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Tutorial 8 - Módulo Agressão e Defesa

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Tutorial 8 - Módulo V - HIV ou AIDS?
Objetivo 1 - Estudar AIDS:
A) Etiologia:
Fonte: bvsms.saude.gov.br
O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae (retrovírus) e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro.
Embora não se saiba ao certo qual a origem do HIV-1 e 2 , sabe-se que uma grande família de retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não-humanos, na África sub-Sahariana. Todos os membros desta família de retrovírus possuem estrutura genômica semelhante, apresentando homologia em torno de 50%. Além disso, todos têm a capacidade de infectar linfócitos através do receptor CD4. Aparentemente, o HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há poucas décadas; alguns trabalhos científicos recentes sugerem que isso tenha ocorrido entre os anos 40 e 50. Numerosos retrovírus de primatas não-humanos encontrados na África têm apresentado grande similaridade com o HIV-1 e com o HIV-2. O vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por esses fatos, supõe-se que o HIV tenha origem africana. Ademais, diversos estudos sorológicos realizados na África, utilizando amostras de soro armazenadas desde as décadas de 50 e 60, reforçam essa hipótese.
O HIV é bastante lábil no meio externo, sendo inativado por uma variedade de agentes físicos (calor) e químicos (hipoclorito de sódio, glutaraldeído). Em condições experimentais controladas, as partículas virais intracelulares parecem sobreviver no meio externo por até, no máximo, um dia, enquanto que partículas virais livres podem sobreviver por 15 dias, à temperatura ambiente, ou até 11 dias, a 37ºC.
Recentemente, têm sido descritas, ainda, variantes genômicas (subtipos), tanto de HIV-1 quanto de HIV-2, em pacientes infectados procedentes de diferentes regiões geográficas. Classificam-se, assim, os isolados de HIV-1 em dois grupos, M (major) e O (outlier), com variabilidade genética de até 30%. No grupo M, identificam-se nove subtipos (A, B, C, D, E, F, G, H e I), e no grupo O, apenas um. Em relação ao HIV-2 descrevem-se cinco subtipos: A, B, C, D, e E. Embora ainda não conhecida, especula-se a possibilidade de variantes virais possuírem diferentes índices de transmissibilidade e/ou patogenicidade.
B) Profilaxia:
As principais estratégias de prevenção empregadas pelos programas de controle envolvem: a promoção do uso de preservativos, a promoção do uso de agulhas e seringas esterilizadas ou descartáveis, o controle do sangue e derivados, a adoção de cuidados na exposição ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DST.
Preservativos:
Os preservativos masculinos e femininos são a única barreira comprovadamente efetiva contra o HIV, e o uso correto e consistente deste método pode reduzir substancialmente o risco de transmissão do HIV e das outras DST. O uso regular de preservativos pode levar ao aperfeiçoamento na sua técnica de utilização, reduzindo a freqüência de ruptura e escape e, consequentemente, aumentando sua eficácia. Estudos recentes demonstraram que o uso correto e sistemático do preservativo masculino reduz o risco de aquisição do HIV e outras DST em até 95%.
Espermicidas:
Os produtos espermicidas à base de nonoxinol-9 são capazes de inativar o HIV e agentes de outras DST "in vitro", e poderiam ter um papel importante na redução da transmissão sexual do HIV, se usados em associação com os preservativos. Estudos recentes sugerem que a concentração de nonoxinol-9, normalmente preconizada nos preservativos, seria insuficiente para inativar o HIV, sendo que o uso de concentrações mais elevadas poderiam apresentar toxicidade. Entretanto, a segurança e eficácia dos espermicidas atualmente disponíveis, nas condições de uso corrente, não estão bem estabelecidas, e mais estudos clínicos controlados são necessários para esta determinação.
Prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI):
Desde 1986, ficou claro que os UDI representavam um grupo focal particularmente importante, devido ao risco específico de ocorrência de epidemias de HIV nesta população, e ao potencial de representarem a interface através da qual a infecção por HIV se difundiria para a população heterossexual não usuária de drogas e consequentemente para as crianças.
A disseminação da infecção pelo HIV entre UDI em muitos países com características diferentes, levantou importantes questões sobre a natureza do comportamento dos dependentes, e da possibilidade de modificá-lo mediante intervenções preventivas, de modo a reduzir a transmissão do HIV.
Houve ceticismo inicial acerca da eficácia de ações educativas nessa população. O temor de que a estratégia de redução de danos, baseadas na facilitação do acesso a equipamento estéril de injeções pudesse levar ao aumento da população de usuários de drogas injetáveis, não se concretizou.
