, forçando o consumidor a comprar sempre um novo/nova versão – tornou-se uma prática comum. Criou-se o hábito constante e contínuo de consumir. Os indivíduos são valorizados pelo patrimônio que possuem (quanto mais, melhor) e pelos objetos que compram, vestem, consomem. O consumo de bens e ou serviços confere aos seres humanos honra e distinção, aproxima-os e os diferencia. Consumir significa competir, querer igualar ou superar o outro em mérito, poder, status. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Propaganda revista O Cruzeiro, em 1960. Anúncio da calça jeans US TOP. Verão 76/77. A diferenciação entre as pessoas e suas classes sociais não está na compra e/ou uso dos objetos em si, mas, sim, na representação social desses objetos. Portanto, a personalização e a autenticidade do sujeito são exercidas não apenas por meio do que se consome, mas também, e principalmente, da exibição desse consumo. Veja um exemplo da exacerbação do consumo! Você pôde perceber que o objeto do consumo não consiste em servir para alguma coisa, mas em significar algo para quem o adquire e, consequentemente, para o outro. Estabelece-se assim um sentimento de pertencimento, de grupo, de classe, de indivíduos. Consumir continua vinculado às ideias de modernidade e de progresso. Entretanto, pouco a pouco, podemos somar a esse discurso o do prazer e o da felicidade, que será intensificado no final do século XX. Assista aos comerciais do cigarro Hollywood. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Como afirma o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard, um dos grandes críticos e pensadores sobre o consumo, surge, assim, uma sociedade caracterizada pela abundância, criada pela multiplicação dos objetos, dos serviços, dos bens materiais. O discurso desse cenário ganhou fôlego e disseminação com o individualismo e o narcisismo que passaram a ditar o comportamento humano nas décadas seguintes. Da década de 1980 ao século XXI Em um mundo cada vez mais globalizado – em que o processo de industrialização está consolidado e já não há mais rivalidades entre o socialismo e o capitalismo – o poder das nações, antes bélico, passou a ser medido pelo soft power, ou seja, pela capacidade que um país tem de influenciar os demais não pelas armas, mas pela ideologia e pela cultura. Mais uma vez, os Estados Unidos, por meio de sua indústria de entretenimento, ganharam espaço. Essa indústria está intrinsecamente atrelada ao consumo. Na transição do século XX para o novo milênio, não se vende mais mercadorias ou serviços, mas desejos, sonhos e símbolos. Os meios de comunicação transformam o entretenimento no espetáculo, erotizando o cotidiano com fantasias e desejos de posse. Ao contrário das décadas anteriores, o consumo deixou de ser ostentatório e passou a ser experiencial e fundamentado na emoção. O professor José Ferreira dos Santos, afirma que a sociedade é caracterizada pela busca do prazer, sendo que uma das formas de se obter prazer é consumir e obter objetos que tragam bem-estar, conforto e praticidade. Em outras palavras: felicidade. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Propaganda da marca americana Gap com a chamada “Expresse a si mesmo. Muitos estilos para qualquer tamanho.” Ter prazer é traduzido como ter uma vida melhor e não se privar de nada. É satisfazer suas necessidades emocionais, sejam corporais, sensoriais, estéticas, relacionais, lúdicas. O consumo passa a ser regido pelos sentimentos e, principalmente, pelo sentimento individual do prazer. O que está em jogo não é pretensão social que o objeto consumido traz. O que se busca é a embriaguez das sensações e do novo. Isso justifica a multiplicação das linhas, versões, cores, opções e séries dos produtos, com o intuito de personalizá-los e, consequentemente, promover uma experiência única para os consumidores. Nesse contexto, a reflexão do filósofo francês Gilles Lipovetsky, completa o raciocínio: consome-se não mais pelo outro, como acontecia na fase anterior, mas muito mais por si mesmo. Os consumidores estão na era das motivações íntimas e existenciais. É a marca do individualismo contemporâneo. As pessoas vão às compras por uma questão de gratificação psicológica. Estão em busca do prazer para si mesmo. Eis o narcisismo em sua essência. Querem qualidade e conforto para se sentir bem. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Galeria de Vídeos Veja dois vídeos que ilustram o consumo como poder narcísico. Nike; Fiat. Campanha “Descubra a Sua Coca-Cola Zero”. Dessa maneira, chega-se à chamada sociedade do consumo, que valoriza e estimula excessivamente o consumo de bens materiais, frequentemente artificiais e supérfluos. A busca da felicidade, por meio do consumo, não é alcançada em sua plenitude, mas funciona como uma válvula de escape a cada novo modelo de celular, carro e ou roupa lançados. Verifica-se o surgimento desenfreado do consumo: o consumismo. O consumismo foi incentivado pelo sistema capitalista e reiterado pela publicidade e marketing, e encontrou eco nas relações humanas na transição do milênio, em que as grandes instituições, como a família, a religião e os estados, já não conseguiam explicar o mundo e o futuro. Os indivíduos buscam sensações que preencham essa incerteza, o vazio. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Nas palavras do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que vem analisando a sociedade contemporânea em seus diversos aspectos, os consumidores, por meio das compras, tentam escapar do que ele chama de “a agonia da insegurança”. Em um mundo de anomia, em que não se tem mais o certo ou o errado, em que tudo é permitido, a sensação de insegurança é grande. Isso angustia o ser humano. Os indivíduos, portanto, querem estar, pelo menos uma vez, livres do medo, do erro, da negligência ou da incompetência. O consumo traz (ou parece por algum tempo trazer) a promessa da segurança. Com efeito, os indivíduos buscam sensações, emoções, vibrações, na vida real ou virtual. Galeria de Vídeos Assista ao comercial da Coca-Cola, veiculado na Argentina, por ocasião do Natal de 2011, e veja também momentos do evento promovido pela Skol. Coca-cola; Skol. Consumo no cenário digital: O mundo de hoje É diante do consumidor em busca de felicidade e prazer que se estabelece e se dissemina o cenário digital, com suas múltiplas possibilidades. O mundo online – instantâneo, interativo, virtual e das rede sociais – vai impactar as relações e as práticas de consumo, tanto do lado de quem produz quanto de quem consome. O consumidor-cidadão ganhará mais vez, voz e poder. A publicidade e o marketing têm de se reinventar para dar conta dessa nova fase. