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A DEFESA NO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS

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CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS.
 Defesa: 
Prevê o art. 24: "Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se".
Roger Whetmore foi o mentor de que a morte de um membro seria a melhor alternativa para manutenção da vida da maioria do grupo, e foi então, a lei estabelecida e teve a aprovação de todos do grupo. Ficou acordado, na escolha pela sorte, que alguém do grupo morreria, para servir de alimento para os demais. Foi estabelecido que a escolha seria feita através do jogo de dado, mas não se estabeleceu como se daria a morte daquele que fosse o escolhido pela sorte. Roger Whetmore, se arrependeu da sua ideia, mas seu arrependimento não foi aceito pelos demais, e jogaram o dado recaindo a sorte sobre o próprio Roger, que foi escolhido para salvar o restante do grupo, mas não se sabe como Roger morreu. 
"Só se sabe que Whetmore tinha sido morto e servido de alimento para seus companheiros". 
Tese:
 Estado de Necessidade - Um Crime Legal. Nenhum dos exploradores tinha a intenção de matar ninguém, mas na verdade, se não o fizessem, morreriam todos de fome. Então a solução encontrada seria; o sacrifício de um, ou a morte de todos. 
 Pelas circunstâncias que rodearam o momento criminal, entendemos que não existia outra alternativa, mesmo porque, se não fizessem essa escolha, em princípio punível, todos poderiam morrer de fome. A morte de Roger, foi socorro para os quatro restante do grupo, considerando que não existiam mais alimentos para mantê-los vivos. 
Abrangência dos fatos: 
 Considerando que a falta de provas que demonstrassem objetivamente a autoria ou as autorias da materialidade do crime, optou-se por fazer uma cobertura de analise, que forneça elementos para julgamento da própria lei e dos fatos, neste caso, conforme o que impossibilitam as provas. Desse modo, se os fatos por si só não se explicam, está em julgamento a própria lei estabelecida por Whetmore, essa mesma lei que é objeto de acusação dos réus, daí, a argüição da inexistência de provas suficiente para materializar os fatos. E, se em última instância quisermos um julgamento para os fatos, só há uma lei a ser aplicada: O ESTADO DE NECESSIDADE – UM CRIME LEGAL. Neste sentido, todas as possibilidades levantadas encaminham-se para a defesa e absolvição dos acusados. 
Fundamentação:
Acolhendo a hipótese de crime para a morte de Roger 
Whetmore, ainda assim, não seria classificada como a ação criminosa, pois o Código Penal – TITULO II – Relação de causalidade, art. 13 define que: “o resultado que depende a existência de crime somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa, a ação ou omissão sem a qual, o resultado não teria ocorrido.” 
Neste sentido teríamos duas causas reais para o julgamento da culpabilidade da morte: a ação criminosa, que está indeterminada e a própria lei estabelecida no grupo. 
Sabe-se que na sanção por morte, ou seja, a penalidade para crime de homicídio, segundo o ordenamento positivo, está em jogo a escolha da vida coletiva, o bem e a paz coletiva, quando da aplicação da lei. 
Tomando esse sentido da lei positiva, da força coercitiva do 
Estado a acusação e condenação do grupo de exploradores de cavernas, companheiros dessa atividade, de Roger Whetmore, a ação do grupo, se autor da morte de Roger, não seria criminosa, pois aí estaria incluída também a própria vítima, por ter junto ao grupo a mesma participação no desenrolar dos fatos e a ação ser em benefício do coletivo, não da individualidade. 
Se a lei e a penalidade, são postos para benefício da sociedade, neste caso concreto, a lei que foi estabelecida e acordada para o grupo, a morte para um deles, seria o benefício do grupo, o benefício social, contrariando a lei posta pelo Estado e convergindo para finalidade do ordenamento jurídico, que é a paz e o bem comum, e o bem social. 
O grupo como um todo, incluindo Roger, perpetraram um ato de consciência coletiva do bem comum, onde a questão seria apenas, a manutenção da vida. 
Eles precisariam de mais alimentos, para sobreviverem, pois já se encontravam em estado de completa desnutrição e com a morte 
Roger Whetmore, saíram todos com vidas. 
Pergunta-se: quem deu causa a morte de Roger? 
 Os fatos apresentados na denúncia não esclarecem sobre a autoria, se individual ou coletiva, nem em que condições que se deu a morte. Portanto, existem lacunas na denúncia que, podem ensejar fazer injustiça com os acusados. O não esclarecimento é evidente. 
 Por outro ângulo, poderia se considerar que quem deu causa a morte de Roger foi ele próprio, foi a lei sugerida por ele mesmo e acatada pelo grupo. Neste sentido, pede-se a absolvição dos acusados.
O Estado de necessidade. 
Código Penal Brasileiro 
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 A primeira causa de exclusão da ilicitude, arrolada no inciso I do artigo 23 do Código Penal, o estado de necessidade se configura quando a prática de determinado ato, descrito como crime, é voltado à defesa de direito do autor ou de outrem, motivado por situação de fato que ele não provocou e que também era inevitável. 
Aqui, mesmo sendo delituosa, a ofensa a outro bem jurídico serve para salvar direito próprio ou de terceiro, cujo sacrifício não era razoável, diante das circunstâncias. 
 A doutrina exige a existência de um efetivo perigo ao bem jurídico do autor ou de terceiro, que pode advir de uma força da natureza, como um desastre natural ou outra situação de perigo, eventualmente também decorrente da atuação de outrem. Contudo, ela não pode ter sido causada pelo próprio autor e deve ser atual. 
 Após reflexão, fica muito claro que os quatro exploradores só assassinaram Whetmore porque estavam sob condições adversas aquilo que foram acostumados em sua vida em sociedade, pois se estivessem fora daquela caverna, provavelmente nunca cometeriam um ato de tal selvageria. 
 Cometeram o ato por força de uma irracionalidade guardada no inconsciente humano, algo que só poderia ser acordado em uma situação de extrema loucura, exatamente como ocorreu no caso.
 Sendo assim, não seria justo condená-los à morte, primeiramente porque não seria justo com os operários mortos durante avalanches nas tentativas frustradas de salvá-los. Outro fator se evidencia no fato viverem com o peso de seus atos na sua consciência, pois não há coerção mais dura e cruel do que àquela que fazem a si mesmos. 
 Nenhuma prisão ou condenação à morte seria mais dolorosa do que viver sabendo que se foi o autor de um assassinado e que fez da carne de sua vítima a sua refeição; e por mais nobre que tenha sido o motivo, nenhum deles conseguiria limpar-se da atrocidade de sua ação, tampouco dos horrores que viveram no presídio calcário no qual ficaram por um mês e dois dias. 
Nenhuma coerção estatal seria páreo para o sofrimento ali vivido, aliás, pagaram por todos os seus erros naqueles dias difíceis. 
 Nenhum deles precisa sofrer mais, pois já sofreram tudo, e o pior: continuarão sofrendo por não conseguirem livrar-se das lembranças dolorosas de verem toda a sua moral e todos os seus pudores destruídos por eles mesmos em uma situação terrível como aquela. 
 Uma situação em que todos se encontraram à beira da morte e sem alguém que lhes confortasse. Eis que neste ponto se volta para o começo de toda esta defesa: a morte é o desconhecido, e o desconhecido causa uma sensação horrível de medo. O medo transforma as pessoas em animais acuados, capazes de tudo o que jamais fariam em sã consciência. 
 Por tudo isso, a absolvição seria a única solução plausível e sensata.

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