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Jocimara Rodrigues de Sousa
Saúde e 
Meio Ambiente
Sumário
03
CAPÍTULO 3 – Como as estratégias de sustentabilidade podem promover melhorias 
na qualidade de vida? ....................................................................................................05
Introdução ...................................................................................................................05
3.1 Qual o conceito e a importância das políticas ambientais? ...........................................05
3.1.1 Políticas Ambientais .........................................................................................06
3.1.2 A Legislação Ambiental ....................................................................................06
3.2 O que é desenvolvimento sustentável? ........................................................................08
3.2.1 Desenvolvimento Sustentável ............................................................................08
3.2.2 Sustentabilidade e Bem Viver ............................................................................10
3.3 Como administrar produção, consumo e descarte sustentáveis? ....................................11
3.3.1 Produção Sustentável ......................................................................................12
3.3.2 Consumo Sustentável ......................................................................................13
3.3.3 Descarte Responsável.......................................................................................14
3.4 Qual o papel da saúde na Agenda 21 e no Rio +20? .................................................17
3.4.1 A Saúde na Agenda 21 ....................................................................................17
3.4.2 A Saúde no Rio +20 ........................................................................................19
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
05
Capítulo 3 
Introdução 
Olá! Apesar de ouvirmos esta palavra constantemente, será que sabemos ao certo o que significa 
sustentabilidade? Podemos considerá-lo como um conceito fechado e rígido? Será que existe 
alguma relação entre sustentabilidade e melhoria na qualidade de vida? E desenvolvimento sus-
tentável o que é?
Abordaremos estes temas, articulando-os de forma que reflitam as principais propostas públicas 
para a mitigação dos problemas do meio ambiente e da qualidade de vida. Esta última sendo 
compreendida como a percepção que as pessoas têm de suas condições de sobrevivência, de 
acordo com o contexto cultural e valores nos quais estão inseridas e, em relação aos objetivos, 
expectativas, padrões e preocupações. Você vai descobrir por que a qualidade de vida está, in-
contestavelmente, ligada ao respeito ao meio ambiente. 
Veremos o porquê da propagação de propostas em torno do conceito de sustentabilidade, tão 
onipresentes nas discussões, especialmente no que se refere aos problemas provocados pela 
ação humana. Um dos motivos ou expectativa é que a partir da teorização sobre o assunto, seja 
possível implementar ações eficientes de recuperação e preservação ambiental. A partir disto, co-
nheceremos as principais políticas públicas, programas nacionais e acordos internacionais pela 
promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, socialmente justo e economicamente 
viável. Por último, vamos identificar iniciativas de produção, consumo e descarte sustentáveis de 
baixo impacto ambiental.
Você perceberá que o propósito de tudo isso é preservar o meio ambiente para melhorar a qua-
lidade de vida da população. Que tal seguirmos em frente?
3.1 Qual o conceito e a importância das políticas 
ambientais?
Você já deve ter percebido o uso recorrente do termo “políticas ambientais” em vários tipos de 
discussões que envolvem a questão ambiental. Mas, você saberia definir exatamente o termo 
representa? 
Para ajudar você nessa tarefa, primeiro abordaremos o conceito a partir das diferentes concepções 
que se desenvolveram ao longo do tempo, especialmente no Brasil. Em seguida, veremos exemplos 
das iniciativas de recuperação e preservação ambiental advindas tanto da esfera pública quanto 
privada, além das organizações civis sem fins lucrativos que estão envolvidas nessa questão.
Como as estratégias de 
sustentabilidade podem promover 
melhorias na qualidade de vida?
06 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
3.1.1 Políticas Ambientais
Atualmente, praticamente todas as instâncias de poder – municipal, estadual e federal – e tam-
bém as empresas privadas de grande porte adotam políticas ambientais. Mas o que são políticas 
ambientais? Como elas podem ajudar na melhoria da qualidade de vida no planeta? Para en-
contrarmos as respostas, primeiro precisamos compreender as diferentes concepções adotadas 
pelas iniciativas públicas e privadas. 
O conceito de política ambiental (ALMEIDA, 2005) é normalmente compreendido como as bases 
teóricas e as regras estabelecidas pela sociedade, por meio de sua representação política, na for-
ma de lei, que norteiam as ações do Estado, do Poder Legislativo, do Poder Executo e do Poder Ju-
diciário com o objetivo de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental, garantindo um 
ambiente ecologicamente equilibrado e acessível a todas as pessoas. Segundo Almeida (2005), 
política ambiental é o conjunto de princípios doutrinários que conformam as aspirações sociais e/
ou governamentais no que se refere à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção 
e conservação do ambiente. Se compreendermos que a humanidade depende dos recursos natu-
rais para sobreviver, pode-se inferir que as políticas ambientais estabelecem diretrizes de preser-
vação e recuperação do meio ambiente visando à qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
A garantia e a promoção da saúde da população são princípios regidos pelas políticas públicas, 
portanto, cabe aos governos a elaboração, a implantação e a fiscalização dessas iniciativas. 
Da mesma maneira com que o poder público deve garantir a saúde da população por meio de 
um sistema de assistência médica e hospitalar e da implantação de medidas preventivas e de 
conscientização sobre doenças, deve também assumir o compromisso de garantir um ambiente 
saudável que permita a manutenção desse bem-estar. 
Em contrapartida, a iniciativa privada não tem o dever de garantir a saúde e o bem-estar da 
população e, ainda assim, promovem ações de preservação ambiental. Estas ações estariam ali-
nhadas ao conceito de responsabilidade socioambiental, que responsabiliza todas as instâncias 
sociais pela qualidade do meio ambiente, especialmente a iniciativa privada, cuja intensa explo-
ração de recursos naturais para alimentar suas produções fomentou alterações substanciais do 
meio ambiente. Assim, a política ambiental tende a se alinhar mais às propostas de reparação 
e de recuperação ambiental do que de preservação.
