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0001 Introdução à Estatistica - Prof. Marcelo de Paula

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INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA 
Prof. Marcelo de Paula 
 
1. Um breve relato histórico 
 
A estatística é um ramo do conhecimento humano (área da 
matemática) que surgiu da necessidade de manipulação dos dados 
coletados, e da necessidade de extrair informações de interesse dos 
mesmos. A palavra estatística deriva da expressão status, em latim, e 
significa o estudo do estado, em virtude das coletas de dados na 
antiguidade terem se constituído essencialmente de levantamentos 
promovidos pelo Estado. Particularmente na Roma antiga, tais 
levantamentos buscavam o registro de todos os indivíduos de alguma 
camada social da sociedade, bem como o inventário de suas 
propriedades, com a finalidade de determinar como e quem deveria 
ser taxado e convocado ao serviço militar. 
Esses levantamentos extensivos eram chamados censos, 
sendo promovidos por um magistrado chamado censor, cargo esse 
criado em 443 A.C. Posteriormente, o cargo passou a compreender 
outras funções, como a supervisão moral dos cidadãos (daí 
decorrendo, igualmente, palavra censura). 
Com o desenvolvimento do conceito de método científico a 
partir do século XVI, a estatística viria a desempenhar um papel 
fundamental na ciência, por possibilitar um tratamento formal de 
dados experimentais. Foi pensada pelos ingleses, no século XVI, como 
uma ciência política, destinada a descrever características de um 
estado ou país, tais como população, área, riqueza e recursos naturais, 
envolvendo compilações de dados e gráficos. 
Em 1662, John Graunt publicou informes estatísticos sobre 
nascimentos e mortes. A partir daí deu-se início ao desenvolvimento 
da probabilidade e estatística, sobretudo a partir do século XVII, com o 
estudo das grandes epidemias que assolavam o mundo, dando ensejo 
ao desenvolvimento da demografia. Em cada século seguinte mais e 
mais áreas foram se incorporando ao conjunto das que faziam uso da 
estatística. 
O conceito de probabilidade, gradualmente desenvolvido a 
partir do século seguinte, fez surgir a noção de que as informações 
obtidas em amostras poderiam ser generalizadas para a totalidade de 
uma população. 
Assim, o alto custo despendido na realização de censos 
poderia agora ser reduzido em muito, promovendo uma verdadeira 
"explosão" quanto ao uso de técnicas estatísticas nas décadas 
seguintes. 
A partir de 1925, com os trabalhos de R.A. Fisher, a 
estatística iniciou-se como método científico, então, o trabalho do 
estatístico passou a ser o de ajudar a planejar experimentos, 
interpretar e analisar os dados experimentais e apresentar os 
resultados de maneira a facilitar a tomada de decisões razoáveis, 
embora os trabalhos pioneiros de Gauss no fim do século anterior e 
dos trabalhos de Gosset de 1908, publicados com o pseudônimo de 
Student, foram de extrema importância. 
Em 1936, o sociólogo americano George Gallup inaugurou a 
prática da pesquisa de intenção de voto pela qual uma amostra 
representativa da população (considerando diferentes níveis de 
escolaridade, renda, idade) era entrevistada. A prática ganhou enorme 
popularidade a partir daquele ano, uma vez que as projeções da 
pesquisa foram confirmadas nas urnas. 
Na última década, com a grande revolução da informática, 
houve um avanço significativo das áreas de probabilidade e estatística, 
com o desenvolvimento de softwares mais poderosos, deixando à 
disposição do pesquisador muitas ferramentas alternativas ao seu 
trabalho. 
 
2. Alguns conceitos importantes da estatística 
 
Estatística: Ciência voltada à coleta, organização, resumo, 
análise e interpretação de dados, objetivando descrever populações. 
Estatística descritiva: se refere à maneira de apresentar um 
conjunto de dados em tabelas e gráficos, e ao modo de resumir as 
informações contidas nestes dados a algumas medidas. 
Inferência estatística: baseia-se na teoria das probabilidades 
para estabelecer conclusões sobre todo um grupo (chamado 
população), quando se observou apenas uma parte (amostra) desta 
população. 
População: Corresponde ao sistema ou ao todo que se quer 
descrever. É sempre um conjunto de elementos com características 
em comum. 
Censo: Atividade de inspeção de todos os elementos de uma 
população, em relação a uma ou mais variáveis descritoras. 
Amostra: Subconjunto ou parte da população, cujos 
elementos são avaliados utilizando uma ou mais variáveis descritoras. 
O processo de generalização da informação contida na amostra para a 
totalidade de uma população é chamada de inferência estatística. 
Amostragem: Processo de obtenção de amostra(s). 
É necessário saber que a estatística é uma ferramenta para o 
pesquisador, e para que ela seja bem usada é necessário conhecer os 
seus fundamentos e os seus princípios, e que acima de tudo que o 
pesquisador tenha a possibilidade de desenvolver um espírito crítico 
sobre a pesquisa empreendida. 
 
3. Algumas aplicações da estatística 
 
 Demografia: Estudo sobre fenômenos populacionais, sociais 
e ambientais, estudo sobre o crescimento ou decrescimento 
populacional; 
 Ecologia: Estimação de tamanho populacional, estudo da 
dinâmica de populações; 
 Economia: estudo sobre a evolução ou previsão da inflação 
ou rendimento da bolsa de valores ao longo do tempo; 
 Indústria: Controle da qualidade, estudo do tempo de 
garantia de um produto; 
 Medicina: Estudo do tempo de vida de pacientes com uma 
determinada doença, comparação da eficácia de 
tratamentos ou lançamento de um novo medicamento; 
 Meteorologia: Previsão de temperaturas ou chuvas; 
 Política: Pesquisa de intenção de votos numa eleição, 
pesquisa sobre popularidade de um determinado candidato; 
 
4. O estudo das variáveis 
 
Variáveis são características da população. Elas variam de um 
indivíduo para outro ou no mesmo indivíduo ao longo do tempo. Em 
estatística há dois grandes grupos de variáveis: As variáveis qualitativas 
(ou também chamadas de variáveis categóricas) e as variáveis 
quantitativas (ou também chamadas de numéricas). 
 
Variáveis qualitativas ou categóricas: São variáveis cujos 
dados são obtidos por meio de classificação em categorias. Não há 
valores numéricos. Nesse grupo há dois subgrupos denominados em 
nominais e ordinais. 
a. Variáveis qualitativas nominais: Exemplos: Cor de olho, 
sabor, sexo, raça, grupo sanguíneo, espécie de animais, etc. 
b. Variáveis qualitativas ordinais: Exemplos: Gravidade de 
uma doença (estado inicial, intermediário ou avançado), infração de 
trânsito (leve, moderada, grave e gravíssima), classificação em um 
concurso público (primeiro, segundo, terceiro lugar), nível 
sócioeconômico (classes A a E), etc. 
 
Variáveis quantitativas ou numéricas: São variáveis cujos 
dados são obtidos por meio de mensurações (contagem ou medição). 
Nesse grupo há dois subgrupos denominados em discretas e contínuas. 
a. Variáveis quantitativas discretas: São aquelas resultantes, 
em geral, de contagem. Exemplos: Número de filhos por família, 
número mensal de acidentes de trânsito em uma determinada 
rodovia, número de alunos reprovados anualmente em uma 
universidade, 
b. Variáveis quantitativas contínuas: São aquelas resultantes 
de medições. Exemplos: Altura e peso de indivíduos, índice de massa 
corporal, vazão de um rio, pressão arterial, tempo, volume, pressão, 
área degradada, etc.

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