Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS Aula 11: Ensaios de potência AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Objetivo desta aula • Explicar os conceitos e classificações relacionados aos ensaios de potência; • Identificar os métodos clássicos e instrumentais de doseamento; • Analaisar as aplicações farmacopeicas dos ensaios de potência. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução Os ensaios de potência ou doseamento são procedimentos que têm por objetivo determinar o teor de substâncias ativas em medicamentos. Dependendo do fármaco e da forma farmacêutica, podem existir diferentes métodos válidos, sendo eles oficiais ou não oficiais. Os métodos oficiais são bastante diversificados e estão diretamente relacionados com a realidade econômica de cada local; Em multinacionais farmacêuticas, entretanto, métodos cromatográficos são adotados como oficiais para doseamento, principalmente de produtos acabados. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método O analista deve: 1. Considerar a natureza de informação que se procura, a quantidade de amostra disponível e a porcentagem de constituinte a ser determinado; 2. Conhecer os detalhes práticos de várias técnicas e seus princípios teóricos; 3. Conhecer condições em que cada método é confiável e possíveis interferências; 4. Preocupar-se com a precisão e exatidão, o tempo de análise e o custo. Não existe método perfeito. Porém, o método escolhido deve ser suficientemente exato, preciso, sensível, seletivo e robusto para o fim a que se presta. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método Dependendo da informação desejada, a análise pode ser classificada como: 1. Aproximada – Quantidade aproximada de cada elemento em uma amostra, mas não os compostos presentes; 2. Parcial – Determina alguns constituintes da amostra; 3. Traços – Um tipo de análise parcial em que se determina certos constituintes presentes em quantidades muitos pequenas; 4. Completa – Determina a proporção de cada componente da amostra. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método Dependendo do tamanho da amostra, os métodos analíticos podem ser classificados como: 1. Macro – maior ou igual a 0,1g; 2. Meso (semimicro) – 10-2 a 10-1 g; 3. Micro - 10-3 a 10-2 g; 4. Submicro - 10-4 a 10-3 g; 5. Ultramicro – inferior a 10-4; 6. Traços – de 100 a 10 000 partes por milhão (µg); 7. Microtraços – de 10-1 a 10-7 ppm (pg); 8. Nanotraço - de 10-10 a 10-7 ppm (fg). Constituinte principal 1% a 100% Constituinte secundário 0,01% a 1% Constituinte traço Menos que 0,01% AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método As principais técnicas analíticas baseiam-se nos seguintes fatores: Reprodutibilidade das reações químicas adequadas; Medidas elétricas apropriadas; Medidas espectroscópicas; Deslocamento características em condições controladas de uma substância definida. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método Os métodos de doseamento podem ser clássicos e instrumentais. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Introdução • Escolha do método Os métodos de doseamento podem ser clássicos e instrumentais. Os métodos instrumentais são realizados em instrumentos, operados por analistas. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos São baseados em reações químicas, com equilíbrio bem conhecido. Até hoje compõe diferentes farmacopeias como métodos oficiais para doseamento de algumas substâncias. Nesses métodos, o ponto final é identificado por mudanças físico-químicas da amostra que podem ser percebidas a olho nu, tais como mudança de coloração, formação de precipitado e turbidez. Vantagens em relação aos métodos instrumentais: baixo custo, simplicidade e relativa precisão. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Princípio: A solução amostra é tratada com um reagente adequado, o qual é adicionado sob a forma de uma solução padronizada, determinando-se o volume de solução necessária para completar a reação (quando o ponto final é detectado); A quantidade de analito na amostra é determinada por meio da relação estequiométrica entre o reagente titulante (solução padrão) e o titulado (analito); Vantagens: simplicidade, precisão e baixo custo; Desvantagens: necessidade de grandes volumes de reagentes e acuidade visual do analista, baixa especificidade. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) A precisão e exatidão dos métodos titulométricos dependem: Vidrarias adequadas; Solução titulante padronizada; Solução indicadora adequada ao ponto de viragem; Padrões primários. Aparelhagem volumétrica: são instrumentos de medidas com alta precisão e exatidão. • Provetas e cilindros volumétricos; • Pipetas volumétricas; • Buretas; • Balões volumétricos. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Aparelhagem volumétrica: são instrumentos de medidas com alta precisão e exatidão. Provetas Pipetas volumétricas Bureta Balões volumétricos AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Aparelhagem volumétrica: são instrumentos de medidas com alta precisão e exatidão. Aparelhagem de Titulação AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Entre as reações envolvidas no doseamento de fármacos encontram-se as de neutralização, complexação, oxirredução e precipitação. Características: Equação química bem determinada; Ser instantânea (extremamente rápida); Ser completa no ponto de equivalência (ter alto valor de Keq); Permitir detecção do ponto final pela interação entre excesso de titulante com indicador. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Neutralização Princípio: Reação entre substâncias com caráter ácido e básico. Tem como produto a formação de um sal e água. Alcalimetria: Determinação quantitativa de um analito básico; Acidimetria: Determinação quantitativa de um analito ácido. O ponto final (ou ponto de viragem) é observado quando todo analito da amostra é consumido pelo titulante e o excesso dessa solução reage com o indicador, proporcionando alteração na coloração da amostra. Exemplos de indicadores: Fenolftaleína e vermelho de metila. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Neutralização Os titulantes mais empregados nesse tipo de titulação são NaOH e HCl. Como ambos não são padrões primários, essas solução devem ser padronizadas previamente, utilizando substânciaspadrão: Padrões primários para ácidos: Borax, Na2CO3 Para padronização de bases: Biftalato de potássio (KHC8H4O4) A partir da relação estequiométrica entre o padrão primário e o titulante, determina-se o Fator de Correção (Fc). Esse fator deve ser multiplicado pela concentração descrita no rótulo a fim de fornecer a concentração real da solução. Fc = Concentração real Concentração teórica AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Neutralização Exemplos Doseamento do ácido benzoico (Farmacopeia Brasileira, 5ª Edição, 2010) Pesar, exatamente, cerca de 200mg da amostra e dissolver em 20mL de etanol. Titular com hidróxido de sódio 0,1 M SV, utilizando vermelho de fenol SI até formação de coloração violeta, correspondente ao ponto final da titulação. Cada mL de hidróxido de sódio 0,1M SV equivale a 12,212 mg de ácido benzoico. Critério de aceitação: No mínimo, 99,5% e, no máximo, 100,5% de C7H6O2, em relação à substância anidra. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Neutralização Aplicações Doseamento de comprimidos de ácido acetilsalicílico (Farmacopeia Brasileira 5ª Edição, 2010) Pesar e pulverizar 20 comprimidos. Transferir quantidade do pó equivalente a 0,5g de ácido acetilsalicílico para Erlenmeyer de 250mL e adicionar 30mL de hidróxido de sódio 0,5M SV. Ferver cuidadosamente por 10 minutos e titular o excesso de álcali com ácido clorídrico 0,5M SV, utilizando vermelho de fenol SI como indicador. Realizar o ensaio em branco e efetuar as correções necessárias. Cada mL de hidróxido de sódio 0,5M SV equivale a 45,040 mg de ácido acetilsalicílico. Critério de aceitação: Conter, no mínimo, 95,0% e, no máximo, 105,0% da quantidade declarada de C9H8O4. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação em meio não aquoso É útil para a titulação de substâncias com caráter básico acentuado, uma vez que, em meio aquoso, essas substâncias competem com a água pelos prótons do titulante ácido. No caso de substâncias com caráter ácido muito fraco, recomenda-se a titulação em solventes apróticos, como a dimetilformamida (DMF). AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação em meio não aquoso Aplicações Doseamento da Alanina (Farmacopeia Brasileira, 5ª Edição, 2010) Pesar, exatamente, cerca de 80mg da amostra e dissolver em 3mL de ácido fórmico anidro. Adicionar 30mL de ácido acético glacial anidro e titular com ácido perclórico 0,1M SV. Determinar o ponto final potenciometricamente ou utilizar 0,1mL de 1-naftolbenzeína SI até mudança de cor para verde. Cada mL de ácido perclórico 0,1 M SV equivale a 8,909 mg de alanina. Critério de aceitação: Conter, no mínimo, 98,5% e, no máximo, 101,5% da quantidade declarada de alanina. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de complexação Princípio: Formação de complexos em reações que envolvem um íon metálico e um agente ligante; A solução de EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) é o principal titulante complexométrico, pois diversos íons metálicos formam, estequiometricamente, com ele. Molécula do EDTA complexada com íon metálico AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Oxirredução Princípio: Baseia-se em reações onde há transferência de elétrons. A iodometria é a análise volumétrica de oxirredução que mais se destaca. Os indicadores usados nessa titulação são sensíveis a mudanças no potencial da solução de titulação, apresentando colorações distintas nas formas oxidada e reduzida. Em reações de titulação direta onde o titulante é o iodo, o amido forma um complexo azul escuro com o iodo, mas não reage com o iodeto. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Oxirredução Aplicações Doseamento de Ácido ascórbico (FB, 5ª ed., 2010) Pesar exatamente 0,2000g de ácido ascórbico, em mistura de água descarbonatada e 25mL de ácido sulfúrico 10%. Titule a solução com iodo 0,1M usando amido como indicador, até cor azul persistente. Cada mL de solução de iodo 0,1M equivale a 8,806mg de ácido ascórbico. Critério de aceitação: Conter, no mínimo, 99% e, no máximo, 100,5% em relação à substância dessecada. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Volumétrica (titulometria ou titrimetria) Titulação de Precipitação Princípio: Baseia-se em reações químicas de formação de produtos pouco solúveis, no ponto de equivalência. Dentre as técnicas titulométricas é a menos precisa. A principal aplicação é na determinação de analitos insolúveis na presença de nitrato de prata (Métodos Argentimétricos). AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos clássicos • Análise Gravimétrica Princípio: Baseia-se na determinação quantitativa do analito pela reação com reagente específico e formação de um precipitado. Esse produto é isolado, e tem a sua massa determinada. A quantificação do analito é obtida, estequiometricamente, a partir da massa de precipitado obtida. Etapas básicas da análise gravimétrica: Precipitação; Filtração; Lavagem; Aquecimento; Pesagem; Vantagens: simples, reprodutível e baixo custo; Desvantagens: alto tempo de execução, erros cumulativos, dificuldade em determinação de traços. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos instrumentais Os métodos instrumentais se destacam pela maior sensibilidade e capacidade de analisar amostras com concentrações muito pequenas do analito; Vantagens em relação ao método clássico: rapidez, alta sensibilidade, precisão e exatidão; Principais métodos: - Espectroscopia de absorção UV / Vis e IV; - HPLC/ UV; - Espectroscopia de fluorescência, cromatografia gasosa, entre outros. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos instrumentais • Métodos Espectroscópicos (Espectrométricos) Espectrometria de Absorção UV /Vis Princípio: Baseia-se na habilidade das substâncias de absorver energia eletromagnética, em determinados comprimentos de onda, quando irradiadas. • Lei de Lambert – Beer Absorbância (A): é diretamente proporcional à concentração da espécie absorvente, em solução, quando se fixa o comprimento do percurso e diretamente proporcional quando se fixa a concentração. A= a.b.c a: Absortividade/absorbância (característica do composto); b: Espessura da amostra (cubeta); c: Concentração. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos instrumentais • CLAE acoplado a detector UV/Vis Princípio: A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC) é primordialmente uma técnica de separação, que depende da afinidade das substâncias entre a fase móvel e a fase estacionária. Geralmente, vem acoplada um sistema de detecção. Quando são realizadas análises por CLAE/UV-Vis, obtém-se, no final da análise, gráficos compicos que representam a passagem do analito pelo detector em determinado instante da análise. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Métodos instrumentais • CLAE acoplado a detector UV/Vis Cada pico pode ter sua área calculada, que pode ser relacionada à concentração do analito se for construída curva de calibração. A = h . Wb 2 Área do triângulo isósceles referente ao pico cromatográfico. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos Bibliografia GIL, E. Controle Físico-químico de qualidade de medicamentos. 3. ed. São Paulo: Editora Pharmabooks, 2010. HARRIS, Daniel C. Análise Química Quantitativa. 7. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2008. STORPIRTIS, S., GONÇALVES, J. Ciências Farmacêuticas – Biofarmacotécnica. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2009. AULA 11: ENSAIOS DE POTÊNCIA Controle de qualidade de medicamentos VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Unidade 7: Cálculos de doseamento 7.1 Cálculo da tomada de ensaio e diluição; 7.1.1 Aplicações de cálculos de tomada de ensaio; 7.1.2 Aplicações de cálculos de diluição. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.
Compartilhar