Podemos concluir que poder público, iniciativa privada, pequenos coletivos e indivíduos possuem 
não apenas direitos a um ambiente saudável, mas também deveres para a promoção deste. 
Uma das consequências dessa conscientização foi o surgimento do que estudaremos a seguir: a 
legislação ambiental. 
3.1.2 A Legislação Ambiental
A legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais completas do mundo. Benjamin 
(1999) defende que a sua evolução ocorreu em três fases: a primeira caracterizada pela explo-
ração desregrada, seguida pela fase fragmentária e, a mais recente, a holística. 
A primeira fase, de exploração desregrada, compreenderia o período entre a colonização por-
tuguesa, por volta de 1500, atéa década de 1930. Ela se caracteriza pela ausência de dispo-
sitivos legais para tutela do ambiente, com exceção de algumas poucas medidas protetivas. A 
fase fragmentária é descrita como o início da preocupação com o controle da exploração dos 
recursos naturais com fins econômicos. É o período em que aparecem as primeiras iniciativas 
de políticas públicas voltadas para o controle da poluição e a proteção do meio ambiente. Foi 
denominada de fragmentária, pois apesar de estabelecer normas voltadas à proteção do meio 
ambiente, esse controle estava estreitamente vinculado a recursos ambientais isolados que, ge-
ralmente, apresentavam alto valor mercadológico. Já a fase holística é recente, tendo início na 
década de 1980 marcando uma nova concepção do meio ambiente, como um todo integrado, 
interdependente e não fragmentado. 
#AsAventurasBJ
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Mesmo com as discussões, sobre questões ambientais, bastante acaloradas em outros países nas 
décadas anteriores, motivadas pelas catástrofes ambientais e divulgações parciais de dados rela-
tivos ao aquecimento global e extinção de espécies, podemos perceber que houve uma demora 
na criação dos dispositivos legais. Porém, o país já esboçava algumas ações protetivas do meio 
ambiente, como as diretrizes das Ordenações Manuelinas, editadas em 1521, que estabeleciam 
a proibição de colmeias sem a preservação das abelhas. Já as diretrizes das Ordenações Fili-
pinas, constituídas durante o domínio espanhol, previam punições também para quem jogasse 
materiais contaminantes na água. 
O Primeiro Código Criminal é de 1830 e tipificou o crime pelo corte ilegal de árvores. Já a Lei 
nº 601/1850 determinou as diretrizes para o uso do solo, protegendo do desmatamento. Em 
1934 é aprovado o Código Florestal, que passa por uma reformulação em 2012 e atualmente 
é regulamentado pela Lei nº 12.651/2012. Este Código, apesar de representar um significativo 
avanço para a proteção ambiental ainda enfrenta limitações no que se refere à fiscalização e ao 
alcance de seus objetivos, tendo em vista as recorrentes tentativas de sua “flexibilização” para 
atender aos interesses de alguns setores sociais.
No Brasil, a importância de se estabelecer medidas protetivas do meio ambiente de forma ho-
lística e integrada só despontou a partir da década de 1980, com o estabelecimento de quatro 
importantes ações.
•	 Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 e a consolidação do Estatuto de Impacto Ambiental 
(EIA) no ordenamento brasileiro. 
•	 Lei nº 7.347/85, disciplinando a ação civil pública como instrumento de defesa do meio 
ambiente.
•	 Constituição Federal de 1988 (Constituição Cidadã), que dedica um capítulo ao meio 
ambiente e ainda aborda o tema em outros artigos.
•	 Lei nº 9.605/98, chamada de Lei de Crimes Ambientais, que dispõe das sanções penais 
e administrativas para atos de deterioração do meio ambiente. 
Esses dispositivos legais foram elaborados a partir da necessidade de controlar as interferências 
humanas sobre o meio ambiente de maneira que a manutenção da vida no país e no planeta 
seja preservada. O histórico da degradação ambiental levou o Estado brasileiro a desenvolver 
instrumentos para regulamentar as ações governamentais pela preservação e recuperação do 
meio ambiente e também de controle e de sanção das ações predatórias desenvolvidas pela 
iniciativa privada. 
Figura 1 – A legislação é um importante recurso para a preservação ambiental.
Fonte: Shutterstock, 2015.
08 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Mas, você sabe o que é responsabilidade ambiental? É a responsabilização da pessoa jurídica 
– e também da pessoa física – pelas condições ambientais, que agrega um conjunto de ações 
voltadas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Essas ações são de extrema importân-
cia tanto para o controle do uso empresarial dos recursos naturais, como para a manutenção 
e promoção da saúde e do bem-estar. Trata-se de um dispositivo, regulamentado pelos órgãos 
governamentais competentes, que previnem e mitigam a deterioração do meio ambiente e, con-
sequentemente, o adoecimento humano. 
Além disso, a Lei nº 6.938/81 prevê que pode ser considerado como poluidor – das águas, 
do solo, do ar etc. – pessoa física ou jurídica de direito público e privado que seja responsável 
direta ou indiretamente pela degradação do meio ambiente. Isso significa que não apenas ór-
gãos públicos ou empresas são responsabilizados pela qualidade ambiental, mas é compromisso 
também dos cidadãos. 
Assim, o conceito de responsabilidade ambiental individual prevê ações coerentes com a preser-
vação, de modo que o uso individual dos recursos naturais seja satisfatório para a manutenção 
da vida, além de atuar em benefício do próprio meio ambiente e da coletividade. 
3.2 O que é desenvolvimento sustentável?
Para descobrir o significado do termo “desenvolvimento sustentável” é necessário entender sobre 
as ações de preservação e recuperação do meio ambiente que asseguram as condições mínimas 
para a manutenção e promoção da saúde. Mas quais seriam as influências mútuas exercidas 
entre meio ambiente, saúde e bem-estar? Existe um consenso cientifico sobre isso, mas é preciso 
compreender os fatores sociais que determinam as condições de ambas as categorias.