Há atualmente evidências suficientes para concluir que foi possível reduzir o nível epidêmico da transmissão do HIV em locais onde programas inovadores de saúde pública foram iniciados precocemente. Os elementos desses programas de prevenção incluem orientação educativa, disponibilidade de testes sorológicos, facilitação de acesso aos serviços de tratamento da dependência de drogas, acesso a equipamento estéril de injeção, além de ações que se desenvolvem na comunidade de usuários de drogas a partir da intervenção de profissionais de saúde e/ou agente comunitários, recrutados na própria comunidade.
Em relação às mudanças comportamentais, demonstrou-se que os UDI podem ser sensíveis às ações preventivas e capazes de reduzir a frequência das situações de risco. Porém, se todos os estudos demonstram redução de risco, evidenciam, infelizmente, a persistência de níveis importantes do comportamento de risco, mesmo nas cidades onde se obteve razoável impacto com as ações preventivas.
Exposição ocupacional:
Embora alguns tipos de exposição acidental, como o contato de sangue ou secreções com mucosas ou pele íntegra teoricamente possam ser responsáveis por infecção pelo HIV, os seus riscos são insignificantes quando comparados com a exposição percutânea, através de instrumentos pérfuro-cortantes.
Fatores como prevalência da infecção pelo HIV na população de pacientes, grau de experiência dos profissionais de saúde no cuidado desse tipo de paciente, uso de precauções universais (luvas, óculos de proteção, máscaras, aventais, etc.), bem como a frequência de utilização de procedimentos invasivos, podem também influir no risco de transmissão do HIV.
O meio mais eficiente para reduzir tanto a transmissão profissional-paciente quanto a paciente-profissional, baseia-se na utilização sistemática das normas de biossegurança, na determinação dos fatores de risco associados, e na sua eliminação, bem como na implantação de novas tecnologias da instrumentação usadas na rotina de procedimentos invasivos.
C) Fisiopatologia:
Ciclo vital do HIV na célula humana:
1. ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor específico da superfície celular (principalmente linfócitos T-CD4);
2. fusão do envelope do vírus com a membrana da célula hospedeira;
3. liberação do "core" do vírus para o citoplasma da célula hospedeira;
4. transcrição do RNA viral em DNA complementar, dependente da enzima
transcriptase reversa;
5. transporte do DNA complementar para o núcleo da célula, onde pode haver
integração no genoma celular (provírus), dependente da enzima integrase, ou a permanência em forma circular, isoladamente;
6. o provírus é reativado, e produz RNA mensageiro viral, indo para o citoplasma da célula;
7. proteínas virais são produzidas e quebradas em subunidades, por intermédio da enzima protease;
8. as proteínas virais produzidas regulam a síntese de novosgenomas virais, e
formam a estrutura externa de outros vírus que serão liberados pela célula
hospedeira; e 
9. o vírion recém-formado é liberado para o meio circundante da célula hospedeira, podendo permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas células.
A interferência em qualquer um destes passos do ciclo vital do vírus impediria a multiplicação e/ou a liberação de novos vírus. Atualmente estão disponíveis comercialmente drogas que interferem em duas fases deste ciclo: a fase 4 (inibidores da transcriptase reversa) e a fase 7 (inibidores da protease).
D) Epidemiologia:
Fonte: boletim epidemiológico da AIDS 2013
No ano de 2012, foram notificados 39.185 casos de aids no Brasil. Este valor vem mantendo-se estável nos últimos 5 anos. A taxa de detecção nacional foi de 20,2 casos para cada 100.000 habitantes. A maior taxa de detecção foi observada na Região Sul, 30,9/100.000 habitantes, seguida pela Região Norte (21,0), Região Sudeste (20,1), Região Centro-Oeste (19,5), e Região Nordeste (14,8). 
Nos últimos 10 anos, a taxa de detecção de aids no Brasil sofreu uma elevação de cerca de 2%. No entanto, observam-se diferenças significativas entre as cinco regiões. No período de 2003 a 2012, dentre as cinco regiões do país, observa-se uma diminuição de 18,6% na taxa de detecção na Região Sudeste e 0,3% na Sul, enquanto nas demais regiões observa-se um aumento, sendo de 92,7% na Região Norte, 62,6% na Nordeste e 6,0% na Centro-Oeste. Dentre as Unidades da Federação, destacam-se as maiores taxas de detecção de casos de aids no Rio Grande do sul (41,4), Santa Catarina (33,5), Amazonas (29,2) e Rio de Janeiro (28,7).