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Atividade proposta “O mistério da vida é procurar. Tudo que se imagina no mesmolugar. Onde o corpo renasce e desperta para um novo dia. E a alegria passeia de um lado para o outro...” Você acabou de ler um trecho do jingle do comercial de lançamento do BarraShopping, em 1981, localizado no Rio de Janeiro. Na época, um grande empreendimento que estava sendo inaugurado e, com ele, a era dos shoppings centers como templos do consumo. Padilha afirma que os objetos da publicidade e do consumo funcionam como sedativos para incertezas que cercam a vida cotidiana das pessoas. “E é por isso que elas [as pessoas] aderem à publicidade que cria uma relação de amor, de desejo e de salvação entre elas e os objetos. E são esses objetos, segundo o autor [Quessada] que acabam garantindo uma parte da homogeneidade da sociedade, uma vez que são eles que fabricam os sujeitos sociais” (PADILHA, 2006). Assista à propaganda de lançamento do BarraShopping e reflita sobre o conteúdo da letra da música. Em seguida, faça uma pesquisa, na internet, e encontre outras propagandas de TV que visam oferecer, por meio dos produtos, o prazer, a felicidade. Nesse sentido, pesquise e analise, pelo menos, dois comerciais voltados para as crianças, para as mulheres e para os homens. O que eles têm em comum? O que pretendem? O que é vendido? Aprenda Mais Comerciais anos 50: https://www.youtube.com/watch?v=Vd4yuUGSG04. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Comerciais anos 70 e 80: https://www.youtube.com/watch?v=tXpYt5Mi2gs. Propagandas anos 80: http://blog.cincocincozero.com Comerciais anos 90: https://www.youtube.com/watch?v=AZzWVJ9ijdg. Comerciais anos 2000: https://www.youtube.com/watch?v=AZzWVJ9ijdg. Referências BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1995. BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. LACROIX, M. O culto da emoção. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2001. LIPOVETSKY, G. O Império do Efêmero. São Paulo: Cia Das Letras, 1987. PADILHA, V. Shopping Center – a catedral das mercadorias. São Paulo: Perdizes, 2006. ROCHA, E. ; PEREIRA, C. Juventude e consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2009. SANTOS, J. F. O que é pós-moderno? Rio de Janeiro: Brasiliense, 2013. VEBLEN, T. A teoria da classe ociosa. São Paulo: Abril Cultural, 1980. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Exercícios de fixação Questão 1 O Fordismo foi um sistema de produção, criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, em 1914, que tinha como principal característica a fabricação em massa de automóveis. Baseado em uma linha de montagem, o objetivo do sistema era reduzir, ao máximo, os custos de produção, vendendo para o maior número possível de consumidores. Podemos situar o fordismo no cenário da história do consumo, caracterizado pelo: a) Poder de compra dos consumidores. b) Pelo consumismo desenfreado. c) Lugar e importância que tinha a classe ociosa. d) Pós-guerra, que ampliou a industrialização. e) Impacto. Questão 2 No ano passado, algumas cidades brasileiras vivenciaram o fenômeno dos rolezinhos, que colocaram em xeque a divisão social implícita nos shoppings centers. Acuados, lojistas redobraram a segurança e parte das classes média e alta se afastou dos espaços, recriminando a atitude. Os episódios reiteram de maneira evidente uma característica antiga da prática do consumo, que remonta aos primeiros cenários de sua história: a) A diferença social e de classe que o consumo impõe dentro da sociedade. b) A banalização do consumo na sociedade do século XXI. c) O consumo como simulacro da realidade. d) A falência do capitalismo. e) A intransigência entre os grupos sociais. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 3 Logo após a Revolução Industrial, as indústrias começaram a produzir mais e em maior escala. A oferta cresceu. Era preciso fazer com que os produtos saíssem das prateleiras. A publicidade ganhou mais importância. Verificamos que, nas primeiras décadas do século XX, a publicidade se utilizou dos avanços tecnológicos para associar a venda dos produtos a: a) Uma concepção e visão de progresso. b) Uma maior qualidade estética e de serviço. c) Um melhor custo e benefício. d) Uma nova campanha publicitária. e) Uma nova classe social. Questão 4 Em 2013, o padre argentino Jorge Mario Bergoglio foi escolhido como o 266º papa da Igreja Católica e chefe do Estado do Vaticano. Desde então, o Papa vem demonstrando, por suas ações, que dispensa cerimoniais, rituais seculares e objetos ligados à sua posição de sumo pontífice. Abriu mão do calçado vermelho e do anel e crucifixo de ouro. Posicionamento diferente dos papas anteriores, principalmente dos que viveram na Idade Média, que não exerciam nenhum tipo de trabalho e ou serviço. Suas ocupações, aceitas por todos sem questionamento, eram de outra ordem: apenas religiosas. Tais sacerdotes tinham direito a certas práticas de consumo, sendo sempre oferecidos os melhores e mais ricos produtos. Segundo o estudioso Tornstein Veblen, esses papas antigos pertenciam à: a) Classe alta. b) Classe ociosa. c) Classe superior. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR d) Classe de Deus. e) Classe dos presbíteros. Questão 5 Analise as afirmativas propostas: I. Foram os artesãos os responsáveis por promover a industrialização dos produtos manufaturados. II. O sistema de produção conhecido como Fordismo estava ligado somente à fabricação dos automóveis. III. A compra de produtos, impulsionada pela publicidade, nas primeiras décadas do século XX, estava ligada prioritariamente a sobrevivência humana. IV. Considerando as afirmações acima, responda corretamente: a) Todas as afirmações estão corretas. b) Somente a III é verdadeira. c) Somente a II é falsa. d) Somente a I é falsa. e) Todas as afirmações são falsas. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 6 Considerando as características da sociedade do consumo e as afirmações abaixo, assinale a opção correta. I. A procura por produtos maior que a oferta. II. Estratégias de marketing (agressivas e sedutoras) para criar e vender desejos e necessidades. III. Produções em série e estratégias de obsolescência programada. IV. Padrões de consumo massificados. V. Tendência para o consumismo. a) As afirmações I, III e V estão corretas. b) Somente as afirmações II e V estão corretas. c) Todas as alternativas estão corretas. d) Somente a primeira afirmação é falsa. e) Somente a última afirmação é falsa. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 7 Acesso em: 8 out. 2014. A tirinha, produzida por Joe & Guedes, faz uma reflexão sobre a sociedade do consumo, trazendo à tona uma de suas características: o consumismo. Sobre o conceito, podemos destacar: I. Trata-se de um consumo ilimitado de bens duráveis e ou artigos supérfluos. II. Ato ou efeito de consumir em grande escala. III. Consumo crescente e ininterrupto vantajoso para a economia. a) Todas as alternativas estão corretas. b) Somente a I está correta. c) Somente a I e a II estão corretas. d) Somente a III é falsa. e) Somente a II é falsa. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 8 No verão de 2000, a Coca-Cola lançou um grande concurso na França. Sob o nome de “destinos: todas as sensações”, o pleito consistia em virar o rótulo das 450 milhões de garrafas e latas vendidas no país. Se um dossentidos humanos estivesse mencionado, o indivíduo ganharia uma viagem. Quem tirasse a visão – visitaria o Grand Canyon visto de helicóptero; o tato – as neves de verão do Chile, deslizando em um snowboard; a audição – os ritmos das festas brasileiras; olfato – os ventos alísios, em um jet-ski, no Taiti; paladar – uma aventura no Sri Lanka, no dorso de um elefante. O concurso estimulava o consumo vinculando ele a sensações e aventuras. Poderíamos vincular a estratégia ao cenário da história do consumo em que os consumidores consomem: a) Para se diferenciar dos outros consumidores. b) Com o objetivo de satisfazer sua fantasia, seu prazer. c) Bens e serviços para promover a industrialização. d) O maior número de produtos para serem vistos como superiores. e) Somente aquilo que podem comprar dentro do orçamento. Questão 9 Assista aos dois vídeos a seguir e responda a alternativa que melhor define o objetivo das duas campanhas publicitárias. O que elas têm em comum? Kibom; CocaColas. a) São peças publicitárias que visam vender mais seus produtos. b) São peças publicitárias que têm o objetivo de agregar conceitos a seus produtos, às suas marcas. c) São peças publicitárias voltadas para o público jovem. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR d) São peças publicitárias que querem vender felicidade. e) São pelas publicitárias nacionais, com foque na sociedade brasileira. Questão 10 Dona Guilhermina sempre teve um sonho: comprar uma TV nova para assistir a seus programas favoritos. Depois economizar dinheiro, ela conseguiu concretizar o sonho. Comprou a maior possível: uma TV LED de 60 polegadas. Quando a TV chegou à casa, pensou em organizar uma festinha para as amigas. No sábado seguinte, todas as suas amigas estavam lá, admirando a nova aquisição. Na segunda-feira, pela manhã, ela viu chegar no apartamento da Dona Clarice uma TV igualzinha. De acordo com o Baudrillard, a televisão comprada pela Dona Guilhermina: a) Representou mais que um simples novo objeto; conferiu-lhe um novo status frente ao seu grupo. b) Gerou inveja na Dona Clarice. c) Aproximou o grupo de amigas da Dona Guilhermina. d) Representou a concretização de um velho sonho. e) Satisfez uma necessidade antiga. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Introdução O processo acelerado de mudanças ocorridas na internet vem proporcionando um ambiente virtual mais participativo e interativo permitindo, assim, que ferramentas e sistemas de informação tenham fácil utilização. Mesmo sem conhecer a parte técnica e instrumental ou as linguagens de programação, indivíduos têm condições de se tornar conteudistas e produtores de informação e disseminadores de conhecimento. Diante de um ambiente altamente competitivo, empresas investem em estratégias de relacionamento no ambiente digital para alcançar diferencial no mercado. Há grande preocupação em atender o novo consumidor que consome e produz conteúdo. Dessa maneira, empresas passaram a estudar os canais e a linguagem a ser utilizada nessas plataformas sociais digitais (blogs, fanpage no Facebook, perfil no Twitter, canais de vídeos no YouTube etc). É preciso que as organizações complexas e modernas entendam o poder das redes sociais digitais, das conexões e das multidões. São as novas Tecnologias de Informação e Comunicação e sua disseminação que modificam aspectos fundamentais tanto na condição da informação quanto na sua distribuição. Essas tecnologias intensas modificam radicalmente a qualificação de tempo e espaço entre as relações do emissor com os receptores da informação. Objetivo: 1. Apontar o surgimento do ambiente digital; 2. Identificar as plataformas sociais digitais com exemplos de ações reais do novo consumidor e das marcas. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Conteúdo Surgimento do ambiente digital Desde a montagem da Arpanet – uma rede de computadores –, em setembro de 1969, até a explosão da World Wide Web, criada por Tim Berners Lee na década de 1990, é agora que vivemos o tempo em que as máquinas de computadores se integram à internet e em que passamos a perceber as mudanças na busca e no processamento de informações proporcionados pela navegação na rede. Web e internet não são palavras sinônimas, apesar de possuírem estreitas relações que resultaram em um novo mundo de possibilidades de pesquisa e comunicação não apenas para pesquisadores, mas útil para toda a sociedade e para os diversos mercados. A diferença é bastante simples: a internet é uma rede que conecta milhões de computadores pelo mundo, enquanto a Web é uma das várias ferramentas de acesso a essa rede. É a internet que provê serviços como e- mail, FTP e troca de mensagens instantâneas. A Web usa o protocolo HTTP para promover essa transferência de informações e depende de browsers (navegadores como Internet Explorer e Chrome) para apresentar tudo isso ao internauta, permitindo que ele clique em links que levam a arquivos hospedados em outros computadores. Fonte: Olhar Digital. Disponível em: http://olhardigital.uol.com.br/ Resumindo: internet é rede de computadores. Web é uma aplicação para rodar nessas redes. A internet foi desenvolvida na década de 1960 do século passado, nos Estados Unidos, por meio da Advanced Research Projects Agency (ARPA). Criada CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR em 1958, pelo Departamento de Defesa norte-americano, a ARPA tinha a missão de mobilizar recursos de pesquisa, em particular para o mundo acadêmico, com objetivo de alcançar superioridade tecnológica militar em relação à extinta União Soviética na esteira do lançamento do Sputnik, primeiro satélite artificial da Terra, em 1957. A ARPANet, montada em 1969, foi a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes e tinha o objetivo de interligar as bases militares e os departamentos de pesquisa do governo americano. A partir daquele período, a internet cresceu rapidamente como uma rede global de computadores. A definição do termo internet, porém, surgiu somente em 24 de outubro de 1995, por meio de uma resolução proferida pelo Federal Networking Council (FNC), feita de acordo com as lideranças da internet e comunidades de direitos e propriedades intelectuais. Como afirma Manuel Castells, no livro A Galáxia da Internet (2003), a história da criação e do desenvolvimento da internet é a história de uma aventura humana extraordinária, pois ela põe em relevo a capacidade que as pessoas têm de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. Reforça, também, a ideia de que a cooperação e a liberdade de informação podem ser mais propícias à inovação do que a competição os direitos de propriedade. A nova ordem tecnológica Atualmente, temos uma evolução das nomenclaturas para a internet, com os termos Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0, que passaram a ser usados depois que Tim O’Reilly usou a expressão Web 2.0 para se referir à segunda geração de aplicativos, comunidades e serviços para os quais a internet seria a grande plataforma. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR No entanto, apesar de ter a conotação de uma nova versão para a internet, o termo não significava atualizações técnicas. Por isso, existem críticos que não aceitam o termo, uma vez que muitos componentes tecnológicos da Web 2.0 são os mesmos da Web 1.0. No complexo virtual emque se entrecruzam informações sistematizadas, não sistematizadas e interativamente constituídas, é preciso mencionar os esforços de articulação semântica entre os conteúdos que têm sido estabelecidos pela programação computacional e que se configura como Web 3.0. A Web semântica se propõe organizar e relacionar conteúdos a partir das relações semânticas estabelecidas entre os conceitos – e seus respectivos significados – utilizados na composição dos conteúdos, sejam sistêmicos ou interativos. Seria o virtual, em plano semiótico, que permitiria codificar outras máquinas abstratas. Essa virtualidade reescreveria o ambiente por meio de signos. A Web 3.0, portanto, teria como intuito minimizar esse esforço de discriminação de conteúdos demandados ao usuário da rede no momento em que proporia estabelecer interoperacionalmente dados sobre dados (metadados) a partir de orientação semântica. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR A TV1 ouviu o consórcio W3C e a especialista Martha Gabriel sobre web semântica. O vídeo trata das novas possibilidades e diferenciais da ’web 3.0’ para a comunicação e o marketing. Observe o quadro a seguir: Fonte: Elaborado a partir de Neves (2007) Internet como plataforma de relacionamento Santaella (2013) considera que a passagem da Web 1.0 nos dá um retrato fiel do crescimento da inteligência que marca a vida das redes. A Web 1.0 era dominada pelas páginas dos sites corporativos, institucionais ou pessoais, pelos chats nos sites ou portais dos provedores de acesso, pelos fóruns em que começaram a germinar as comunidades virtuais, pelas trocas de e-mails e de documentos anexados. Na Web 2.0 houve deslocamento do foco diretamente para o usuário, que passou a assumir o comando dos seus desejos de comunicação, entretenimento e busca de informação. Entramos, na opinião de Santaella (2013), na era das Wikis, da explosão dos blogs, das redes sociais. A Web 2.0 tem alavancado a internet como um ambiente de compartilhamento de informações e permite que usuários comuns sejam leitores e produtores de informação na rede. Redes sociais digitais, como Facebook, MySpace, Twitter e outros surgem como plataformas capazes de permitir inserção de conteúdo pelos usuários e compartilhamento de informação. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Atenção Como é descrito pela secretaria de assuntos estratégicos do governo brasileiro, na obra Produção de conteúdo nacional para mídias digitais, sem grandes voos futurológicos, pode-se vislumbrar, ao longo dos próximos anos, a consolidação da convergência de mídias na distribuição de conteúdos digitais. Haverá uma consequente redefinição dos paradigmas de autoria aplicáveis tanto aos novos conteúdos quanto aos acrescentados ao enorme legado que constitui o atual acervo da cultura da humanidade. Novo cenário digital Você já imaginou o que as empresas e os líderes da indústria da comunicação devem levar em conta ao traçar planos de marketing de relacionamento a partir desse novo cenário digital? “São muitas as descrições e definições que o ciberespaço recebe. Enquanto a internet, via de regra, é descrita em termos mais técnicos, quando se trata do ciberespaço, a imaginação voa, quase sempre em um céu de metáforas”. Lucia Santaella Veja como algumas expressões são recorrentes entre os pesquisadores do ciberespaço e da cibercultura: A sociedade está em rede e interconectada com um número cada vez maior de pontos e com uma frequência que só faz crescer. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Manuel Castells (2003) indica os desafios da sociedade em rede, sendo que a comunicação é a essência da atividade humana e todos os domínios da vida social estão sendo modificados pelos usos disseminados da internet. A partir disso, é importante: • Compreender melhor a atividade desses coletivos; • Entender a forma como comportamentos e ideias se propagam; • Analisar o modo como notícias afluem de um ponto a outro do planeta. Agora vamos assistir a um vídeo da Loja do Futuro que demonstra as novas relações de consumo diante das tecnologias de informação e comunicação. Para saber mais sobre a Loja do Futuro, clique aqui para assistir a uma demonstração do seu funcionamento. O consumidor e o produtor dos mais diversos bens Já vimos a evolução dos cenários digitais e agora vamos entender como a infraestrutura digital permite o contato direto entre o consumidor e o produtor de diferentes bens. Ronaldo Lemos, diretor do Creative Commons, diz que essa crise estrutural das mídias tradicionais é extremamente complexa. São vários fatores, desde a concorrência com outras mídias até a mudança de hábito do consumidor como um todo. Além disso, com relação à ausência de intermediários, que é real, acontece o seguinte: surge um novo competidor para a indústria cultural. Esse competidor é a própria sociedade. Hoje, Hollywood tem que competir com o garoto que está em casa. A Rede Globo tem que competir também com esse mesmo garoto que está em casa, fazendo novelinha e disponibilizando no YouTube. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR “Os rastros digitais, os controles de movimentos nas redes realizados pelas grandes corporações visam à ampliação do monitoramento dos hábitos dos seus possíveis consumidores”. PRETTO; SILVEIRA, 2008. Assista, agora aos vídeos com perfis digigráficos feitos pela DM9DDB. Internet como redução das ineficiências de mercado e de novas expectativas dos consumidores Os novos modelos e formas de negócio surgidos a partir da evolução e massificação do uso da internet como ambiente e plataforma para a realização de negócios trazem consigo novas oportunidades derivadas de características e particularidades específicas do meio. O atual consumidor 2.0, habitante do mundo digital, possui um arsenal de informações, canais de comunicação e ferramentas de simulação, busca e comparação que o possibilitam obter subsídios mais qualificados e realistas sobre características de produtos e serviços, como diferenciais técnicos, performance, satisfação e opiniões de outros consumidores/usuários, variância de preços e prazos de entrega (Futuro Digital, 2011). Atenção As principais características e particularidades do meio virtual são: • Interatividade; • Comunicação on-time; • Comunicação real-time; • Comunicação-anywhere; • Meios de pagamento digitais; • Processos logísticos integrados; • Desterritorialidade; • Aplicativos; • Redes e mídias sociais digitais. Fonte: E-Book Futuro Digital E-Consulting Corp. 2011. Uma Breve Visão sobre o Poder da Inclusão Digital na Competitividade do País. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Público agora é alvo, mídia e gerador de conteúdo A mídia não está organizada em pequenos retângulos chamados jornais, revistas e aparelhos de televisão. As pessoas se conectam com outras pessoas e recebem poder delas, principalmente, nas multidões. “Aceitar a premissa de que o consumidor não quer assistir ao que você está colocando no ar muda todo o pressuposto de como a propaganda é feita para que possa ser eficiente. E aqui entra a busca das marcas por relevância e credibilidade. As pessoas só prestarão atenção em quem for incrível e tiver consistência”. Ricardo Guimarães, presidente e fundador da Thymus Branding. Fonte: http://www.guimaraes.com.br/ Casos que mostram a relação das marcas com os consumidores2.0 Caso 1: Digitalização O Itaú usou a culinarista Palmira Onofre, a Palmirinha, para ensinar os usuários a consultar o banco e a realizar transações financeiras pela internet e pelo celular. A campanha abordou diferentes aspectos de mudança de hábito das pessoas e o objetivo é incentivar o uso dos canais digitais da instituição. Peças foram veiculadas em portais como MSN, YouTube, Yahoo, Buscapé, entre outros. Foram, também, produzidos vídeos tutoriais veiculados no YouTube e no site do banco. Agência: Fbiz Assista ao vídeo da campanha. Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/home Caso 2: Smart Interaction A Samsung produz vídeos virais para promover o lançamento da nova Samsung SmartTV. O vídeo "torradeira" brinca com os diferenciais do produto, que é aceitar comandos de voz, movimento e reconhecimento facial por meio do CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR recurso Smart Interaction. O filme não segue roteiro aparente e traz os personagens de forma caseira fazendo mágica com a torradeira. Agência: Digitais Assista ao vídeo da campanha. Fonte: Samsung. Caso 3: Dicasn Por meio de posts com imagens (cards) na fanpage no Facebook, a Johnson Baby busca auxiliar mães e pais no cuidado com os recém-nascidos. A ação “30 dias, 30 dicas” aborda temas da rotina do recém-nascido como: higiene, alimentação, sono, entre outros. Os cards estão disponíveis na fanpage da marca. Agência: IThink Site: www.facebook.com/johnsonsbabybrasil Atividade proposta É fato que os brasileiros utilizam muito as redes sociais. Em sua opinião, isso influencia no consumo de bens e serviços? Aprenda Mais Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, leia os livros: CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança – movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2013. HARVEY, D.; SADER, E.; TELES, E. Occupy – Movimentos de Protesto Que Tomaram As Ruas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012. MALINI, F.; ANTOUN, H. A internet e a rua – Ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre, Editora Sulina, 2013. E acesse os sites: CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR http://www.meioemensagem.com.br/home.html. http://propmark.uol.com.br/. Referências BRASIL. Secretaria de assuntos estratégicos. Produção de conteúdo nacional para mídias digitais. Brasília, DF, 2011. CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. ____________. Redes de investigação e esperança – movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. HARVEY, D.; ZIZEK, S. ALI, T. et al. Occupy – movimentos de proptesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo, 2012. MALINI, F.; ANTOUN, H. Internet e rua – ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013. NEVES, Ricardo. O novo mundo digital: você já está nele: oportunidades, ameaças e as mudanças que estamos vivendo. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2007. PRETTO, N. L.; SILVEIRA, S. A. Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. Salvador: EDUFBA, 2008. SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua: repercussões na cultura e na educação. São Paulo: Paulus, 2013. Exercícios de fixação Questão 1 CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR A imagem revela o contraste de comportamentos entre gerações e aponta que a cibercultura no cotidiano leva os indivíduos a realizarem novas práticas comunicacionais. A partir dessa inferência conclui-se que: a) Essas formas de comunicação trazem uma nova configuração espaço- temporal em relação à troca de informação e de conhecimento na rede. b) Nada muda entre o analógico e o digital. c) A geração Y tem as mesmas características da geração baby-boomers. d) O Twitter não é uma ferramenta que modifica as práticas comunicacionais. e) Twitter e Wiki são sinônimos. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 2 A evolução da tecnologia, representada pela internet, gera uma nova relação com os processos comunicacionais, sendo um de seus marcos a liberação da: a) Integração de dados. b) Integração de mensagens. c) Interação social. d) Localização de conteúdo. e) Produção de conteúdo. Questão 3 Pierre Lévy cunhou o termo inteligência coletiva desde o lançamento do livro "A inteligência coletiva – Por uma antropologia do ciberespaço". Nessa obra, Lévy conta toda a história da inteligência coletiva e a relaciona com o ciberespaço. A inteligência coletiva é um termo que diz respeito a um princípio no qual as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por toda a sociedade, sendo potencializadas a partir do surgimento de novas tecnologias de comunicação e informação, como a internet, por exemplo. O canadense Derrick de Kerckhove também aborda o mesmo tema, mas para ele a expressão inteligência coletiva é tratada como: a) Inteligência espacial b) Inteligência das multidões c) Inteligência conectiva d) Inteligência das redes e) Inteligência em grupo CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 4 Com relação às formas de comunicação online, que possibilitam a produção colaborativa entre pares, por meio de discurso na Web, conclui-se, em relação à produção wiki: a) Web 2.0 se refere a uma internet mais veloz. b) Internet e Web só foram possíveis depois da criação do hiperlink e dos Wikis. c) Wikipédia faz parte dos projetos Wiki desenvolvidos pela Wikimedia Foundation e permite a produção colaborativa e discursiva de verbetes pelas pessoas. d) Hiperlink e hipertexto são sinônimos. e) Os e-mails são formas mais contemporâneas de comunicação que os chats. Questão 5 A imagem a seguir revela algumas situações criadas pelas tecnologias digitais do mundo contemporâneo: interação, participação e produção de conteúdo. Com a produção deliberativa de conteúdo, infere-se que: CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Adaptado de: Real, Man – Funny Pictures, Memes, Funny Quotes a) O volume de dados tende a diminuir. b) O volume de dados tende a aumentar com a possibilidade de indivíduos, mesmo sem conhecimento técnico, poder produzir imagens e textos em mídias sociais digitais. c) Só o Facebook sabe usar os dados produzidos pelos seus usuários para fazer marketing. d) Só o Google sabe usar os dados produzidos pelos seus usuários para fazer marketing. e) O volume de informações disponíveis atualmente na internet é somente de fotos. Questão 6 Na entrevista da pesquisadora Carolina Terra, a mesma apresenta um termo cunhado por ela que é determinado de: a) Internauta b) Ouvinte c) Interagente d) Usuário-mídia e) Telespectador CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 7 De acordo com a aula, público agora é, além de alvo, mídia e gerador de conteúdo. Muito desses conteúdos provém de as pessoas se conectarem com outras pessoas e receberem poder delas, principalmente: a) Nas multidões b) No Facebook c) No Twitter d) Nos blogs e) No Tumblr Questão 8 Reclame Aqui é um dos maiores sites brasileiros de reclamações contra empresas sobre atendimento, compra, venda, produtos e serviços. É um serviço totalmente gratuito, tanto para os consumidores postarem suas reclamações, quanto para as empresas responderem a essas reclamações. Em relação a um serviçode atendimento ao consumidor, no contexto da Web 2.0, é correto afirmar que: a) O Reclame Aqui substitui o PROCON (Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor) para o consumidor reclamar os direitos. b) Trata-se de um site em que consumidores fazem um cadastro de seus dados pessoais para relacionamento social, como acontece em redes sociais digitais. c) A política de privacidade do site não exige que o usuário deva se registrar em formulário específico de cadastro, fornecendo informações verdadeiras. d) Não é mencionado o nome da empresa da qual o cliente reclama. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR e) A Web 2.0 tem alavancado a internet como um ambiente de compartilhamento de informações e permite que usuários comuns sejam leitores, consumidores, e produtores de informação na rede. Questão 9 A expressão consumidor 2.0 refere-se: a) Ao consumidor que decide compras com mais velocidade. b) Às estratégias de consumo baseadas no marketing 3.0. c) Ao consumidor atual, em alusão à web 2.0, que permite que o consumidor assuma uma postura de maior interatividade com as marcas. d) Ao consumidor infantil. e) Ao consumidor que usa sites de compra coletiva. Questão 10 Os novos modelos e formas de negócio, surgidos a partir da evolução e massificação do uso da internet como ambiente e plataforma para a realização de negócios, trazem novas oportunidades derivadas de características e particularidades específicas do meio. São elas: a) Interatividade, comunicação em tempo real de qualquer lugar, meios de pagamento digitais, processos logísticos integrados, entre outras. b) O fim do Orkut. c) A volta do ICQ. d) O sucesso do Twitter em eventos como Copa do Mundo. e) Nenhuma das alternativas. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Introdução No mundo offline, as pessoas não mudam de comportamento rapidamente, por isso as empresas conseguem desenvolver ações para fidelizar os clientes. No entanto, no mundo online as pessoas mudam de comportamento com frequência, assim que observam algo melhor e mais atraente. Em tempos de conexão digital em rede, esse cenário incentiva os empresários a desenvolver estratégias mais eficazes de relacionamento das marcas com seus consumidores. Se você tem uma marca, ela pode estar ameaçada. Seus clientes têm uma ideia do que sua marca significa, e essa ideia pode ser diferente da imagem que você está projetando. Agora, os consumidores falam uns com os outros sobre suas ideias e podem estar redefinindo a marca na qual você investiu milhões em criação. Os nativos digitais e o aumento do poder de compra das classes C e D modificaram o relacionamento do consumidor com as marcas. A nova maneira de interação do consumidor com a marca é mais participativa e pode modificar o ciclo de vida de um produto. Nesse sentido, o que ferir a fidelidade do consumidor aparecerá rapidamente por meio da publicação nas mídias sociais digitais. É importante re(pensar) as características do consumidor 2.0 diante das plataformas sociais digitais. Objetivo: 1. Definir os perfis tecnográficos sociais de consumidores na Web, a partir das características das novas gerações na internet; 2. Identificar o atual quadro do mercado consumidor brasileiro diante da reconfiguração das classes sociais. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Conteúdo Os perfis tecnográficos nas redes sociais O consumo pode ser interpretado a partir do universo simbólico dos indivíduos que atribuem significados específicos a determinadas categorias de produtos ou serviços. Quando se pensa no exemplo de um produto cujo consumo está atrelado à masculinidade e outro cujo consumo está atrelado à feminilidade, que exemplos você consegue imaginar? Merlo e Ceribeli (2014) lembram que o comportamento de compra dos consumidores possui relação estreita com as motivações individuais. Nesse sentido, é importante entender quais são os principais motivos que induzem o consumidor à ação de comprar. Veja algumas teorias genéricas de estudiosos sobre o que motiva os consumidores a comprar: Maslow A Hierarquia das necessidades proposta por Maslow é baseada no pressuposto de que as necessidades humanas, que levam os indivíduos a agir, não são todas ativadas simultaneamente. O que ocorre, segundo esse pesquisador, é que as necessidades superiores tendem a ser percebidas somente depois que as necessidades mais básicas forem atendidas. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR McClelland Defende que as necessidades humanas podem ser classificadas em três grandes grupos de necessidades: de afiliação, de poder e de realização. Apesar de os consumidores serem motivados pelos três grupos, o grau com que cada uma dessas necessidades se manifesta varia de acordo com diferentes segmentos de indivíduos. Alguns consumidores são motivados principalmente pela possibilidade de exercer controle sobre os demais, outros preferem manter relacionamentos sociais saudáveis, enquanto vários preferem se engajar em atividades desafiadoras. Dichter Ao contrário de Maslow e McClelland, que estudaram a motivação dos indivíduos sob uma perspectiva mais genérica, Ernest Dichter se propôs a estudar os motivos que impulsionam os indivíduos ao consumo. Como resultado desses estudos, foi possível identificar um conjunto de motivos ou necessidades CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR intrínsecas, muitas delas ativadas a nível inconsciente, que impulsionavam os consumidores a comprar diferentes categorias de produtos/serviços e em diferentes situações de consumo. Sheth, Newman e Gross Além da pesquisa de Dichter, outro estudo relacionado com o mapeamento das motivações dos indivíduos enquanto consumidores que merece destaque é a pesquisa que engloba cinco grupos de motivos que explicam as preferências individuais dos consumidores: funcionais, sociais, emocionais, epistêmicos e situacionais. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Tauber O estudo se refere às motivações pessoais para compras identificadas por Tauber, que as classificou em seis categorias: • Desempenho de papel; • Busca por diversão; • Busca por gratificação pessoal; • Aprendizado; • Busca por atividades físicas; • Estimulação sensorial. Comportamento dos consumidores Lembrada por Gabriel (2010), uma abordagem necessária para entender o comportamento dos consumidores online é iniciada a partir dos seguintes questionamentos: Onde estão os seus consumidores online? Quais são os comportamentos desses consumidores online? Em que informações sociais ou pessoas esses consumidores confiam? Qual é a influência social dos seus consumidores? Quem confia neles? Como os seus consumidores usam tecnologias sociais no contexto dos seus produtos? Tipos de comportamento dos consumidores Li e Bernoff (2009) usam a segmentação sociográfica para obter respostas para as questões que vimos anteriormente. A partir da função dos tipos de participação dos públicos nas redes sociais online a segmentação sociográfica CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR propõe uma pirâmide de comportamento que da base para o topo envolve algumas etapas. Cada tipo de comportamento requer ações diferentes para conseguir engajá-lo. Vejamos as etapas que Gabriel (2010) definiu em detalhes: Assistir Pessoas que apenas consomem conteúdo. Exemplo:visitar redes sociais, ler blogs, assistir a vídeos, ouvir podcasts para encontrar conteúdo social de entretenimento, para que as ajude a tomar decisões