Vamos refletir sobre as ações promovidas para o desenvolvimento sustentável - como um moti-
vador de qualidade de vida e saúde - e veremos as iniciativas públicas e privadas desenvolvidas 
em torno de suas bases teóricas. 
3.2.1 Desenvolvimento Sustentável
O significado de desenvolvimento sustentável é constantemente modificado, mas, normalmente, 
o compreendemos como um modelo de crescimento global que incorpora os diversos aspectos 
da vida social e o meio ambiente. O conceito de sustentabilidade está no relatório da Comissão 
de Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento pelas 
Nações Unidas (ONU), sendo definido como: 
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer 
a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa 
possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento 
social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso 
razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais (ONU, 1987).
É importante compreender que esse conceito ascendeu no campo social e político mundial a 
partir da necessidade de se estabelecer novos parâmetros de desenvolvimento que priorizassem 
outras áreas além da economia. Como já sabemos, a qualidade de vida e a saúde humana 
dependem de fatores que não são da alçada econômica, como a condição ambiental e fatores 
biológicos individuais. Os ganhos financeiros são gerados a partir da exploração dos recursos 
naturais e, portanto, na eventual escassez desses recursos, haveria um impacto na geração de 
renda e de lucro. 
09
Algumas transformações no campo conceitual foram necessárias para o estabelecimento de um 
novo modelo que integrasse todas as esferas de nossa existência. Desta forma, o desenvolvimen-
to sustentável surge como alternativa de equilibrar o crescimento econômico com a equidade so-
cial e a proteção do meio ambiente. Inicialmente, ele era sustentado por três pilares integrados: 
ecológico, econômico e social (Figura 2).
Sustentável
Suportável Viável
Equitativo
Ecológico
EconômicoSocial
Figura 2 – Componentes do Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: Johann Dréo, 2009. 
O desenvolvimento sustentável pressupõe avanços no campo social. A partirdessa concepção, é 
revelada uma preocupação com o capital humano, seja na iniciativa privada ou pública, incluin-
do empreendimentos, comunidades, ou a sociedade como um todo. Entende-se como avanço 
social as condições adequadas de trabalho, em conformidade com a legislação trabalhista vi-
gente, bem como a distribuição de renda exercida por meio de remunerações justas. No aspecto 
trabalhista, é necessário relevar fatores como o bem-estar promovido pela disponibilização de 
ambientes salubres, pensando na saúde do trabalhador e de sua família. 
Sobre o componente social do desenvolvimento sustentável, deve-se levar em conta o impacto 
que a atividade econômica exerce sobre o ambiente circunscrito e os problemas gerais da so-
ciedade. Como, por exemplo, educação, índices de violência e acesso a equipamentos de lazer, 
cultura e entretenimento.
Já o componente ambiental/ecológico refere-se ao capital natural de um empreendimento ou 
de uma sociedade. Da mesma forma como nos outros componentes, deve-se pensar na questão 
ambiental a curto, médio e longo prazo. Praticamente toda atividade econômica tem um impacto 
original negativo sobre o meio ambiente. Entretanto, o empreendimento e a sociedade como um 
todo devem estabelecer práticas que minimizem esses impactos e que recuperem o que já foi 
degradado. Uma prática exemplar de desenvolvimento sustentável promovido pelas empresas é 
a reposição de recursos naturais extraídos intensamente, como o reflorestamento. Ou, ainda, a 
máxima redução do uso desses recursos, como o cálculo da pegada de carbono do seu processo 
produtivo. Lembrando que também se faz necessária a observância e a adequação das práticas 
empresariais à legislação ambiental e aos princípios transnacionais de proteção ambiental, como 
o Protocolo de Kyoto.
10 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Pegada de Carbono (Carbon Footprint) é a aferição da quantidade de gases do efeito 
estufa emitidos durante diferentes processos causados por indivíduos, organizações, 
países, eventos ou na produção de bens e serviços. Em contrapartida, a Pegada Eco-
lógica é a medida da carga imposta de uma população sobre a natureza. Representa 
a área da superfície da Terra necessária para sustentar os níveis de consumo e de des-
carte pela população.
VOCÊ SABIA?
O componente econômico pressupõe as práticas responsáveis de produção, consumo e des-
carte de bens e serviços e deve levar em consideração os aspectos ambientais e sociais. Nesse 
sentido, vale a máxima de que o lucro não compensa a degradação ambiental (LASSU, 2015).
Portanto, podemos compreender que a sustentabilidade adota diversas perspectivas, aqui segui-
remos com a categorização de sustentabilidade econômica, social e ecológica. Resumindo, a 
sustentabilidade ambiental ou ecológica consiste na manutenção das funções do ecossistema, 
preservando a capacidade do meio ambiente de oferecer condições adequadas de vida de todos 
os seres, considerando as condições funcionais e estéticas do ambiente. A econômica prevê a 
adoção de medidas econômicas e políticas voltadas para incorporação de conceitos ambientais 
e sociais à economia. Já a sustentabilidade sociopolítica foca os esforços para a equidade 
social. Como forma de promover o equilíbrio entre essas esferas, foram elaborados documentos 
norteadores de políticas públicas, como a Agenda 21 e as Metas do Desenvolvimento do Milênio.
CASO 
Um caso emblemático sobre o impacto social desencadeado pelas mudanças ambientais e cau-
sado por atividades econômicas inadequadas, segundo os preceitos de desenvolvimento susten-
tável, é a situação da população da região da cidade de Altamira, onde fica a Bacia do Alto 
Xingu, ao norte do Estado do Pará. Na região, residem comunidades tradicionais, indígenas e 
ribeirinhas, além de moradores urbanos e assentados, que tiveram suas vidas alteradas por conta 
da instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. 