A taxa de detecção de casos de aids em menores de cinco anos, indicador utilizado no Brasil para monitorar a transmissão vertical do HIV, foi de 3,4/100.000 habitantes em 2012, o que corresponde a uma redução de 35,8% em relação a 2003. Na faixa de 5 a 9 anos, a taxa foi de 0,7/100.000 (71% de redução em relação a 2003), e na faixa de 10 a 14 anos foi de 0,9/100.000.
Em 2012, foram declarados 11.896 óbitos por aids no Brasil, que corresponde a um coeficiente de mortalidade por aids de 5,5 por 100.000 habitantes (coeficiente padronizado). Os coeficientes por região foram: 7,7 na Sul, 5,6 no Norte e Sudeste, 4,7 no Centro-Oeste e 4,0 no Nordeste. Nos últimos 10 anos, observa-se uma redução de 14% na taxa de mortalidade no Brasil. À semelhança das taxas de detecção, a tendência nos últimos 10 anos do coeficiente de mortalidade apresenta discrepância entre as regiões: elevação nas regiões Norte (60,0%), Nordeste (33,3%) e Centro-Oeste (4,4%) e redução nas regiões Sudeste (31,7%) e Sul (7,2%).
Depois da introdução da terapia antirretroviral ou HAART (highly active antiretroviral therapy), a aids passou a ser considerada uma doença crônica, que se manejada e tratada de maneira adequada, diminui, consideravelmente, a probabilidade de adoecimento e morte das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Além disso, estudos recentes evidenciaram que o tratamento não só é eficaz para o controle da doença e melhoria da qualidade de vida, mas também para a diminuição da transmissão do vírus (Cohen et al., 2011; Wilson et al., 2008; Cohen e Gay, 2010).
Atualmente, os esforços para o controle da epidemia de HIV/aids, no Brasil, estão concentrados no diagnóstico precoce da infecção e no tratamento das PVHA, bem como a implementação de intervenções de prevenção combinada. 
A estratégia de tratamento de PVHA como medida de prevenção requer não somente o diagnóstico oportuno da infecção, como também o investimento na melhoria do cuidado contínuo desses indivíduos (Montaner, 2013). 
No Brasil, a cobertura de teste de HIV na população sexualmente ativa é de quase 40% (Pascom e Szwarcwald, 2010), semelhante aos percentuais observados nos Estados Unidos (CDC, 2011). Além disso, a proporção de indivíduos infectados pelo HIV virgens de tratamento que chegaram ao serviço de saúde com CD4 superior a 500 células por mm3 passou de 28,9% em 2003 para quase 37% em 2012 (Figura 1). No entanto, apesar de se observar uma tendência de diminuição desde 2008, aproximadamente 29% dos indivíduos infectados pelo HIV ainda chegam ao serviço de saúde com CD4 inferior a 200 células por mm3
O teste de HIV é apenas a porta de entrada para o cuidado contínuo das PVHA, também conhecido como “cascata”. A analise da “cascata” permite calcular, a partir do numero estimado de PVHA, a proporção de pessoas diagnosticadas, vinculadas ao serviço de saúde de HIV/aids e retidas na rede de atenção, em tratamento antirretroviral e com supressão da carga viral (CDC, 2011).
A “cascata” brasileira, apresentada na Figura 2, foi construída principalmente a partir das informações dos: Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL), Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), Sistema de Informação Agravos de Notificação (SINAN) e o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Estima-se que aproximadamente 718 mil indivíduos vivam com o HIV/aids no Brasil, o que representa uma taxa de prevalência de 0,4% na população em geral, dos quais em torno de 80% (574 mil) tenham sido diagnosticados
Aproximadamente 74% (531 mil) dos indivíduos infectados foram vinculados aos serviços de saúde e estão monitorando sua infecção por meio de exames laboratoriais (CD4 e carga viral), ou estão em terapia ARV (TARV)
E) Transmissão:
As principais formas de transmissão do HIV são:
sexual;
sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de drogas injetáveis, ou UDI); e
vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, parto ou por aleitamento).
Além dessas formas, mais frequentes, também pode ocorrer a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais da área da saúde que sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV.
Sexual:
A principal forma de exposição em todo o mundo é a sexual, sendo que a transmissão heterossexual, nas relações sem o uso de preservativo é considerada pela OMS como a mais freqüente. Na África sub-Sahariana, é a principal forma de transmissão. Nos países desenvolvidos, a exposição ao HIV por relações homossexuais ainda é a responsável pelo maior número de casos, embora as relações heterossexuais estejam aumentando proporcionalmente como uma tendência na dinâmica da epidemia. Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV em uma relação heterossexual são: alta viremia, imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual durante a menstruação e presença de outra DST, principalmente as ulcerativas. Sabe-se hoje que as úlceras resultantes de infecções sexualmente transmissíveis como cancro mole, sífilis e herpes genital, aumentam muito o risco de transmissão do HIV.
