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DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Condenação: “É o ato do juiz, através do qual impõe-se uma sanção penal ao sujeito ativo de uma infração”. Com o seu trânsito em julgado, surge uma série de efeitos, tanto na esfera penal como fora dela. (ESTEFAM, 2010, p. 171.) Efeitos penais: a) Efeito Penal Principal– Aplicação de sanção penal (pena ou medida de segurança); b) Efeitos Penais Secundários – (Rol exemplificativo) I. Induzir a reincidência; II. Impedir, de regra a obtenção futura de sursis, III. Aumentar o prazo do livramento condicional, via de regra, no caso de outra condenação; IV. Revogar o sursis e o livramento condicional; (ESTEFAM, 2010, p. 171.) Efeitos extrapenais – (Arts. 91 e 92 do CP): A condenação pena irrecorrível também gera efeitos que se espalham por outros ramos do direito, como o civil, administrativo, etc. O presente tema é tratado no artigo 91 (efeitos genéricos) e artigo 92 (efeitos específicos), ambos do CP. (ESTEFAM, 2010, p. 171.) Os efeitos extrapenais genéricos decorrem de toda condenação criminal e são automáticos. O CP arrola os seguintes: Tornar certa a obrigação de reparar o dano (CP, art. 91, I): A sentença penal condenatória constitui título executivo judicial no âmbito cível, em que não se discutirá o andebeatur (obrigação de indenizar), mas somente o quantum debeatur (o valor da indenização devida, mediante prévia liquidação). (ESTEFAM, 2010, p. 171.) De acordo com o art. 387, IV do Código de processo penal, na sentença condenatória o juiz deve fixar o valor mínimo da indenização, considerando os prejuízos sofridos pela vítima. Se, entretanto, por falta de elementos suficientes quanto ao valor, não for possível ao juízo criminal fixar o valor mínimo na sentença, o montante deverá ser, integralmente, objeto de liquidação. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2012, p. 633) Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa- fé, dos instrumentos do crime, desde que seu uso, porte, detenção, alienação ou fabrico constituam fato ilícito. (CP, art. 91, II) (Ex: petrechos para falsificação de moedas). (ESTEFAM, 2010, p. 171.) Instrumentos: Objetos e coisas materiais empregadas para a execução do delito (Art. 91, II, a do CP). OBS: Lei de armas (Lei 10.826/2003)- Aplica-se o artigo 25 do referido diploma: Art. 25: As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (ESTEFAM, 2010, p. 172.) Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa- fé, do produto do crime (coisa adquirida diretamente com a prática do delito, como a res furtiva) ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito pelo agente com a prática do crime criminoso (Art. 91, II, b do CP: (bens adquiridos indiretamente com o crime, como por exemplo, o dinheiro arrecadado com a venda da coisa subtraída. (ESTEFAM, 2010, p. 172.) Suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação (CF, art. 15, III). Rescisão do contrato de trabalho por justa causa (CLT, art. 482, d) Há ainda os efeitos extrapenais específicos, que só ocorrem em alguns crimes e dependem de expressa e fundamentada declaração na sentença. São eles: 1. Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo (CP art. 92, I) Este efeito ocorrerá somente: a) quando a pena aplicada ao agente for igual ou superior a 1 ano, em crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública; b) quando a pena aplicada for superior a 4 anos, qualquer que seja a infração penal. (ESTEFAM, 2010, p. 172.) 2. Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela com relação a todos os filhos, tutelados ou curatelados, não somente àqueles que foi vítima do delito. Com a reabilitação criminal, o sentenciado recuperará a possibilidade de exercer novamente o poder familiar, tutela ou curatela, nunca, porém, com referência à vítima do crime. (ESTEFAM, 2010, p. 172.) 3. Inabilitação para dirigir veículos automotores: Ocorre em condenações por crimes dolosos, em que o veículo automotor tenha sido utilizado como instrumento. Somente após reabilitação criminal o condenado poderá novamente conduzir veículos. Note-se que nos crimes culposos de trânsito, a suspensão da habilitação ou permissão para conduzir veículo automotor é pena, e não efeito da condenação (Ver a lei 9503/97 – Código de trânsito brasileiro). (ESTEFAM, 2010, p. 172.)
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