ou para aprender com os outros. Para engajar esse tipo de público, é preciso: • Conhecer que tipo de conteúdo ele consome; • Criar conteúdos relevantes que ele goste de ler, assistir ou ouvir; • Criar conteúdos que engajem o ato de assistir. Compartilhar Pessoas que atualizam perfis em redes sociais fazem upload ou compartilham fotos, vídeos, artigos. Esse tipo de pessoa compartilha informações com seus pares, tanto para ajudá-los como para demonstrar conhecimento. As estatísticas indicam que a atividade de compartilhar está crescendo na internet. Para engajar esse tipo de público é necessário: • Simplificar e inovar as ferramentas para compartilhar; CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR • Oferecer reconhecimento e prêmios; • Permitir funcionalidades de conexão com Twitter, Facebook e LinkedIn. Comentar Pessoas que respondem aos conteúdos dos outros, com comentários em blogs ou notícias, reviews ou avaliações de produtos. Buscam participar ativamente, ajudar, dar ideias e opiniões, mas normalmente sem se envolverem. Para engajar esse tipo de público, deve-se: • Permitir que todas as páginas do seu site tenha funcionalidades para que os usuários possam comentar; • Desenvolver uma política de comunicação; • Fomentar um ambiente aberto e amigável. Produzir Pessoas que criam e publicam seu próprio conteúdo em websites, blogs ou podcasts. Elas desejam expressar identidade, conteúdo próprio, serem ouvidas ou reconhecidas. Para engajar esse tipo de público: • Torne-se uma plataforma para seus consumidores serem ouvidos; • Forneça reconhecimento público para os membros mais úteis da comunidade; • Patrocine discussões. Fazer curadoria Pessoas que moderam ou estão fortemente envolvidas em comunidades online, como Wikipédia, páginas de fãs ou quadros de discussão. Elas estão interessadas em ter retorno ou ser reconhecidas por investir no sucesso de um produto ou serviço. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Para engajar esse público: • Trate-o como conselheiro confiável e considere-o um parceiro não pago; • Identifique os influenciadores ou construtores da comunidade e reconheça-os publicamente. Classificação dos consumidores Você sabe por que uma estratégia que trata todas as pessoas da mesma maneira é a receita do fracasso? Essa pergunta é fácil de responder. É só entender que as pessoas não são semelhantes e não reagem da mesma maneira. Por esse motivo é preciso entender os perfis das pessoas na rede social digital e no ambiente web. Li e Bernoff (2009) acreditam que há uma maneira de agrupar as pessoas com base nas atividades das quais elas participam. É possível classificar os consumidores de acordo com seu envolvimento em certas atividades. Por meio do perfil tecnográfico social, pode-se entender como as tecnologias sociais estão sendo adotadas por qualquer grupo de pessoas. Li e Bernoff (2009) afirmam que o mundo não é totalmente plano. As pessoas na Índia não usam as mesmas redes de relacionamento social que as pessoas na Alemanha. No Brasil tampouco. Mas as emoções básicas são universais: • Desejo de se conectar; • Criar; • Permanecer em contato; • Colaborar. Como resultado é possível usar os mesmos grupos de perfis tecnográficos sociais aplicando-os de acordo com variáveis demográficas, ou comportamentos, em qualquer parte do mundo em que se realiza a pesquisa. O perfil tecnográfico social inclui os seguintes grupos: CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Criadores São consumidores online que, pelo menos uma vez por mês, publicam um blog ou artigo online, mantém uma página na web, ou fazem upload de arquivos de vídeo ou áudio para sites como YouTube. Críticos Reagem a outros conteúdos online, postando comentários em blogs ou fóruns online, escrevendo ratings ou críticas ou editando Wikis. Colecionadores Armazenam URLs e tags em um serviço de marcadores/favoritos social como del.li.cio.us, votam em sites em um serviço como Digg ou usam feeds de RSS em serviços como Bloglines. Participantes Mantêm perfis em sites de relacionamento social como Facebook, Twitter, Instagram, Vine. Espectadores Consomem o que outras pessoas produzem: blogs, vídeos online, podcasts, fóruns e análises críticas. Inativos São as pessoas online, mas que não participam de nenhum tipo de mídia social. Também chamados de não participantes. Modelo de comunicação nas mídias sociais Existe um processo de planejamento, que é um modelo sistemático para elaborar um plano de comunicação com clientes nas mídias sociais, denominado de método POST. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Veja os quatro passos em detalhes: Pessoas Quem são seus clientes? Eles estão pontos para quê? O importante é avaliar como seus clientes se engajam com base no que eles já estão fazendo. Descubra se seus clientes estão mais inclinados a escrever críticas ou a participar de redes de relacionamento. Objetivos Quais são seus objetivos? Você tem interesse em fazer marketing ou em gerar vendas ao energizar seus melhores clientes? Estratégia Strategy, em inglês. Como os relacionamentos com seus clientes mudam? Você quer que eles ajudem a transmitir mensagens aos outros em seu mercado? Você quer que eles fiquem mais engajados com sua empresa? Tecnologia Que aplicativos você deve construir? Após ter se decidido pelas pessoas, objetivos e estratégia, você pode escolher as tecnologias adequadas como blogs, wikis, redes sociais. Galeria de Vídeos Assista agora ao vídeo com Charlene Li, sobre o relacionamento com as pessoas no ambiente digital. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Futuro do consumo digital no Brasil As sitcoms sempre nos mostraram modelos de família e suas correspondentes classes sociais. Entre as mais famosas estão: The Big Bang, Friends, Two and a half men, Chaves, The Simpsons, How I met your mother, My Wife and Kids, iCarly, South Park, entre outras. Para falar de tecnologia, quem diria que Os Jetsons, um desenhado animado criado na década de 1960, produzido pela Hannah-Barbera, introduziria no imaginário da maioria das pessoas o que seria o futuro da humanidade: carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado, toda sorte de aparelhos eletrodomésticos e de entretenimento, robôs como criados, e tudo que dá para se imaginar do futuro. Se os personagens das sitcoms e os membros da família Jetsons se encontrassem hoje, poderíamos ver o cenário de uma classe que podemos chamar de tecnológica. De acordo com Schiffman e Kanuk (2012), o nível de instrução, a familiaridade e o conhecimento de tecnologia, especialmente computadores e a internet, são a nova base de um tipo de posicionamento de classe, de status ou prestígio. Galeria de Vídeos Assista à abertura do desenho Os Jetsons. Os consumidores do mundo inteiro já perceberam que é essencial adquirir um conhecimento funcional de computadores para assegurar que não ficarão obsoletos nem se prejudicarão social ou profissionalmente. José Jarbas, CEO e fundador da eCRM 123 afirma que “o comportamento das marcas na rede deve assumir um caráter preventivo. Se o consumidor gera um CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTODO CONSUMIDOR post negativo sobre a marca e não é prontamente atendido em sua