Além dos impactos ambientais causados pela construção da usina e, posteriormente, com o pre-
juízo das atividades de pesca, o empreendimento também impactou o modo de vida das pessoas. 
O reassentamento das comunidades ribeirinhas em regiões rurais e urbanas, distantes do rio, é 
a causa de uma grande perda cultural, pois essas pessoas dependem do rio tanto para geração 
de renda (pesca), quanto para preservação de sua cultura. São cerca de 8 mil famílias cujas mo-
radias foram compulsoriamente alocadas em Reassentamentos Urbanos Coletivos (RUCs), sem 
infraestrutura adequada, como transporte, saúde e educação. Ainda, a especulação imobiliária 
causada pela instalação do empreendimento, impede que as famílias indenizadas adquiram 
outros imóveis na região.
3.2.2 Sustentabilidade e Bem Viver
A partir da valorização da necessidade de combinar os fatores sociais, econômicos e ecológicos 
para o desenvolvimento sustentável, é possível inferir que a preservação da diversidade biológica 
(biodiversidade) é imprescindível para a manutenção da vida no planeta. Incorporando esses 
novos valores à esfera social, concluímos que para ocorrer a sustentabilidade social também é 
importante, a preservação da diversidade cultural (sociodiversidade). 
11
O livro Sustentabilidade Ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar hu-
mano, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) é uma extensa 
obra que relaciona artigos e dados estatísticos sobre o desenvolvimento brasileiro. Dis-
ponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro07_
sustentabilidadeambienta.pdf>.
VOCÊ QUER LER?
De maneira geral, podemos fazer a seguinte comparação: se, por um lado, a sustentabilidade 
ambiental significa elaborar estratégias de uso dos recursos naturais dentro dos limites de pro-
dução do planeta, por outro lado, a sustentabilidade social propõe ações que possibilitam o 
sustento das necessidades materiais, sociais e emocionais de todos. Com isso a sustentabilidade 
social estabelece formas de se criar e manter as condições para o bem-estar humano, evitando 
comportamentos que resultem em situações de adoecimento, estresse emocional e conflito.
Por isso, as diretrizes atuais sobre a promoção da qualidade de vida da espécie humana estão 
alinhadas à concepção de desenvolvimento sustentável. Afinal, as crises que assolam o mundo 
estão profundamente entrelaçadas e abordá-las de maneira isolada não proporcionará estraté-
gias de superação eficazes para esses problemas. 
A Avaliação Ecossistêmica do Terceiro Milênio (KACHAN, 2005) destacou as diversas maneiras 
em que o ecossistema afeta o bem-estar e as compensações de sinergia que podem ocorrer des-
ses elementos. As respostas promissoras para reduzir e mitigar o impacto ambiental na sociedade 
são classificadas em:
•	 tecnológicas: como o desenvolvimento do aumento de rendimento das lavouras e redução 
de impacto; 
•	 conhecimento: capacitação humana e institucional; 
•	 sociais e comportamentais: como mudanças nos padrões de consumo.
Dorothy Mae Strang foi uma missionária norte-americana que viveu no Estado do Pará 
para ajudar a colocar em prática o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) na 
região amazônica. Ela foi assassinada em decorrência do conflito deflagrado com a 
tentativa de implantação do PDS, que se alinhava à melhoria da qualidade de vida da 
população em detrimento do lucro dos empresários e latifundiários locais. 
VOCÊ O CONHECE?
3.3 Como administrar produção, 
consumo e descarte sustentáveis?
A partir da concepção sobre desenvolvimento sustentável, tanto do ponto de vista da sustentabi-
lidade ambiental como da social, é possível promover algumas estratégias. Estas adotadas pela 
iniciativa pública e privada para reconfigurar os paradigmas de exploração dos recursos natu-
rais, de produção, consumo e descarte conscientes ambiental e socialmente. 
12 Laureate-International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Nesse momento, você pode estar se perguntando: como extrair os recursos necessários para a 
vida humana de maneira que se preserve o meio ambiente? Saiba que existem possibilidades, 
e elas acontecem através de iniciativas baseadas nos conceitos de sustentabilidade, as quais 
revelam novas formas de concepção de meio ambiente e de suas relações com a humanidade. 
3.3.1 Produção Sustentável 
No início da década de 2000 ocorreu uma intensificação das discussões transnacionais sobre as 
alternativas de produção e de consumo sustentáveis. Em 2002, a Cúpula Mundial Sobre o De-
senvolvimento Sustentável aprovou o Plano de Johanesburgo que propunha a elaboração de um 
conjunto de programas, executáveis em dez anos, para o fortalecimento de iniciativas regionais e 
nacionais de promoção dos padrões de consumo e de produção (MMA, 2015a). No ano seguinte, 
em 2003, foi assinado o Processo de Marrakesh, estabelecendo que cada país integrante das Na-
ções Unidas desenvolveria planos de ação próprios em favor da Produção e Consumo Sustentáveis. 
O conceito de produção sustentável estabelecido no Processo de Marrakesh, compreende a 
incorporação de práticas que diminuam o impacto ambiental e social ao longo do ciclo de vida 
dos bens e serviços. Trata-se de uma forma de reduzir a intensidade de exploração dos recursos 
naturais, agindo mais no sentido da prevenção do que recuperação do meio ambiente. Essa 
estratégia não representa apenas uma evolução no sentido ecológico, mas revela também uma 
possibilidade de significativa redução dos riscos à saúde humana, gerando efeitos econômicos 
e sociais positivos.
A produção sustentável deve incorporar a noção de limites na oferta de recursos naturais e na 
capacidade do meio ambiente para absorver os impactos da ação humana. A fase inicial de 
disseminação do Processo de Marrakesh previa quatro etapas, veja na sequência. 