Sanguínea:
A transmissão sanguínea associada ao uso de drogas injetáveis é um meio muito eficaz de transmissão do HIV, devido ao uso compartilhado de seringas e agulhas. Essa via de transmissão adquire importância crescente em várias partes do mundo, como na Ásia, América Latina e no Caribe.
A transmissão mediante transfusão de sangue e derivados é cada vez menos relevante nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle da qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil.
Vertical:
A transmissão vertical, decorrente da exposição da criança durante a gestação, parto ou aleitamento materno, vem aumentando devido à maior transmissão heterossexual. Na África, são encontradas as maiores taxas desta forma de infecção pelo HIV, da ordem de 30 a 40%; entretanto, em outras partes do mundo, como na América do Norte e Europa, situam-se em torno de 15 a 29%. Os principais motivos dessa diferença devem-se ao fato de que, na África, a transmissão heterossexual é mais intensa, e que neste continente, o aleitamento materno é muito mais frequente do que nos países industrializados.
A transmissão intra-uterina é possível em qualquer fase da gravidez; porém é menos frequente no primeiro trimestre. As infecçõesocorridas nesse período não têm sido associadas a malformações fetais. O risco de transmissão do HIV da mãe para o filho pode ser reduzido em até 67% com o uso de AZT durante a gravidez e no momento do parto, associado à administração da mesma droga ao recém-nascido por seis semanas.
Um estudo realizado nos Estados Unidos (Aids Clinical Trial Group 076 ou ACTG-076) demonstrou redução na transmissão vertical de 25,6% para 8,3% com o uso de AZT durante a gravidez. A transmissão pelo leite materno é evitada com o uso de leite artificial ou de leite humano processado em bancos de leite, que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.
Ocupacional:
A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes contaminados com sangue de pacientes portadores do HIV. Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente 0,3%. Nos caso de exposição de mucosas, esse risco é de aproximadamente 0,1%. Os fatores de risco já identificados como favorecedores deste tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento a presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento que resultou na exposição e que envolveu a colocação da agulha diretamente na veia ou artéria de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente fonte da infecção mostrar evidências de imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga viral elevada.
Outras possíveis formas de transmissão:
Embora o vírus tenha sido isolado de vários fluidos corporais, como saliva, urina, lágrimas, somente o contato com sangue, sêmen, secreções genitais e leite materno têm sido implicados como fontes de infecção.
O risco da transmissão do HIV por saliva foi avaliado em vários estudos laboratoriais e epidemiológicos. Esses estudos demonstraram que a concentração e a infectividade dos vírus da saliva de indivíduos portadores do HIV é extremamente baixa. 
Até o momento, não foi possível evidenciar, com segurança, nenhum caso de infecção por HIV adquirido por qualquer das seguintes vias teóricas de transmissão: contato interpessoal não-sexual e não-percutâneo (contato casual), vetores artrópodes (picadas de insetos), fontes ambientais (aerossóis, por exemplo) e objetos inanimados (fômites), além de instalações sanitárias. Há raros relatos anedóticos de hipotética transmissão horizontal do HIV; porém, estes não resistem a uma análise mais cuidadosa, e as evidências são insuficientes para caracterizar formas não-tradicionais de transmissão.
Dados laboratoriais e epidemiológicos não provêm qualquer suporte à possibilidade teórica de transmissão por artrópodes atuando como vetores biológicos ou mecânicos.
Não foi possível evidenciar qualquer multiplicação do HIV em artrópodes após inoculação intra-abdominal, intratorácica ou após repasto de sangue infectado. Outros estudos demonstraram ausência de replicação do HIV em linhagens celulares derivadas de artrópodes. Estudos epidemiológicos nos Estados Unidos, Haiti e África Central não demonstraram qualquer evidência de transmissão por vetores. Conclui-se que formas alternativas de transmissão são altamente improváveis, e que a experiência cumulativa é suficientemente ampla para se assegurar enfaticamente que não há qualquer justificativa para restringir a participação de indivíduos infectados nos seus ambientes domésticos, escolares, sociais ou profissionais.
Objetivo 2 - Compreender o que é Pesquisa de BAAR e Teste de Mantoux
Fonte: ebah.com
Pesquisa de BAAR:
A Pesquisa de BAAR, compreende as pesquisas de Mycobacterium tubercolosis e Mycobacterim leprae.