insatisfação, provavelmente gerará um efeito viral negativo, e um grande número de pessoas será incentivado a se afastar da marca pelo consumidor insatisfeito.” Nesse sentido, existe uma estrutura de classe tecnológica que se centraliza em torno do nível de habilidades com computadores que a pessoa possui. Aqueles que não dispõem das necessárias habilidades de informática se verão cada vez mais subclassificados e em desvantagem na sociedade. Atenção De acordo com a revista Business Review Brasil, ao longo da última década cerca de 40 milhões de brasileiros migraram para a classe C, agora intitulada de nova classe média, e adquiriram novos hábitos de consumo e costumes, tornando-se maioria nas redes sociais. Maníacos por informática ganham status Nesse novo cenário tecnológico, surge a classe dos geeks, que, segundo o site http://www2.geeks.com/ é uma gíria que define pessoas peculiares ou excêntricas obcecadas por tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de tabuleiro. O nerd social dos tempos atuais tem as seguintes características: • Na escola, adora corrigir os professores e colegas; • Adora computadores e, frequentemente, é capaz de programá-los; • Gosta de jogos de computador e videogames; • Gosta de tudo relacionado à alta tecnologia e gadget; • Gosta de história, e também de ficção científica/fantasia em filmes, livros e jogos; CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR • É consumidor potencial de tecnologia e de tudo o que for relacionado, e está antenado aos últimos lançamentos; • É internauta frequente e passa maior parte do tempo em frente ao computador navegando na internet; • Tem sede de conhecimento sobre jogos, e quanto mais conhecimento adquire, mais deseja conhecer; • Adora ler, na maioria das vezes se interessa por assuntos que a maioria não tem interesse ou desconhece; • Encontra soluções fáceis para as coisas, por ser uma pessoa que sempre está pensando de forma acelerada; • Tem o pensamento à frente das demais pessoas. Atenção Segundo Schiffman e Kanuk (2012), a importância do computador e o proeminente papel que ele agora desempenha em nossas vidas resultaram em algo semelhante a uma reversão do destino porque os maníacos por informática, agora, são vistos pelos colegas como amistosos e divertidos. A imagem cada vez mais positiva dos maníacos e seus estilos de vida tornaram-se alvo das mensagens destinadas a apelar ao seu grande apetite por novidades em produtos tecnológicos. Uma nova abordagem de relacionamento Os novos princípios do marketing, conforme apresentado pela edição de julho de 2014 da Harvard Business Review Brasil, afirmam que clientes sempre se relacionaram com as marcas. Finalmente, as ferramentas sofisticadas de análise de dados estão permitindo que as organizações personalizem e administrem esses relacionamentos. Você sabe por que relacionamentos são importantes? CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Com as novas ferramentas de análise, surge um novo desafio: as pessoas esperam que as empresas entendam que tipo de relacionamento elas desejam e que respondam a essa expectativa adequadamente – ou seja, desejam que as empresas cumpram o que prometem, mas, infelizmente, muitas marcas não satisfazem essas expectativas. Cartunista: Diogo Salles. Site: http://www.diogosalles.com.br/index.asp Observe o esquema a seguir, que resume o comportamento do consumidor em relação a essas novas ferramentas de análise: CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Galeria de Vídeos Assista ao vídeo e entenda como as gerações comportam-se usando a internet nos contatos pessoais. Atividade proposta Jovens multimídia ainda consomem televisão Para entender o comportamento dos jovens da geração Y, a Viacom realizou a pesquisa MTV: 2020. Segundo o estudo, 84% dos entrevistados acreditam ser capazes de colaborar para construção de um mundo melhor e 73% definem o sucesso como sinônimo de felicidade. Esse conceito estaria presente na vida da grande maioria: 71% dos jovens entrevistados declaram se sentir felizes. No âmbito musical, a pesquisa revelou a transformação que a internet e as mídias digitais causaram na relação dos jovens com a música. Para 65% dos pesquisados, ouvir música e assistir a videoclipes pelas mídias sociais é rotina. Fonte: Revista Meio & Mensagem, 21 de julho de 2014. Com base na leitura do texto, e em relação ao consumo de música, como você vê o futuro da indústria fonográfica diante da nova ordem mundial digital? Aprenda Mais Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, acesse os sites: • Cidade marketing; • Proxxima. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Referências GABRIEL, M. Marketing na era digital: conceitos, plataformas e estratégias. São Paulo: Novatec Editora, 2010. HARVARD BUSINESS REVIEW Brasil. Os novos princípios do Marketing. Julho 2014. LI, C.; BERNOFF, J. Fenômenos sociais nos negócios: vença em um mundo transformado pelas redes sociais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. MERLO, E.; CERIBELI, H. Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2014. SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do consumidor. 9. ed.; Rio de Janeiro: LTC, 2012. Exercícios de fixação Questão 1 É importante entender quais são os principais motivos que induzem o consumidor à ação de comprar. Entre algumas teorias genéricas apresentadas na aula sobre o que motiva os consumidores a comprar estão: a) Teoria Contingencial. b) Teoria das Relações Humanas. c) Hierarquia das Necessidades de Maslow. d) Teoria do Agir Comunicativo. e) Teoria do Ator-Rede. CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 2 A partir da função dos tipos de participação dos públicos nas redes sociais online a segmentação sociográfica propõe uma pirâmide de comportamento que, da base para o topo, envolve as seguintes etapas: a) Monitoramento da informação e relatório de feedback. b) Monitoramento da informação e gestão da informação. c) Entrevistas e produção de conteúdo. d) Entrevistas e produção de virais na Web. e) Assistir, compartilhar, comentar, produzir, fazer curadoria. Questão 3 Uma abordagem necessária, lembrada por Martha Gabriel, em Marketing na Era Digital (2010) para entender o comportamento dos consumidores online é iniciada a partir de alguns questionamentos. Entre eles: a) Sexo b) Idade c) Local de residência d) Como os seus consumidores usam tecnologias sociais no contexto dos seus produtos? e) Escolaridade CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 4 Dos grupos de perfis tecnográficos apresentados em aula, aquele que define os consumidores online que, pelo menos uma vez por mês, publicam um blog ou artigo online, mantém uma página na Web, ou fazem upload de arquivos de vídeo ou áudio para sites como YouTube, por exemplo, são considerados: a) Críticos b) Colecionadores c) Inativos d) Espectadores e) Criadores Questão 5 No modelo sistemático para elaborar um plano de comunicação com clientes nas mídias sociais denominado de método POST, a letra S significa: a) Estratégias b) Objetivos c) Tecnologia d) Pessoas e) Nenhuma das opções apresentadas CENÁRIOS DIGITAIS E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Questão 6
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