1. Consultas regionais para identificar prioridades de produção.
2. Elaboração, implementação e apoio institucionais de estratégias regionais.
3. Implementação de projetos em diferentes instâncias: locais, regionais e nacionais.
4. Atribuição e coordenação internacional, revisão e elaboração do plano de ação (MMA, 2015a). 
Conforme estabelecido, a produção e o consumo sustentáveis buscam cumprir os compromissos 
assumidos pela promoção da sustentabilidade socioambiental. Por isso, esses conceitos têm re-
cebido destaque nas agendas públicas e privadas, pois são fatores fundamentais e necessários 
para a superação dos grandes problemas ambientais contemporâneos. Originalmente, a pro-
dução sustentável focava no que se convencionou chamar de Produção Mais Limpa (P+L), cujo 
destaque é o formato produtivo que exige menos recursos naturais. Este, consequentemente, gera 
menos resíduos, sendo considerado como um modelo produtivo “ecoeficiente”.
A partir da incorporação do conceito de Consumo Sustentável, a perspectiva ecológica passou a 
interferir em todo o ciclo dos produtos. Na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, 
ocorrida no Rio de Janeiro em 1992 (MMA, 2015), os conceitos de P+L e Consumo Sustentável 
foram intensamente debatidos pelos representantes dos países participantes, pois existia a neces-
sidade urgente de rever os conceitos de desenvolvimento. Assim, as proposições nacionais e glo-
bais de enfretamento e superação da problemática ambiental passaram a enfatizar em mudanças 
de paradigmas de produção e de consumo. 
Desde então o conceito de P+L foi revisado e ampliado e passou a incorporar novas variáveis, 
critérios e princípios, especialmente de ordem social, o que era inédito nas discussões ambien-
tais, até então. Apesar de todos os compromissos assumidos pelos governos e a elaboração de 
estratégias de redução do impacto ambiental, a efetiva implementação de práticas de Produção 
e Consumo Sustentável em diversas instâncias tem se mostrado bastante vagarosas. Em certa 
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medida, isso acontece devido à neutralização e/ou inobservância desses acordos, já que essas 
mudanças representam uma redução substancial dos lucros e, em alguns casos, exigem maiores 
investimentos em novas tecnologias de produção.
VOCÊ QUER VER?
O vídeo Sistemas de Produção Sustentável, foi produzido pela Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para apresentar, de maneira objetiva e bastante lú-
dica, modelos de sistemas de produção sustentável. Em menos de cinco minutos você 
conhecerá conceitos e práticas dessa estratégia. Acesse o link e assista. Disponível em: 
< https://www.youtube.com/watch?v=7_7OlrlDxsA>.
E quando podemos dizer que um sistema de produção é considerado sustentável? Quando todas 
as suas etapas estão em conformidade com modelos e processos sociais justos, economicamente 
viáveis e ambientalmente adequados. Atualmente são desenvolvidas diversas práticas sustentá-
veis de produção no ambiente rural agrícola, entre as alternativas, destacam-se: a Agricultura 
Orgânica, a Produção Integrada Agropecuária, a Aquicultura, a Produção Agroflorestal e a Inte-
gração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), entre outras. 
Viu como é possível ao mesmo tempo preservar o meio ambiente e usufruir dele? Agora que já 
sabemos em que consiste a produção, veremos como se constitui o consumo sustentável.
3.3.2 Consumo Sustentável 
A percepção dos padrões e níveis de consumo como principais origens da crise ambiental reve-
la a disseminação do discurso ecológico e das preocupações ambientais. Isso se deu, em boa 
medida, a partir da observação da necessidade de que é preciso respeitar os limites da natureza 
e incorporar estratégias que preservem seus ciclos. Diante deste contexto, novos discursos e pro-
postas de política ambiental foram elaborados também na esfera do consumo. Algumas dessas 
propostas, como o “consumo verde” e o “consumo sustentável” têm interferido não só nas pautas 
políticas, mas também nas escolhas dos consumidores individuais.
Mas o que é consumo verde? Consumo verde pode ser compreendido como o processo em que 
o consumidor, no momento da compra, releva fatores qualidade e preço, bem como a variável 
ambiental, escolhendo produtos e serviços cujo ciclo produtivo – produção, consumo e descarte 
– não agrida o meio ambiente. Essa estratégia apresenta alguns benefícios, como a identificação 
pessoal dos cidadãos com a preservação do meio ambiente. Além disso, os consumidores verdes 
compõem um grupo crescente de pessoas preocupadas com o impacto ambiental de suas esco-
lhas, ajudando a disseminar informações sobre práticas responsáveis. 
O consumo verde, entretanto, tem algumas limitações, pois os consumidores tendem a trocar as 
marcas e/ou os produtos de acordo com os benefícios que eles oferecem para a preservação am-
biental. Essa estratégia pode falhar no alcance dos objetivos, pois a responsabilização individual 
pode ser atrelada ao processo de consumo, desconsiderando outras práticas e comportamentos 
individuais que podem degradar o ambiente. Assim, a possibilidade de escolha fica restrita a 
diferentes marcas e não entre o comportamento consumista ou não-consumista. 
Em decorrência dessa limitação de concepção, baseado apenas na troca de marcas, ocorre uma 
tendência mundial das corporações que é o investimento em pesquisas de mercado. Tal especu-
lação serve para mapear nichos mercadológicos em potencial para pessoas interessadas no valor 
ambiental agregado à marca. Assim, a necessidade de redução e modificação dos padrões de 
consumo foi substituída pelo simples “esverdeamento” dos produtos e serviços.
14 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Além disso, o consumo verde atacaria somente uma parte do problema – a tecnologia – enfa-
tizando o desenvolvimento de produtos verdes para uma parcela da sociedade. Enquanto isso, 
os menos favorecidos economicamente permaneceriam alheios ao consumodesses produtos, 
restringindo-se aqueles de qualidade inferior e, ainda, não tendo suas necessidades sanadas, 
reforçando as desigualdades sociais. 