FUNDAMENTO
O diagnóstico das Micobactérias patogênicas (Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae), por bacterioscopia direta é feito através dos métodos de coloração de Ziehl-Neelsen e de Kinyoun, os quais utilizam a característica destas bactérias de possuírem paredes celulares com alto teor de lipídeos (cerca de 60%, principalmente de Ácido micólico), que quando tratadas pelo corante Fucsina fenicada, coram-se de vermelho e persistem ao descoramento subseqüente por uma solução de Álcool-ácido forte (diferenciador). É por isto que são conhecidas por Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR). As outras bactérias, que não possuem tais paredes celulares ricas em lipídeos, têm a sua coloração pela Fucsina descorada pela solução de Álcool-ácido e coram-se em azul pela coloração de fundo do Azul de metileno (contra-corante).
METODOLOGIAS DE COLORAÇÃO
MÉTODO DE COLORAÇÃO À QUENTE – MÉTODO DE ZIEHL-NEELSEN
Preparar um esfregaço homogêneo, delgado e identificado em uma lâmina nova desengordurada, limpa e seca;
Deixar secar à temperatura ambiente;
Fixar o material do esfregaço passando 3 a 4 vezes pela chama do bico de Bunsen;
Cobrir a totalidade da superfície do esfregaço com solução de Fucsina fenicada, previamente filtrada ou filtrado sobre a lâmina no momento da coloração;
Deixar agir por cerca de 5 minutos, aquecendo brandamente utilizando algodão umedecido em álcool ou com a chama do bico de Bunsen, passando lentamente por baixo da lâmina, até que se produza emissão de vapores e, quando estes são visíveis, cessar o aquecimento. Repetir essa operação até completar três emissões sucessivas. Evitar a fervura e secagem do corante (adicionar mais corante, se preciso, dentro deste período para evitar que a lâmina seque porque o esfregaço precisa estar coberto permanentemente durante o aquecimento.). Este aquecimento deve ser intermitente, pois é importante manter a solução aquecida durante o tempo previsto;
Lavar em água corrente para eliminar a Fucsina. Toma-se a lâmina pelo extremo numerado, inclinar para frente e lavar deixando cair um jato d’água de baixa pressão sobre a película corada, de maneira que essa não se desprenda;
Cobrir toda a superfície do esfregaço com a solução de Álcool-ácido. Tomar a lâmina entre o polegar e o indicador e fazer um movimento de vai-e-vem, de modo que o Álcool-ácido vá descorando suavemente a Fucsina. Se o esfregaço estiver ainda com a cor vermelha ou rosada, descora-se novamente. Considera-se descorado o esfregaço, quando suas partes mais grossas conservarem somente um ligeiro tom rosado. Essa operação dura, em geral, dois minutos;
Terminada a fase de descoloração e eliminado o Álcool-ácido, lavar a lâmina da mesma forma como se procedeu depois da coloração com a Fucsina, com cuidado para não desprender a película;
Cobrir toda a superfície do esfregaço com solução de Azul de metileno durante 30 segundos a 1 minuto;
Lavar, da mesma forma como se indicou para a Fucsina, tanto o esfregaço como a parte inferior da lâmina;
Colocar a lâmina com o esfregaço para cima, sobre o papel limpo, para secar à temperatura ambiente ou estufa a 35º C;
Observar ao microscópio com objetiva de imersão (100 x).
MÉTODO DE COLORAÇÃO À FRIO – MÉTODO DE KINYOUN
Preparar um esfregaço homogêneo, delgado e identificado em uma lâmina nova desengordurada, limpa e seca;
Deixar secar à temperatura ambiente;
Fixar o material do esfregaço passando 3 a 4 vezes pela chama do bico de Bunsen;
Cobrir a totalidade da superfície do esfregaço com solução de Fucsina fenicada (Kinyoun), previamente filtrada ou filtrado sobre as lâminas no momento da coloração, deixando agir por cerca de 5 minutos, adicionando mais corante se preciso dentro deste período, evitando que a lâmina seque;
Lavar em água corrente para eliminar a Fucsina. Toma-se a lâmina pelo extremo numerado, inclinar para frente e lavar deixando cair um jato d’água de baixa pressão sobre a película corada, de maneira que essa não se desprenda;
Cobrir toda a superfície do esfregaço com a solução de Álcool-ácido. Tomar a lâmina entre o polegar e o indicador e fazer um movimento de vai-e-vem, de modo que o Álcool-ácido vá descorando suavemente a Fucsina. Se o esfregaço estiver ainda com a cor vermelha ou rosada, descora-se novamente. Considera-se descorado o esfregaço, quando suas partes mais grossas conservaremsomente um ligeiro tom rosado. Essa operação dura, em geral, dois minutos;
Terminada a fase de descoloração e eliminado o Álcool-ácido, lavar a lâmina da mesma forma como se procedeu depois da coloração com a Fucsina, com cuidado para não desprender a película;
Cobrir toda a superfície do esfregaço com solução de Azul de metileno durante 30 segundos a 1 minuto;
Lavar, da mesma forma como se indicou para a Fucsina, tanto o esfregaço como a parte inferior da lâmina;
Colocar a lâmina com o esfregaço para cima, sobre o papel limpo, para secar à temperatura ambiente ou estufa a 35º C;
Observar ao microscópio com objetiva de imersão (100 x).
