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SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS) E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

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5. ESPÉCIES DE SURSIS
O Código Penal prevê quatro espécies de suspensão condicional da pena, a saber:
a) sursis simples;
b) sursis especial;
c) sursis etário;
d) sursis humanitário.
O sursis simples veio previsto no § 1º do art. 78 do Código Penal. Uma vez determinado o período de prova, no qual deverá cumprir todas as condições que lhe foram determinadas na sentença penal condenatória, o condenado, no primeiro ano do prazo, deverá prestar serviços à comunidade (art. 46 do CP) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48 do CP).
O sursis especial encontra-se no § 2º do art. 78 do Código Penal. Nesta segunda modalidade, se o condenado tiver reparado o dano, salvo a impossibilidade de fazê-
-lo, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do § 1º, ou seja, a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana, pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Além dessas condições, poderá o juiz impor outras, nos termos do art. 79 do Código Penal, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
Sursis etário é aquele concedido ao maior de 70 anos de idade que tenha sido condenado a uma pena privativa de liberdade não superior a quatro anos. Nesta hipótese, a pena poderá ser suspensa por quatro a seis anos.
O sursis humanitário foi uma inovação trazida pela Lei nº 9.714/98, permitindo, agora, ao condenado a uma pena não superior a quatro anos, ver concedida a suspensão condicional pelo período de quatro a seis anos, desde que razões de saúde a justifiquem. Assim, condenados portadores do vírus HIV, tuberculosos, paraplégicos ou aqueles que tenham sua saúde seriamente abalada poderão ser beneficiados com o sursis, evitando, dessa forma, o agravamento da sua situação que certamente aconteceria se fosse jogado no cárcere.
6. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
O art. 81 do Código Penal determina:
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III – descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
As causas elencadas pelo art. 81 do Código Penal, se ocorrerem, importarão na obrigatória revogação da suspensão condicional da pena.
Se o condenado já estava sendo processado por outro crime ou se cometeu outro delito após ter iniciado o período de prova da suspensão condicional da pena, tal fato fará com que este seja prorrogado até o julgamento definitivo. Sobrevindo nova condenação por crime doloso, o sursis será revogado, devendo o condenado dar início ao cumprimento de ambas as penas privativas de liberdade. Contudo, se for condenado a uma pena de multa ou, mesmo, a uma pena privativa de liberdade que foi substituída pela pena de multa, entendemos que, mesmo havendo essa nova condenação por crime doloso, tal fato não terá o condão de obrigar a revogação.
A segunda hipótese de revogação obrigatória ocorre quando o condenado frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano.
Após a modificação do art. 51 do Código Penal, cuja nova redação foi dada pela Lei nº 9.268/96, foi afastada de nosso ordenamento jurídico a possibilidade de se converter a pena de multa, considerada como dívida de valor, em pena privativa de liberdade, o que levou Alberto Silva Franco a afirmar que:
“Se prevalece a regra da inconversibilidade da multa, não há como subsistir a frustração de sua execução como causa obrigatória de revogação do sursis de que trata a primeira parte do inciso II do art. 81 do Código Penal.
Há, como se percebe, evidente incompatibilidade entre o sistema inovado do art. 51 com o do art. 81, II, em sua primeira parte, não mais se cogitando de ‘frustração da execução’ como causa de revogação obrigatória do sursis, subsistindo tão somente a parte segunda deste dispositivo que trata da ausência injustificada da reparação do dano.”
Ainda quanto à segunda parte do inciso em estudo, importa salientar que não é a simples ausência de reparação do dano que fará com que o sursis seja obrigatoriamente revogado, mas sim a não reparação sem motivo justificado. Se o condenado, em virtude de sua atual condição econômico-financeira, não tiver recursos suficientes para levar a efeito a reparação dos danos por ele causados, não haverá possibilidade de revogação da suspensão.
A terceira hipótese de revogação obrigatória refere-se ao descumprimento, no primeiro ano de prazo, da obrigação de prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana imposta ao sursis simples.
De se notar, ainda, o art. 161 da Lei de Execução Penal, que diz que se o condenado, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de vinte dias, não comparecer, sem qualquer justificativa, à audiência admonitória designada pelo juízo das execuções, destinada à leitura das condições sursitárias, a suspensão ficará sem efeito, devendo ser executada imediatamente a pena.
7. REVOGAÇÃO FACULTATIVA
O § 1º do art. 81 do Código Penal assevera que:
§ 1º A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Duas, portanto, as causas de revogação facultiva: 
a) descumprimento de qualquer condição sursitária; 
b) condenação irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção, à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
O descumprimento das condições impostas à suspensão da execução da pena traduz a incapacidade e rebeldia do condenado em obedecer às determinações que lhe foram impostas, devendo, portanto, cumprir, efetivamente, a pena privativa de liberdade que lhe fora aplicada.
Contudo, antes de proceder a revogação do sursis, deverá o juiz designar audiência de justificação, a fim de que o condenado tenha oportunidade para justificar o descumprimento das condições.
Assim, o juiz, sopesando os argumentos, decidirá fundamentadamente sobre a revogação, permitindo ao condenado o seu legítimo direito de defesa, nos termos dos
arts. 194 a 197 da Lei de Execução Penal.