Entretanto, outras práticas como o consumo ético, responsável e consciente revelam a tendência 
dos consumidores a incorporarem, nas suas escolhas, os fatores sociais que o chamado consumo 
verde não necessariamente prioriza. Essa forma de comportamento baseada em um consumo 
mais consciente está alinhada às estratégias de desenvolvimento sustentável do planeta. 
Figura 3 – O consumo verde, normalmente, é voltado para produtos tecnológicos.
Fonte: Shutterstock, 2015. 
Quando selecionamos e adquirimos bens de consumo, seguimos uma definição cultural do que 
consideramos importante para nossa integração e diferenciação social. Assim, podemos dizer 
que consumo e cidadania estão estreitamente ligados, já que ambos são processos culturais e 
práticas sociais que criam um sentido de pertencimento e identidade. 
A partir da observação das boas práticas de consumo, as empresas passaram a engajar seus 
esforços em estabelecer estratégias mercadológicas de evidenciação de suas práticas socioam-
bientais. Exemplo dessa estratégia é a eco-rotulagem (ou rotulagem ambiental), que constitui na 
atribuição de um selo que distingue a marca e/ou o produto pelas suas ações de responsabili-
dade ambiental.
Após tanto consumo, temos que lembrar que existe a possibilidade de descartarmos vários obje-
tos e resíduos. O que fazer com o que não queremos mais? Como podemos fazê-lo de maneira 
responsável? Veja a seguir.
3.3.3 Descarte Responsável
Outra preocupação que norteia as ações de responsabilidade socioambiental das empresas é a ge-
ração e o descarte de resíduos. Considerando que o aumento de resíduos impacta negativamente o 
ambiente, recentemente têm-se incentivado o reaproveitamento e o descarte consciente. Tal prática 
evita diversos problemas ambientais como: contaminação do solo, da água e do ar, proliferação 
de vetores transmissores de doenças, entupimento de redes (bueiros) de drenagem urbana, um dos 
causadores de enchentes, além da degradação do ambiente e da depreciação imobiliária. 
15
Podemos concluir que o cuidado com o descarte de resíduos, bem como a reflexão sobre a 
necessidade de troca de produtos, é imprescindível para a saúde humana e para a preservação 
ambiental. Este último deve nortear as ações das empresas, as quais por meio do método da 
“obsolescência programada” incentivam o consumo massivo. Para identificar a real necessidade 
de descarte, é preciso, primeiramente, verificar a possibilidade de reinserir o produto no ciclo 
produtivo, seja através da reciclagem ou do reaproveitamento. 
Os resíduos são classificados de acordo com os riscos potenciais que eles causam à saúde huma-
na, segundo a NBR/ABNT 10.004 (2004) temos as categorias de resíduos Classe I, perigosos e 
Classe II, não-perigosos. E as subcategorias Classe IIA que apresentam características biodegra-
dantes e Classe IIB, inertes, que não se decompõe com facilidade no meio aberto. Além disso, o 
lixo é categorizado de acordo com sua origem – domiciliar, industrial, hospitalar, agrícola etc. Em 
geral, as doenças causadas pelo descarte inadequado mais recorrentes encontram-se descritas 
a seguir (Quadro 1). 
Fonte: Manual de Saneamento - Funasa/MS - 1999
O lixo e as doenças
Vetores
Rato e pulga Mordida, urina,
fezes e picada
Leptospirose
Peste Bubônica
Tifo Murino
Mosca Asas, patas, corpo,
fezes e saliva
Mosquito Picada
Barata Asas, patas,
corpo e fezes
Gado e Porco Ingestão de carne
contaminada
Cão e Gato Urina e fezes
Febre Tifóide
Cólera
Amebíase
Giardiase
Ascaridíase
Malária
Febre Amarela
Dengue
Leishmaniose
Febre Tifóide
Cólera
Giardíase
Teníase
Cisticercose
Toxoplasmose
Formas de Transmissão Enfermidades
Quadro 1 – O lixo e as doenças.
Fonte: MMA/MEC/IDEC, 2005.
Já os resíduos classificados como perigosos, que emitem uma quantidade nociva para o meio 
ambiente, como solventes, pilhas, baterias, medicamentos etc., podem também causar importan-
tes complicações para a saúde. Geralmente, tais produtos possuem altos índices de mortalidade 
por intoxicação, especialmente, entre as crianças. 
Existe também o risco ocupacional devido ao trabalho em ambientes de alta exposição a poluen-
tes sem o uso adequado de equipamentos de proteção. No quadro (Quadro 2) a seguir, temos 
uma breve referência sobre os efeitos da contaminação por metais pesados. 
16 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Efeitos da contaminação por metais pesados nos seres humanos
Metal pesado Onde é encontrado Efeitos
Mercúrio Produtos farmacêuticos
Lâmpadas �uorescentes
Interruptores
Pilhas e baterias
Tintas
Fungicidas
Termômetros
Distúrbios renais
Lesões neurológicas
Efeitos mutagênicos
Alterações do metabolismo
De�ciênciak nos órgãos sensoriais
Irritabilidade
Insônia
Problemas renais
Cegueira, surdez
Morte
Baterias e pilhas
Plásticos
Pigmentos
Papéis
Dores reumáticas
Distúrbios metabólicos
Osteoporose
Disfunção renal
Tintas
Impermeabilizantes
Cerâmica
Vidro
Inseticidas
Baterias
Perda de memória
Dor de cabeça
Anemia
Paralisia
Cádmio
Chumbo
Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e Compromisso Empresarial para a Reciclagem
- Cempre, 1996
Quadro 2 – Efeitos da contaminação por metais pesados nos seres humanos.
Fonte: MMA/MEC/IDEC, 2005.