Teste de Mantoux:
É um teste intradérmico utilizado para avaliação da exposição ao Mycobacterium tuberculosis e da imunidade celular. Também pode ser utilizado para avaliar a resposta à vacina contra a tuberculose (BCG), embora não seja indicada de forma indiscriminada para esse fim. O PPD é uma proteina purificada derivada. O uso da tuberculina bruta (OT) e provas seriadas com diluições não mais são indicadas. A interpretação do PPD baseia-se no diâmetro do nódulo após 72h e deve ser criteriosa. Um resultado positivo nunca deve ser considerado diagnóstico de doença. Por outro lado, a reação negativa não afasta totalmente a possibilidade de infecção pelo M. tuberculosis. Aproximadamente 10% das crianças imunocompetentes com doença documentada por cultura não reagem inicialmente ao PPD. Nas pessoas vacinadas com BCG, temos dificuldades na sua interpretação, uma vez que a vacina pode positiva- lo. A reação cruzada com outras micobacterias pode determinar resultado falso-positivo. A repetição de testes em curto espaço de tempo pode amplificar (efeito booster) as reações subsequentes, transformando em reatores fortes os indivíduos inicialmente pouco reatogenicos. Considera-se, assim,viragem tuberculínica elevações acima de 8 a 10 mm entre dois testes. Resultados falso-negativos podem ocorrer em infecções iniciais (positiva-se após 10ª semana de infecção), imunodepressão (desnutrição, doença grave, uso de corticóides e imunodepressores, vacinas de vírus vivos, sarcoidose, 
blastomicose, SIDA, neoplasias, rubeola, sarampo, escarlatina), gravidez, senilidade, xerostomia e desidratação. Nas formas graves de tuberculose e na tuberculose pleural o PPD pode estar suprimido e retornar ao normal após inicio do tratamento. Alguns pacientes podem apresentar queda e desaparecimento da reação com o decorrer do tempo.
Objetivo 3 - Pesquisar os exames que auxiliam no diagnóstico da AIDS:
Fonte: MDsaude.com
Existem dois tipos de exames para detectar o HIV: o teste rápido para HIV e a sorologia tradicional.
Sorologia para HIV
A sorologia tradicional existe desde 1985 e é conhecida como ELISA (Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay). O ELISA pode ser usado para várias doenças além do HIV, sendo uma técnica que permite a detecção de anticorpos específicos no sangue. Neste tipo de teste não se pesquisa diretamente a presença do vírus, mas sim a existência de anticorpos contra o mesmo. Existem outras metodologias além do ELISA para se detectar anticorpos contra o vírus HIV, como o MEIA, EQL e ELFA e CMIA, mas o ELISA ainda é o método mais popular, por isso vou me ater apenas a ele.
A lógica do exame é simples, só haverá anticorpos contra HIV no sangue se o paciente tiver sido contaminado pelo vírus. Pessoas que nunca tiveram contato com o HIV não têm como desenvolver anticorpos contra o mesmo. O nosso sistema imune só consegue produzir anticorpos contra uma determinada doença se tiver sido previamente exposta ao seu agente causador, seja ele um vírus ou bactéria.
Os anticorpos são proteínas produzidas com o objetivo de combater agentes infecciosos específicos. Uma vez que o vírus HIV tenha entrado em nosso organismo, ele é imediatamente capturado pelas células de defesa e sua estrutura é analisada. A partir desta análise, o sistema imune torna-se capaz de produzir anticorpos diretamente voltados para combater este invasor. Sempre que entramos em contato com algum germe pela primeira vez, o corpo demora algum tempo para analisar sua estrutura e produzir anticorpos específicos. Porém, uma vez reconhecido, o paciente terá anticorpos para o resto da vida. Um anticorpo contra o HIV só ataca o vírus do HIV, ele é inócuo para outras infecções, como por exemplo, gripe ou catapora.
O tempo que decorre entre o momento da contaminação por um vírus e a produção de anticorpos suficientes para serem detectados na sorologia é chamado de janela imunológica. Portanto, quando falamos que um teste tem uma janela imunológica de 3 meses, isto significa que o exame só dará positivo 3 meses depois do paciente ter entrado em contato com o determinado vírus ou bactéria.