A outra hipótese é a de condenação irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção, à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, não importando em revogação facultativa, portanto, a condenação à pena de multa. Como bem observado por Cezar Roberto Bitencourt, esse inciso cria:
“Uma situação um pouco complicada: um indivíduo condenado, com a pena suspensa e que durante o período de prova sofre outra condenação à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos pode não ter revogada a suspensão anterior. Como e quando tal indivíduo cumprirá esta segunda pena? Será cumprida concomitante ou sucessivamente? Nem a lei nem a doutrina e tampouco a jurisprudência dizem como e quando será cumprida esta segunda sanção. Tampouco referem se haverá unificação com a pena suspensa que se encontra em período probatório.”7
Permite a lei penal, ainda, que o juiz, quando facultativa a revogação, em vez de decretá-la, prorrogue o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado (art. 81, § 3º).__
8. PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA DO PERÍODO DE PROVA
O § 2º do art. 81 do Código Penal assevera que, se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
Tal prorrogação é automática, não havendo necessidade de ser declarada nos autos. O juiz, obviamente, ao tomar notícia de outro processo por crime ou contravenção envolvendo o beneficiário, decidirá no sentido da prorrogação. O que estamos querendodizer é que, se porventura a notícia de outro processo surgir decorrido o prazo correspondente ao período de prova sem que tenha sido, ainda, declarada a extinção da pena, não terá o beneficiário direito subjetivo em vê-la reconhecida, bem como não haverá qualquer ilegalidade da parte do julgador que determinar a prorrogação do período de prova mesmo após decorrido completamente o seu prazo.
Nesse sentido, já decidiu o STJ:
“Se o beneficiário está sendo processado por outro delito, o sursis é automaticamente prorrogado até o julgamento definitivo do feito, ex vi do art. 81, § 2º, do CP. Recurso provido” (REsp 1.107.269/MG, Rel. Min. Felix Fischer, DJe 3/8/2009).
9. CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES
Expirado o prazo sem que tenha havido revogação do benefício, será considerada extinta a pena privativa de liberdade, conforme determina o art. 82 do Código Penal.
A extinção da pena privativa de liberdade deverá ser decretada nos autos pelo juízo das execuções, ouvido sempre o Ministério Público. Isso porque, se o condenado estiver respondendo a outras ações penais, não poderá o julgador decretar a extinção da pena, pois se o beneficiário estiver sendo processado por outro crime ou contravenção considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo, nos termos do § 2º do art. 81 do Código Penal.
Deverá o Ministério Público, antes de opinar pela decretação da extinção da pena, requerer aos órgãos competentes a folha de antecedentes criminais do beneficiário, a fim de saber se existe, ainda, algum outro processo pendente de julgamento. Depois de certificar-se de que não existe outro feito além daquele no qual o condenado estava cumprindo as condições sursitárias, expirado o período de prova, deverá emitir parecer favorável à decretação da extinção da pena, pois já decidiu o STJ:
“Constitui ofensa ao art. 67 da LEP o juízo da execução declarar extinta a punibilidade atribuída ao réu, em gozo de suspensão condicional da pena, pelo simples fato de estar vencido o período de prova, sem que antes abrisse vista ao Ministério Público, para seu pronunciamento. Tratando-se de processo executivo, ou de incidente de execução, é ampla a sua atuação fiscalizadora”(Rel. José Cândido).
10. DIFERENÇA ENTRE O SURSIS E A SUSPENSÃO CONDICIONAL
DO PROCESSO
A suspensão condicional do processo é um instituto jurídico que tem por finalidade evitar a aplicação de pena privativa de liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano.
Diversamente do que ocorre com o sursis, na suspensão condicional do processo não há condenação do réu. Na verdade, o processo penal somente tem início por meio da peça vestibular de acusação, que pode ser a denúncia do Ministério Público ou a queixa do ofendido.
O art. 89 da Lei nº 9.099/95 diz que o Ministério Público e, segundo nossa posição, também o querelante, ao oferecer a denúncia ou a queixa, poderá propor a suspensão do processo por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, elencados pelo art. 77 do Código Penal.
Tendo a proposta sido aceita pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
II – proibição de frequentar determinados lugares; 
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Poderá o juiz, ainda, especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
Basicamente, as condições exigidas à concessão da suspensão condicional do processo são as mesmas existentes e necessárias a aplicação do sursis. Contudo, as consequências relativas à aplicação dos dois institutos são diversas, senão vejamos:
1ª) no sursis o agente foi condenado e a concessão da suspensão condicional da pena somente ocorrerá após o trânsito em julgado da sentença condenatória, na audiência admonitória;
2ª) na suspensão condicional do processo, o juiz somente recebe a denúncia, sendo que os demais atos do processo ficarão suspensos, não havendo que se falar, pois, em condenação do réu;
3ª) a vítima que figurou no processo no qual foi concedido o sursis tem direito a seu título executivo judicial, nos termos do inciso VI do art. 515 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015);
4ª) a vítima que figura no processo em que houve a suspensão, como não existe condenação com trânsito em julgado, não tem direito a qualquer título executivo judicial;
5ª) o beneficiário com o sursis, depois do período de prova, não apaga seus dados criminais, servindo a condenação em que houve a suspensão condicional da pena para forjar a reincidência ou os maus antecedentes do agente;
6ª) como não há condenação, uma vez cumpridas as condições especificadas na sentença que concedeu a suspensão condicional do processo, expirado o prazo sem revogação, o juiz declarará a extinção da punibilidade, não servindo tal declaração para fins de reincidência ou mesmo maus antecedentes.
Obs;
9 O STJ, por intermédio da Súmula nº 243, publicada no DJ de 5/2/2001, entende que o benefício da suspensão condicional do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.__

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