Perceba como é imprescindível compreender as estratégias de sustentabilidade para que ocorra 
uma mudança de comportamento visando à qualidade de vida da população. Na prática, po-
demos dizer que uma alternativa para solucionar os problemas relacionados ao lixo é a adoção 
do Princípio dos Três Erres (3R’s): 
•	 reduzir: diminuir o consumo e privilegiar produtos de alta durabilidade;
•	 reutilizar: saber aproveitar melhor e evitar o descarte, designando as embalagens para 
outras funções;
•	 reciclar: envolve a reinserção do produto e/ou de sua embalagem novamente ao ciclo 
produtivo.
Figura 4 – A reciclagem é a alternativa mais adequada de descarte de resíduos sólidos.
Fonte: Shutterstock, 2015.
17
VOCÊ QUER VER?
O filme Lixo Extraordinário expõe os impactos ambientais e sociais gerados pelo au-
mento de resíduos urbanos por meio da visita do renomado artista plástico Vik Muniz ao 
Jardim Gramacho no estado do Rio de Janeiro, um dos maiores aterros de lixo do mun-
do. O argumento do filme é mostrar a realidade dos recicladores, porém, o artista aca-
ba por apresentar uma nova forma de reciclagem, transformando o lixo em arte. Vale 
a pena conferir! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_4Xkml9dJLM> .
Veja como as nações estão se organizando para colocar em prática algumas ideias. Confira na 
sequência. 
3.4 Qual o papel da saúde na Agenda 21 e no 
Rio +20?
De maneira geral, a partir das mudanças conceituais sobre o meio ambiente e da consolidação 
da importância que ele tem sobre a qualidade de vida humana, foram estabelecidos instrumentos 
legais de proteção e de recuperação ambiental, como forma de assegurar a saúde e o bem-estar 
das pessoas. Aqui você vai descobrir que as diretrizes ambientais também estabelecem normas 
para a promoção da saúde e da qualidade de vida. 
A partir da análise de dois grandes acontecimentos de extrema relevância para o histórico de 
preservação ambiental, poderemos identificar a abordagem da saúde humana na concepção 
holística sobre meio ambiente. Considerando que os seres humanos são, inclusive, parte do que 
se convencionou chamar de recursos naturais, a relação entre ambiente e saúde humana acaba 
sendo reforçada. Começaremos com o evento denominado de: Agenda 21. 
3.4.1 A Saúde na Agenda 21
A Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de 
Janeiro em 1992, reuniu178 chefes de governo de todo o mundo para discutir os paradigmas de 
desenvolvimento e de proteção ambiental. Este é considerado um marco histórico na evolução das 
questões ambientais, pois a partir de então a comunidade política internacional assumiu a neces-
sidade de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a exploração dos recursos naturais. 
A reunião, conhecida como Cúpula da Terra, Eco-92 ou Rio-92, chamou a atenção do mundo para 
a dimensão global dos perigos que ameaçam a vida no Planeta e, por conseguinte, para a necessi-
dade de uma aliança global em prol de uma sociedade sustentável. A partir dela ficaram estabele-
cidas as diretrizes básicas do desenvolvimento sustentável. Foi o ponto de partida para as discussões 
propositivas que relacionam harmonicamente progresso e natureza, de modo que seja garantida a 
qualidade de vida para a geração atual e para as futuras. Essas constatações partiram do princípio 
de que, se todas as nações seguirem o modelo de desenvolvimento econômico dos países conside-
rados desenvolvidos, haveria um colapso mundial causado pela escassez de recursos naturais. 
Também se fazia necessária a reflexão e a tomada de ações para reparar os danos já apre-
sentados. Ficou estabelecido que os países em desenvolvimento receberiam ajuda financeira e 
recursos tecnológicos para elaborarem e consolidarem um novo modelo de desenvolvimento 
que fosse sustentável e que abarcasse a redução do consumo, especialmente, dos combustíveis 
fósseis, como petróleo e carvão. 
18 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Figura 5 – A transição da concepção de desenvolvimento determinou 
a mudança gradativa de paradigmas de consumo.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Durante a Rio-92, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao 
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. A CDS oferece apoio para que os países 
atinjam os objetivos de preservação do ambiente. Ela integra a comissão responsável pela or-
ganização das conferências da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento. Das discussões 
promovidas pela Rio-92 surgiram duas convenções: uma sobre biodiversidade e outra sobre 
mudanças climáticas. Três documentos também foram assinados: a Declaração do Rio sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre Florestas e a Agenda 21. 
Este último ainda serve de base para o estabelecimento de ações nacionais e internacionais de 
promoção do desenvolvimento sustentável.
O plano de ação – Agenda 21 – colocou em pauta o desenvolvimento sustentável, baseado 
em três pilares: a dimensão social, a econômica e a ambiental. Das análises e planos de ação 
direcionados para a dimensão social, destaca-se o capítulo 6, totalmente dedicado à proteção e 
promoção das condições da saúde humana. O documento abre com o seguinte texto:
A saúde e o desenvolvimento estão intimamente relacionados. Tanto um desenvolvimento 
insuficiente que conduza à pobreza como um desenvolvimento inadequado que resulte em 
consumo excessivo, associados a uma população mundial em expansão, podem resultar sérios 
problemas para a saúde relacionados ao meio ambiente, tanto nos países em desenvolvimento 
como nos desenvolvidos (ONU, 1992).
A Agenda 21 considera a importância dos determinantes sociais da saúde em seu plano de ação 
e incentiva a mobilização de recursos intersetoriais, nas esferas pública e privada para o desen-
volvimento sustentável. A inserção do capítulo 6, sobre saúde, representa uma preocupação da 
ONU de conscientizar os países sobre a necessidade de desenvolver planos de forma cooperativa 
voltados para a promoção da saúde. Tal capítulo estabelece que a saúde prescinde de um am-
biente adequado, do acesso a abastecimento seguro de água, de serviços de saneamento bási-
co, de alimentos e de nutrição. As áreas de programas contempladas pela Agenda 21 abarcam:
•	 satisfação das necessidades de atendimento primário de saúde, especialmente nas zonas 
rurais;
•	 controle de moléstias contagiosas;
•	 proteção dos grupos vulneráveis;
19
•	 o desafio da saúde urbana;
•	 redução dos riscos para a saúde decorrentes da poluição e dos perigos ambientais (ONU, 1992).