Nas últimas décadas a sorologia para HIV evoluiu muito. A primeira geração, usada na década de 1980 demorava até 6 meses para conseguir detectar anticorpos Hoje já estamos na 4º geração do ELISA, que é superior às gerações antigas pelo fato de não só identificar anticorpos contra o HIV mais precocemente, como também pesquisar o antígeno P24, uma proteína existente no vírus HIV. O ELISA 4ª geração é, portanto, um teste duplo que procura por anticorpos e pelo próprio vírus. Deste modo, a janela imunológica é bem mais curta e o teste consegue detectar infecções com menos de 4 semanas (em alguns casos em até 2 semanas).
A sorologias atuais procuram pela presença de anticorpos contra o HIV-1 (subtipo mais comum e agressivo) e HIV-2 (subtipo menos contagioso e menos agressivo).
LIBERAÇÃO DO RESULTADO PARA O PACIENTE
Atualmente a taxa de falso negativo, ou seja, resultados negativos em pacientes positivos, para o ELISA é de 0,001%, se o teste for feito respeitando a janela imunológica de 1 mês. Isto significa que um teste para HIV negativo feito por um ELISA de 4ª geração é um resultado muito confiável. Cabe ressaltar, novamente, que é preciso respeitar a janela imunológica.
ELISA NEGATIVO PARA HIV: sempre que um paciente faz uma sorologia para HIV e o ELISA é negativo, este resultado é liberado para o paciente sem necessidade de outros testes. O protocolo indicado é fornecer o resultado com a seguinte frase: “Amostra Não Reagente para HIV”.
ELISA POSITIVO PARA HIV: quando ELISA fornece um resultado positivo para o HIV, ele precisa ser confirmado por um outro exame, que pode ser um dos três métodos:
– Western blot
– Imunoblot
– Imunofluorescência indireta para o HIV-1
O resultado positivo somente é liberado se o exame confirmatório também for positivo. O Western blot, por exemplo, tem uma acurácia de 99,7%. Quando temos dois resultados positivos (ELISA + WB) a chance de falso positivo é desprezível.
O resultado positivo nas duas técnicas é liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”.
ELISA INDETERMINADO: algumas vezes o ELISA apresenta um resultado duvidoso, sendo incapaz de afirmar se há ou não a presença de anticorpos no sangue. Nestes casos com resultado indeterminado, o laboratório costuma entrar em contato com o paciente para solicitar uma nova amostra de sangue para que o teste possa ser refeito. O laudo do laboratório costuma referir: “Amostra Indeterminada para HIV”. Este fato significa que houve um problema técnico com a amostra, que a tornou incapaz de fornecer um resultado confiável.
Quando o ELISA é positivo, mas o teste confirmatório com Western blot é negativo, o resultado também é liberado como “Amostra Indeterminada para HIV”. Nestes casos, o paciente deve retornar ao laboratório em 30 dias para colher nova amostra de sangue.
Alguns fatores aumentam o risco de um resultado indeterminado, entre eles gravidez, presença de doenças autoimune e vacinação recente contra gripe.
QUANDO É NECESSÁRIO REPETIR UM EXAME NÃO REAGENTE?
O exame não reagente para HIV é geralmente um resultado definitivo. Como já referido, se respeitada a janela imunológica de 1 mês, o risco de falso negativo é muito baixo. Porém, se o paciente acha que foi contaminado ou foi exposto a uma situação com elevado risco de contaminação, comosexo desprotegido ou acidentes com agulhas, sugere-se a repetição do teste após 30 dias. Se esta situação de risco aconteceu com alguém sabidamente HIV, ou seja, se o paciente tem certeza que foi exposto ao vírus HIV, sugere-se que o teste não reagente seja repetido duas vezes, uma aos 3 meses e outra aos 6 meses, para se descartar os raros casos de conversão tardia. É importante salientar que mesmo nos pacientes expostos ao HIV, um teste inicial negativo torna o risco de contaminação muito baixo. A repetição é indicada apenas porque há casos raros de seroconversão tardia e casos ainda mais raros de falso negativo (não existe exame laboratorial 100% perfeito).
Nos pacientes que fazem o teste para HIV apenas por rotina ou sem que tenha havido uma situação de risco relevante, um único resultado negativo é suficiente, não sendo necessária a repetição do exame.
TESTE RÁPIDO PARA HIV
Os testes rápidos para HIV ganharam bastante popularidade a partir dos anos 2000. O teste rápido é aquele capaz de liberar o resultado em apenas 30 minutos. Este teste pode ser feito com uma pequena amostra de sangue colhida através de um furinho no dedo ou através da saliva, dependo do tipo de teste usado.
Os testes rápidos pra HIV têm uma sensibilidade um pouco menor do que os testes sorológicos tradicionais, porém, ainda assim, a sua taxa de falso negativo é baixíssima. Portanto, um resultado negativo no teste rápido tem o mesmo valor do resultado negativo na sorologia tradicional. Um resultado positivo deve ser confirmado pelo sorologia tradicional.
Em geral, indica-se o teste rápido naqueles casos onde deseja-se um resultado rápido. Ele é importante, por exemplo, para profissionais que se acidentam com agulhas (neste caso o teste é feito no profissional e no paciente) ou em grávidas que chegam em trabalho de parto sem terem realizado exames pré-natais.
Os pacientes com exposição ao HIV ou com comportamento de risco recente devem dar preferência ao teste tradicional, pois este ainda é o melhor exame para o HIV.
Objetivo 4 - Entender o contexto psicossocial da AIDS:
Fonte:
Esse processo dinâmico tem sua fase inicial no momento do diagnóstico de soropositividade, ocorrendo então a perda da imortalidade, que mobiliza o sujeito para outras perdas decorrentes da doença. A seguir, vem a perda da identidade, transformação necessária para a adaptação à nova vida. Com o diagnóstico de aids, surge outra fase, da perda da saúde.
Quando o quadro clínico se agrava, surge, então, a perda da esperança. Embora a descrição tenha sido feita nesta ordem para acompanhar a temporalidade dos eventos estressantes, vale ressaltar que o sujeito, ao vivenciar novas experiências - perda de trabalho, rompimento amoroso - pode voltar a uma fase anterior; além disso, as várias frustrações - queda de CD4, falha terapêutica - fazem a perda da esperança sempre presente. As perdas secundárias - como as sexuais e sociais - por sua vez, aparecem no momento da perda da identidade e se intensificam no momento da perda da saúde. Nos dias atuais, ainda existem indivíduos que são diagnosticados de aids por meio da manifestação de infecções oportunísticas. Neste caso, vivem as três perdas - imortalidade, identidade e saúde - num mesmo momento.
A duração de cada fase não pode ser estabelecida, pois depende de inúmeras variáveis pessoais que tornam esse processo singular e individual. Cada pessoa tem sua biografia de vida, sua forma de existir e, portanto, cada um também enfrentará sua história de adoecimento de forma única.
Não é possível também mensurar qual o momento mais difícil, pois todo o processo é muito doloroso. Cada indivíduo enfrentará no seu ritmo, de acordo com suas experiências prévias, estrutura de personalidade, estrutura cognitiva e motivação. Os sentimentos mais positivos começarão a surgir quando o paciente aceitar sua nova realidade, aprender a lidar com ela e perceber que é possível conviver com o vírus.
No processo de adoecimento, o paciente passa por várias mudanças e, segundo Parkes (1998, p. 28), se as pessoas "identificam a mudança como um ganho, a aceitação não será difícil, mas se é vista como uma perda, farão de tudo para resistir à mudança. Isto - resistência à mudança - acredito ser a base do luto: a relutância em abrir mão de posses, pessoas, status, expectativas". Assim, a resistência à mudança, aliada à subjetividade e à história de vida de cada um, explica porque as pessoas encaram as perdas de formas distintas, o que repercute na elaboração de seu luto. Portanto, é possível encontrar pacientes que elaboram seus lutos, outros que apresentam mais dificuldades e, ainda, outros que desenvolvem lutos complicados.
Diante de tudo isso, é esperado que a pessoa que convive com HIV/aids apresente diversas reações psicológicas: medo, angústia, ansiedade, insegurança, baixa auto-estima, tristeza, descrença, distúrbios do sono e do apetite, entre outras.
Essas reações devem ser acompanhadas no processo psicoterapêutico, focal ou de apoio, em grupo ou individual. "O suporte psicossocial e familiar é fundamental e o paciente deve ser encorajado a buscar alternativas para as dificuldades, recriando projetos, reconstruindo relações." (Rachid; Schechter, 2005, p. 110).
É muito comum também o paciente desenvolver transtornos psiquiátricos na trajetória da doença. Segundo Rachid e Schechter (2005), esses transtornos podem ser decorrentes da própria infecção pelo HIV ou efeito colateral de algum anti-retroviral. As manifestações psiquiátricas mais frequentes são: depressão, ansiedade, transtorno de pânico, insônia, mania, delirium e demência.
Após todas essas considerações, analisando-se o impacto psicossocial causado pelas perdas e lutos, pode-se dizer que os portadores de HIV/aids enfrentam, do momento do diagnóstico ao agravamento do quadro clínico geral, quatro fases: perda da imortalidade, perda da identidade, perda da saúde e perda da esperança.

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