Dentro desse escopo, foram delimitados os objetivos e as medidas propositivas para que eles 
fossem alcançados. Em 1997 foi criada a Agenda 21 Brasileira, que busca firmar compromissos 
da sociedade com o desenvolvimento sustentável, promovendo diretrizes de produção e de con-
sumo sustentáveis. A partir da versão nacional, foram elaboradas as Agendas locais, que firmam 
compromissos e planos de ação no âmbito municipal para promoção da saúde e da qualidade 
de vida da população.
Chegou o momento de conhecermos um outro acontecimento importante: a Rio+20. Prossiga com 
a leitura. 
3.4.2 A Saúde no Rio +20
Desde o nascimento da Agenda 21, durante a Eco-92, houve avanços e retrocessos no que diz 
respeito à saúde pública no Brasil. Passados 20 anos, a cidade do Rio de Janeiro sediou no-
vamente a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável, ou a Rio+20, 
como ficou conhecida.
Por conta do sucesso da Rio-92, desde então, qualquer discussão sobre o assunto 
ganha o nome de Rio+X, em que X é o número de anos transcorridos desde 1992. 
Observe que a palavra “Rio” virou sinônimo de conferência global bem-sucedida, em 
que se discute o próprio futuro da Humanidade.
VOCÊ SABIA?
O tema saúde, inicialmente, não aparecia no documento zero draft (projeto zero), que nada mais 
é que o esboço do documento final da conferência, divulgado pela ONU em janeiro de 2012. O 
tema foi incluído posteriormente, por meio de cinco parágrafos elaborados por pesquisadores da 
Fiocruz. O Brasil tem se destacado nos eventos de discussão sobre saúde, como a Conferência 
Mundial sobre os Determinantes Sociais da Saúde, realizada também no Rio de Janeiro em 2011. 
Assim, a inclusão do texto brasileiro no esboço do relatório final da Rio+20 revela a importância 
que o país tem nas discussões sobre o tema. 
Nos preparativos do evento, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) discutiu previa-
mente os temas sobre a saúde abordados na Agenda 21, especialmente o programa de Atenção 
Primária à Saúde (APS), doenças transmissíveis, proteção de grupos sociais vulneráveis, os pro-
blemas causados pela urbanização e contaminação ambiental. Além disso, temas emergentes da 
saúde, que não foram abordados na Agenda 21, também foram tratados, tais como: prevenção 
e controle de doenças crônicas não transmissíveis e mudanças ambientais globais (OPAS, 2014).
Segundo relatório da OPAS (2014), o Brasil avançou consideravelmente nas últimas décadas. 
No período entre 1991 e 2000, houve melhoras significativas nos indicadores de alfabetização, 
de taxa de pobreza e de acesso à água encanada. Mesmo com a redução da pobreza, de forma 
sustentável durante o período de estudo, o Índice de Gini não apresentou dados satisfatórios, 
pois não houve avanço na distribuição de renda. Entre 1991 e 2000 o indicador revelou um 
aumento de 0,52 para 0,55, enquanto na década seguinte apontou uma redução consistente, 
alcançando 0,49 em 2010.
20 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Saiba mais sobre a Rio+20 no site oficial do evento. Nele você encontra a história e o 
balanço dos acontecimentos desde 1992 até 2012 e também pode encontrar relató-
rios, notícias relacionadas e balanços das medidas propositivas para o desenvolvimen-
to sustentável. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/>.
VOCÊ QUER LER?
Reforçando os indícios de melhorias na área social, em conformidade com os acordos inter-
nacionais assinados nas décadas anteriores, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
(IDHM) revelou também um aumento. De acordo com o histórico, em 1991 nenhum brasileiro 
vivia em um município com IDHM alto ou muito alto, já em 2010, 67% da populaçãodo país 
se encontrava nessa condição. Portanto, é possível concluir que a sustentabilidade do modelo 
de desenvolvimento adotado não apenas promove a melhoria das médias dos indicadores, mas 
também a redução das desigualdades sociais e econômicas tão marcantes no país (OPAS, 2014). 
Lembrando que os fatores sociais são determinantes das condições de vida e da saúde das pes-
soas, portanto esses avanços representam melhorias destes últimos.
21
Síntese
Neste capítulo, foi possível entender a mudança de concepção de desenvolvimento ao longo do 
tempo e como essas transformações acarretaram em uma cultura de preservação ambiental e de 
promoção do bem-estar da humanidade. Você teve a oportunidade de:
•	 conhecer as propostas iniciais de legislação ambiental no Brasil e as suas respectivas 
fases: desde a exploração desregrada, passando pela fragmentada até a holística;
•	 conferir o estabelecimento de um novo paradigma holístico sobre a legislação ambiental;
•	 ver a importância do estabelecimento de leis voltadas para a preservação e reparação; 
•	 investigar a transição gradativa da responsabilização pela preservação do meio ambiente;
•	 conhecer os marcos históricos nas políticas públicas de proteção ambiental;
•	 conhecer os principais instrumentos legais de regulamentação ambiental do país;
•	 identificar o conceito de desenvolvimento sustentável e o contexto em que o termo foi 
cunhado;
•	 explorar a relação intrínseca entre sustentabilidade e qualidade de vida;
•	 estudar a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade de 
1992 (Eco-92) e os documentos gerados no evento;
•	 conhecer a Agenda 21 de proposições para o desenvolvimento sustentável;
•	 estudar a evolução dos indicadores socioeconômicos e ambientais determinantes da 
saúde nas décadas de 1990 e 2010.
Síntese
22 Laureate- International Universities
Referências
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